Ao passarem pelo vale dos Bretãs, os nossos guerreiros encontraram uma área que seria o último oásis antes de entrarem de fato nas regiões do vale do Ojibe. Eles se dão conta de que devem descansar um pouco, tratar as feridas, dar um adeus digno aos mortos.
—Temos que descansar um pouco antes de enfrentar o exército de Zaltana. Podemos passar um ciclo aqui. - disse Ubiratã para Raoní.
—E como saber que o dia não vai passar tão rápido como ocorreu antes? - perguntou Raoní.
Ubiratã aponta para o céu com a sua lança.
—Veja. A lua e o sol estão no mesmo céu. Podemos saber que a noite só cairá depois que houver o eclipse. Até lá temos algum tempo.
Raoní olha para o céu e avista a lua alinhada bem abaixo do sol. Ela pergunta para Ubiratã.
—Ubiratã. Como você veio parar aqui, no Ibaque?
Ubiratã e os demais líderes fizeram uma fogueira, pois embora o sol ainda predominasse, o clima estava ficando frio. Raoní senta ao lado de Ubiratã que responde.
—Eu estou aqui no Ibaque há muito tempo. Bem antes de Zaltana aparecer. Não lembro de minha vida antes daqui, talvez pelo fato de eu ter morrido por lá. Parece que quanto mais tempo você vive só por aqui, acaba esquecendo quem você era no mundo dos vivos.
Ubiratã falava enquanto cada vez mais guerreiros se amontoavam em redor da fogueira fazendo eles também outras mais para enfrentarem o frio.
—O chão que você hoje pisa, com todas as frutas e plantas, se estendiam por todo o Ibaque. Tudo era Ibaque, não haviam divisões em vales. Com a chegada de Zaltana, muitos povos foram divididos e criaram os seus vales. Antes, por exemplo, o Ojibe era chamado de Jaraguá, ou vale do senhor. Mas desde que Zaltana começou as suas guerras, atacando aqueles que não o seguiam, todos passaram a chamar esta região de Ojibe, que significa “aquele que está em decadência.”
Era notório na face dos demais líderes, um certo ar de saudades do tempo em que Ubiratã falava. Muitos que ali estavam perderam amigos, familiares, perderam as suas próprias vidas. Guerreiros nômades que vagavam pelo Ibaque sem rumo, lamentando a perda dos seus. Entretanto, vinham em Raoní a esperança de um futuro diferente. Se ele fosse realmente o escolhido, tudo naquela batalha anunciada valeria o esforço.
—O homem que desceu da estrela, abençoou este lugar. - disse Ubiratã. —Encheu nossos corações de esperança. A história de sua vinda e a promessa de um retorno foi contada de geração em geração. E quando Zaltana veio todos ficamos felizes, pensamos que ele era o próprio Messias. Mas com o tempo, ele mostrou que era bem diferente do que nossos antepassados nos falavam sobre o homem da estrela.
—E a profecia do escolhido? Vocês não sabiam que era necessário que primeiro viesse algo ruim para depois o escolhido aparecer? - perguntou Dacota.
—A profecia sobre o escolhido só foi revelada tempos depois de Zaltana começar a construir a torre. Ninguém sabe como ela começou, mas dizem que um dos guerreiros dele achou uma inscrição em uma caverna na região do gelo que fica bem distante daqui. Com o achado, parece que Zaltana e seu bruxo tomaram conhecimento de várias coisas, inclusive como abrir o portal e ao que tudo indica, ele conseguiu. - respondeu Ubiratã.
Ubiratã olhou para Raoní e disse.
—Sabemos que você não é ele, não é o Messias, mas talvez seja o escolhido. Você tem algo que nos faz acreditar no Messias, que ele ainda voltará e vai nos levar para um outro mundo. Você devolveu para nós a vontade de lutar contra Zaltana. Se você luta apenas por sua amada, nós não podemos fazer nada. Mas, se daqui a pouco você lutar por todos nós, então teremos uma chance.
As palavras de Ubiratã foram compreendidas por Raoní, ele deveria fazer uma escolha em breve: lutar por Thaynara ou aceitar que ele é o escolhido e lutar por todo o Ibaque.
Quase todos agora estão se preparando para voltar a caminhar. O vale do Ojibe ficava logo após uma pequena montanha. Aiyara procura e não encontra as outras mulheres guerreiras. Começando a andar pela margem do rio, encontrou o rastro delas e foi em busca de saber o que estava acontecendo.
Depois de um tempo, por trás de uma vegetação um pouco densa, ela encontra o seu grupo conversando, encantadas com um homem de aparência nunca vista entre os guerreiros.
Ele vestia camisa e calças brancas. Em sua cabeça, um chapéu de palha também branco. Seu sorriso parecia desnortear as guerreiras, pois todos agiam como se não estivessem em batalha, mas sim, flertando com aquele sujeito.
Aiyara desembainha sua espada e aproxima deles com cuidado indo por dentro do rio, ficando por trás daquele homem. As guerreiras, tão fascinadas que estão, nem notam a presença evidente de sua líder. Entretanto, mesmo assim ele nota que havia algo de errado e já vira atacando Aiyara com suas próprias mãos. Com destreza ele desvia dos golpes de espada que Aiyara usa contra ele. Entretanto, com um chute, ele acerta bem no meio dos seios de Aiyara que cai de costas sobre a água do rio.
Ela tentava ficar de pé e fincar os pés no chão arenoso do rio. Aiyara percebe aquele homem vindo correndo em sua direção e ele salta sobre ela. O intuito dele não era atacar Aiyara, mas mergulhar após ela, provavelmente desejando fugir a nado de lá. Contudo, a nossa guerreira foi mais rápida, enquanto o homem passou sobre ela, Aiyara ergueu sua espada atingindo todo o corpo daquele homem. Suas vísceras começam a cair sobre Aiyara, que ao virar para continuar o combate, percebe que o corpo daquele homem estava se transformando em um peixe, um boto de cor rosa.
—Hum, homens. - expressou Aiyara.
As mulheres agora acordadas do encanto, não lembravam se quer como chegaram até aquela parte do rio e sob o olhar de reprovação de Aiyara, voltaram todas para o grupo que já estava de partida.
Depois de alguns minutos de caminhada subindo o monte, perceberam que a fartura de vegetação agora dava lugar a flores secas. Elas pareciam como que queimadas, pois suas estruturas pareciam cinzas e ao serem tocadas, eram transformadas em pó. Ao chegarem ao topo do monte avistaram o vale do Ojibe.
Suas mentes não podiam acreditar naquilo que estava diante dos seus olhos. Centenas de guerreiros prontos para a batalha. O exército de Zaltana, além de numeroso, possuía uma dezena de grandes carros de guerra com rodas que tinham pontas de lanças nas laterais. O carro levava alguns arqueiros sobre ele. Era feito de madeira e pedra e dali os nossos guerreiros não entendiam como aqueles carros podiam se locomover. O medo foi visto nos olhos de alguns dos nossos guerreiros. Aquela visão era contada de ouvido a ouvido chegando até o último guerreiro que engolia seco a sua saliva e desfalecia o seu entusiamo conquistado nas últimas batalhas.
—O exército de Zaltana está bem maior. É inútil lutar. - disse um dos guerreiros da tribo de Taú.
Raoní também passou a duvidar por alguns instantes que a vitória poderia ser obtida. Mas lembrou de todas as outras batalhas que aqueles guerreiros haviam passado.
—Voltem um pouco, desçam e reúnam seus melhores homens. - falou Raoní. Os líderes reuniram todos em uma parte do monte e ficaram a espera de Raoní.
Raoní então junto com os líderes ao seu lado falou para os guerreiros.
—Não posso pedir que vocês lutem para que eu venha a ter novamente Thaynara em meus braços. Entendo que muitos aqui vieram com a intenção de destruir Zaltana. No princípio, eu só queria ter minha esposa de volta. Mas depois de tudo o que me disseram sobre este tirano, não posso pensar só em Thaynara. Eu não sou o homem da estrela, não sou eu quem levarei todos vocês para um novo mundo. Mas de uma coisa eu sei, nós podemos transformar este mundo para que ele seja novamente da forma que os seus antepassados diziam que era.
Raoní falava e muitos dos guerreiros apertavam as suas armas em suas mãos como que um renovo tomasse conta deles. E Raoní continuou.
—A batalha será dura. Muitos não sobreviverão, mas de uma coisa eu posso lhes dá certeza, hoje, uma nova era inicia no Ibaque, hoje Zaltana morrerá! - o discurso de Raoní inflamou todos os guerreiros. O som dos uivos caminham pelo ar e chega aos ouvidos dos guerreiros de Zaltana. Ele próprio de cima de sua torre percebe que algo está para acontecer e dá ordens aos seus generais que parte de seus guerreiros avancem pelo monte.
Os guerreiros de Raoní preparam uma emboscada. No vale do Ojibe a terra é plana seria uma luta sem escudos, por isso parte dos guerreiros avançam em direção à torre enquanto parte do exército de Zaltana vem ao encontro deles. Contudo, os nossos guerreiros fazem uma parada estratégica e quando o exército de Zaltana já estava bem perto, nossos guerreiros voltam a correr em direção ao monte e se escondem em uma depressão rochosa.
O exército de Zaltana sobe o monte e desce em disparada, querem sangue, querem destruir aqueles que uivaram como se não houvesse um exército por perto. Ao chegarem na depressão o caminho ficava estreito e era agora que os guerreiros de Raoní tinham vantagem.
Do alto dos montes, puderam colocar a prova o que haviam aprendido com os Abaporus. De cima, muitos guerreiros jogavam pedras; enquanto enormes pedras também eram empurradas pelos animais dos líderes sobre os guerreiros de Zaltana. Dezenas eram soterrados de uma só vez, gritavam, mas a piedade não respondia. O caminho de volta foi fechado por enormes pedras e aqueles que tentavam voltar e fugir eram mortos por flechas, dardos das zarabatanas e lanças.
Agora eram os gritos dos seus guerreiros que Zaltana ouvia. Os seus outros guerreiros ainda olhavam uns para os outros tentando entender o que estava acontecendo quando viram surgir sobre o monte aqueles fantásticos animais e seus cavaleiros. Um grito partindo de Raoní e os nossos guerreiros agora desciam o monte para o vale do Ojibe com suas armas nas mãos, sedentos por batalha.
O exército de Zaltana não era um exército qualquer, primeiro mandou seus carros, gigantes de madeira e pedra trabalhada. Eram verdadeiramente grandes, maiores do que Xuê o maior dos animais dos nossos guerreiros. Ouvisse gritos de fúria dos dois lados e o som de flechas rasgaram o céu. Alguns dos nossos guerreiros tinham escudos, mas outros não e pagaram caro por este fato, pagaram com as suas vidas.
Raoní e Yudi estavam mais a frente dos guerreiros. Enquanto seus companheiros Jaguaretê e Raijin fazia com que muitos dos guerreiros de Zaltana se arrependessem de terem escolhido lutar ao lado dele. Mas a luta em terra era necessária e Jaguaretê e Raijin teriam que atacar o primeiro carro que chegava já bem perto dos seus senhores.
Raoní atacava os guerreiros de Zaltana com suas duas machadinhas, executando golpes certeiros, aniquilando todos os seus adversários.
Yudi fazia uso de sua espada acertando fatalmente todos os que se colocavam em seu caminho. Entretanto, mesmo a habilidade dos dois juntos não foram suficientes para barrar o avanço dos guerreiros de Zaltana que vinham aos montes logo atrás do primeiro carro de guerra.
Obra de uma engenharia maléfica, o carro de guerra tinha avanço obtido pelas chicotadas de homens que eram usados como motores para que tudo aquilo pudesse ter movimento. Do alto dos seus quase três metros, arqueiros disparavam incessantemente sobre os nossos guerreiros. E se Zaltana tinha carros de guerra, os nossos guerreiros tinham Yudi, o líder asiático e Raijin, seu urso.
Yudi colocou em sua mão, um cinturão com potes de argila que estavam amarrados um ao outro em sua cintura. Ele acendeu o pavio de um dos potes e chamando Raijin montou sobre ele e escalou um dos carros de guerra. Mesmo sendo atacados pelos arqueiros, Yudi joga os potes dentro do carro e pula de lá enquanto os potes contendo pólvora explodem destruindo o carro.
O barulho e o fogo consumindo o carro de guerra causa certo temor aos guerreiros de Zaltana. Ele decide então descer e comandar suas tropas pessoalmente. Usando da engenharia empregada na sua torre, Zaltana entra dentro de uma espécie de elevador e desce para pegar seu companheiro de guerra, seu amigo de matanças.
Agora a luta é homem a homem, e mesmo com a explosão de um dos carros, os outros ainda atravessam o exército com velocidade, matando inclusive alguns dos seus próprios guerreiros. Jaguaretê conseguiu subir sobre um deles e pula sobre os seus ocupantes. Se antes parecia chover flechas do carro de guerra, agora vemos corpos e pedaços de corpos sendo jogados para fora do carro. Pronto, não há mais movimento algum, Jaguaretê agora reaparece com sua boca banhada de sangue e o seu rugido corta o vale do Ojibe.
Um som estrondoso acaba abafando o rugido de Jaguaretê. Era um outro rugido vindo do portão da torre. Todo o exército de Zaltana vira para o portão pois sabiam o que estava por vir. Sim, era ele, Zaltana, montado em seu animal, Jamecó, o ser oculto. Ambos aparecem e agora Raoní sabia que aparência tinha Zaltana, com quem ele deveria lutar.
Jamecó era um tigre com dentes de sabre. Mas diferente dos naturais ele era negro, era maior e com certeza, muito forte. Suas patas exibiam longas garras, suas presas ainda estavam banhadas de sangue da sua última matança.
Zaltana estava vestido com uma espécie de manto negro. Em alguns dedos de suas mãos anéis de ossos humanos. Em sua cabeça não havia chapéu nem cocar, apenas duas penas também negras penduradas mais atrás dela. Exibia um colar feito de dentes humanos e como pingente o canino de um grande animal. Sua face era pintada como que o seu crânio estivesse sendo mostrado.
Os gritos pelo nome de Zaltana crescia dentre os seus guerreiros e ele ritmado com os gritos passou a caminhar cada vez mais veloz e cada vez mais intenso para o centro da batalha.
Raoní olha para Jaguaretê que ávida para o combate pula de cima do carro de guerra ficando ao seu lado. Ele então monta sobre a sua companheira e vão ao encontro de Zaltana. A batalha continua, os carros de guerras devem ser destruídos logo. Para tal, Ubiratã com Anguera, Taú com Zaki, atacam os carros mais distantes. Já Dacota com Xuê e Yudi com Raijin vão ao encontro dos mais próximos. Aiyara e as mulheres guerreiras e os demais guerreiros lutam impiedosamente no solo do Ojibe. O combate ficou mais intenso e agora tudo era feito por espadas, facas, tacapes e machados, era uma verdadeira carnificina.
Os demais guerreiros de Zaltana não querem tirar dele o mérito de matar Raoní e abrem caminho para que eles se encontrem. Sabem que, no Ibaque, a morte do líder representa a vitória do exército.
Raoní e Zaltana têm o primeiro embate. As garras de Jaguaretê e Jamecó são as primeiras armas usadas pelos dois. E neste primeiro ataque, Jamecó leva uma pequena vantagem fazendo com que Raoní quase caia de sobre Jaguaretê. Entretanto, Jaguaretê consegue se recuperar atingindo o pescoço de Jamecó e cortando parte do suporte que prende Zaltana sobre Jamecó.
Concordando com o olhar, ambos acreditam que a luta daquela forma demorará horas, o mais sensato a fazer naquele mundo imprevisível, seria os dois entrarem em combate direto, até que haja um vencedor. Contudo, algumas coisas precisam ser reveladas.
—O seu reinado acaba hoje Zaltana. Não deixarei você destruir o mundo dos vivos. - disse Raoní.
—Ouvi falar de você. De sua vinda, suas batalhas e o motivo que fez você vir até aqui. Mas é a sua história que acaba agora, aqui, com o seu sangue derramado no solo do meu vale. - disse Zaltana afastando a sua capa e retirando um tacape, não o mesmo do último combate, agora, ainda mais aterrorizante; com muitos mais dentes cravados no mesmo.
—Me disseram que eu e você nos enfrentamos fora daqui. - disse Zaltana. —Que você tinha me matado e por isso eu vim parar aqui. E quando aqui cheguei fui tratado como um rei, me chamavam de Messias. Mas com o tempo, eles não me reconheciam como sendo o seu senhor, então resolvi eu mesmo encontrar o Messias, matá-lo e tomar todos os mundos para mim, começando com o mundo dos vivos.
—E por isso construiu a torre. - disse Raoní.
—Sim. Mas faltava algo, faltava uma esposa, uma rainha para governar ao meu lado. E certo dia encontrei vagando pelo Ibaque uma jovem de pele branca e olhos apertados, diferente de todas que por aqui estiveram. Decidi então tornar a jovem minha esposa. E quanto a profecia sobre o escolhido que dizem que irá me matar, pois bem, venha e tente; mostre se você é mesmo o escolhido. - relatou Zaltana.
Raoní agora tinha mais motivos para odiar Zaltana.
—As mulheres irão me ajudar a abrir o portal para o mundo dos vivos e eu irei até lá destruir a todos. E quando o Messias retornar, eu irei matá-lo e me tornarei o senhor dos três céus. - falou Zaltana.
—Me entregue Thaynara. - disse Raoní.
—Se a deseja tanto assim, terá que me matar primeiro. - respondeu Zaltana.
Raoní vai confrontar Zaltana atacando com uma de suas machadinhas e se defendendo com o seu escudo. Zaltana ora esquivava dos ataques, outrora se defendia com o seu tacape. Mas Zaltana reage aos ataques de Raoní e atingi nosso guerreiro em seu estômago. Depois, levanta o seu tacape acertando agora o rosto de Raoní que, com o impacto, vai cambaleando para trás. Raoní não consegui enxergar bem, sua visão está turva e seu sangue escorre de sua testa prejudicando ainda mais a sua visão.
No mesmo instante, Jaguaretê e Jamecó travam uma grande batalha, é a força de Jamecó contra a astúcia de Jaguaretê. Mas Jaguaretê olha para seu companheiro Raoní e percebe que ele está em sérios apuros. Ela então salta sobre Zaltana como havia feito no mundo dos mortais, mas desta vez seu ataque é sobre o pescoço de Zaltana.
Zaltana é forçado a ir até as paredes da torre, sufocado por Jaguaretê. Zaltana cai e Jaguaretê coloca seu corpo sobre o mesmo para que ele não se levante. Jamecó está se recuperando dos golpes sofridos por Jaguaretê e vem em sua direção.
Raoní recupera os sentidos e corre para ajudar Jaguaretê que diz.
—Depressa Raoní, corra e salve Thaynara.
Raoní não acreditou no que ouviu, Jaguaretê sabia falar e esse fato o fez ficar paralisado, sem saber o que fazer. Foi quando Jaguaretê disse novamente.
—Vá agora! Eu não o segurarei por muito tempo.
Raoní então corre para dentro da torre, ele teria que subir até encontrar Thaynara. Sem saber bem para onde deveria ir, acabou vendo a caixa usada por Zaltana. Vendo os pesos e contrapesos imaginou que seria possível usar aquelas alavancas para conseguir o que desejava. Se Thaynara estiver na torre, com certeza estará no lugar mais alto.
Em sua subida, pode ver Jaguaretê sendo atacada por Jamecó e por Zaltana que usando o seu tacape com violência faz com que Jaguaretê seja arremessada contra a parede e fique imóvel.
—Não! - gritou Raoní.
Seu grito foi ouvido por Zaltana que corre para a outra caixa que também o levaria para cima. E assim que Zaltana entra na caixa e aciona as alavancas colocando a caixa em movimento, Raoní também contempla que os seus guerreiros entraram na torre empurrando, ferindo e matando alguns guerreiros de Zaltana em combate. Em sua mente agora ele teria dois desafios: o primeiro achar Thaynara e o segundo seria matar Zaltana, pois só assim poria um fim naquela sangrenta batalha.
O nascimento do nosso herói Raoní já foi a primeira batalha travada entre ele e seu irmão Zaltana. Sua mãe, Kaolin, já estava há um certo tempo em trabalho de parto, quando finalmente Raoní veio ao mundo. Um garoto forte e saudável. Entretanto, a parteira olhava desconfiada para as partes íntimas de sua mãe Kaolin, pois suspeitava que havia algo de estranho em seu útero. E ao examinar Kaolin, a parteira da tribo acabou retirando mais um bebê, era Zaltana.Colocados um ao lado do outro já se percebia uma diferença ent
Ao longo de alguns poucos meses, Raoní e Thaynara cresceram em amizade e no amor. E este amor foi consagrado através do casamento dos dois, mesmo tendo Thaynara uma aparência diferente das demais índias da tribo. E do casamento, uma criança era esperada, mas Raoní não sabia que a sua amada estava para lhe dar o primeiro filho.—Quando você voltar da caça Raoní, eu quero falar uma coisa para você. - disse Thaynara com um brilho diferente nos olhos.
Toda a tribo estava em pranto pelas mortes ocorridas na batalha. Raoní estava inconsolável. A curandeira dos Kanaparís, Nadi, se aproxima de Thaynara e verifica que ela ainda vive. Raoní leva o seu grande amor para dentro de sua tenda que por sorte foi uma das poucas que não haviam sido queimadas. Os demais membros da tribo ajudam uns aos outros tomando conta dos demais feridos e apagando o fogo que ainda havia em alguns pontos da aldeia.A curandeira, pede para que Raoní saia para ajudar as outras pessoas da tribo. Um pouco relutante, mas s
Raoní e Dacota acordaram como se tivessem lutado por dias afio. Seus corpos estavam com dores e perceberam que estavam vestidos, cobertos com peças que pareciam vindas da pele de animais.—Que roupas são essas? - perguntou Raoní para Dacota.—Não sei. Mas como nós sabemos que são roupas? - replicou Dacota.
A rainha Aruana está sentada sobre um grande trono feito de marfim encoberto por peles de animais diversos. Raoní e Dacota, ainda desconfiados, ficaram de pé olhando para ela sem entenderem direito o que estava acontecendo ali. Contudo, a rainha então começou a explicar a sua atitude.—Há muitos ciclos atrás, durante a estação do fogo, uma estrela foi vista caindo do céu por todos os povos do que hoje chamamos de vale do Ojibe. No local de sua queda, apareceu um homem vestido de branco, cuja as suas roupas e
Raoní e Dacota foram então informados que somente os chefes guerreiros possuem um animal de transporte, teriam que ir domá-los. Nossos guerreiros foram levados então até ao vale Nhadiuva. Junto a Raoní e Dacota estavam a caminho do vale, Ubiratã e seu lobo-guará Angoera. Taú com o seu búfalo Zaki e Yudi e seu urso pardo Raijin.O caminho era longo, por isso, Raoní foi levado por Ubiratã e Dacota por Taú. Todos sabiam que o tempo estava contra eles, não poderiam esperar, o exército daquele mundo insólito dever
Raoní, em companhia dos demais líderes, estão reunidos dentro da tenda da rainha, definindo qual o melhor caminho para chegarem até a torre de Zaltana.Estendendo um mapa, Ubiratã mostra que a viagem deve ser feita por entre alguns vales e tribos que não se renderam a Zaltana, mas só a ideia de que um exército cruze as terras das tribos, talvez seja mais difícil do que enfrentar o grande opressor.&mdas
Ao passarem pelo vale dos Bretãs, os nossos guerreiros encontraram uma área que seria o último oásis antes de entrarem de fato nas regiões do vale do Ojibe. Eles se dão conta de que devem descansar um pouco, tratar as feridas, dar um adeus digno aos mortos. —Temos que descansar um pouco antes de enfrentar o exército de Zaltana. Podemos passar um ciclo aqui. - disse Ubiratã para Raoní.—
Raoní, em companhia dos demais líderes, estão reunidos dentro da tenda da rainha, definindo qual o melhor caminho para chegarem até a torre de Zaltana.Estendendo um mapa, Ubiratã mostra que a viagem deve ser feita por entre alguns vales e tribos que não se renderam a Zaltana, mas só a ideia de que um exército cruze as terras das tribos, talvez seja mais difícil do que enfrentar o grande opressor.&mdas
Raoní e Dacota foram então informados que somente os chefes guerreiros possuem um animal de transporte, teriam que ir domá-los. Nossos guerreiros foram levados então até ao vale Nhadiuva. Junto a Raoní e Dacota estavam a caminho do vale, Ubiratã e seu lobo-guará Angoera. Taú com o seu búfalo Zaki e Yudi e seu urso pardo Raijin.O caminho era longo, por isso, Raoní foi levado por Ubiratã e Dacota por Taú. Todos sabiam que o tempo estava contra eles, não poderiam esperar, o exército daquele mundo insólito dever
A rainha Aruana está sentada sobre um grande trono feito de marfim encoberto por peles de animais diversos. Raoní e Dacota, ainda desconfiados, ficaram de pé olhando para ela sem entenderem direito o que estava acontecendo ali. Contudo, a rainha então começou a explicar a sua atitude.—Há muitos ciclos atrás, durante a estação do fogo, uma estrela foi vista caindo do céu por todos os povos do que hoje chamamos de vale do Ojibe. No local de sua queda, apareceu um homem vestido de branco, cuja as suas roupas e
Raoní e Dacota acordaram como se tivessem lutado por dias afio. Seus corpos estavam com dores e perceberam que estavam vestidos, cobertos com peças que pareciam vindas da pele de animais.—Que roupas são essas? - perguntou Raoní para Dacota.—Não sei. Mas como nós sabemos que são roupas? - replicou Dacota.
Toda a tribo estava em pranto pelas mortes ocorridas na batalha. Raoní estava inconsolável. A curandeira dos Kanaparís, Nadi, se aproxima de Thaynara e verifica que ela ainda vive. Raoní leva o seu grande amor para dentro de sua tenda que por sorte foi uma das poucas que não haviam sido queimadas. Os demais membros da tribo ajudam uns aos outros tomando conta dos demais feridos e apagando o fogo que ainda havia em alguns pontos da aldeia.A curandeira, pede para que Raoní saia para ajudar as outras pessoas da tribo. Um pouco relutante, mas s
Ao longo de alguns poucos meses, Raoní e Thaynara cresceram em amizade e no amor. E este amor foi consagrado através do casamento dos dois, mesmo tendo Thaynara uma aparência diferente das demais índias da tribo. E do casamento, uma criança era esperada, mas Raoní não sabia que a sua amada estava para lhe dar o primeiro filho.—Quando você voltar da caça Raoní, eu quero falar uma coisa para você. - disse Thaynara com um brilho diferente nos olhos.
O nascimento do nosso herói Raoní já foi a primeira batalha travada entre ele e seu irmão Zaltana. Sua mãe, Kaolin, já estava há um certo tempo em trabalho de parto, quando finalmente Raoní veio ao mundo. Um garoto forte e saudável. Entretanto, a parteira olhava desconfiada para as partes íntimas de sua mãe Kaolin, pois suspeitava que havia algo de estranho em seu útero. E ao examinar Kaolin, a parteira da tribo acabou retirando mais um bebê, era Zaltana.Colocados um ao lado do outro já se percebia uma diferença ent