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Capítulo 3

Luiza subitamente se lembrou das palavras proferidas pelo amigo do seu Senhor. Este havia comentado:

"Miguel carrega no coração uma mulher que conheceu nas Américas, ele a tem guardado em seu coração por muitos anos, e ela se assemelha muito a você."

Naquela época, Luiza não se convenceu, pensando que essa mulher era apenas uma lembrança do passado e certamente inferior a ela.

Hoje, como se despertasse de um sonho, ao ver o Senhor tratando essa mulher com tanta gentileza, sentiu seu coração ser perfurado por uma adaga, doendo a ponto de suas entranhas se retorcerem.

No ambiente ruidoso, Miguel estava prestes a acompanhar a mulher para fora, quando avistou Luiza, acompanhada por Lívia.

Ele franziu levemente a testa.

A mulher perguntou com suavidade:

- Miguel, você a conhece?

- Sim, ela é minha esposa, Luiza. - Respondeu Miguel, com um tom frio. - Clara, vá para o carro, já estou a caminho.

Clara Freitas assentiu obedientemente e, antes de ir embora, lançou um olhar para Luiza.

Seus olhares se cruzaram.

Clara avaliou Luiza e sorriu discretamente.

O coração de Luiza se apertou, tomado por amargura.

O homem se aproximou, sua alta estatura lançando uma sombra sobre a luz acima dela.

- O que você está fazendo aqui?

Antes que Lívia pudesse responder, Luiza perguntou:

- Quem é ela?

"Por que o Senhor a acompanhou ao hospital para um exame pré-natal? O filho que ela carrega é dele?"

Luiza, confusa, não se permitia pensar além.

- Isso não é da sua conta, não se intrometa. - Miguel desviou da pergunta.

Luiza, com os olhos marejados, questionou:

- Você me traiu e eu não posso perguntar?

- Traição? Acha que tem o direito de usar essa palavra? - Miguel a encarou sombriamente. - Esqueceu como se casou comigo? Além disso, eu já havia dito no nosso casamento que nunca te amaria.

Luiza empalideceu, apertando as pontas dos dedos para manter a calma.

- Então, para você, sou apenas uma companheira de cama?

- Basicamente isso.

Luiza riu de si mesma, sarcástica.

- Então é isso, acha que meu pai te enganou, e você decidiu aproveitar, certo?

- Não fale mais. - Miguel olhou com um olhar afiado como uma faca.

Ele não queria que ela continuasse.

Luiza sentiu o coração gelar, mas insistiu:

- Agora que a mulher que você ama voltou, o que pretende fazer comigo?

Miguel mordeu o lábio, seu silêncio a decepcionou.

Luiza sentiu uma dor aguda no estômago, tão forte que nem o analgésico ajudava, até que finalmente desmaiou...

Ao acordar, era dia.

O cheiro de desinfetante invadia suas narinas.

Ela franziu o cenho e abriu os olhos, vendo a silhueta de Miguel se afastar, enquanto uma agulha de soro estava inserida no dorso de sua mão.

- Senhor! - Luiza chamou, quase caindo da cama.

Lívia a segurou:

- Senhora, tenha cuidado.

- Onde o Senhor foi?

- Ele foi encontrar aquela mulher, que ligou para ele.

Luiza estremeceu.

- Senhora, não fique tão triste, sua saúde é o que mais importa. - Disse Lívia, compadecida. - Ontem à noite, você foi diagnosticada com gastrite aguda devido à intoxicação alimentar. Recebeu três bolsas de soro e está muito fraca agora.

Luiza sentiu um amargor insuportável no coração.

Internada por gastrite aguda, bastou um telefonema daquela mulher para o Senhor ir ao seu encontro.

Parecia que não podia competir com aquela mulher.

- Senhora, tente comer alguma coisa. - Lívia sugeriu, trazendo canja para Luiza.

Luiza balançou a cabeça:

- Lívia, deixe aí, ainda não quero comer.

O celular no criado-mudo tocou.

Com voz fraca, Luiza atendeu:

- Olá.

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