Clarice ignorou Sterling completamente, como se ele fosse invisível. Ele tinha feito mais de vinte pessoas esperarem horas só por causa de Teresa. Um comportamento tão egoísta era repulsivo. Mesmo que eles fossem apenas um casal por conveniência, Clarice não tinha ânimo algum para ajudá-lo a manter as aparências. Sterling franziu o rosto, visivelmente irritado. — Clarice, o que você quer dizer com isso? Ele sabia que ela estava fazendo de propósito, tentando humilhá-lo diante de todos. — Sterling, já chega! — Túlio interrompeu, sua voz carregada de raiva. — Você é o marido da Clarinha! Não saber que hoje é o aniversário dela já é ruim o suficiente, mas eu mesmo te lembrei disso antes! Pedi para você comprar um bolo e preparar um presente. E o que você trouxe? Um bolo que está praticamente derretido e um brinquedo de pelúcia barato! Você está sem dinheiro ou sem vergonha? Agora me diga, que direito você acha que tem de criticar a Clarinha? Túlio estava explodindo de raiva. N
Teresa mordeu os lábios e disse: — Mãe, eu só amo o Durval. Desde pequena, sempre foi ele! Quero ficar em casa, guardar luto por ele e ser fiel à memória dele até o fim da minha vida! Enquanto pronunciava essas palavras, o pensamento que realmente passava por sua cabeça era outro: se soubesse antes que Durval era um inútil, teria mirado em Sterling desde o começo. Assim, ela e Sterling já estariam juntos há muito tempo, e Clarice nunca teria entrado na história. — Vou acreditar em você, por enquanto! Mas, se você não cumprir o que prometeu, não espere que eu tenha piedade! — Virgínia respondeu com frieza. Ela havia dado a Teresa duas escolhas, e agora que Teresa havia feito sua decisão, deveria seguir o combinado. Teresa respirou fundo e, com um sorriso, assentiu. — Mãe, pode confiar em mim! Você vai ver que eu não vou decepcionar! Uma das empregadas, que estava ao lado, lançou um olhar discreto para Teresa. Internamente, a mulher pensou: com todo aquele jeito grudento com
Com aquelas palavras, Clarice deixou clara sua posição e, ao mesmo tempo, mandou um recado direto para Sterling: se Teresa gostava dele, ela não iria competir. Túlio ouviu o que ela disse e imediatamente sentiu-se revigorado. Ele estava preocupado que Clarinha ficasse apenas se lamentando, sem reagir. Mas, vendo agora como ela respondeu à altura, ficou claro que suas preocupações eram desnecessárias. Clarice finalmente amadurecera, superando aquela fixação cega por Sterling. Teresa não esperava que Clarice fosse se posicionar dessa forma e ficou completamente surpresa. Antigamente, Clarice jamais a deixaria em uma situação embaraçosa, especialmente na frente de tantas pessoas. O que estava acontecendo hoje? Sem saída, Teresa rapidamente olhou para Sterling, como se estivesse pedindo ajuda. Seus olhos ficaram marejados, e ela murmurou com a voz trêmula: — Sterling, eu... Ela parecia tão frágil, tão indefesa, como se o mundo inteiro estivesse contra ela. Sterling arqueou
O movimento repentino de Teresa deixou Clarice completamente atônita. Por alguns segundos, ela ficou paralisada, sem reação, permitindo que Teresa segurasse sua mão e repetidamente a golpeasse contra o próprio rosto. Túlio, que já estava irritado, observava a cena em silêncio. Ele, de maneira egoísta, acreditava que, se Clarice descarregasse sua frustração em Teresa, talvez se sentisse melhor. Por isso, ele não interveio. Virgínia, por sua vez, ainda sentia a humilhação do sermão que havia levado de Túlio por causa de Teresa. Ela guardava rancor da nora e, naquele momento, estava satisfeita em vê-la sendo disciplinada, então também não disse nada. Os demais familiares, conhecendo o carinho que Túlio tinha por Clarice, não se atreveram a defender Teresa depois de todas as suas atitudes hipócritas. Para eles, o que acontecia ali era quase um espetáculo, algo para assistir sem interferir. Sterling, no entanto, estava com o rosto sombrio. Ele se aproximou rapidamente e agarrou o pu
— Saia daqui agora! — Virgínia gritou, enquanto lançava um olhar carregado de significado para Teresa. Virgínia sabia que Teresa ainda carregava o filho de Durval no ventre. Por mais que ela quisesse acabar com Teresa ali mesmo, não podia correr o risco de algo acontecer com o neto. Se Túlio perdesse a paciência e a machucasse, e ela acabasse perdendo o bebê, Virgínia não sabia como suportaria. Seu filho já havia morrido, e ela esperava ansiosamente por esse neto. Se perdesse a criança, seria o fim para ela. O mordomo, Gustavo, logo apareceu com um chicote nas mãos. Ele olhou para os presentes, hesitante, e entregou o objeto a Túlio com todo o cuidado. O coração de Virgínia quase parou. Será que desta vez Túlio realmente iria usar o chicote? Se Teresa não saísse naquele momento, só poderia esperar pela surra. Pensando nisso, Virgínia deu um chute nas costas de Teresa e gritou novamente: — Não ouviu? Eu mandei você sair daqui agora! Teresa, ignorando a ordem, estendeu a mão
— Você não ouviu o que seu pai disse? Ligue para quem ele mandou! — Letícia falou apressada, lançando um olhar significativo ao marido. Túlio já estava furioso, e com Clarice desmaiada, insistir naquele momento só pioraria a situação. Se Túlio passasse mal de tanta raiva, quem assumiria a responsabilidade? Letícia rapidamente olhou para Rebecca e apontou para a bolsa de Clarice, indicando que ela pegasse o celular. Rebecca, ao pegar o celular de Clarice, acabou puxando junto um monte de lenços de papel amassados. O problema foi que, ao se soltarem, um comprimido branco caiu no chão e começou a rolar. Rebecca, assustada, abaixou-se rapidamente para recolher o celular e se desculpou em pânico: — Eu não fiz de propósito! Assim que terminar a ligação, eu recolho o remédio! — Em seguida, discou apressadamente o número de Jaqueline. Túlio fixou os olhos no comprimido no chão por alguns segundos e, então, virou-se para Sterling. — Clarice está doente? — Ele perguntou, com a voz
A dor nas costas de Teresa era insuportável. O velho desgraçado tinha batido nela com muita força. Ela sentia uma mistura de raiva e humilhação. Esse ódio, ela jurou, seria vingado. Virgínia, observando Teresa se sentar, permaneceu tranquila enquanto ligava o carro e saía pela porta da frente da mansão. — Teresa, me diga a verdade. O filho que você está esperando é mesmo do Durval? — Virgínia perguntou, sua voz fria como gelo. O coração de Teresa disparou, e ela respondeu com uma voz um pouco aguda: — Eu já te disse que é filho do Durval! O que você quer dizer com isso? Está me acusando? Virgínia lançou um olhar cortante pelo retrovisor e disse calmamente: — Melhor que seja mesmo do Durval. Se não fosse, Virgínia não deixaria Teresa viver em paz. Teresa sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Ela apertou os braços em volta de si mesma, tentando se proteger do medo que crescia dentro dela. Em sua mente, tomou uma decisão: ela precisava fazer Sterling se casar com ela.
Sterling estendeu a mão apressado para segurar Clarice. O corpo dela perdeu o equilíbrio e, ao perceber que estava prestes a cair, Clarice não teve mais coragem de continuar fingindo que estava desmaiada. Ela abriu os olhos imediatamente e tentou segurar o apoio da cadeira, mas acabou agarrando a mão do homem. Após uma breve hesitação, ela se apoiou na força dele para se sentar ereta. Letícia ficou tão assustada que seu rosto empalideceu. Só depois de ver que Clarice estava bem, ela conseguiu respirar aliviada. Letícia se aproximou rapidamente e, nervosa, começou a se desculpar: — Me perdoe, eu não fiz de propósito. Com medo de que Clarice a colocasse em uma situação difícil, Letícia estava visivelmente tensa, torcendo as mãos de forma nervosa, com as veias saltadas nas costas delas. Clarice soltou a mão dele, virou-se lentamente e olhou para Letícia com um olhar doce. Sua voz saiu suave: — Sra. Letícia, foi a senhora quem me ajudou. Eu é que deveria agradecer. Muito obr
Sterling estendeu a mão apressado para segurar Clarice. O corpo dela perdeu o equilíbrio e, ao perceber que estava prestes a cair, Clarice não teve mais coragem de continuar fingindo que estava desmaiada. Ela abriu os olhos imediatamente e tentou segurar o apoio da cadeira, mas acabou agarrando a mão do homem. Após uma breve hesitação, ela se apoiou na força dele para se sentar ereta. Letícia ficou tão assustada que seu rosto empalideceu. Só depois de ver que Clarice estava bem, ela conseguiu respirar aliviada. Letícia se aproximou rapidamente e, nervosa, começou a se desculpar: — Me perdoe, eu não fiz de propósito. Com medo de que Clarice a colocasse em uma situação difícil, Letícia estava visivelmente tensa, torcendo as mãos de forma nervosa, com as veias saltadas nas costas delas. Clarice soltou a mão dele, virou-se lentamente e olhou para Letícia com um olhar doce. Sua voz saiu suave: — Sra. Letícia, foi a senhora quem me ajudou. Eu é que deveria agradecer. Muito obr
A dor nas costas de Teresa era insuportável. O velho desgraçado tinha batido nela com muita força. Ela sentia uma mistura de raiva e humilhação. Esse ódio, ela jurou, seria vingado. Virgínia, observando Teresa se sentar, permaneceu tranquila enquanto ligava o carro e saía pela porta da frente da mansão. — Teresa, me diga a verdade. O filho que você está esperando é mesmo do Durval? — Virgínia perguntou, sua voz fria como gelo. O coração de Teresa disparou, e ela respondeu com uma voz um pouco aguda: — Eu já te disse que é filho do Durval! O que você quer dizer com isso? Está me acusando? Virgínia lançou um olhar cortante pelo retrovisor e disse calmamente: — Melhor que seja mesmo do Durval. Se não fosse, Virgínia não deixaria Teresa viver em paz. Teresa sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Ela apertou os braços em volta de si mesma, tentando se proteger do medo que crescia dentro dela. Em sua mente, tomou uma decisão: ela precisava fazer Sterling se casar com ela.
— Você não ouviu o que seu pai disse? Ligue para quem ele mandou! — Letícia falou apressada, lançando um olhar significativo ao marido. Túlio já estava furioso, e com Clarice desmaiada, insistir naquele momento só pioraria a situação. Se Túlio passasse mal de tanta raiva, quem assumiria a responsabilidade? Letícia rapidamente olhou para Rebecca e apontou para a bolsa de Clarice, indicando que ela pegasse o celular. Rebecca, ao pegar o celular de Clarice, acabou puxando junto um monte de lenços de papel amassados. O problema foi que, ao se soltarem, um comprimido branco caiu no chão e começou a rolar. Rebecca, assustada, abaixou-se rapidamente para recolher o celular e se desculpou em pânico: — Eu não fiz de propósito! Assim que terminar a ligação, eu recolho o remédio! — Em seguida, discou apressadamente o número de Jaqueline. Túlio fixou os olhos no comprimido no chão por alguns segundos e, então, virou-se para Sterling. — Clarice está doente? — Ele perguntou, com a voz
— Saia daqui agora! — Virgínia gritou, enquanto lançava um olhar carregado de significado para Teresa. Virgínia sabia que Teresa ainda carregava o filho de Durval no ventre. Por mais que ela quisesse acabar com Teresa ali mesmo, não podia correr o risco de algo acontecer com o neto. Se Túlio perdesse a paciência e a machucasse, e ela acabasse perdendo o bebê, Virgínia não sabia como suportaria. Seu filho já havia morrido, e ela esperava ansiosamente por esse neto. Se perdesse a criança, seria o fim para ela. O mordomo, Gustavo, logo apareceu com um chicote nas mãos. Ele olhou para os presentes, hesitante, e entregou o objeto a Túlio com todo o cuidado. O coração de Virgínia quase parou. Será que desta vez Túlio realmente iria usar o chicote? Se Teresa não saísse naquele momento, só poderia esperar pela surra. Pensando nisso, Virgínia deu um chute nas costas de Teresa e gritou novamente: — Não ouviu? Eu mandei você sair daqui agora! Teresa, ignorando a ordem, estendeu a mão
O movimento repentino de Teresa deixou Clarice completamente atônita. Por alguns segundos, ela ficou paralisada, sem reação, permitindo que Teresa segurasse sua mão e repetidamente a golpeasse contra o próprio rosto. Túlio, que já estava irritado, observava a cena em silêncio. Ele, de maneira egoísta, acreditava que, se Clarice descarregasse sua frustração em Teresa, talvez se sentisse melhor. Por isso, ele não interveio. Virgínia, por sua vez, ainda sentia a humilhação do sermão que havia levado de Túlio por causa de Teresa. Ela guardava rancor da nora e, naquele momento, estava satisfeita em vê-la sendo disciplinada, então também não disse nada. Os demais familiares, conhecendo o carinho que Túlio tinha por Clarice, não se atreveram a defender Teresa depois de todas as suas atitudes hipócritas. Para eles, o que acontecia ali era quase um espetáculo, algo para assistir sem interferir. Sterling, no entanto, estava com o rosto sombrio. Ele se aproximou rapidamente e agarrou o pu
Com aquelas palavras, Clarice deixou clara sua posição e, ao mesmo tempo, mandou um recado direto para Sterling: se Teresa gostava dele, ela não iria competir. Túlio ouviu o que ela disse e imediatamente sentiu-se revigorado. Ele estava preocupado que Clarinha ficasse apenas se lamentando, sem reagir. Mas, vendo agora como ela respondeu à altura, ficou claro que suas preocupações eram desnecessárias. Clarice finalmente amadurecera, superando aquela fixação cega por Sterling. Teresa não esperava que Clarice fosse se posicionar dessa forma e ficou completamente surpresa. Antigamente, Clarice jamais a deixaria em uma situação embaraçosa, especialmente na frente de tantas pessoas. O que estava acontecendo hoje? Sem saída, Teresa rapidamente olhou para Sterling, como se estivesse pedindo ajuda. Seus olhos ficaram marejados, e ela murmurou com a voz trêmula: — Sterling, eu... Ela parecia tão frágil, tão indefesa, como se o mundo inteiro estivesse contra ela. Sterling arqueou
Teresa mordeu os lábios e disse: — Mãe, eu só amo o Durval. Desde pequena, sempre foi ele! Quero ficar em casa, guardar luto por ele e ser fiel à memória dele até o fim da minha vida! Enquanto pronunciava essas palavras, o pensamento que realmente passava por sua cabeça era outro: se soubesse antes que Durval era um inútil, teria mirado em Sterling desde o começo. Assim, ela e Sterling já estariam juntos há muito tempo, e Clarice nunca teria entrado na história. — Vou acreditar em você, por enquanto! Mas, se você não cumprir o que prometeu, não espere que eu tenha piedade! — Virgínia respondeu com frieza. Ela havia dado a Teresa duas escolhas, e agora que Teresa havia feito sua decisão, deveria seguir o combinado. Teresa respirou fundo e, com um sorriso, assentiu. — Mãe, pode confiar em mim! Você vai ver que eu não vou decepcionar! Uma das empregadas, que estava ao lado, lançou um olhar discreto para Teresa. Internamente, a mulher pensou: com todo aquele jeito grudento com
Clarice ignorou Sterling completamente, como se ele fosse invisível. Ele tinha feito mais de vinte pessoas esperarem horas só por causa de Teresa. Um comportamento tão egoísta era repulsivo. Mesmo que eles fossem apenas um casal por conveniência, Clarice não tinha ânimo algum para ajudá-lo a manter as aparências. Sterling franziu o rosto, visivelmente irritado. — Clarice, o que você quer dizer com isso? Ele sabia que ela estava fazendo de propósito, tentando humilhá-lo diante de todos. — Sterling, já chega! — Túlio interrompeu, sua voz carregada de raiva. — Você é o marido da Clarinha! Não saber que hoje é o aniversário dela já é ruim o suficiente, mas eu mesmo te lembrei disso antes! Pedi para você comprar um bolo e preparar um presente. E o que você trouxe? Um bolo que está praticamente derretido e um brinquedo de pelúcia barato! Você está sem dinheiro ou sem vergonha? Agora me diga, que direito você acha que tem de criticar a Clarinha? Túlio estava explodindo de raiva. N
Teresa ficou imóvel, surpresa com o que acabara de ouvir. Ela nunca imaginou que Virgínia fosse sugerir que ela voltasse a morar na casa da família. Se ela voltasse a viver ali, seria impossível convencer Sterling a passar as noites com ela. Não haveria chance de usar seus habituais jogos emocionais para atraí-lo. E, acima de tudo, conviver diariamente com Virgínia colocaria seus segredos em risco. — Faremos como minha mãe disse. — Sterling respondeu em um tom firme e inabalável. O desespero tomou conta de Teresa. Sterling havia prometido que não deixaria ela voltar para a mansão. Ele até tinha mencionado a possibilidade de comprar uma casa para ela. Mas agora, do nada, ele parecia indiferente. Será que ele estava a punindo por ela ter agarrado o braço dele mais cedo? Seria essa a forma dele de mandar um recado? E agora, o que ela deveria fazer? Virgínia, com um sorriso sarcástico, virou-se para uma das empregadas. — Ajude Teresa a andar. Sterling já está cansado. A emprega