Karina sentia um certo desconforto em relação ao primo Juan. Havia algo nele que a deixava intimidada, então, assim que entrou no carro, manteve-se quieta, sem ousar dizer uma palavra. O silêncio dentro do veículo era quase sufocante.Alana, por outro lado, tinha os olhos fixos no rosário budista que Juan usava no pulso. Algo nele parecia familiar, mas sua mente, enevoada pela bebida, não conseguia conectar as lembranças. Ainda assim, flashes da primeira vez que encontrou Juan passaram por sua cabeça. Anos haviam se passado, mas o homem diante dela permanecia tão imponente quanto antes.A casa de Karina ficava perto. Juan a deixou em segurança e, logo depois, se preparou para levar Alana de volta ao hotel.Agora, apenas os dois estavam no carro. A voz grave de Juan quebrou o silêncio:— Pretende ficar em Cidade Nyerere?— Sim.Alana hesitou por um momento antes de responder com um leve aceno. Eles não eram próximos, e a conversa morreu rápido. O silêncio voltou a dominar o ambiente, en
Como Juan sabia sobre ela e Diego?Esse pensamento passou rapidamente pela mente de Alana, mas ela apenas sorriu, despreocupada:— Não, Juan. Só que você também aproveitou sexo. Então, vamos deixar isso pra lá, certo?Ela piscou, mas no fundo sentia-se um pouco desconfortável. Juan era diferente de qualquer homem que ela conhecia. Perfeito demais, inalcançável como uma estrela distante ou a lua fria suspensa no céu."M*rda."Alana xingou baixinho em sua mente.Juan deu uma última tragada no cigarro, sacudiu o excesso de cinzas e não respondeu. Nem um sim, nem um não. Seus olhos apenas escureceram:— Tanto faz.Sua voz era gelada.Alana soltou um leve suspiro de alívio. Vestiu-se, endireitou o cabelo e deixou o hotel, chamando um táxi para voltar à mansão da família Alves.Mal havia entrado no carro, quando, a alguns passos de distância, Natalie a viu. Por reflexo, ela arregalou os olhos, surpresa, e puxou Diego pelo braço:— Diego, acho que vi a Srta. Alana...— Alana? — A testa de Die
Alana manteve a calma e continuou:— Pode ficar tranquila, eu e Diego terminamos de vez. Mas, já que vou assumir a família Alves, é melhor que meu casamento seja algo estável. Escolher alguém que eu não odeie parece mais sensato.Laura nunca havia apoiado o relacionamento entre Alana e Diego. Por um lado, detestava ver a filha sendo influenciada por sentimentos, deixando de lado a razão. Por outro, a rivalidade entre a família Arruda e a família Alves era evidente.Embora a família Arruda não tivesse o mesmo prestígio da família Alves, ainda era uma inimiga.De fato, Laura não era tão controladora em relação ao casamento de Alana quanto parecia. Seu foco e exigências sempre haviam recaído mais sobre Liz.Os olhos de Laura brilhavam com um olhar severo enquanto analisava Alana por alguns segundos.— Está bem. — Laura disse, com um tom firme. — Você pode escolher a pessoa. Mas, Alana, eu espero que você cumpra sua parte no acordo. Não me decepcione.Alana assentiu.Laura, ocupada com out
Pela primeira vez, Alana achou difícil associar o homem diante dela ao mesmo Diego que, anos atrás, a havia acalmado repetidamente quando ela estava cega temporariamente. Durante aquele terremoto, Diego a resgatou e ficou ao seu lado até que a equipe de resgate chegasse. Foi esse gesto que a fez nutrir sentimentos por ele por tanto tempo. Mas nunca imaginou que o homem que esteve com ela no escuro, oferecendo conforto, pudesse ser tão cruel agora.— Srta. Alana, uma mulher deveria se valorizar mais. Esse tipo de insistência não vai te levar a nada. — Natalie comentou, com um tom suave.A expressão de Natalie parecia calma e resignada, como se estivesse lidando com a ex-namorada obsessiva de seu atual namorado de forma magnânima.Alana abriu a boca, pronta para esclarecer a situação, mas, de repente, alguém se aproximou do gerente e sussurrou algo em seu ouvido. O gerente empalideceu e então olhou para Diego com uma expressão séria:— Desculpe, Sr. Diego, mas a sua associação de membro
Quando Juan mencionou Karina, Alana curvou levemente os lábios. Se ela realmente fosse se casar com Juan, nem imaginava o que Karina pensaria disso.Por outro lado, era impossível não se sentir atraída por aquele rosto. Juan tinha uma beleza quase opressiva. Se ela precisava escolher alguém para se casar, alguém que ela não desgostasse e que tivesse um caráter no mínimo aceitável, Juan parecia a escolha perfeita.Com um sorriso discreto, Alana piscou os olhos:— Juan, acho que não tenho motivos para recusar.— Então, amanhã, às dez da manhã, no cartório.Juan a encarou, e Alana assentiu com a cabeça.Ele parecia ter outros compromissos e estava prestes a sair quando, de repente, parou e franziu levemente a testa. Com um tom que parecia casual, mas cheio de intenção, ele perguntou:— E o Diego...?— Já acabou. — Alana abaixou os olhos, lembrando-se da expressão arrogante de Diego mais cedo. — Fique tranquilo, eu não sou do tipo que volta atrás.Com isso, Juan virou-se e foi embora.Alan
Foi um beijo intenso e sem qualquer restrição. Profundo e carregado de desejo. Alana respirava com dificuldade, mas seu ar era tomado novamente pelos lábios de Juan, que não lhe dava trégua.Instintivamente, ela agarrou a camisa dele, buscando algum apoio. Só quando suas pernas começaram a fraquejar, Juan finalmente parou. Ele a fitou de cima, os olhos escuros e intensos, enquanto sua voz baixa e rouca soava:— Seduzir, Sra. Dutra, ainda não é o seu ponto forte.A provocação fez algo dentro dela despertar. Alana, que nunca gostou de perder, curvou os lábios vermelhos em um sorriso desafiador. Sem hesitar, ela se aproximou e pressionou os lábios no pescoço dele, bem sobre o pomo de Adão. Sentiu o corpo de Juan enrijecer levemente, e então recuou meio passo, olhando-o com uma expressão preguiçosa e carregada de atrevimento:— Sr. Juan, você não é tudo isso.Os olhos de Juan escureceram, mas Alana sabia exatamente quando parar.Depois disso, ela e Juan trocaram os contatos e Alana se mudo
Pedir de volta os presentes que deu? Alana ficou tão irritada que riu da atitude de Diego. Até então, ela achava que ele era apenas um cafajeste comum. Mas não esperava que fosse também tão mesquinho e ridículo. Ter namorado um homem assim fazia-a se sentir azarada.Ao voltar para a casa, Alana começou a procurar as coisas que Diego havia dado a ela. Estava decidida a devolver tudo. Foi quando Juan chegou.— Está procurando o quê?Ele a encarou, a voz fria e serena.Alana parou o que estava fazendo, respirou fundo e respondeu casualmente:— Estou procurando os presentes que meu ex me deu. Ele terminou comigo e agora quer tudo de volta. Nunca vi um homem tão nojento em toda a minha vida.Ela falou com os dentes cerrados, a irritação evidente no rosto bonito e expressivo. No instante seguinte, o som de uma notificação do banco chamou sua atenção. [Dois milhões reais depositados], dizia a mensagem, com a descrição:[Doação voluntária.]Juan lançou um olhar para as coisas espalhadas pelo c
Alana não esperou Karina terminar e desligou a chamada abruptamente. Ao lado, os olhos de Juan brilharam com um traço de sorriso que rapidamente desapareceu.Alana pensou no grito de Karina durante a ligação e, sem saber por quê, sentiu uma leve vergonha. Sua nuca começou a esquentar. Ela disfarçou com uma tosse leve antes de perguntar:— Precisa de alguma coisa?— Está tarde e percebi que você ainda não foi dormir. — Juan curvou os lábios, e sua expressão geralmente fria adquiriu um tom sutilmente mais suave. — Estava conversando com Karina?— Sim, só falando de coisas aleatórias.Alana respondeu de forma vaga, evitando seu olhar.Os olhos de Juan pousaram em sua orelha levemente corada, mas ele não comentou. Em vez disso, lançou uma pergunta inesperada:— Karina deveria te chamar de cunhada agora, não acha?Ao ouvir isso, Alana não conseguiu evitar uma tosse engasgada. A ideia de ser chamada de “cunhada” por Karina parecia tão estranha que ela não soube como reagir.Juan curvou os lá
Na manhã seguinte, Alana apareceu bem cedo na sede do Grupo Alves. Ela vestia um elegante terno branco, com cortes impecáveis que acentuavam ainda mais sua beleza radiante. Cada passo que dava exalava uma confiança imponente, uma energia que parecia dominar o ambiente."Fui demitida? E daí? Não sou do tipo que sai perdendo."Alana entrou no prédio com a cabeça erguida. Seus saltos altos ecoavam no piso de mármore, o som firme e ritmado parecia anunciar sua chegada. Ela caminhou diretamente até o escritório de Bruno, sem encontrar qualquer resistência. Nem mesmo a recepcionista ousou detê-la.Ao chegar, empurrou a porta do escritório com força, que se abriu com um estrondo.Bruno estava recostado em sua cadeira, pernas cruzadas, tomando café de forma despreocupada. Ao vê-la, um lampejo de surpresa passou por seu rosto, mas ele rapidamente trocou a expressão por um sorriso cheio de desdém:— Ora, ora… não é nossa antiga funcionária do Grupo Alves? Que vento te trouxe aqui?Sua voz carreg
Juan apenas sorriu, sem responder. Em vez disso, serviu uma tigela de sopa de cogumelos e a colocou diante de Alana:— Experimente esta aqui, também está muito boa.Alana olhou para a tigela fumegante à sua frente, um turbilhão de emoções passando por sua mente. Ela lembrou-se dos três anos ao lado de Diego. Durante todo esse tempo, ele nunca sequer perguntou do que ela gostava de comer.E agora, Juan, com quem havia se casado às pressas, parecia conhecê-la melhor do que Diego jamais conhecera. Ele era tão cuidadoso, tão atento. A comparação era inevitável, e trouxe à tona uma mistura de amargura e gratidão.Ela recordou-se de como eram as refeições com Diego. Ele sempre escolhia os pratos que gostava, sem sequer perguntar sua opinião. Uma vez, Alana tomou coragem e pediu algo apimentado. Diego franziu o cenho e respondeu com desdém:— Pra quê uma mulher vai comer algo tão picante? Faz mal pra pele."Faz mal pra pele? Que desculpa idiota." Alana pensou, revirando os olhos mentalmente.
Alana olhou rapidamente para Juan, que retribuiu com um olhar claro como se dissesse:"Não fuja. Enfrente."Alana respirou fundo, tentando manter a calma, e abaixou o vidro da janela, encarando Diego com uma expressão de desconfiança:— Diego, o que você quer?Quando Diego notou Juan dentro do carro, ficou visivelmente surpreso, mas logo sua expressão mudou para algo ainda mais sombrio. Ele olhou Juan de cima a baixo, tentando avaliá-lo, mas a iluminação fraca do estacionamento só permitia que visse os contornos do rosto do homem.— Alana, você foi rápida, hein? — Disse Diego com um tom sarcástico. — Agora entendi porque teve coragem de falar daquele jeito comigo lá no salão. Já arrumou um "bom partido", né? Sempre soube que tinha esse tipo de talento.Natalie, que estava ao lado dele, não demorou a soltar seu veneno:— Alana, uma estudante pobrezinha como você deveria escolher melhor seus "patrocinadores". Esse aí nem parece grande coisa. Ainda tem que dirigir o próprio carro!As pala
No salão de festas, Alana segurava elegantemente uma taça de champanhe enquanto conversava animadamente com um grande nome do mundo dos negócios. Ela parecia completamente imune à confusão que havia ocorrido há pouco. Continuava radiante, como sempre.— Srta. Alana é realmente admirável. Tão jovem e já alcançando resultados tão impressionantes. É de tirar o chapéu.O empresário a olhava com admiração, seus olhos brilhando com uma leve pitada de apreciação.Alana sorriu de leve e ergueu a taça num gesto de agradecimento:— O senhor é muito gentil. Fiz apenas o que era necessário.Deu um pequeno gole no champanhe, enquanto o líquido dourado balançava suavemente na taça de cristal, refletindo o brilho de seu sorriso discreto. Seus olhos, profundos como a noite, pareciam ainda mais misteriosos sob a luz cintilante.O enigmático presidente do Grupo Griiff, que todos aguardavam com expectativa, não havia aparecido naquela noite."Será que foi conflito de agenda? No fim das contas, uma noite
— Funcionária qualquer? — Alana soltou uma leve risada, o olhar carregado de desdém. — Sr. Diego, será que o senhor tem algum problema de compreensão com a palavra "qualquer"? Eu, mesmo sendo apenas uma garçonete, ainda sou cem vezes melhor do que certos parasitas que só sabem viver à sombra da família e acabar com o patrimônio herdado.O rosto de Diego ficou pálido de raiva. Ele apontou para Alana, o dedo trêmulo:— Você... você... insolente!Desde pequeno, ele nunca havia sido tão humilhado.— Insolente? — Alana não recuou nem um milímetro. Deu um passo à frente e encarou Diego com um olhar afiado como lâmina. — Quem foi que jurou de pés juntos que me amaria para sempre e, na primeira oportunidade, voltou correndo para os braços do primeiro amor? Quem foi que me entregou aquela ridícula lista de exigências para terminar comigo? Diego, me diz: quem aqui está sendo mais insolente?Os convidados ao redor começaram a cochichar, lançando olhares curiosos e divertidos na direção deles.Die
Natalie estava furiosa. Ela sempre pensou que, depois de Alana ter deixado o Grupo Alves, sua vida se tornaria um desastre completo. Mas ali estava ela, deslumbrante, irradiando confiança e elegância, como se tivesse renascido ainda mais forte.Natalie apertava a taça de vinho com tanta força que seus dedos quase cravaram na própria pele.— Será que ela deu o golpe em algum ricaço? — Comentou Natalie, com um tom azedo, enquanto a inveja transbordava em cada palavra.Diego deu uma risada fria:— Ela? Além daquela cara, o que mais ela tem? Deve ser só mais uma dessas mulheres fáceis, uma qualquer, usada e descartada por algum milionário.Natalie imediatamente concordou, com um sorriso venenoso:— Concordo. E ainda assim, não consigo entender como ela conseguiu entrar aqui. Deve ter usado algum truque baixo para se infiltrar nesse evento.A inveja de Natalie era quase palpável. A simples visão de Alana, tão impecável e confiante, fazia seu sangue ferver. Ela precisava fazer algo para cort
Para Diego, Alana sempre fora uma mulher comum, quase insignificante. Mas agora, diante de seus olhos, ela brilhava como um diamante raro, tão reluzente que ele quase não conseguia encará-la. Mesmo a contragosto, mesmo com o desgosto que sentia por ela, Diego não podia negar que, naquele instante, Alana era deslumbrante.No entanto, a leve inquietação que sentiu no peito logo deu lugar a uma mistura de irritação e desprezo. "Isso é típico dela", pensou ele. "Sempre querendo chamar atenção."— Alana? O que ela está fazendo aqui? — Murmurou Diego, a voz baixa, mas carregada de incredulidade e raiva.Natalie, ao seu lado, fingiu preocupação, mas suas palavras estavam impregnadas de malícia:— O que será que ela quer, vestida assim? Parece estar desesperada para atrair olhares...Natalie deixou a frase no ar, mas o brilho nos olhos a traiu. Era evidente que, no fundo, ela se deliciava com a presença de Alana. Afinal, quanto mais Alana parecesse "desesperada" por Diego, mais Natalie poderia
Juan apenas deu um sorriso misterioso, sem responder diretamente. Em vez disso, aproximou-se de Alana e passou os braços suavemente ao redor de sua cintura:— Está linda. Vai cair perfeitamente em você.Alana foi pega de surpresa pelo gesto inesperado. Seu rosto corou, e seu coração começou a bater mais rápido. Quando levantou os olhos, encontrou o olhar profundo e intenso de Juan.— Ah, quase esqueci. — Disse ele, como se tivesse lembrado de algo importante. Juan tirou do bolso um pequeno estojo elegante e o entregou a ela. — Para você.Alana abriu o estojo e ficou sem palavras. Dentro, havia um colar de diamantes deslumbrante, que brilhava sob a luz com um encanto hipnotizante.— Isso é muito caro... Eu não posso aceitar! — Protestou Alana, visivelmente surpresa. Ela jamais esperaria receber algo tão valioso de Juan.Juan, no entanto, apenas sorriu tranquilamente e empurrou o estojo de volta para as mãos dela.— É só um presente simples. Ainda virão muitos outros, Sra. Dutra. — Ele f
— Alana, por que essa cara? Você lembrou de alguma coisa? — Karina perguntou, percebendo rapidamente a mudança na expressão da amiga.Alana respirou fundo, tentando abafar as suspeitas que surgiam em sua mente:— Por enquanto, é só uma desconfiança. Não tenho provas.— E o que você pretende fazer?— Primeiro, eu preciso tirar o Bruno do Grupo Alves.Um brilho frio passou pelos olhos de Alana. Ela não era o tipo de pessoa que permitia que os outros a manipulassem como uma marionete.Nesse momento, o garçom chegou com os pratos, interrompendo a conversa das duas. A mesa foi preenchida por pratos requintados e aromas apetitosos, mas Alana sequer sentiu vontade de comer. Ela mexia distraidamente na comida, os pensamentos girando em torno de Liz e Bruno."Liz com aquele jeitinho de vítima inocente… Agora que penso nisso, é simplesmente repulsivo."Ela pegou um pedaço de costela assada, mas o sabor parecia completamente insosso em sua boca.Karina percebeu o clima pesado e decidiu não insist