Toda a tribo estava em pranto pelas mortes ocorridas na batalha. Raoní estava inconsolável. A curandeira dos Kanaparís, Nadi, se aproxima de Thaynara e verifica que ela ainda vive. Raoní leva o seu grande amor para dentro de sua tenda que por sorte foi uma das poucas que não haviam sido queimadas. Os demais membros da tribo ajudam uns aos outros tomando conta dos demais feridos e apagando o fogo que ainda havia em alguns pontos da aldeia.
A curandeira, pede para que Raoní saia para ajudar as outras pessoas da tribo. Um pouco relutante, mas sabendo do seu dever, ele sai da tenda e vai ajudar aos outros. Os feridos são todos encaminhados para a tenda onde está a curandeira Nadi, que depois de muito trabalho com os muitos feridos, vai ao encontro de Raoní.
—Thaynara teve a sua perna quebrada, mas isso, isso não é nada. Só não entendo ela ainda não ter acordado. - disse Nadi.
—E quando ela vai acordar? - perguntou Raoní.
—Só os deuses sabem. Mas eu quero lhe dizer que não deve se encher de esperança. A queda foi muito forte. O seu espírito não está mais com ela, apenas a sua alma permanece. E somente os deuses poderão fazer com que ela volte a viver. - falou Nadi, com muita tristeza.
Na cultura Kanaparís, todos tem uma alma e um espírito. Quando uma pessoa morre ela perde os dois, entretanto, ficando inconsciente, acreditam que apenas a alma fica com elas e o espírito vai conversar com os deuses. E durante essa conversa, se a pessoa conseguir convencer os deuses que não deve morrer, então o espírito volta para o corpo da pessoa devolvendo a vida.
—Preciso pegar algumas ervas para fazer mais remédios. - disse Nadi saindo da tenda.
Raoní ficou ali olhando para a sua amada. Tentando imaginar o que poderia fazer. Foi quando um barulho de muitos chocalhos1 chamou a sua atenção e ele decidiu sair para ver o que estava acontecendo.
Ele não sabia quem era aquele que tinha galhos de plantas secas e finas cobrindo o seu rosto. A pintura em sua pele era diferente das usadas pelos Kanaparís e a sua dança colocava em atenção os olhos de Raoní. Aquele pajé parou de dançar e foi para perto de Raoní e descobrindo o seu rosto, mostrou que era um dos pajés que vieram fugidos para as terras dos Kanaparís, fruto da perseguição de Zaltana.
—Raoní. Preciso que você venha comigo. Talvez você possa salvar Thaynara. - era tudo o que Raoní queria ouvir naquele momento, uma chance de ter a sua amada de volta.
Raoní e o pajé foram então para a beira de um rio próximo da aldeia e sentado sobre uma rocha, o pajé então falou.
—O nosso povo Evram2 e os Kanaparís tem muita ligação. Acreditamos na ida do espírito para perto dos deuses. Mas nós temos algo a mais a esse respeito.
—O que seria? - perguntou Raoní.
—Os mais antigos da nossa tribo acreditavam que nós podemos ir para o mundo dos deuses e buscar os espíritos de quem amamos. - disse o pajé olhando para o horizonte.
—E como eu posso fazer isso? - indagou Raoní como que já preparado para ir naquele momento.
—Os antigos de nossa tribo diziam que temos que encontrar o portal dos mortos, somente passando por ele, chegamos ao vale do Ibaque3 que é o local que os deuses ficam.
Raoní estava curioso para saber como chegar no portal.
—E onde fica o portal?
—Além do rio, após o vale das araras; somente nas noites de lua cheia. Eles diziam que um homem que anda sobre as águas aparece para passear junto ao leito do rio. Se encontrar este homem, ele pode lhe mostrar como achar o portal dos mortos. E não esqueça, amanhã, é noite de lua cheia.
A lua cheia surgiria no céu no dia seguinte e ele tinha uma longa caminhada pelo rio na busca daquele que anda sobre as águas. Contudo, em seu coração, não acreditava na história que acabou de ouvir. Um conto antigo, vinda de uma tribo que ele conhecia bem pouco. A aceitação de que a vida de Thaynara só dependeria de sua conversa com os deuses crescia em sua mente. Acreditava que Thaynara poderia convencer os deuses e nada faria, além de esperar.
Raoní e o pajé voltam então para a aldeia. Avisado que Nadi estava a sua procura, vai ao encontro dela, enquanto isso, o pajé passa pela aldeia dançando e cantando em seu ritual pelos mortos e feridos.
—Tenho algo para dizer a você. - falava, aflita, a curandeira Nadi.
—O que aconteceu? - perguntou Raoní.
—Acredito que Thaynara espera uma criança. Ela me procurou hoje pela manhã mas devido a tudo o que aconteceu não tive tempo de examinar se ela estava ou não esperando um filho. Mas, agora eu vi que o corpo dela está diferente, seus peitos já estão se preparando para a chegada da criança.
—E como está o bebê? - perguntou Raoní.
Nadi olha para Raoní com um ar de tristeza e diz.
—Só saberemos quando os deuses devolverem o espírito dela. Se é que vão devolver.
Raoní saiu rapidamente da tenda e foi em busca de pegar algumas provisões e armas. Teria que ser rápido, pois a próxima lua cheia talvez não esperasse por ele e o vale das araras ficava a um dia de caminhada. Ele não poderia perder Thaynara e o seu primeiro filho.
Dacota viu seu amigo Raoní correndo pela aldeia e decidiu saber o que estava acontecendo.
—O que aconteceu Raoní?
—Um dos pajés falou de uma forma de trazer o espírito de Thaynara de volta para ela. - Raoní falava enquanto colocava algumas flechas em sua aljava e demais armas que poderia usar.
—Como assim, onde você vai?
—Vou procurar um homem que anda sobre as águas. Ele vai mostrar como encontro o portal dos mortos. - Raoní já estava pronto para a sua aventura e partiu com muita pressa.
—Espere um pouco, eu irei com você! - disse Dacota.
—Não! Você vai ficar aqui caso os Oniakês voltem.
—Já coloquei espias4 ao longo da aldeia. - disse Dacota. —Se os Oniakês vierem saberemos logo, além disso eles não costumam atacar a noite; principalmente agora depois que o guerreiro chefe deles, Zaltana, foi morto.
Raoní e Dacota então partem rumo ao vale das araras, em busca do homem que anda sobre as águas. Teriam que caminhar bastante para encontrar aquele que poderia indicar a entrada do portal dos mortos.
A viagem pela noite foi longa. Ao chegar os primeiros raios da manhã, tinham que descansar um pouco e continuar a viagem durante o dia. O descanso foi rápido, assim como a alimentação, não poderiam perder mais tempo. E depois de algumas horas de viagem chegaram enfim ao vale das araras. Agora caminhariam mais um tempo até a chegada da noite.
A noite chegou, Raoní e Dacota estavam exaustos. Decidiram fazer mais uma parada, esperavam a lua aparecer para começarem a procurar aquele estranho homem indicado pelo pajé. Dacota estava deitada olhando para o céu estrelado enquanto Raoní olhava de um lado para o outro buscando algum sinal. Foi quando por trás de uma grande Samaúma5, a lua surgiu.
O reflexo da lua beijava o rio que resplandecia sua presença iluminando ainda mais aquele lugar. Havia algo diferente nela, parecia que estava onipresente no céu. Graciosa e majestosa não se importava em emanar um brilho tanto o quanto seu irmão, o sol. Suas cicatrizes eram quase que palpáveis e se Raoní corresse bastante talvez subisse na Samaúma e de lá pudesse alcançá-la já que Samaúma é também conhecida como “escada do céu.”
Dacota ficou em pé e olhando para o rio chamou a atenção de Raoní.
—Raoní, veja é ele!
Um homem andava sobre as águas do rio em direção a floresta. Estava a uma certa distância mas eles não podiam perdê-lo de vista. Saíram correndo e gritando mas aquele que anda sobre as águas parecia ignorar os apelos de Raoní e Dacota. O homem entra na mata e pouco tempo depois eles entram em seguida.
—Como assim? - disse Raoní olhando para Dacota. —Para onde ele foi?
—Ei! Venha aqui, estamos lhe procurando! - gritou Dacota sem saber em que direção olhar.
Um barulho na mata fez com que Raoní e Dacota aprontassem seus arcos e esperassem qualquer coisa sair de qualquer lugar.
—Estão me procurando? - uma voz surgiu na mata.
Raoní e Dacota não sabiam de onde ela vinha e giravam para todos os lados com seus arcos prontos para disparar.
—Vocês vieram aqui para me caçar? Não sou do tipo que se caça. - falava a voz misteriosa.
—Viemos procurar o homem que anda pelas águas. - disse Raoní.
—Por qual motivo procuram o homem que anda sobre as águas? - agora a voz parecia ter vindo de mais perto.
—Queremos entrar no portal dos mortos. - falou Raoní.
—Por que querem fazer isso?
—Preciso pegar o espírito de minha mulher. - Raoní ainda falava quando o brilho da lua invadiu aquele lugar.
O brilho entre as árvores até pareciam acompanhar aquele homem. Ele possuía vestes da cor das nuvens e que brilhavam com a luz da lua sobre ele. Em sua cabeça trazia um chapéu de mesma cor da roupa.
—O amor. Ah sim, o amor. Eu entendo que o amor já é o suficiente para que você vá em busca do espírito de sua amada. Mas me diga: o que mais lhe falaram sobre o portal dos mortos meu jovem.
Raoní e Dacota baixam seus arcos mas não retiram as flechas dos mesmos. Então Raoní fala sobre tudo o que aconteceu até o momento de chegarem ali. E depois do relato veio a resposta daquele homem.
—Muito interessante. Mas veja que, na verdade, não lhe disseram nada sobre o que encontrarão se passarem pelo portal.
O homem então sobe em uma árvore e senta em um dos seus galhos e começa a revelar mais detalhes sobre o que eles poderão encontrar naquela aventura.
—O Ibaque é um mundo em que as coisas agem de uma forma diferente das que temos por aqui. No Ibaque até mesmo vocês serão diferentes, tudo o que conhecem e possuem, serão, como posso explicar, aumentados.
Dacota não estava entendendo bem o que aquele homem queria dizer com tudo aquilo, então replicou.
—Como assim aumentado? Eu serei maior do que já sou?
O homem que anda sobre as águas sorriu para Dacota e respondeu.
—Não só maior. Mas será mais forte, mais veloz, mais hábil. Se conhece sobre armas, conhecerá ainda mais. Se acredita em algo, acreditará ainda mais. Se tem amor, amará ainda mais.
—Parece ser um bom lugar. - comentou Dacota.
—Cuidado meu jovem guerreiro. Eu disse “todas as coisas”. Se tiver maldade, será inescrupuloso. Se tem prazer em matar, será indomável. As pessoas que vão para o Ibaque podem ir para lá de duas maneiras: uma é em sua morte, elas ficam perambulando por lá até o dia em que serão levadas. Já a outra forma, é como o espírito de sua esposa, que você gentilmente deseja buscar. Entretanto, vocês não podem entrar como estão.
O homem então desceu da árvore e foi para bem perto de Dacota dando mais detalhes sobre o Ibaque.
—Uma vez lá dentro, como vocês desejam ir por livre vontade, vocês não poderão morrer por lá. Se acontecer, nunca mais poderão voltar, pois estarão mortos por lá e por aqui. Por desejarem ir poderão trazer o espírito de quem amam, mas somente este, nenhum espírito a mais. E por falar nisso, nem todos os que estão por lá podem sair, eles pertencem ao Ibaque.
—E como vamos saber o caminho de volta. - perguntou Raoní.
—Bastam encontrar a porta.
—Uma porta? O que é isso? Algum tipo de mistério? - Raoní já estava ficando impaciente.
—Como eu disse, no Ibaque, vocês terão seus corpos e suas mentes transformadas. O conhecimento de algumas coisas chegaram em suas mentes pequeninas e farão vocês conhecerem até segredos que nem com os homens brancos poderiam conseguir.
Dacota não gostou nada do comentário daquele homem branco e também estava começando a ficar irritado pela maneira dele falar.
—Como chegamos no portal? - perguntou Dacota.
O homem que anda sobre as águas apontou na direção de uma grande Samaúma, seria a mesma que eles viram durante o surgimento da lua. Eles foram até lá, olhavam como que procurassem uma entrada, mas não viram nada.
—Não vejo nenhuma entrada aqui! - exclamou Raoní.
O brilho da lua parecia mover-se sobre a água do rio e o seu brilho refletia no extenso tronco da Samaúma. O homem então fala algo que acabaria com a paciência de Dacota.
—Vocês estão lembrados que eu disse que vocês não podem entrar como estão?
Ambos, Raoní e Dacota estavam de costas para o homem, que então conclui sua fala.
—Então antes de entrarem no portal dos mortos, vocês devem morrer!
Dacota vira em direção ao homem e dispara a sua flecha que estava tão prontamente armada desde que encontraram aquele homem. A flecha voa iluminada pela forte luz vindo da lua. Entretanto, aquele homem consegue segurar a flecha com a sua mão e salta na direção de Dacota cravando a flecha em seu peito, sobre o seu coração.
Raoní disparou a sua flecha, mas não consegui acertar aquele homem. Ele retirou a sua faca e foi ao encontro daquele que feriu o seu amigo. Tentou acertar com um golpe direto no rosto, contudo, o homem desviou o seu corpo e segurou a mão de Raoní que recebeu um forte golpe no estômago. E antes que Raoní pudesse se recuperar do golpe sofrido, aquele homem o desarmou e agora com a faca na mão, acertou o guerreiro chefe dos Kanaparís na altura do pescoço. O sangue jorrou de sua jugular.
Aquele homem olhou para Raoní e Dacota que agonizavam sobre as raízes da Samaúma coberta pelo brilho da lua. Ele pegou Raoní pelas mãos e o arrastou para a árvore. Raoní tentou se livrar dos seus braços, mas a dor e o desespero não o deixavam lutar como gostaria. Ele é encostado na árvore e ao seu lado Dacota tem o mesmo fim.
—Espero que vocês façam uma boa viagem. - o homem então saiu, caminhando sobre as águas do rio.
1.Instrumento que o som é originados pelo movimento. Uma garrafa com pedras no seu interior vira um chocalho.
2.Nome fictício.
3.Segundo algumas crenças indígenas, é um espaço ilimitado e indefinido onde se movem os astros ou vivem os deuses.
4.Ou espiões.
5.Uma das maiores árvores da amazônia, podendo chegar a 90 metros de altura.
Raoní e Dacota acordaram como se tivessem lutado por dias afio. Seus corpos estavam com dores e perceberam que estavam vestidos, cobertos com peças que pareciam vindas da pele de animais.—Que roupas são essas? - perguntou Raoní para Dacota.—Não sei. Mas como nós sabemos que são roupas? - replicou Dacota.
A rainha Aruana está sentada sobre um grande trono feito de marfim encoberto por peles de animais diversos. Raoní e Dacota, ainda desconfiados, ficaram de pé olhando para ela sem entenderem direito o que estava acontecendo ali. Contudo, a rainha então começou a explicar a sua atitude.—Há muitos ciclos atrás, durante a estação do fogo, uma estrela foi vista caindo do céu por todos os povos do que hoje chamamos de vale do Ojibe. No local de sua queda, apareceu um homem vestido de branco, cuja as suas roupas e
Raoní e Dacota foram então informados que somente os chefes guerreiros possuem um animal de transporte, teriam que ir domá-los. Nossos guerreiros foram levados então até ao vale Nhadiuva. Junto a Raoní e Dacota estavam a caminho do vale, Ubiratã e seu lobo-guará Angoera. Taú com o seu búfalo Zaki e Yudi e seu urso pardo Raijin.O caminho era longo, por isso, Raoní foi levado por Ubiratã e Dacota por Taú. Todos sabiam que o tempo estava contra eles, não poderiam esperar, o exército daquele mundo insólito dever
Raoní, em companhia dos demais líderes, estão reunidos dentro da tenda da rainha, definindo qual o melhor caminho para chegarem até a torre de Zaltana.Estendendo um mapa, Ubiratã mostra que a viagem deve ser feita por entre alguns vales e tribos que não se renderam a Zaltana, mas só a ideia de que um exército cruze as terras das tribos, talvez seja mais difícil do que enfrentar o grande opressor.&mdas
Ao passarem pelo vale dos Bretãs, os nossos guerreiros encontraram uma área que seria o último oásis antes de entrarem de fato nas regiões do vale do Ojibe. Eles se dão conta de que devem descansar um pouco, tratar as feridas, dar um adeus digno aos mortos. —Temos que descansar um pouco antes de enfrentar o exército de Zaltana. Podemos passar um ciclo aqui. - disse Ubiratã para Raoní.—
O nascimento do nosso herói Raoní já foi a primeira batalha travada entre ele e seu irmão Zaltana. Sua mãe, Kaolin, já estava há um certo tempo em trabalho de parto, quando finalmente Raoní veio ao mundo. Um garoto forte e saudável. Entretanto, a parteira olhava desconfiada para as partes íntimas de sua mãe Kaolin, pois suspeitava que havia algo de estranho em seu útero. E ao examinar Kaolin, a parteira da tribo acabou retirando mais um bebê, era Zaltana.Colocados um ao lado do outro já se percebia uma diferença ent
Ao longo de alguns poucos meses, Raoní e Thaynara cresceram em amizade e no amor. E este amor foi consagrado através do casamento dos dois, mesmo tendo Thaynara uma aparência diferente das demais índias da tribo. E do casamento, uma criança era esperada, mas Raoní não sabia que a sua amada estava para lhe dar o primeiro filho.—Quando você voltar da caça Raoní, eu quero falar uma coisa para você. - disse Thaynara com um brilho diferente nos olhos.
Ao passarem pelo vale dos Bretãs, os nossos guerreiros encontraram uma área que seria o último oásis antes de entrarem de fato nas regiões do vale do Ojibe. Eles se dão conta de que devem descansar um pouco, tratar as feridas, dar um adeus digno aos mortos. —Temos que descansar um pouco antes de enfrentar o exército de Zaltana. Podemos passar um ciclo aqui. - disse Ubiratã para Raoní.—
Raoní, em companhia dos demais líderes, estão reunidos dentro da tenda da rainha, definindo qual o melhor caminho para chegarem até a torre de Zaltana.Estendendo um mapa, Ubiratã mostra que a viagem deve ser feita por entre alguns vales e tribos que não se renderam a Zaltana, mas só a ideia de que um exército cruze as terras das tribos, talvez seja mais difícil do que enfrentar o grande opressor.&mdas
Raoní e Dacota foram então informados que somente os chefes guerreiros possuem um animal de transporte, teriam que ir domá-los. Nossos guerreiros foram levados então até ao vale Nhadiuva. Junto a Raoní e Dacota estavam a caminho do vale, Ubiratã e seu lobo-guará Angoera. Taú com o seu búfalo Zaki e Yudi e seu urso pardo Raijin.O caminho era longo, por isso, Raoní foi levado por Ubiratã e Dacota por Taú. Todos sabiam que o tempo estava contra eles, não poderiam esperar, o exército daquele mundo insólito dever
A rainha Aruana está sentada sobre um grande trono feito de marfim encoberto por peles de animais diversos. Raoní e Dacota, ainda desconfiados, ficaram de pé olhando para ela sem entenderem direito o que estava acontecendo ali. Contudo, a rainha então começou a explicar a sua atitude.—Há muitos ciclos atrás, durante a estação do fogo, uma estrela foi vista caindo do céu por todos os povos do que hoje chamamos de vale do Ojibe. No local de sua queda, apareceu um homem vestido de branco, cuja as suas roupas e
Raoní e Dacota acordaram como se tivessem lutado por dias afio. Seus corpos estavam com dores e perceberam que estavam vestidos, cobertos com peças que pareciam vindas da pele de animais.—Que roupas são essas? - perguntou Raoní para Dacota.—Não sei. Mas como nós sabemos que são roupas? - replicou Dacota.
Toda a tribo estava em pranto pelas mortes ocorridas na batalha. Raoní estava inconsolável. A curandeira dos Kanaparís, Nadi, se aproxima de Thaynara e verifica que ela ainda vive. Raoní leva o seu grande amor para dentro de sua tenda que por sorte foi uma das poucas que não haviam sido queimadas. Os demais membros da tribo ajudam uns aos outros tomando conta dos demais feridos e apagando o fogo que ainda havia em alguns pontos da aldeia.A curandeira, pede para que Raoní saia para ajudar as outras pessoas da tribo. Um pouco relutante, mas s
Ao longo de alguns poucos meses, Raoní e Thaynara cresceram em amizade e no amor. E este amor foi consagrado através do casamento dos dois, mesmo tendo Thaynara uma aparência diferente das demais índias da tribo. E do casamento, uma criança era esperada, mas Raoní não sabia que a sua amada estava para lhe dar o primeiro filho.—Quando você voltar da caça Raoní, eu quero falar uma coisa para você. - disse Thaynara com um brilho diferente nos olhos.
O nascimento do nosso herói Raoní já foi a primeira batalha travada entre ele e seu irmão Zaltana. Sua mãe, Kaolin, já estava há um certo tempo em trabalho de parto, quando finalmente Raoní veio ao mundo. Um garoto forte e saudável. Entretanto, a parteira olhava desconfiada para as partes íntimas de sua mãe Kaolin, pois suspeitava que havia algo de estranho em seu útero. E ao examinar Kaolin, a parteira da tribo acabou retirando mais um bebê, era Zaltana.Colocados um ao lado do outro já se percebia uma diferença ent