— O vovô está bem... — Sterling lançou um olhar frio para Virgínia e a interrompeu. — Isaac, leve-a de volta para casa. Com Túlio nesse estado, a transferência de ações estava fora de questão. — Só vou embora quando o vovô acordar. Não vou ficar tranquila até ter certeza de que ele está bem. — Clarice insistiu, preocupada com a saúde de Túlio. Não sairia dali sem confirmar que ele estava fora de perigo. Os olhos escuros de Sterling permaneceram por um momento no rosto dela. Ele contraiu os lábios, mas não disse nada. A forma como foi criado moldou sua personalidade fria e distante. Ele era assim com todos, sem exceção, e não seria diferente com Clarice, mesmo sendo sua esposa. — Mesmo que o Túlio acorde, ele não vai transferir as ações. Pare de perder tempo e vá embora logo! — Virgínia falou com um tom ríspido, franzindo o cenho. Clarice ignorou. Estava no escritório de Sterling, e enquanto ele não dissesse nada para que ela saísse, não daria ouvidos à sogra. Virgínia, ao
Sterling arqueou levemente as sobrancelhas, e seus olhos negros e profundos pousaram sobre o rosto de Clarice. Será que aquilo era ideia dela? Clarice sustentou o olhar dele, firme, com os olhos ardentes de indignação. — Eu nunca pensei nisso! — Respondeu, sem hesitar. Com o avô dizendo aquelas coisas, Sterling certamente pensaria que era ela quem queria aquilo. Três anos atrás, no dia em que se casou com Sterling, ela de fato havia desejado tornar pública a união. Ela o amava, e, naturalmente, queria que o mundo inteiro soubesse que estavam juntos. Mas na noite do casamento, Sterling a deixou com uma única frase: “Não quero que ninguém saiba do nosso casamento. Cuide da sua vida.” E ele saiu. Naquela noite, ele nunca voltou. Ela passou a noite de núpcias sozinha, encarando o vazio. Depois disso, qualquer desejo de anunciar o casamento desapareceu. Agora, com o divórcio já em seus planos, não fazia sentido que mais pessoas soubessem sobre aquela união fracassada. Seri
O corpo de Clarice bateu contra a mesa de reuniões, causando uma dor aguda. Um grito escapou de seus lábios involuntariamente. Sterling se aproximou, pressionando-a contra a mesa. Com uma das mãos, ergueu o queixo dela, obrigando-a a encará-lo. Seus olhos estavam sombrios, quase predatórios, cheios de uma fúria contida. — Passei uma noite com você. No dia seguinte, seus pais apareceram no hotel com uma equipe inteira, trazendo fotos tiradas por paparazzi. Eles me ameaçaram, dizendo que, se eu não me casasse com você, as fotos seriam divulgadas para toda a mídia. Eu concordei. Sua família exigiu cinquenta milhões, e eu paguei. Nestes três anos de casamento, investi bem mais de cinquenta milhões na empresa da sua família. Além disso, reduzi pela metade os custos do tratamento da sua avó no hospital, alegando que era para fins de pesquisa médica. Ele aproximou o rosto ainda mais do dela, a voz carregada de desprezo. — Depois de tudo isso, você ainda acha que está em posição de me
E se Sterling fosse bruto e acabasse machucando o bebê? Sterling, ao vê-la com aquela expressão de "donzela ofendida", sentiu o sangue ferver ainda mais. — Clarice, nós ainda não nos divorciamos! Por que eu não poderia te tocar? — Disse, com a voz carregada de raiva. Clarice respirou fundo, tentando manter a calma. Olhou diretamente para ele e respondeu: — Porque eu acho você sujo! Ele já tinha um filho com Teresa, e agora queria tocá-la? Era nojento! Os olhos de Sterling se estreitaram, e ele abaixou a cabeça, mordendo o lóbulo macio da orelha dela. Sua voz saiu baixa, mas cheia de provocação. — Você acha que eu sou sujo? Pois é exatamente por isso que eu quero transar com você. O coração de Clarice disparou, mas ela tentou se manter firme. — Se está frustrado porque a Teresa está grávida, posso te arranjar outra pessoa. Alguém limpa, eu garanto. — Disse, com uma ironia cortante, enquanto sua mente era invadida por imagens de Sterling e Teresa na mesma cama. O pensam
— Ninguém sabe quem é o novo dono que comprou a firma, mas parece que é alguém bem misterioso. Não se preocupe, amanhã vamos conhecer a pessoa! E ouvi dizer que o novo chefe comprou a Torres Advocacia só para dar de presente para a noiva! Quem manda ser ricaço, né? Ser noiva de um homem assim deve ser bom demais! Sra. Clarice, você é tão bonita. Tenho certeza de que vai encontrar um marido rico no futuro. Clarice apertou os lábios, forçando um sorriso discreto. Lilian não sabia, mas ela já tinha se casado com um homem rico. O problema era que ele não a amava. — Ah, quase esqueci! — Lilian exclamou, animada. — Hoje à noite tem aquele jantar no Estrela do Paladar. Está marcado para as seis horas. Meu Deus, fiquei tão ocupada fofocando com você que quase deixei passar a informação mais importante! Clarice não pôde deixar de sentir certa inveja da energia contagiante de Lilian. Dois anos trabalhando juntas, e a garota estava sempre de bom humor, transbordando otimismo. Ela, por out
— Você pode não ter medo dela, mas a Clarice já é outra história. Você sabe do que a Virgínia é capaz. — Sterling declarou, com tom neutro, apenas expondo os fatos. — Me dá os documentos! Vou embora agora! — Túlio respondeu, já ciente do que Sterling queria dizer. Após uma pausa, acrescentou. — Transfira suas ações para a Clarice. Daqui a alguns dias, eu faço meu testamento e deixo tudo pra você! — Eu não quero suas ações, e você não vai fazer testamento nenhum! Você vai viver muito ainda! — Já tenho 80 anos, Sterling! Vivi o suficiente. Agora, meu maior desejo é pegar meu bisneto nos braços. Pode até ser uma bisneta, tanto faz! Vocês já estão casados há três anos, por que a Clarice ainda não engravidou? Será que você não consegue? — Túlio resmungou, claramente frustrado. No grupo de amigos de sua idade, todos viviam postando fotos de netos e bisnetos fofos. Ele morria de inveja! Sterling tinha uma aparência saudável, uma condição física invejável. Então, por que não consegui
— Preciso avisar a Sra. Clarice com antecedência? — Isaac perguntou. Se avisasse, Clarice poderia escolher os vestidos ela mesma. No fim das contas, ela ficaria mais à vontade com algo que escolhesse. — Não precisa. Eu mesmo aviso no momento certo. — Sterling respondeu, com um meio sorriso. Ele queria ver uma boa cena, e se contasse com antecedência, perderia toda a graça. — Recebemos uma ligação do instituto de pesquisa. Parece que alguém os procurou oferecendo um valor alto para comprar o novo medicamento experimental. Fiz uma verificação no comprador e descobri que era... A Sra. Clarice. — Isaac finalmente revelou, depois de pensar um bom tempo em como trazer o assunto à tona. As sobrancelhas de Sterling se arquearam levemente. — A avó dela não recebe uma verba específica todo mês para o tratamento? Se precisar de algum medicamento, o hospital pode providenciar. Por que ela precisaria comprar remédios? E, mais estranho ainda, por que pagar caro? Isso realmente não fazia
Mas, quanto à Beatriz e à família Preston, isso já era outra história. Será que eles estariam envolvidos? Difícil dizer. E se não fosse Asher, quem seria o novo dono? — Dra. Clarice, sua cara não está muito boa, hein. O que foi? Está preocupada que, com a chegada do novo chefe, você não vai mais ter os privilégios de antes? Está se remoendo por dentro, né? Ao ouvir a voz, Clarice ergueu o olhar e viu Isabelly parada à sua frente. Isabelly havia começado no escritório no mesmo dia que ela, mas até hoje nunca tinha liderado um caso no tribunal. Seu trabalho se resumia a mediar conflitos em casos civis. Clarice, por outro lado, havia conquistado seu espaço. Era uma advogada renomada, com uma reputação impecável. Ela sabia que Isabelly a invejava. E a odiava. Clarice já estava acostumada com o tom venenoso de Isabelly. Se respondesse, seria acusada de abusar de sua posição para intimidá-la. Isso daria munição aos outros colegas que a invejavam e que, sempre que possível, tent
O movimento repentino de Teresa deixou Clarice completamente atônita. Por alguns segundos, ela ficou paralisada, sem reação, permitindo que Teresa segurasse sua mão e repetidamente a golpeasse contra o próprio rosto. Túlio, que já estava irritado, observava a cena em silêncio. Ele, de maneira egoísta, acreditava que, se Clarice descarregasse sua frustração em Teresa, talvez se sentisse melhor. Por isso, ele não interveio. Virgínia, por sua vez, ainda sentia a humilhação do sermão que havia levado de Túlio por causa de Teresa. Ela guardava rancor da nora e, naquele momento, estava satisfeita em vê-la sendo disciplinada, então também não disse nada. Os demais familiares, conhecendo o carinho que Túlio tinha por Clarice, não se atreveram a defender Teresa depois de todas as suas atitudes hipócritas. Para eles, o que acontecia ali era quase um espetáculo, algo para assistir sem interferir. Sterling, no entanto, estava com o rosto sombrio. Ele se aproximou rapidamente e agarrou o pu
Com aquelas palavras, Clarice deixou clara sua posição e, ao mesmo tempo, mandou um recado direto para Sterling: se Teresa gostava dele, ela não iria competir. Túlio ouviu o que ela disse e imediatamente sentiu-se revigorado. Ele estava preocupado que Clarinha ficasse apenas se lamentando, sem reagir. Mas, vendo agora como ela respondeu à altura, ficou claro que suas preocupações eram desnecessárias. Clarice finalmente amadurecera, superando aquela fixação cega por Sterling. Teresa não esperava que Clarice fosse se posicionar dessa forma e ficou completamente surpresa. Antigamente, Clarice jamais a deixaria em uma situação embaraçosa, especialmente na frente de tantas pessoas. O que estava acontecendo hoje? Sem saída, Teresa rapidamente olhou para Sterling, como se estivesse pedindo ajuda. Seus olhos ficaram marejados, e ela murmurou com a voz trêmula: — Sterling, eu... Ela parecia tão frágil, tão indefesa, como se o mundo inteiro estivesse contra ela. Sterling arqueou
Teresa mordeu os lábios e disse: — Mãe, eu só amo o Durval. Desde pequena, sempre foi ele! Quero ficar em casa, guardar luto por ele e ser fiel à memória dele até o fim da minha vida! Enquanto pronunciava essas palavras, o pensamento que realmente passava por sua cabeça era outro: se soubesse antes que Durval era um inútil, teria mirado em Sterling desde o começo. Assim, ela e Sterling já estariam juntos há muito tempo, e Clarice nunca teria entrado na história. — Vou acreditar em você, por enquanto! Mas, se você não cumprir o que prometeu, não espere que eu tenha piedade! — Virgínia respondeu com frieza. Ela havia dado a Teresa duas escolhas, e agora que Teresa havia feito sua decisão, deveria seguir o combinado. Teresa respirou fundo e, com um sorriso, assentiu. — Mãe, pode confiar em mim! Você vai ver que eu não vou decepcionar! Uma das empregadas, que estava ao lado, lançou um olhar discreto para Teresa. Internamente, a mulher pensou: com todo aquele jeito grudento com
Clarice ignorou Sterling completamente, como se ele fosse invisível. Ele tinha feito mais de vinte pessoas esperarem horas só por causa de Teresa. Um comportamento tão egoísta era repulsivo. Mesmo que eles fossem apenas um casal por conveniência, Clarice não tinha ânimo algum para ajudá-lo a manter as aparências. Sterling franziu o rosto, visivelmente irritado. — Clarice, o que você quer dizer com isso? Ele sabia que ela estava fazendo de propósito, tentando humilhá-lo diante de todos. — Sterling, já chega! — Túlio interrompeu, sua voz carregada de raiva. — Você é o marido da Clarinha! Não saber que hoje é o aniversário dela já é ruim o suficiente, mas eu mesmo te lembrei disso antes! Pedi para você comprar um bolo e preparar um presente. E o que você trouxe? Um bolo que está praticamente derretido e um brinquedo de pelúcia barato! Você está sem dinheiro ou sem vergonha? Agora me diga, que direito você acha que tem de criticar a Clarinha? Túlio estava explodindo de raiva. N
Teresa ficou imóvel, surpresa com o que acabara de ouvir. Ela nunca imaginou que Virgínia fosse sugerir que ela voltasse a morar na casa da família. Se ela voltasse a viver ali, seria impossível convencer Sterling a passar as noites com ela. Não haveria chance de usar seus habituais jogos emocionais para atraí-lo. E, acima de tudo, conviver diariamente com Virgínia colocaria seus segredos em risco. — Faremos como minha mãe disse. — Sterling respondeu em um tom firme e inabalável. O desespero tomou conta de Teresa. Sterling havia prometido que não deixaria ela voltar para a mansão. Ele até tinha mencionado a possibilidade de comprar uma casa para ela. Mas agora, do nada, ele parecia indiferente. Será que ele estava a punindo por ela ter agarrado o braço dele mais cedo? Seria essa a forma dele de mandar um recado? E agora, o que ela deveria fazer? Virgínia, com um sorriso sarcástico, virou-se para uma das empregadas. — Ajude Teresa a andar. Sterling já está cansado. A emprega
Teresa pensou consigo mesma que, agora que todos haviam visto ela e Sterling juntos, seria muito mais fácil no futuro. Quando estivessem oficialmente juntos, nem precisaria avisar ninguém. Que maravilha! — Eu também não sei. — Sterling respondeu, sincero. Ele realmente não sabia, porque o avô apenas ligou pedindo que ele comprasse um bolo e um presente, sem mencionar de quem era o aniversário. Agora, vendo toda a família Davis reunida, ele ficou ainda mais confuso. — Então vamos entrar. — Teresa, percebendo os olhares sobre os dois, endireitou os ombros e começou a andar com passos elegantes e calculados. O mordomo, Gustavo, apareceu correndo da casa e parou bem na frente de Sterling. — Me entregue as coisas, por favor! — Ele pediu. Teresa, sem hesitar, empurrou o bolo e o presente para Gustavo. — Obrigada, Gustavo! — Ela disse, com um sorriso doce. — Sra. Teresa, não precisa me agradecer! — Gustavo respondeu apressado. Ele era apenas um empregado, e ajudar os patrões
— Hum! — Clarice respondeu com um murmúrio leve. Jaqueline soltou um grito animado: — Uau, que maravilha! Agora eu vou ter um afilhado e uma afilhada! Amanhã mesmo vou sair para comprar roupinhas de bebê! Ela estava genuinamente feliz por Clarice. — E você, como está? Clarice havia ligado porque Jaqueline não tinha dado notícias, e ela estava preocupada. Agora, ao ouvir a voz dela e perceber que estava tudo bem, Clarice se sentiu mais tranquila. — Estou ótima! Assim que desligar vou dormir. — Jaqueline respondeu, mas preferiu não contar a verdade. Não queria que Clarice se preocupasse. — Então vai descansar. Amanhã cedo nos encontramos no estúdio. — Clarinha, feliz aniversário! — O resultado do ultrassom de hoje foi o melhor presente de aniversário que eu poderia ganhar. Estou muito feliz! — Clarice respondeu com um sorriso na voz. Afinal, Túlio havia reunido toda a família na Mansão Davis naquele dia, e ela não podia falar abertamente sobre o que realmente a alegrava
— Obrigada! — Jaqueline agradeceu, pegando o pacote e fechando a porta logo em seguida.Depois de trocar de roupa, Jaqueline saiu do hotel e chamou um táxi rumo ao hospital. Apesar da situação embaraçosa, ela precisava cuidar do ferimento no ombro o mais rápido possível. Não podia correr o risco de ficar com uma cicatriz.Enquanto tratava o machucado, o olhar do médico era um tanto estranho. A marca de mordida naquela região deixava óbvio o que havia acontecido, e ele não conseguia disfarçar a curiosidade. Jaqueline, no entanto, manteve-se tranquila. Ela não se importava. Afinal, o médico não a conhecia, e que diferença fazia ele saber que tinha sido uma mordida do namorado? Não era problema dela.Assim que saiu do hospital, já com o curativo no ombro, Jaqueline deu de cara com Callum. O queixo dele estava machucado, havia sangue no canto de sua boca, e uma mancha roxa tomava conta de sua bochecha. Ele estava com uma aparência péssima, como se tivesse acabado de sair de uma briga.Jaq
Jaqueline forçou um sorriso, mesmo que seu corpo inteiro estivesse gritando de dor. — Pode repetir dez vezes, Simão, que isso não vai mudar o fato de que somos apenas parceiros de cama. Mas sabe de uma coisa? Você deveria estar feliz. Pelo menos não precisa se preocupar que eu vá fazer um escândalo quando decidir se casar com outra mulher. Nos anos em que esteve com ele, sempre repetiu para si mesma que não poderia amá-lo. Afinal, perder alguém que se ama dói demais. Simão soltou uma risada fria. — Parceiros de cama? É assim que você define o que temos? Se é só isso, então por que eu deveria ser gentil com você? Antes que ela pudesse responder, ele a pegou nos braços e, sem o menor esforço, a jogou no sofá. Em seguida, desfez o cinto sem pressa. Jaqueline gritou de dor, mas ele ignorou completamente e continuou com sua punição. Naquele momento final, Simão mordeu seu ombro com força. A dor foi tão intensa que lágrimas brotaram em seus olhos e o suor cobriu sua testa. Sua