Luiza sentia uma amargura no coração.Ao pegar roupas escuras no vestiário, voltou para o quarto e o ouviu atendendo uma ligação.- Não tenha medo, deixe a Nicole cuidar de você, estarei aí em breve. - Disse Miguel ao telefone, com uma ternura que ela nunca tinha ouvido antes.Luiza parou por um momento, e a doçura em seu coração subitamente desapareceu.- Senhor. - Perguntando com cautela. - De quem é a ligação?Miguel a olhou.Sua estatura, de quase um metro e noventa, era intimidadora. Ele respondeu friamente: - Não é ninguém.- É uma mulher?- Não é da sua conta. - Disse ele, antes de pegar as roupas dela e vesti-las.Normalmente, era ela quem o vestia.Será que um homem, ao se apaixonar por outra, começaria a rejeitar a própria esposa?O estômago de Luiza começou a se contrair novamente.Parecia mesmo ser uma doença estomacal.Ela sentia desconforto e dor.Miguel se vestiu e partiu.Luiza sentiu um senso de crise. A intuição feminina era sempre precisa.Ela correu até a porta e
Luiza subitamente se lembrou das palavras proferidas pelo amigo do seu Senhor. Este havia comentado: "Miguel carrega no coração uma mulher que conheceu nas Américas, ele a tem guardado em seu coração por muitos anos, e ela se assemelha muito a você."Naquela época, Luiza não se convenceu, pensando que essa mulher era apenas uma lembrança do passado e certamente inferior a ela.Hoje, como se despertasse de um sonho, ao ver o Senhor tratando essa mulher com tanta gentileza, sentiu seu coração ser perfurado por uma adaga, doendo a ponto de suas entranhas se retorcerem.No ambiente ruidoso, Miguel estava prestes a acompanhar a mulher para fora, quando avistou Luiza, acompanhada por Lívia. Ele franziu levemente a testa.A mulher perguntou com suavidade:- Miguel, você a conhece?- Sim, ela é minha esposa, Luiza. - Respondeu Miguel, com um tom frio. - Clara, vá para o carro, já estou a caminho.Clara Freitas assentiu obedientemente e, antes de ir embora, lançou um olhar para Luiza.Seus ol
- Lulu, você sabia que seu Senhor está tendo um caso? - A ligação era de sua melhor amiga, Marina Cunha. - Eu vi a notícia dele esta manhã. Ele está envolvido com uma pianista chamada Clara. Parece que ela pode estar grávida. Eles foram para o hospital e virou notícia. Você tem que ver isso!Luiza sentiu um aperto no coração e pegou o celular.No Facebook, havia inúmeras fotos de Miguel, CEO executivo do Grupo Sunland, acompanhando Clara ao hospital na noite anterior. Sua vida privada sempre atraía atenção, sendo ele o solteirão mais cobiçado da cidade.Desta vez, ele foi fotografado com Clara num exame pré-natal. Subitamente, a notícia alcançou o topo das buscas, e até informações de Clara foram expostas. Ela, uma famosa pianista das Américas, conhecia Miguel desde a infância. Eles tinham um relacionamento próximo. Depois de estudar no exterior, Clara voltou ao país, e o amor entre o poderoso CEO e a deusa finalmente se concretizou. A internet estava enlouquecida.Todos chora
Miguel franziu a testa e se aproximou. Ela estava de olhos fechados, seu rosto adormecido exalando inocência, mas não escondia sua beleza, especialmente seus lábios, rosados e cheios, como pêssegos doces e tentadores. Miguel, ao ver essa cena, sentiu sua ira desaparecer subitamente. Ele se inclinou e a levantou em seus braços. Sentindo o calor, ela se aninhou instintivamente em seus braços, buscando mais calor. Miguel a observou com um olhar profundo, imerso em pensamentos. Então, ele a colocou na cama e estava prestes a sair quando a ouviu murmurar em seu sono: - Senhor, você é um canalha...Miguel hesitou, sua mão tocando seu rosto tranquilo, acariciando sua face serena. Luiza, profundamente adormecida, inconscientemente pressionou seus lábios contra os dedos dele. Miguel respirou fundo.- Luiza?Ela acordou? Luiza não respondeu, segurou sua mão firmemente, com o rosto pressionado contra ela, numa expressão de afeição. Miguel baixou a cabeça e a beijou. Sua língua ficou e
Luiza se sentia desolada, com um olhar sombrio e sem vida.- Eu não estou fazendo cena, Miguel. Estou falando sério. Dois anos em um casamento sem amor, já tive o suficiente.Por mais de 700 dias e noites, ela passou de cheia de esperança a completamente desiludida. Ela já tinha tido o suficiente daqueles dias.- Você esqueceu que, há dois anos, foi Bryan quem pessoalmente te levou para a minha cama? - Miguel, com um olhar sombrio, continuou. - Com muito esforço, ele me forçou a casar com você. Agora você diz que quer se divorciar, Luiza. Você realmente acredita nisso? Ter um surto emocional tem limites. As mulheres que exageram demais acabam cansando os homens.Dois anos atrás, de fato, foi Bryan Medeiros quem a levou para a cama de Miguel.Na época, a empresa de Bryan estava com problemas.Ele previu que seria preso e, temendo que seus inimigos se vingassem em sua filha, levou Luiza para a cama de Miguel, atraindo jornalistas e a família Souza, forçando Miguel a se casar com Luiza.
- Está arrependida agora? Seu amor é tão barato assim? Desapareceu sem deixar rastro em apenas dois anos? - Ele zombou friamente, fixando o olhar nela.Luiza estava pressionada contra o travesseiro, seu rosto pálido e sem expressão.- Sim, eu me arrependo e não vou mais gostar de ninguém no futuro. - Afirmou ela, com uma voz que mal se ouvia.Ela não merecia aquilo. Então, desistiu.O rosto de Miguel ficou cada vez mais sombrio, dizendo sinistramente:- Ótimo, você não me ama, e eu certamente não vou te deixar ir. Vou fazer você ficar ao meu lado para se redimir, por toda a vida. Isso será o seu tormento eterno.Luiza estremeceu.- Só porque meu pai te enganou, somos imperdoáveis?- Sim, odeio ser enganado mais do que tudo na vida. Então, por toda a sua vida, você terá que ficar ao meu lado para se redimir. Você não tem escolha. - Dizendo isso, ele bateu a porta e saiu.Luiza se sentou em silêncio, refletindo sobre como, por causa de um truque de seu pai, ela pagaria por toda a vida.
Luiza percebeu que as palavras eram destinadas a Miguel e optou por não responder.- Você se dedicou bastante nesses anos. - Disse Miguel, oferecendo consolo.- Não foi tão difícil. - Respondeu Clara, sorrindo enquanto girava até a bandeja de salada de legumes para que ficasse bem à sua frente.Ela serviu alguns vegetais no prato de Miguel.- Miguel, você não deveria evitar sempre os legumes. Esta salada, com seu molho de vinagre, está deliciosa. Experimente.Miguel lançou um olhar para Luiza, que saboreava sua canja com uma expressão neutra.- Está bem. - Concordou ele, aceitando os vegetais e começando a comer.Uma expressão de desprezo apareceu nos olhos de Luiza.Ela recordava bem a obsessão de Miguel por limpeza.Anteriormente, para incentivar Miguel a comer legumes, ela se levantava cedo para preparar bolinhos de arroz com vegetais para ele e dizia, sorrindo:“- Senhor, por favor, saboreie um delicioso bolinho de arroz com vegetais antes de se despedir. Eu dediquei muito esforço
Luiza ficou surpresa e desviou o olhar.- O quê?- Você não gosta do Miguel, não é? - Clara perguntou, lançando um olhar rápido para Miguel, como se estivesse observando a reação dele.Miguel permaneceu impassível, mastigando um pedaço de peixe.Luiza soltou um riso autodepreciativo e disse em voz alta:- Claro que não.- Não mesmo? Clara não acreditava muito, nesses últimos dias, ela ouviu muitas histórias sobre eles, ouviu dizer que Luiza estava loucamente perseguindo Miguel. Onde quer que Miguel fosse, ela o seguia, sendo até apelidada pelos amigos de Miguel como “a perseguidora do Miguel”. Ela se sentia um pouco preocupada com isso.- Eu era jovem e tola, fazia isso só por diversão. - Luiza sorriu levemente.Naquela época, ela agia impulsivamente, insatisfeita com um casamento de fachada, passeando sem rumo e depois ligando para Miguel, alegando estar perdida e pedindo que ele a levasse de volta.Às vezes Miguel aparecia, outras vezes não, mas mesmo quando ele não vinha, enviava
Ela mordeu a língua dele?Luiza ficou surpresa e quis se levantar para olhar, mas ele mais uma vez capturou seus lábios.Na penumbra, o beijo dele era ardente e envolvente, com um sabor metálico de sangue.Luiza tentou se afastar, mas não conseguia.O ar em seu peito parecia estar sendo sugado aos poucos, e ela sentiu que não conseguia respirar, soltando um gemido suave.Miguel hesitou por um momento, sua respiração ficando mais pesada, como se quisesse engoli-la por inteiro.— Miguel... — Ela sentiu algo estranho e ficou com um pouco de medo, tentando empurrá-lo.Miguel respirava profundamente, o ar quente caindo em seu pescoço, e ele murmurou com a voz rouca:— Lulu, me chame de marido...— Nem sonhando. — Ela recusou, começando a se contorcer para se afastar dele.Mas quanto mais se mexia, mais perigosa a situação ficava; ela se debatia sobre ele, e como ele poderia suportar aquilo? Levantou a mão e, por cima da roupa, a tocou firmemente.Luiza levou um susto.Nesse momento, um som
A camisa preta foi tirada e, de fato, havia algumas marcas vermelhas nas costas dele. Luiza ficou um pouco aborrecida: — Você não devia ter me puxado antes. — Quem mandou você não me ouvir? — Acho que já conversamos o suficiente sobre isso. — Luiza suspirou. Miguel a olhou profundamente: — Como assim, já conversamos o suficiente? Sobre o assunto do nosso filho, ainda não terminamos. Luiza ficou surpresa e olhou para Miguel: — O assunto do nosso filho? O que mais tem para falar? Vai querer disputar a guarda do Felipinho comigo? A atitude dela se agitou imediatamente. Miguel, receoso de que ela perdesse o controle novamente, segurou sua mão e disse: — Não é isso o que eu quero dizer. Só quero conversar sobre o Felipinho. — O que você quer conversar? — Ela desviou o olhar, mantendo a cabeça baixa. Miguel continuou: — Você ouviu o que o Felipinho disse antes? Ele quer que a gente fique junto. Na verdade, ele tem medo de não ter pai e mãe. Luiza sabia disso e a
Felipinho ficou surpreso e virou a cabeça para olhar para ela enquanto estava na água.— Mamãe, o papai não disse agora há pouco que vocês não vão se divorciar mais?— Eu não concordei com nada disso. — Luiza respondeu seriamente.Felipinho fez uma cara triste.— Então quer dizer que você ainda vai se casar com outro tio e não vai mais querer o Felipinho?Luiza ficou surpresa, acariciou a cabeça dele e respondeu:— Que besteira é essa que você está pensando? Você é meu filho, eu sempre vou amar você e querer você. Como eu não iria querer você?— As pessoas dizem que, quando a gente ganha uma madrasta, também ganha um padrasto. Então, ao contrário, é a mesma coisa: quando a gente ganha um padrasto, também ganha uma madrasta. Casal bom é o casal original.Luiza sentiu que Felipinho tinha um monte de ideias erradas.Felipinho se aproximou dela e acrescentou mais uma coisa, como se quisesse que ela concordasse com ele.— Então, mamãe, casal bom é o casal original.Luiza ficou sem palavras.
Luiza franziu a testa, achando que Miguel estava confundindo o filho, e lançou a ele um olhar repreensivo antes de dizer para Felipinho: — Não é nada disso. O papai e a mamãe só estavam conversando sobre algumas coisas.— Conversando sobre o quê? É sobre voltar a casar? — Voltar a casar? — Miguel captou a palavra e perguntou. — Como você sabe essa palavra? Quem te ensinou? — Foi a Maria que me falou. Ela disse que, quando marido e mulher brigam, eles se divorciam, e quando fazem as pazes, eles voltam a casar.Luiza estava prestes a explicar o que significava divórcio, mas Miguel foi mais rápido e perguntou ao Felipinho: — Você quer muito que o papai e a mamãe voltem a casar? — Claro que sim. — Felipinho assentiu com a cabecinha e respondeu seriamente. — Senão, se o papai casar com outra pessoa e a mamãe se casar com outro, vocês vão me abandonar. Ao ouvir isso, os dois ficaram surpresos. Luiza finalmente entendeu por que Felipinho sempre queria que eles fizessem as pazes;
— O Elias veio ao aniversário da Maria, é uma coisa boa, todo mundo está feliz. Por que você está tão explosivo, parecendo um barril de pólvora? — Miguel retrucou sem rodeios.O rosto de Francisco se fechou:— Isso é problema seu?— E eu sentir ciúmes é problema seu? — Miguel rebateu, com seu rosto bonito e calmo.Bem nesse momento, o bolo chegou até eles. Maria estendeu um pedaço para Francisco:— Papai, coma o bolo.O bolo tinha sido trazido pelo próprio Elias, que o colocou diretamente nas mãos de Francisco.Miguel riu de novo:— Viu? Até o papel de pai está sendo assumido por outro homem.Francisco respondeu:— É porque eu desprezo fazer esse tipo de coisa.— Despreza fazer? Ou é porque nem tem chance de fazer? — Miguel o provocou, com um sorriso cheio de intenções.O rosto de Francisco ficou sombrio.Miguel disse:— Não diga que eu não avisei: como homem, esperar que a mulher venha rastejando para te agradar é impossível.Francisco ironizou:— Você se orgulha de se rebaixar assim?
Miguel entrou a passos largos e, com os braços fortes, levantou o filho, dizendo com um tom gentil:— Desculpe, Felipinho, eu me atrasei.— Hmph! Aachei que você nem viria. — Felipinho resmungou, mas seu humor claramente melhorou, e um pequeno sorriso apareceu em seu rosto.Luiza olhou para ele, percebendo que Felipinho estava feliz.Ela não pôde evitar olhar para Miguel. "Com ele por perto, será que tudo realmente ficaria tão melhor?"Miguel explicou:— O que eu prometo, eu cumpro. Foi só o trânsito que me atrasou um pouco.Ele explicou pacientemente ao menino.Felipinho ficou ainda mais contente e olhou para Maria, dizendo:— Maria, meu pai também veio.Maria fez um gesto de "V" com os dedos e respondeu:— Então vamos soprar as velas juntos!— Claro.Então, os dois homens, cada um segurando seu filho, se juntaram ao redor de um lindo bolo e sopraram as velas com força.Todos os adultos na sala aplaudiram.Especialmente Elias, que deu um assobio exagerado e soltou um grito de animaçã
Luiza olhou para ele: — Já está pensando no aniversário tão cedo? — Claro, esse ano é diferente. — Por que é diferente? — Nos anos anteriores, o papai nunca estava presente no meu aniversário. Este ano ele está, então é claro que será diferente! — Os olhos de Felipinho brilhavam de expectativa. Luiza o observou com uma expressão um pouco complexa. Desde que Miguel veio ao País R para ver Felipinho, o menino vinha falando muito sobre ele. Dava para ver o quanto a presença do pai era importante para ele... Mas aceitar Miguel assim... Ela simplesmente não conseguia superar essa barreira em seu coração... Nesse momento, o bolo foi trazido. Lucas entrou e perguntou a Francisco: — Presidente Francisco, o bolo já chegou, é para cortar agora? Francisco olhou para Maria, quase como se estivesse competindo por sua atenção, e pegou a filha que estava entre Priscila e Elias. — Maria, o papai preparou um bolo para você, quer cortar agora? — Francisco perguntou, olhando para
Conversando, o carro entrou na mansão da família Amorim.No vasto gramado verde, havia um carro desconhecido estacionado. Priscila estava parada sob a luz do sol, sorrindo para a pessoa dentro do carro.— Elias, você veio.O homem dentro do carro acenou com a cabeça.Em seguida, a porta do carro se abriu, e desceu um homem de feições refinadas, vestindo um terno casual, com um ar gentil e educado.— Por que você não me avisou? Se tivesse me avisado, com certeza eu teria ido ao aeroporto te buscar. — Priscila olhou para ele, com um brilho alegre nos olhos.Luiza raramente via Priscila tão bem-humorada.Já Francisco exibia um sorriso sarcástico evidente.Então era um rival amoroso.Luiza finalmente entendeu.— Hoje é o aniversário da Maria, vim especialmente para isso, queria fazer uma surpresa para ela. — Elias tirou um presente de dentro do carro. — Isso é para a Maria.— Não me entregue, daqui a pouco você mesmo pode dar a ela. Tenho certeza de que vai ficar muito feliz. — Priscila re
A situação de Bryan era algo que Miguel precisava resolver; Luiza não sentia qualquer constrangimento, pois considerava que isso era uma compensação que ele devia à família dela.Com isso resolvido, não havia mais nada para dizer entre eles.Miguel quis perguntar sobre Francisco, mas Luiza pegou uma bebida, fingindo tomar um gole enquanto olhava para o celular, mantendo a cabeça baixa para evitar conversar com ele.Tudo o que ele dizia era a mesma coisa de sempre, sem graça. Ela não queria se envolver mais com ele e, por isso, também não estava interessada em ouvir.O tempo passava, segundo a segundo.O telefone de Luiza tocou novamente.Ela estava distraída antes, aparentando ler notícias, mas, na verdade, sem absorver uma única palavra.Quando o telefone tocou, ela se recompôs, atendeu e respondeu com um tom de voz calmo:— Alô.— Estou na entrada, venha para fora. — Francisco já havia chegado.— Certo.Luiza respondeu, encerrou a ligação e colocou o celular de volta na bolsa, já se