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Sussurros na Névoa, Amores ao Vento
Sussurros na Névoa, Amores ao Vento
Penulis: Almenciosa

Capítulo 1

Penulis: Almenciosa
Naquele instante, recebi um áudio da minha mãe. A voz dela vinha cheia de surpresa, mas também de alegria contida:

— Lívia, você finalmente tomou juízo! Eu sempre disse que aquele Dário não era homem pra você! Espera só um pouquinho que eu já te mando o contato do rapaz do encontro às cegas.

Respondi dizendo que voltaria pra casa em três dias.

Assim que terminei a ligação, a maçaneta girou. E lá veio um dos protagonistas do vídeo: Dário, empurrando a cadeira de rodas.

Quando me viu sentada no sofá, franziu a testa e me lançou aquele tom autoritário de sempre:

— Não era pra ser minha comemoração? Por que tá aí parada?

No lixo, descansava o bolo que eu mesma tinha feito, com tanto cuidado.

Fiquei encarando o Dário. Depois, baixei o olhar pras pernas dele.

Talvez por vergonha, ele desviou os olhos na hora, fugindo do meu olhar. Com a voz impaciente, como se fosse ele a vítima da situação, disse:

— Esquece. Sabia que não dava pra contar com você mesmo. Nem esperava que fizesse algo decente. Tô com fome. Vai fazer minha comida. Isso ao menos você consegue, né?

Falou com uma calma nojenta. Como se fosse natural. Como se eu existisse só pra isso.

E foi aí que a ficha caiu.

Pra ele, eu nunca fui namorada. Nunca fui parceira. Só uma cuidadora gratuita. Uma escrava vestida de afeto.

Senti o coração gelar, centímetro por centímetro. Pensei em perguntar por que ele tinha me enganado, mas... desisti.

As pernas dele? Não me importava mais. Aquela história... podia acabar ali. Porque eu estava de partida.

Foi quando bateram à porta.

Evelina entrou sem ser convidada, como se a casa fosse dela. Nem notou o clima estranho. Foi direto até o Dário, se abaixou atrás da cadeira de rodas e, com todo carinho do mundo, amarrou um cachecol no pescoço dele.

Depois se levantou, ela ajeitou o cabelo com um gesto leve, e só então me olhou, arqueando uma sobrancelha, com aquele tom de falsa surpresa:

— Ah, a Lívia também tá aqui? Olha só. Eu fiz esse cachecol à toa, tava com tempo livre. Não sei se o Dário vai gostar.

Dário me lançou um olhar de canto, com um sorriso leve nos lábios:

— Evelina, você tem mãos de fada. Amei a sua escolha, ficou linda essa echarpe.

Os dois trocaram olhares bem diante de mim, com aquela intimidade silenciosa, quase ensaiada. Um clima carregado de malícia no ar.

Olhei de relance pro cachecol feito por Evelina… e, de repente, me lembrei. Uma semana atrás, eu também tinha tricotado um cachecol pra Dário.

E o que ele fez?

Pegou com dois dedos, como se fosse algo sujo, e jogou no chão como quem descarta lixo. O tom dele, debochado e impaciente, ecoa até hoje na minha cabeça:

— Lívia, se você usasse esse tempo tricotando pra se dedicar ao trabalho, talvez não fosse tão excluída no escritório.

Abaixei a cabeça e recolhi o cachecol do chão. O coração apertado, as palavras atravessadas na garganta.

Mas naquela mesma noite... vi Dário pegar o mesmo cachecol que ele havia desprezado. Estava largado no sofá, e ele o pegou às pressas antes de sair.

Na hora, meu peito se acendeu com uma esperança tola. Pensei: “Olha só, ele só não sabe demonstrar... mas no fundo se importa.”

Preocupada que pegasse um resfriado, segui ele discretamente pela rua.

E então... vi.

Dário estendeu o cachecol pra Evelina, que o aguardava na calçada como quem já sabia o script.

— Aqui, Evelina. Serve direitinho pros cachorros. Assim você não precisa comprar roupinha de novo. A Lívia tricotou essa porcaria aí, mas pelo menos esquenta bem. Dá pra forrar a caminha dos vira-latas.

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