Capítulo 1

Quando Diego Arruda trouxe seu primeiro amor para a festa de aniversário, Alana Alves soube que havia perdido.

No canto do salão, ela olhou rapidamente para a mensagem que sua mãe havia enviado:

— Alana, você perdeu. Três anos se passaram, e Diego ainda não se apaixonou por você. Conforme o combinado, está na hora de voltar e assumir suas responsabilidades.

Com o canto dos olhos, Alana observou a garota que Diego segurava pela cintura. Era a primeira vez que via o famoso primeiro amor dele. A garota era pura, com uma beleza tranquila e um ar pacífico. Mesmo vestida com roupas simples e baratas, ela chamava atenção. Então era isso que Diego gostava.

Os lábios de Alana sentiram o gosto amargo da derrota. De repente, ela se lembrou de uma cena de quatro anos atrás, quando uma jovem rica do círculo social deles se aproximou de Diego para se declarar. Ele, enquanto apagava o cigarro com indiferença, lançou um olhar frio e respondeu com um tom debochado:

— Me desculpe, senhorita, mas eu gosto de garotas que sejam mais comportadas. Mais comuns.

Naquela época, Alana já o amava em silêncio há dois anos.

Sua mãe, no entanto, sempre foi contra. As famílias deles tinham conflitos nos negócios, e sua mãe sempre desprezou o conceito de amor romântico. Além disso, Diego era conhecido por seu estilo de vida irresponsável, o que o tornava, aos olhos de sua mãe, uma péssima escolha.

Mas quando Alana descobriu o tipo de mulher que Diego gostava, ela propôs uma aposta à mãe: se conseguisse fazer Diego se apaixonar por ela, poderia ficar com ele. Sua mãe, embora cética, aceitou.

Foi assim que, de um dia para o outro, Alana deixou de ser a filha mais velha da poderosa família Alves, raramente vista em público, para se tornar uma garota humilde e obediente. Desde então, ela sempre esteve ao lado de Diego. Uma vez, quando ele bebeu demais, seus olhos semicerrados pelo álcool tinham um brilho preguiçoso e divertido:

— Gosta de mim? Que tal tentar ficar comigo?

Os três anos que passou ao lado de Diego consumiram toda a paixão e coragem de Alana. Ela aprendeu a cozinhar para ele, cuidou dele dia e noite quando estava doente, e todos à sua volta diziam que ela estava perdidamente apaixonada.

Por um tempo, parecia que Diego tinha mudado. Ele demonstrava carinho por ela, afirmava com um sorriso que ela era sua esposa e que a sustentaria para sempre.

Mas Alana recusava. Ela passou meses ensaiando, se preparando para revelar toda a verdade na festa de aniversário dele.

Foi então que Natalie Alvim apareceu.

Alguém percebeu o silêncio de Alana e fez um comentário malicioso:

— Natalie, agora que você voltou, tem gente que vai ficar com o coração despedaçado.

— É verdade! Tem gente que batalhou tanto para subir na vida, mas agora que você voltou, o plano deve ter ido por água abaixo.

— Que bobagem... — Natalie interrompeu com sua voz suave e delicada. Ela olhou para Alana com um toque de culpa nos olhos. — Me desculpe, Srta. Alana. Diego e eu nos separamos há alguns anos por alguns motivos. Não imaginei que ele fosse agir por impulso e usar você como substituta. O que aconteceu entre mim e Diego não deveria ter te envolvido. Foi imaturidade dele. Mas, de qualquer forma, você não saiu perdendo.

A voz de Natalie era calma, e seus olhos brilhavam com sinceridade. Parecia que ela realmente acreditava que Alana tinha tirado vantagem da situação. Afinal, uma estudante pobre e comum, que teve a chance de estar ao lado de Diego, mesmo como substituta, só podia ter tido sorte, não é?

No entanto, Diego, que até então permanecia em silêncio, pousou os olhos sobre Alana. Algo nela estava diferente naquela noite. Vestida com um simples vestido vermelho, sua habitual doçura e delicadeza estavam quase apagadas, substituídas por uma aura livre e confiante. Ela parecia uma rosa em pleno desabrochar, radiante e irresistível.

Mesmo assim, Diego não gostava desse tipo. Mulheres deveriam ser dóceis, fáceis de cuidar. Ele franziu a testa. Uma substituta era apenas uma substituta. Nunca seria como Natalie.

Ele suspirou e disse com indiferença:

— Natalie voltou. Nós dois podemos terminar por aqui. Aqui está um milhão de reais. Considere isso como uma compensação.

Com essas palavras, Diego apagou três anos de história entre eles com a mesma facilidade com que acendia um cigarro.

Pensando nesses três anos, Alana só conseguia sentir o peso da ironia:

— Pode guardar seu dinheiro. Você não é bom na cama, e eu já cansei.

Sem hesitar, Alana pegou a taça de vinho ao lado e jogou o líquido no rosto de Diego.

Durante os três anos em que estiveram juntos, Diego nunca a tocou. Ele permaneceu fiel ao seu primeiro amor. E ela, tola, esperou por ele, acreditando que ele queria um relacionamento sem sexo antes do casamento.

Silêncio absoluto.

Alana, no entanto, pegou um guardanapo com tranquilidade e limpou as mãos, como se nada tivesse acontecido. Seus lábios vermelhos se curvaram em um sorriso irônico. Logo depois, soltou uma risada curta:

— Esse brinde vai para os três anos em que fui cega.

Sem sequer lançar um último olhar para Diego, ela se virou e saiu da sala privativa. Atrás dela, o ar pareceu congelar. Todos prenderam a respiração, trocando olhares de incredulidade enquanto avaliavam Diego.

Alana, que sempre foi tão educada e submissa, especialmente com Diego, agora...

— Ela ficou maluca? Um milhão de reais é algo que ela nunca conseguiria ganhar na vida! O que ela está fingindo? — Murmurou alguém, quebrando o silêncio.

— Deixa pra lá. — Diego respondeu, cerrando os dentes e soltando uma risada de escárnio. — Contanto que ela não fique no meu pé e não atrapalhe a mim e a Natalie, está tudo bem. Mulheres como ela? Eu e Natalie nunca mais vamos cruzar com algo tão insignificante assim.

Ele achava que conhecia Alana. Sabia que ela era uma garota sem suporte, sem família influente, apenas uma estudante universitária pobre. Sem ele, em quem ela poderia confiar? Além disso, foram três anos ao seu lado. Toda essa “dignidade” dela não passava de teatro.

A voz de Diego ecoou no corredor, mas não teve impacto algum em Alana. Sem olhar para trás, ela continuou caminhando, cada passo mais firme do que o anterior.

Ao longo dos três anos de relacionamento, Alana e Diego já haviam brigado antes. Mas, no fim, ela sempre era aquela que se rendia, pedindo desculpas. Desta vez, porém, Diego ficaria decepcionado. Alana realmente estava indo embora. Não para algum lugar qualquer, mas para voltar a assumir o controle de uma herança bilionária que sempre foi dela por direito.