Alana não esperou Karina terminar e desligou a chamada abruptamente. Ao lado, os olhos de Juan brilharam com um traço de sorriso que rapidamente desapareceu.Alana pensou no grito de Karina durante a ligação e, sem saber por quê, sentiu uma leve vergonha. Sua nuca começou a esquentar. Ela disfarçou com uma tosse leve antes de perguntar:— Precisa de alguma coisa?— Está tarde e percebi que você ainda não foi dormir. — Juan curvou os lábios, e sua expressão geralmente fria adquiriu um tom sutilmente mais suave. — Estava conversando com Karina?— Sim, só falando de coisas aleatórias.Alana respondeu de forma vaga, evitando seu olhar.Os olhos de Juan pousaram em sua orelha levemente corada, mas ele não comentou. Em vez disso, lançou uma pergunta inesperada:— Karina deveria te chamar de cunhada agora, não acha?Ao ouvir isso, Alana não conseguiu evitar uma tosse engasgada. A ideia de ser chamada de “cunhada” por Karina parecia tão estranha que ela não soube como reagir.Juan curvou os lá
— Não precisa. — A voz de Alana era fria. — Ele não gosta desse tipo de evento.Era a mais pura verdade. Juan tinha um ar distante, quase inalcançável, sempre carregando um tom de frieza e elegância que realmente não combinava com ocasiões assim.Liz, por sua vez, deixou os lábios se curvarem em um sorriso ainda mais provocador. Ela, claro, estava por dentro do casamento de Alana. Mas o fato de a cerimônia ter sido tão discreta só reforçava sua crença de que o marido de Alana devia ser alguém bem comum, sem grande importância.— Que pena. — Liz suspirou com uma falsa lamentação, mas o tom de brincadeira era evidente. — O Nelson, quando soube que você casou, disse que queria muito conhecer o seu marido.— Você mesma disse que esse casamento foi por causa das normas da família Alves. — Alana desviou o olhar para Laura, mantendo o tom sereno. — Para você, quem é meu marido nunca importou. Então, também não vou permitir que a família Alves interfira na vida dele.Laura franziu o cenho, sua
Alana, com a voz calma e controlada, começou a ler o conteúdo da lista:— 8 de novembro de 2022, cuidar de homem com febre alta, custo de enfermagem no mercado, seiscentos reais. 23 de novembro, entrega de documentos urgentes para o mesmo homem, ida e volta três vezes, percurso de doze quilômetros, trezentos reais. De 2022 a 2024, fornecimento de marmitas caseiras e bebidas por três anos, totalizando oitenta e três mil reais...Ela lia com serenidade, palavra por palavra, enquanto sua mente revisitava aqueles três anos absurdos.Ela dedicou seu tempo e esforço a um homem que não merecia. Chegou ao ponto de aprender a cozinhar por causa dele e, por três anos seguidos, entregou-lhe refeições e sopas dia após dia.E agora, ali estavam eles, na frente de todos, reduzindo tudo a uma contabilidade fria e impessoal.Diego, inicialmente, ouviu em silêncio. Mas, conforme a lista avançava, sua expressão começou a mudar. Suas sobrancelhas se franziram, e um tom sombrio tomou conta de seu rosto.Q
Diego cerrou os dentes, encarando Alana com um olhar ardente de raiva. Ao lado, Natalie estava pálida, sem uma gota de sangue no rosto.Com o restaurante agora cheio de curiosos observando a cena, Diego finalmente soltou, entre os dentes trincados:— Transferência!Alana permaneceu tranquila, com uma expressão inabalável. Pegou o celular e mostrou suas informações bancárias. Quando a notificação do depósito apareceu, ela esboçou um leve sorriso e comentou com um tom despreocupado:— Obrigada, meu ex-namorado.E estava feito. Três anos de sua vida, convertidos em cento e onze mil real.Diego saiu pisando duro, o rosto nublado pela raiva. Natalie, percebendo os olhares de reprovação à sua volta, apressou-se em segui-lo, visivelmente desconfortável.Na mesma hora, no lado oposto do restaurante iluminado e sofisticado, Juan observava tudo com um olhar sereno. Seu parceiro de negócios, sentado ao lado, notou sua distração e seguiu seu olhar curioso, que parou naturalmente em Alana:— Juan,
Juan ficou imóvel por um instante, mas um leve sorriso surgiu em seu olhar. De repente, ele passou o braço ao redor da cintura dela, inclinando-se para mais perto. Sua voz soava fria, mas com uma preguiça provocante que parecia natural.— Lana, nunca corri atrás de ninguém. Seja paixão à primeira vista ou algo que cresça com o tempo, me dê uma chance. Vamos transformar a mentira em verdade, tá bom?Lana era o apelido de infância de Alana. Quando pequena, a família sempre a chamava assim.Alana ficou surpresa. Não esperava que Juan usasse esse apelido novamente. Como ele sabia disso?Seu coração deu um leve salto enquanto ela encarava os olhos firmes do homem à sua frente. Seus lábios se entreabriram levemente, mas nenhuma palavra de rejeição conseguiu sair.Baixando o olhar, suas pestanas longas tremeram suavemente antes que ela finalmente dissesse, quase como um sussurro:— Tá bom.Do outro lado da cidade.Ao sair do restaurante, Diego puxava Natalie pelo braço, com o rosto escurecido
Alana manteve a expressão serena, mas sua presença exalava uma aura poderosa, nada parecida com a de uma recém-formada comum.Ao lembrar que o sobrenome dela era Alves, Bruno franziu a testa, uma ponta de dúvida cruzando sua mente. "Será que ela tem alguma ligação com a família Alves?" Mas logo afastou esse pensamento. A Srta. Liz nunca mencionou nada sobre isso.Bruno soltou uma risada fria:— Nosso Grupo Alves não precisa de uma inútil como você.Sem dizer uma palavra, Alana abaixou-se, pegou os papéis no chão e saiu do escritório. Pouco tempo depois, a notificação oficial da demissão foi divulgada.Quando o gerente do departamento de projetos ficou sabendo, ficou completamente pasmo.Ele sabia muito bem quem era Alana, mesmo que os outros não soubessem. Ela não era apenas mais uma funcionária. Ela era a princesa do Grupo Alves!— O Bruno ficou maluco? — O gerente murmurou para si mesmo, antes de ir atrás dele.Assim que encontrou Bruno, gerente não conseguiu conter sua irritação:—
À noite, Karina convidou Alana para dar uma volta no shopping e ajudá-la a escolher o vestido para o evento no Grupo Griiff no dia seguinte.Por coincidência, elas deram de cara com Natalie e Diego.Natalie dirigiu um sorriso leve a Alana, mas suas palavras estavam carregadas de veneno:— Srta. Alana, vejo que está de bom humor. Até mesmo após ser demitida da empresa, ainda encontra ânimo para fazer compras.Karina, ao lado, arregalou os olhos, incrédula. "O quê? A segunda filha da família Alves, Alana, foi demitida da própria empresa?"Alana, por sua vez, estreitou os olhos e fixou o olhar em Diego. Sua voz soou calma, mas carregada de firmeza:— Foi você?— Com o tipo de pessoa que você é, deveria saber o seu lugar. — Diego respondeu com desprezo. — Alana, eu não queria te prejudicar, mas foi você que insistiu em se humilhar.Karina, conhecendo bem a história entre os dois, revirou os olhos e rebateu sem hesitar:— Tá maluco? Foi você que ficou atrás da Alana, e não o contrário. Ela
A voz de Juan era baixa e rouca, com um tom que fazia o coração de Alana acelerar.— Juan... — Ela piscou, envolvendo os braços ao redor do pescoço dele. — Eu me lembro que você prometeu que, se eu não quisesse, iríamos devagar.Naquela vez no sótão, o clima estava bom demais, e ela não teve coragem de recusar. Juan, com sua voz suave, havia garantido que nunca a forçaria a fazer algo contra sua vontade.Ele riu, levantando delicadamente o queixo dela com os dedos. O olhar dele era ao mesmo tempo frio e claro, mas carregado de uma provocação irresistível.— Então... você não quer?O hálito quente dele roçou o ouvido dela, provocando um arrepio que percorreu todo o seu corpo.Alana sentiu o coração como se fosse acariciado por uma pluma. Seu corpo começou a responder de um jeito desconhecido, e ela pensou: "Que porcaria de 'flor intocável'. Esse homem, na verdade, sabe muito bem como mexer com alguém."Depois de um momento, ela puxou o pescoço dele para mais perto e murmurou:— Juan, vo
Na manhã seguinte, Alana apareceu bem cedo na sede do Grupo Alves. Ela vestia um elegante terno branco, com cortes impecáveis que acentuavam ainda mais sua beleza radiante. Cada passo que dava exalava uma confiança imponente, uma energia que parecia dominar o ambiente."Fui demitida? E daí? Não sou do tipo que sai perdendo."Alana entrou no prédio com a cabeça erguida. Seus saltos altos ecoavam no piso de mármore, o som firme e ritmado parecia anunciar sua chegada. Ela caminhou diretamente até o escritório de Bruno, sem encontrar qualquer resistência. Nem mesmo a recepcionista ousou detê-la.Ao chegar, empurrou a porta do escritório com força, que se abriu com um estrondo.Bruno estava recostado em sua cadeira, pernas cruzadas, tomando café de forma despreocupada. Ao vê-la, um lampejo de surpresa passou por seu rosto, mas ele rapidamente trocou a expressão por um sorriso cheio de desdém:— Ora, ora… não é nossa antiga funcionária do Grupo Alves? Que vento te trouxe aqui?Sua voz carreg
Juan apenas sorriu, sem responder. Em vez disso, serviu uma tigela de sopa de cogumelos e a colocou diante de Alana:— Experimente esta aqui, também está muito boa.Alana olhou para a tigela fumegante à sua frente, um turbilhão de emoções passando por sua mente. Ela lembrou-se dos três anos ao lado de Diego. Durante todo esse tempo, ele nunca sequer perguntou do que ela gostava de comer.E agora, Juan, com quem havia se casado às pressas, parecia conhecê-la melhor do que Diego jamais conhecera. Ele era tão cuidadoso, tão atento. A comparação era inevitável, e trouxe à tona uma mistura de amargura e gratidão.Ela recordou-se de como eram as refeições com Diego. Ele sempre escolhia os pratos que gostava, sem sequer perguntar sua opinião. Uma vez, Alana tomou coragem e pediu algo apimentado. Diego franziu o cenho e respondeu com desdém:— Pra quê uma mulher vai comer algo tão picante? Faz mal pra pele."Faz mal pra pele? Que desculpa idiota." Alana pensou, revirando os olhos mentalmente.
Alana olhou rapidamente para Juan, que retribuiu com um olhar claro como se dissesse:"Não fuja. Enfrente."Alana respirou fundo, tentando manter a calma, e abaixou o vidro da janela, encarando Diego com uma expressão de desconfiança:— Diego, o que você quer?Quando Diego notou Juan dentro do carro, ficou visivelmente surpreso, mas logo sua expressão mudou para algo ainda mais sombrio. Ele olhou Juan de cima a baixo, tentando avaliá-lo, mas a iluminação fraca do estacionamento só permitia que visse os contornos do rosto do homem.— Alana, você foi rápida, hein? — Disse Diego com um tom sarcástico. — Agora entendi porque teve coragem de falar daquele jeito comigo lá no salão. Já arrumou um "bom partido", né? Sempre soube que tinha esse tipo de talento.Natalie, que estava ao lado dele, não demorou a soltar seu veneno:— Alana, uma estudante pobrezinha como você deveria escolher melhor seus "patrocinadores". Esse aí nem parece grande coisa. Ainda tem que dirigir o próprio carro!As pala
No salão de festas, Alana segurava elegantemente uma taça de champanhe enquanto conversava animadamente com um grande nome do mundo dos negócios. Ela parecia completamente imune à confusão que havia ocorrido há pouco. Continuava radiante, como sempre.— Srta. Alana é realmente admirável. Tão jovem e já alcançando resultados tão impressionantes. É de tirar o chapéu.O empresário a olhava com admiração, seus olhos brilhando com uma leve pitada de apreciação.Alana sorriu de leve e ergueu a taça num gesto de agradecimento:— O senhor é muito gentil. Fiz apenas o que era necessário.Deu um pequeno gole no champanhe, enquanto o líquido dourado balançava suavemente na taça de cristal, refletindo o brilho de seu sorriso discreto. Seus olhos, profundos como a noite, pareciam ainda mais misteriosos sob a luz cintilante.O enigmático presidente do Grupo Griiff, que todos aguardavam com expectativa, não havia aparecido naquela noite."Será que foi conflito de agenda? No fim das contas, uma noite
— Funcionária qualquer? — Alana soltou uma leve risada, o olhar carregado de desdém. — Sr. Diego, será que o senhor tem algum problema de compreensão com a palavra "qualquer"? Eu, mesmo sendo apenas uma garçonete, ainda sou cem vezes melhor do que certos parasitas que só sabem viver à sombra da família e acabar com o patrimônio herdado.O rosto de Diego ficou pálido de raiva. Ele apontou para Alana, o dedo trêmulo:— Você... você... insolente!Desde pequeno, ele nunca havia sido tão humilhado.— Insolente? — Alana não recuou nem um milímetro. Deu um passo à frente e encarou Diego com um olhar afiado como lâmina. — Quem foi que jurou de pés juntos que me amaria para sempre e, na primeira oportunidade, voltou correndo para os braços do primeiro amor? Quem foi que me entregou aquela ridícula lista de exigências para terminar comigo? Diego, me diz: quem aqui está sendo mais insolente?Os convidados ao redor começaram a cochichar, lançando olhares curiosos e divertidos na direção deles.Die
Natalie estava furiosa. Ela sempre pensou que, depois de Alana ter deixado o Grupo Alves, sua vida se tornaria um desastre completo. Mas ali estava ela, deslumbrante, irradiando confiança e elegância, como se tivesse renascido ainda mais forte.Natalie apertava a taça de vinho com tanta força que seus dedos quase cravaram na própria pele.— Será que ela deu o golpe em algum ricaço? — Comentou Natalie, com um tom azedo, enquanto a inveja transbordava em cada palavra.Diego deu uma risada fria:— Ela? Além daquela cara, o que mais ela tem? Deve ser só mais uma dessas mulheres fáceis, uma qualquer, usada e descartada por algum milionário.Natalie imediatamente concordou, com um sorriso venenoso:— Concordo. E ainda assim, não consigo entender como ela conseguiu entrar aqui. Deve ter usado algum truque baixo para se infiltrar nesse evento.A inveja de Natalie era quase palpável. A simples visão de Alana, tão impecável e confiante, fazia seu sangue ferver. Ela precisava fazer algo para cort
Para Diego, Alana sempre fora uma mulher comum, quase insignificante. Mas agora, diante de seus olhos, ela brilhava como um diamante raro, tão reluzente que ele quase não conseguia encará-la. Mesmo a contragosto, mesmo com o desgosto que sentia por ela, Diego não podia negar que, naquele instante, Alana era deslumbrante.No entanto, a leve inquietação que sentiu no peito logo deu lugar a uma mistura de irritação e desprezo. "Isso é típico dela", pensou ele. "Sempre querendo chamar atenção."— Alana? O que ela está fazendo aqui? — Murmurou Diego, a voz baixa, mas carregada de incredulidade e raiva.Natalie, ao seu lado, fingiu preocupação, mas suas palavras estavam impregnadas de malícia:— O que será que ela quer, vestida assim? Parece estar desesperada para atrair olhares...Natalie deixou a frase no ar, mas o brilho nos olhos a traiu. Era evidente que, no fundo, ela se deliciava com a presença de Alana. Afinal, quanto mais Alana parecesse "desesperada" por Diego, mais Natalie poderia
Juan apenas deu um sorriso misterioso, sem responder diretamente. Em vez disso, aproximou-se de Alana e passou os braços suavemente ao redor de sua cintura:— Está linda. Vai cair perfeitamente em você.Alana foi pega de surpresa pelo gesto inesperado. Seu rosto corou, e seu coração começou a bater mais rápido. Quando levantou os olhos, encontrou o olhar profundo e intenso de Juan.— Ah, quase esqueci. — Disse ele, como se tivesse lembrado de algo importante. Juan tirou do bolso um pequeno estojo elegante e o entregou a ela. — Para você.Alana abriu o estojo e ficou sem palavras. Dentro, havia um colar de diamantes deslumbrante, que brilhava sob a luz com um encanto hipnotizante.— Isso é muito caro... Eu não posso aceitar! — Protestou Alana, visivelmente surpresa. Ela jamais esperaria receber algo tão valioso de Juan.Juan, no entanto, apenas sorriu tranquilamente e empurrou o estojo de volta para as mãos dela.— É só um presente simples. Ainda virão muitos outros, Sra. Dutra. — Ele f
— Alana, por que essa cara? Você lembrou de alguma coisa? — Karina perguntou, percebendo rapidamente a mudança na expressão da amiga.Alana respirou fundo, tentando abafar as suspeitas que surgiam em sua mente:— Por enquanto, é só uma desconfiança. Não tenho provas.— E o que você pretende fazer?— Primeiro, eu preciso tirar o Bruno do Grupo Alves.Um brilho frio passou pelos olhos de Alana. Ela não era o tipo de pessoa que permitia que os outros a manipulassem como uma marionete.Nesse momento, o garçom chegou com os pratos, interrompendo a conversa das duas. A mesa foi preenchida por pratos requintados e aromas apetitosos, mas Alana sequer sentiu vontade de comer. Ela mexia distraidamente na comida, os pensamentos girando em torno de Liz e Bruno."Liz com aquele jeitinho de vítima inocente… Agora que penso nisso, é simplesmente repulsivo."Ela pegou um pedaço de costela assada, mas o sabor parecia completamente insosso em sua boca.Karina percebeu o clima pesado e decidiu não insist