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Outra fatalidade

Author: Laurimeire
last update Last Updated: 2024-10-29 19:42:56

- Puxa! Que folga!

                     Ele comentou o fato da filha estar deitada com a cabeça do colo de Tatá. Que lhe fazia cafuné.

- É. Hoje sua filha está muito preguiçosa. Não quer nem se levantar.

                    Ele seguia sorrindo sem graça e se alarmou com a docilidade de Pillar. Com certeza viria mais bomba pela frente.

- Oi Papai! Seja bem vindo.

- Obrigado.

- Cadê meu irmão?

- Ficou na sua vó.

- Então , dá licença que eu vou lá ver ele.

- Tá ok.

                 Ela se levantou e saiu correndo. Ele continuava olhando para ela intrigado.

Mas não havia mistério. A filha o tratava bem para tentar recuperar o cavalo , mas o que a invadia quando ele se aproximava , era ódio. Nunca saberia lidar com traição.

“Isso tudo é culpa da minha mãe.”

Não pôde evitar de Pensar.

- Patrick ! Você está cheio de olheiras.

                    Observou Tatá com preocupação. Suspirando cansado , e se aproximando, segurou suas mãos.

- Eu não consigo dormir direito. Meu sono é de 1:00 hora . O resto da noite passo toda em claro.

- Mas por que?

- É o sofrimento de Pillar.

- Ela está bem.

- Sim. Mas até quando? Meu neném é uma bombinha. Pode explodir de uma hora para a outra. E eu agi muito mal com ela. Meu Deus o que eu faço?

- Trás o cavalo de volta. Só você e a vó sabem onde ele está! Patrick se você ama sua filha, não compactua com essa mulher má.

- Tatá!

- Sim?

- Desde que a vi , não consigo mais te tirar dos meus pensamentos. Estou muito apaixonado por você.

- Oh Patrick querido!

                      Ela suspirou acariciando aqueles cabelos macios . Emoções contraditórias a invadindo. Não ficariam juntos enquanto ele não aprendesse a amar Pillar. Tatá já tinha decidido. Por isso , muito sutilmente o afastou.

- Acho que estraguei o fim de semana de vocês.

- Não. Eu acho que não. Vem , vamos para a cozinha. Vou preparar a sobremesa dela.

- E para o pai? Você não vai fazer nada?

- Seu bobo! Claro que sim.

O dia passou tranquilo, e muito rápido. Pillar e Patrick trocavam poucas palavras. Tatá no meio observando,  tentando amenizar e sem poder fazer muita coisa. Quando deu 8 da noite , ela se despediu apressada.

- Ei onde você já vai? Nem pensar em escapar de novo hein!

- Escapar? Que idéia é essa? Claro que não pai.

                    Ela pegou o irmão no colo para despistar.

- Vai sair? Te dou carona.

- Não! Eu só ia ali. Ver Ruizinho.

                   Confessou vermelha.

- Estão namorando?

- Não. Ainda não! Ai Pai! Pára de ser indiscreto.

- Tudo bem, desculpa.

                   Ele beijou a testa dela e pegou o filho dos braços dela. Ela , sem perder mais um minuto,  correu para se encontrar com Rui. O rapaz a esperava já tinha 20 minutos.

- Preparado?

                   Pillar quis saber ansiosa.

- Não.

- Deixa de ser fracote menino! De todo jeito nós vamos.

- Então vamos. Tem certeza de que vai dar certo?

- Tem que dar certo. Minha vida depende disso.

                       Os passos de Pillar eram firmes. Os de Rui , vacilavam. Ele parou no meio do caminho , sendo puxado pela mão. Não tinha outra opção. Pillar estava determinada.

Enquanto isso na casa dos fundos...

- Patrick. Quer café?

                      Tatá ofereceu.

- Não. Obrigado. Não quero nada. A única coisa que quero é me livrar do passado.

- É a melhor coisa que você faz. Pelo bem de Pillar.

- Você me ajuda?

                    Taele sorriu.

- Ajudo.

                    Mas o passado não o deixava em paz.

                     Tinha certeza de que Pillar saiu para aprontar de novo e isso não demorou a se confirmar.

Quando o barulho de galopes rápidos chegaram aos seus ouvidos  ambos correram para varanda a tempo de ver Pillar praticamente voando em cima de Castanha.

Um mal pressentimento fez a espinha de Patrick gelar.

- Pillar! Pare imediatamente!

                       Ele gritou.

- Patrick! Deixa ela!

                       Tatá aconselhou mas ele não ouviu. Corria atrás da  filha enquanto ela atravessava o campo cada vez mais veloz.

- Pillar!

                      O grito de Patrick foi tão grande que o cavalo Se assustou e se inclinou atrás jogando pilar no chão Tatá desesperada correu até ela E verificou o seu estado.

- Patrick chame uma ambulância! Ela está desmaiada. Melhor levá-la ao hospital.

- Não! Vamos no meu carro. Esperar pode ser fatal.

- Então eu dirijo.

                      E 20 anos depois ele fazia o mesmo trajeto. A tragédia se repetiria?  ele perderia a filha assim como perdeu a mãe dela? No hospital, andava de um lado para o outro. Como um leão. Sentava , levantava e voltava a percorrer todo o corredor lotado.

- Aquele cavalo infeliz!

                      Rosnou.

- Patrick ! Isso não é hora! Contenha-se por favor! Se tivesse me ouvido   se não tivesse gritado feito um louco , nada disso teria acontecido.

- Não pude evitar. Vi tudo se repetindo.

- Você está destruindo a vida da sua filha . Ela não tem culpa da morte da mãe e muito menos o coitado do Castanha. Ele não sabe de nada. Mas parece que você não entende. Não quero ser testemunha disso.

                        Quando ela se afastava , ele segurou sua mão.

- Não se afaste de mim. Por favor!

                        Nesse momento, um médico se aproximou.

- Vocês são da família de Pillar?

- Sim. Como ela está? Podemos vê-la?

- A mocinha está muito agitada.

- Ela é muito agitada.

                       Tatá o olhou com repreensão Diante dessa afirmação.

- Aplicamos um sedativo nela. Faz mais de meia hora e ainda não fez efeito. Ela não pára de chamar pela mãe.

- Pela mãe?

                   Patrick estranhou.

- Sim. Tatá!  É você moça?

- Sim! Sou eu!

                  Ela confirmou em prantos , o coração na garganta ainda sem acreditar  no que o medico disse. Pillar a chamou de mãe. Se apoiou em Patrick impactada com tamanha graça. Ele , continuava impressionado com a força do sentimento que as unia. Se Pillar tivesse conhecido Bela, talvez não a amaria tanto.

- Pois vamos! Vou levá-los para vê-la.

                      Quando ela viu o médico , foi logo perguntando, ansiosa:

- Doutor  quando eu vou poder sair daqui?

- Se for uma boa menina, amanhã á noitinha.

                  Ele saiu fechando a porta. Pillar estendeu a mão para Taele sorrindo.

- Como você se sente querida?

                    Tatá se aproximou com cuidado.

- Dói.

                     Resmungou.

- Onde?

- Nas costas e parece que meu corpo todo está quebrado.

- Mas o médico nos disse que você não tem nenhuma fratura.

- Patrick! E o meu cavalo?

- Ele quebrou uma pata.

- Viu o que você fez?

- Perdão. Fui um idiota.

- Como sempre!

- Olha o respeito menina!

                    Exigiu furioso. Ela se encolheu e levantou as mãos como se estivesse pedindo trégua.

- Desculpa. Quero ver meu cavalo.

- Amanhã.

- Ele deve estar sofrendo tanto. Coitadinho. Tatá. Estou com fome.

- Vou buscar um lanche para você.

- Vai , mas volta depressa ok?

- Sim meu amor.

                     Ela e o pai ficaram a sós. Ele estava em pé ao lado da cama , mexia com os dedos dela , tentando uma descontração , mas ambos estavam muito sem graça. Patrick viu que o tranquilizante começava a fazer efeito. Os olhos dela quase se fechavam , mas abriu um sorriso quando Tatá voltou.

- Trouxe um sanduiche delicioso para você. E uma vitamina de abobora.

- Hum deve ser horrível. Mas obrigada.

                         Tatá ajeitou a bandeja no colo de Pillar que acariciava o rosto da moça. Patrick estava estupefato com o que via. A filha nunca fazia isso com ninguém. Era extremamente fria e Tatá era a única que parecia ser capaz de quebrar aquele gelo.

- Filha ! O pai tem uma boa noticia pra você!

- Ai desculpa Patrick! Não acredito mais em boas notícias! Já estou bem crescidinha para acreditar em conto de fadas.

- Baixa essa guarda pelo menos 1 minuto. Pode ser?

- Ok vai lá! O que tem para me dizer?

- Recebi um comunicado do juiz e você foi absolvida. Não vai mais precisar cumprir pena.

- O quê?

                      Ela murmurou em choque.

 - Aconteceu o que tanto queria. Amanhã mesmo poderá fazer suas malas e voltar para a cidade.

- Não mas eu não quero ir embora! Eu quero ficar no haras! Eu não posso deixar a Tatá!

- Você pode visitá-la todos os dias minha filha! E o seu cavalo também. Mas você vai para a casa. Durante quanto tempo só pensava nisso!

- Não!

- Pillar...

                    Patrick tentou continuar. Então, ela se agarrou á Taele , desesperada.

- Diz que eu vou poder ficar com você! Eu não quero ir embora. Quem vai me dar o seu beijo de boa noite? Quem vai me cobrir?

- O papai!

- Não! Não deixa eles me separarem de você mamãe! Eu te amo! Diz que eu vou ficar lá!

                        Patrick e Taele estavam de boca aberta. Tatá engasgada de emoção.

- Também amo você! Ninguém vai te tirar de lá. Se quiser pode ficar.

- Obrigada.

                      Agora ela enxugava as lágrimas mais tranquila.

- E eu pensando que esse calmante estava começando a fazer efeito.

                       Patrick observou fazendo Taele rir.

- E está! Eu estou com muito sono.

- Então vamos dormir?

- Sim , mas tira esse negócio do meu nariz! Está doendo muito papai!

- Infelizmente não pode.

- Mas por quê?

- Você tem que tomar soro para poder se recuperar. Se quiser ir para o haras amanhã e cuidar do seu cavalo , trate de se comportar e dormir de uma vez.

- Combinado então.

                         Ela abaixou a cabeça aborrecida. Ele segurou sua mão e beijou sua testa com cuidado.

Quando ela adormeceu Patrick saiu do quarto e deu de cara com Iolanda no corredor , com um semblante preocupado.

- Como está minha neta?

- Dolorida , a queda foi forte. Mas esta bem. Vai sair amanhã. Dessa vez eu mesmo coloquei a vida da minha filha em risco. Vai ficar no rancho. O juiz a absorveu por bom comportamento, mas acabou que ela não quer voltar para a cidade.

- Já estava imaginando isso. Ai aquela garota. Idêntica á minha Bela.

- Pois eu acho a personalidade dela até mais forte.

                    E a senhora continuava ali, bombardeando-o com uma série de perguntas. Ele olhava para Taele intrigado.

Ela estava calada e muito pensativa a um bom tempo. Patrick estava assustado . Não sentia isso desde Bela. O desejo e a paixão intensa o atordoava. Não via a hora de ficar sozinho com ela.

Muitas horas depois   ele conseguiu se aproximar.

- Está chateada comigo?

                 Tatá virou-se para encará-lo.

- Por que deveria estar?

                   Ele acariciou seu rosto.

- Vai para o haras. Você está esgotada.

- Não! Eu não vou deixar minha menina.

- Não fique assim tão triste. Pillar já está bem.

- Sim. Eu sei.

- Tatá, obrigada por amar minha filha. Você é muito importante pra nós.

- Fico feliz de ter conquistado o carinho de todos vocês.

- Você é uma ótima mãe.

                       Ele a beijou com doçura e longamente , mas apesar da grande emoção , ela se afastou.

- Não é o momento.

- Não vou me desculpar. Por que não se permite algo mais intimo entre a gente?

- Eu temo que a gente se precipite e acabemos por prejudicar seus filhos.

- Mas como isso aconteceria? Eles te amam!

- Patrick você é muito dependente emocionalmente da sua falecida esposa. Não tenho a menor certeza de que isso vá dar certo.

                        Ela sorriu quando ele beijou sua mão.

- Tatá! Me dê uma chance!

- Vamos esperar mais um pouquinho Patrick.

- ok princesa. Como você quiser.

                       No dia seguinte eles ajudavam Pilar caminhar até o quarto na casa de Taele.

- Feliz por voltar ao lar , meu amor?

- Sim mamãe! Desculpe Patrick! Não consigo mais sobreviver sem esse lugar.

- Eu sei querida. Sua mãe adorava todos os minutos que passava aqui. Espero que seja feliz nesse rancho também.

                        Ela olhava para ele sorridente.

- Taele vai cuidar muito bem de mim papai.

- Tenho certeza de que sim.

                         Uma semana se passou e durante todos esses dias , ela recebia a visita de Rui . Isso fez com que se recuperasse mais depressa.

- Você parece triste meu amor.

- Sim mamãe!

- Mas por quê?

- Sinto muita falta do Castanha e estou preocupada com o estado de saude dele.

- Podemos ir até a baia dele.

- Me levaria até lá?

- Claro que sim! Mas para isso, você vai ter que usar a cadeira de rodas que o médico recomendou. Ainda não está de tudo curada.

- Tudo bem. Vamos.

                     Tatá ajudava-a a manejar a cadeira.  Usava quando ela se sentia muito fraca e quando era acometida por fortes dores na perna e na coluna em decorrência daquele tombo. Mas já estava quase se livrando dela.

                         O alívio da jovem era tão grande ao perceber que o seu animal não estava tão mal como ela imaginava que resolveu se empenhar o máximo em sua recuperação para que pudesse em cavalgar juntos mais breve possível. Notou que ele  emagreceu depois do acidente mas , mesmo assim Castanha continuava elegante. Ao consultar o veterinário Aquele dia ela soube que o peso poderia ser recuperado em semanas.

Então no sábado, livre de todas as mazelas provocadas pela inconsequência do pai, Pillar encostou-se na pista , esperando o momento certo de se aproximar do árabe que depois do acidente ficara 3 vezes mais arisco. Principalmente naquele dia.

Uma moça morena, belíssima , de olhos azuis e cabelos na cintura  , de postura orgulhosa , chegou até ela.

- É um belo animal.

- Sim. Estupendo.

- Você vai montá-lo?

- Sim. Vou.

- Esse haras só tem cavalos belíssimos.

- É verdade.

- Quanto acha que deve custar um desses?

- Vó me disse que um desses na idade de 5 anos pode custar até 18.000 , mas isso depende da importância, raça e pelagem.

- Não entendo muito disso. Desculpe. Ele já criou?

- Ainda não .

- Deve ser jovem.

- Vai fazer 25 anos.

- Qual é mesmo seu nome?

- Pillar!

                       Respondeu começando a se irritar com a curiosidade da estranha.

- Meu nome é Natália Becker , Pillar. Muito prazer.

- Igualmente.

                      Natália estendeu sua mão.

- Me falaram tão bem desse lugar! Fiquei tão curiosa que tive que vir conhecer.

- Minha mãe era a Dona! Espero que esteja gostando.

- Estou amando! Pode ter certeza. Agora se me der licença , vou montar um pouco. Tem algum cavalo bem manso que possa me recomendar?

- Hum , não sei! Talvez o escapada. Ele fica no portão número 3.

- Quem sabe o árabe?

                      Pillar negou sentindo uma fisgada no peito.

- Não! Impossível! O castanha não aceita ninguém. Nunca foi montado. Só eu subo nele. Por que não monta em outro cavalo? Aí não corre o risco de se machucar.

- Por que não me leva então , até ele?

- Pode ser. Vamos sim. Mas eu não posso demorar. Não quero deixar o Castanha muito tempo sozinho. Primeiro ele tem que se acalmar.

- Eu cuido dele Pillar!

                   Rui propôs para o alivio dela. Não deixaria que ninguém se aproximasse de Castanha. Ela era muito possessiva em relação ao animal.

O momento que ela tanto esperava finalmente aconteceu. Ela pode desfrutar da sua companhia durante horas, praticamente a tarde inteira e começavam a praticar saltos. Apesar de nunca ter tido aulas de hipismo, por não se interessar, ela não sentia medo. Se Patrick visse , com certeza ia infartar.

Pensou divertida.

- Puxa garotão! Muito cuidado! Você quase me derruba novamente.

                     Quando pensa que não aquela notícia se espalhou rapidamente . Pillar chamou atenção com a sua ausência e o pai a descobriu na pista logo tratou de incomodá-la.

- Pillar! Sua avó me pediu para te avisar de que não deve mais praticar saltos com o seu cavalo.

- E por que?

                      Perguntou  de cabeça erguida.

- Porque ele não é um animal adequado para esse tipo de esportes. é um Árabe selvagem e vocês podem acabar se machucando. Sabe muito bem disso.

                      Pillar suspirou beijando o pescoço do cavalo.

- Será que nunca poderemos nos divertir em paz?

- Podem. Mas sem saltos. Em segurança. Foi para isso que o pediu de presente? Para fazer peripécias perigosas?

- Claro que não! Por sinal foi você que me deu. Não pedi nada pra ninguém.

- Verdade ! Você tem razão. Mas melhor me obedecer , e obedecer sua avó para não perdê-lo novamente. E então, como ficamos?

- Dessa vez vou te escutar Papis! Faço de tudo para não me tirarem meu cavalo.

- Perfeito. O pai já está indo embora. Vem comigo? Vou me despedir do seu anjo da guarda , sua puxa saco.

- Hummmm! Ela é também a mulher da sua vida. Mas acho que não vai ser muito fácil conquistar ela não.

- Pelo amor de Deus ! Não fala isso nem brincando.

                     E Pillar foi abraçada com ele. Riam descontraídos e em paz. Esses momentos raros o deixava muito emocionado.

- Tatá! Meu pai veio se despedir de você.

                 Ela estava na cozinha e largou  as batatas que estava cortando . Levantou-se e esfregou as mãos no avental. Tímida.

Pillar com cuidado ajeitava os cabelos dela.

- Aconteceu alguma coisa? Vocês estão com uma cara!

                Olhava para Pai e filha desconfiada.

- É que eu estou tentando fechar uma parceria com Pillar , mas está difícil! Ela é muito enjoada.

- Ah é ! Que bom saber disso! Agora procura outra pessoa para te ajudar.

- Nem pensar! Você é a pessoa ideal! E depois já passou da hora de me dar uma moral. A um pai não se nega nada.

- Ah está bem. Vou pensar no seu caso. Vou ver se eu te ajudo. Mas você é muito lerdo. Não tenho muita paciência.

                         Tatá ria deles emocionada. Estavam abraçados.

- Meninas. Até o próximo sábado.

- Vai com Deus Patrick.

                          Ele segurou as mãos da loira que tentava desviar o olhar.

- É só isso que você vai me falar?

- Bem....

                          Pillar pôs a mão na boca segurando o riso.

- Vou sentir sua falta.

- Eu também.

- Tchau.

- Tchau!

                       Ela o levou até a porta.

Na semana seguinte Tatá atendeu um pedido especial de sua filha. Foi até a casa deles na cidade.

O calor de 40⁰ graus da cidade grande quase fez com que ela desmaiasse. O impacto foi terrível porque ela viajou 3 horas no ar condicionado e o clima do lugar não lhe fazia bem.

Inexperiente , ela vestiu roupas de lã ao sair. Decidira essa viagem de ultima hora e aquele detalhe acabou lhe passando despercebido.

Ela olhou para os lados  observando aquela quantidade de prédios e lojas. Jamais se adaptaria e o fato de que sua estadia seria de pouco mais de três dias , a deixava mais conformada. Depois, com Pillar do seu lado seria mais fácil passar por aquela novidade.

Por falar em Pillar , elas pararam perto do hotel para descansarem do cansaço causado pelo peso das malas que dividiam. Desceram do taxi e andaram 10 minutos. Patrick as esperaria por ali.

- Ai Pillar ! Meus sapatos estão me matando.

- Pai já vem !

                      Tatá respirava com dificuldade. E isso se agravou quandoニ ela e uma mulher que chegava  correndo rumo á entrada , trombaram.

- Desculpa!

- Não querida! Desculpas peço eu! Te machuquei?

                    A mulher segurou delicadamente em seu braço.

- Não. Está tudo bem.

- Então com licença. Boa tarde para você.

- Boa tarde.

                  Ainda zonza , ela observou a figura elegante desaparecer no interior da hospedaria. Essa observava agora seus movimentos da janela do ultimo andar. Dali não sairia mais.  Pretendia se manter o mais afastada possível do lugar ao qual pertencia no passado. Faria seus contatos por telefone e providenciaria para que seus encontros fossem feitos ali mesmo.

decidida, ajeitou no corpo o longo casaco que usava e guardou o chapéu em uma caixa , colocando-a em cima do guarda-roupas. Agora iria relaxar.

A Semana em que Tatá passou na casa de Pillar , na cidade grande , passou voando. Patrick , durante aqueles dias fez o possível e o impossível para seduzir Taele , mas não foi tão fácil como ele imaginou. O laço entre ela e sua filha se estreitava cada dia mais. Pillar simplesmente se recusava a desgrudar do anjo de candura que ao invés de julgar , abriu os braços para acolhe-la e ajudar a se livrar da rebeldia.

Faziam o café juntas , davam faxina no apartamento e até o lixo , Pillar descia com Tatá quando chegava a hora dela descartar.

Ele suspirava impaciente. Ainda com esses pensamentos na cabeça , foi atender a porta. A campainha tocava e quando abriu , teve uma surpresa.

- Sogra.

- Boa tarde meu querido. Será que posso entrar?

- Por favor...

                      Concordou com hesitação. Ela entrou e se sentou sem cerimônias.

- E meus meninos onde estão?

- Vasco está dormindo. Pillar e Tael desceram agora.

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    Ela aceitou de bom grado. Estava tão exausta que não pôde evitar cochilar até chegar no rancho. E como naqueles livros ela despertou com um beijo , mas não na boca. Na testa. Abriu os olhos devagar , ainda sem acreditar , tentando entender o que tinha acontecido. Mas nada que a surpreendesse tanto, quanto o quê ouviria a seguir. - Chegamos? - Sim Bela adormecida! - Não acredito que dormi . - Dormiu. Você está exausta. - Exausta mas muito satisfeita em ter conseguido ajudar meu cavalo. Estou tão feliz! - Vocês são dois guerreiros. - Ele está se curando. Nada disso seria possível sem sua ajuda. Obrigada. Todas as palavras que eu possa buscar não são suficientes para expressar a minha gratidão. - Gratidão tenho eu por ter conhecido alguém tão especial quanto você. - Especial? Eu ? - Sim. Você! - E será que posso saber por que? - Mas é claro! &nbs

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    Alegria para o coração da mocinha rebelde que chegou na clinica e encontrou castanha de Pé! Seu coração dava pulos de alegria.- Ele está curado? Já pode ir pra a casa? Ela perguntou ansiosa ao doutor Oliver.- Não. Ainda não. Hoje começamos com a fisioterapia. Preparada para ajudar?- E o que eu posso estar fazendo?- Vou te explicar. E com muita paciência doutor Oliver explicou que Castanha poderia ter lesões secundarias , mais graves que as primeiras se ele ficasse parado na cocheira. Por isso eles o colocariam em movimento. Um movimento de constância e direcionado.- O castanha pode se lembrar que sentiu essa dor? Que sofreu esse acidente?- Sim. O cavalo &e

  • Quatro Patas e Um Destino   Premonição

    Patrick resolveu se afastar do haras. Não cogitava a possiblidade de conviver perto de Bela e ela estava presente demais. Portanto, ele optou por voltar ao rancho só aos sábados como no começo . O dia em que ela se ausentava. Pela primeira vez na vida ele e Pillar sentaram-se na varanda da casa de Tatá , descontraídos batiam um papo cabeça e tomavam cerveja. Algo que ele nunca imaginou vivenciar. Constrangido , ele balançou a cabeça , lamentando o tempo perdido. Por outro lado , estava completamente encantado com a filha. Ela era uma garota espetacular. Bela versão dois. Elas tinham tudo e ao mesmo tempo nada a ver e isso o deixava impressionado. Ele roubou dela o ultimo pedacinho de tira-gosto: queijo assado com jiló e pedaços de fígado. A rebelde bateu o pé , pirraçando. Ele gargalhava alto. - Assim não vale não ! - Perdeu perdeu ! Sua comilona! Achou o quê? Que eu ia deixar tudo isso para você? Comeu muito mais do que eu! Direitos tem que ser iguais.

  • Quatro Patas e Um Destino   A atual e a ex

    Dois dias depois estavam eles de volta ao rancho que virou um caos sem os serviços da moça. Pillar, focada na recuperação do seu animal praticamente passara a morar na clinica e as tarefas foram deixadas de lado , mesmo porque já havia sido absorvida. No haras , corria boatos de que dona Iolanda pretendia demiti-la e assim , matar dois coelhos com uma cajadada só , como diria o ditado.Afastando Taele de seus serviços , a afastaria do rancho e também de Patrick. Assim , o caminho estaria novamente aberto para Bela tentar reconquistar os sentimentos adormecidos, restaurar o casamento falido e unir a família e viverem felizes para sempre. Algo que ocorreria em um conto de fadas , mas não na vida real. Tatá se sentia de pés e mãos atadas. Não sabia o que fazer , não sabia se o que ouvira se tratava apenas de conversas, ou se havia um fundo de verdade. Fato é

  • Quatro Patas e Um Destino   Cineminha no apê

    Patrick tirou umas cartas da manga e fez do filminho com Tatá uma autêntica sessão de cinema com direito a pipoca , brigadeiro. Até dividiam o mesmo cobertor. Que romântico. Eles faziam maratona de filmes de amor , daqueles bem açucarados, tanto que a caixa de lenços da moça já estava pela metade. A intenção do pai de Pillar era deixar a crush no clima e dessa vez ele apostava tudo para conseguir. Até massagem no pé o cara fazia. Apesar de que precisaria muito mais para conquistar o coração dela. Encantado e curioso ao mesmo tempo ele observava cada detalhe ďela. Como gostaria que aquela fosse a verdadeira mãe de seus filhos. Se tivesse tido na vida uma esposa como Taele , com certeza Pillar não teria crescido rebelde e vasco nunca teria sido jogado no orfanato. A loira nao teria essa coragem. Os dois filhos cativaram o amor dela , ele rogava conseguir também.

  • Quatro Patas e Um Destino   Conquista ou não conquista?

    No jogo de sedução, Taele ia totalmente na contra mão das pretensões de Patrick . Naquela noite , enchendo-o de frustrações , ela resolvera dormir no quarto de Pillar. Ele estava na sala, deitado no sofá , com o travesseiro cobrindo a cabeça. Um urro abafado. Pensava em como proceder. A ansiedade , a frustração , o desejo tomavam conta. Como conquistar aquela mulher? Ele precisava pensar com calma e sempre costumava ser péssimo naquelas situações. Não adiantava contar com a filha , ela não colaborava. Constrangido , Patrick então resolveu recorrer ao tempo. Voltar atrás para relembrar quais artimanhas usou para conquistar Bela. Por mais que ele odiasse ter que pensar na ex.Ex.A palavra soou forte em sua mente. Agora se dava conta. Bela era sua ex. Mesmo que estivessem ligados pelo matrimônio, eram apenas papéis e nada poderia mudar isso.

  • Quatro Patas e Um Destino   A maquiavélica senhora

    Ela imaginou que viria algo mais , como de fato . O beijo. Um beijo doce , suave, que ela recebeu , mas com restrições. - Relaxa meu anjo! Eu gosto tanto de você. Uma mulher que conheci de um jeito inesperado, que transformou minha vida com amor, piedade, curando minha filha, fazendo com que eu melhorasse um pouquinho. Me tornei um homem melhor. Enxergo algumas coisas de outra maneira , concorda comigo? Perguntou de forma a derretê-la. - Sim. Mudou sim. E fico feliz de ter contribuído para isso direta ou indiretamente. - Então! E depois você é uma loira tão linda! Ela riu envergonhada. - Obrigada. - Se quer saber esses olhos azuis foram um dos motivos que fizeram com que eu me encantasse de logo de cara. - Olha! Sério! ? Por que não me disse antes? -

  • Quatro Patas e Um Destino   Insegurança

    Tatá bem que tentou evitar expectativas mas elas aumentavam á medida em que se aproximavam , pois ela sabia o que Patrick pretendia ao leva-la para a cidade. Estariam lá sozinhos. O irmãozinho de Pillar passava um fim de semana na casa dos diretores do orfanato do qual Bela era dona e que Patrick o resgatou. Taele estava nervosa, suspirou fundo para evitar que o pretendente percebesse . Afinal qual saída ela tinha a não ser a de se acalmar? Não era mais uma mocinha , mas também não fazia parte dos seus planos se entregar profundamente para um homem que tinha a vida amorosa tão bagunçada quanto o pai de Pillar, a possibilidade de que ela dançasse nessa historia era enorme. Pois , se apegava muito fácil. Eles Tinham química, ela sentia uma vontade muito grande de cuidar dele , vez ou outra enxergara paixão em seu olhar, mas o futuro era incerto. Decididamente não havia

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