Agarrei o telefone com as mãos trêmulas, minha mente girando em pânico enquanto encarava o agiota do outro lado da linha.
"Eu já te disse, eu não tenho o dinheiro agora," protestei, com a voz vacilante.
A voz do homem era fria, cortando-me como uma faca. "Do que você está falando? Você já teve tempo suficiente, Bianca. Quero meu dinheiro, e quero agora."
Fechei os olhos, lutando contra as lágrimas de frustração. Eu tinha perdido tudo, cada centavo... Talvez se eu tentasse explicar a situação...
"Eu tinha o seu dinheiro. Estava tudo guardado, e eu ia te pagar." Solucei alto e limpei uma das lágrimas com as costas da mão. "Mas meu ex-namorado o roubou de mim. Ele foi embora e levou todo o meu dinheiro. Estou completamente falida. Vou resolver isso, só preciso de mais tempo—"
"Mais tempo?! Eu pareço estar brincando? Você acha que sou algum tipo de idiota?"
"Por favor, eu—"
"Você tem três dias, Bianca. Três dias. E é bom me mostrar meu dinheiro de novo, ou as consequências serão severas para você."
Antes que eu pudesse responder, a ligação foi cortada. Abalada, encarei o telefone por alguns segundos, ainda tentando processar tudo.
Meu coração afundou. Eu sabia que não havia como conseguir aquele tipo de dinheiro em tão pouco tempo. Mas...
Eu não podia desistir ainda. Minha mãe estava no hospital e precisava de dinheiro para a cirurgia. Minha irmã havia sido enganada e assediada por um agiota cruel e não conseguiu nenhum dinheiro. Eu também fui roubada pelo meu ex-namorado, que levou todas as minhas economias. E agora, a situação era desesperadora.
Com a voz ainda trêmula e lágrimas nos olhos, comecei a procurar alguém que pudesse me ajudar. Pensei em vender meu rim, mesmo sabendo que isso só cobriria os custos da operação da minha mãe por três meses.
Enquanto rolava a lista de contatos, meu olhar caiu sobre um número que, mesmo após todos esses anos, ainda estava fresco em minha memória.
A princípio, o enorme prédio não me intimidava, nem os funcionários esnobes que me olhavam de cima a baixo com superioridade. Os corredores brancos, imaculadamente limpos como os de um hospital, eram longos o suficiente para que, quanto mais eu andava, menor eu me sentia.
Quando finalmente cheguei à recepção do escritório, a mulher loira, com algumas rugas, me olhou antes de chamar o chefe:
"Sr. Takahashi, a Srta. Evans está aqui."
Fiquei apenas observando enquanto a secretária acenava com a cabeça e me informava: "Ele está esperando em seu escritório."
Respirei fundo, reunindo toda minha força para enfrentar o homem que poderia ser minha única esperança. Agradeci à secretária com um aceno e me dirigi à porta indicada.
Meu coração disparou quando cruzei o limiar do escritório de Masato Takahashi. A sala era opulenta, com móveis luxuosos e uma vista panorâmica da cidade através de grandes janelas. Masato estava sentado atrás de uma imensa mesa de mogno, com uma expressão séria e indecifrável.
"Bianca," ele disse, sua voz profunda ecoando pelo espaço. "Que prazer vê-la novamente."
Forcei um sorriso tenso enquanto me aproximava da mesa. "O prazer é todo meu, Masato."
O homem ainda era o mesmo: os mesmos músculos tonificados sob o terno, as mesmas mãos fortes e levemente calejadas, os olhos negros em formato de amêndoa, capazes de intimidar com facilidade.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Masato falou primeiro:
"Bem, não vou prolongar muito isso. Afinal, você já me contou ontem o que aconteceu." Um toque de diversão cruzou seu rosto enquanto ele inclinava a cabeça: "E que belo namorado você encontrou, hein?"
Envergonhada, senti minhas bochechas esquentarem, mas não respondi. Não, eu iria me humilhar, chorar e fazer o que fosse necessário para conseguir o dinheiro, mesmo que Masato quisesse se divertir com meu desespero.
"Acredito que nós dois podemos nos ajudar muito, e como estou me sentindo particularmente generoso, vou te dar o pagamento antes mesmo de você completar o trabalho."
"Obrigada, Masato, eu—"
Ele me interrompeu com um gesto de mão. Parei de falar, novamente cabisbaixa e envergonhada.
"Claro, não preciso dizer que, uma vez que você aceite meus termos, não há volta." Masato adotou uma expressão quase ameaçadora. "Você entende?"
Assenti sutilmente.
Dramaticamente se levantando, Masato me encarou por alguns segundos antes de colocar as mãos atrás das costas e deliberadamente observar seu escritório enquanto falava:
"Seus talentos são impressionantes. É raro eu ouvir o mesmo nome mais de uma vez quando falo sobre pessoas do seu calibre. Mas até agora, nunca pensei que isso faria diferença para mim ou para meus interesses."
Ele fez uma pausa e continuou:
"A Dama da Noite é uma das strippers mais encantadoras dos clubes de Los Angeles."
Ao ouvir isso, senti minha boca secar. "Como você sabe disso?"
Masato piscou para mim.
"Eu sei muitas coisas. Bem, como eu estava dizendo, suas habilidades—"
"O quê, você quer que eu seja sua stripper pessoal? Tudo bem, eu posso fazer isso, desde que você não revele minha identidade a ninguém."
O empresário explodiu em gargalhadas.
"Oh, querida, por que você acha que eu desperdiçaria meus recursos com alguém como você? Já tenho meu próprio entretenimento noturno, pode acreditar."
Eu queria gritar, fugir, xingar, mas me segurei. Eu precisava do dinheiro, precisava desesperadamente daquele maldito dinheiro.
Voltando ao seu comportamento sério e intimidador, Masato continuou: "No entanto, eu conheço alguém que adoraria ter um encontro com você."
Ele virou a tela do laptop para que eu pudesse ver a imagem que ele estava apontando: um homem bonito de quarenta e poucos anos, loiro e levemente musculoso. Ao lado dele estava uma mulher da mesma idade, vestida luxuosamente.
"Este é Thomas Braxton. E esta é sua esposa, Diana Braxton."
"Eu não entendo."
"Thomas é um... velho inimigo meu. Há anos, ele tenta arruinar minha reputação, espalhando boatos sobre mim e fazendo de tudo para minar meu poder social e financeiro." Ele fez uma pausa e continuou: "A ironia é que Thomas é tudo o que ele diz que eu sou. Um arrogante mulherengo."
"E o que eu tenho que fazer?"
"Thomas está tentando ganhar mais popularidade. E, para isso, quer se candidatar este ano." Masato cruzou os braços. "Mas duvido que ele seja eleito quando descobrirem todos os seus segredos. Especialmente quando descobrirem que ele está tendo um caso com uma famosa stripper da cidade..."
"Então... Você quer que eu...?"
"Você vai se infiltrar na casa dele. Seduzi-lo como a mais fascinante das joias. Fazer com que ele se divorcie da mulher que o ama... E arruinar sua reputação para sempre."
"Mas—"
"É isso, ou você não será paga," ele interrompeu rapidamente. "Então, o que me diz?"
Nervosa, olhei novamente para a tela do computador. Thomas não parecia tão ameaçador ou desagradável quanto Masato mencionava, mas que escolha eu tinha?
Reduzida a uma prostituta de um homem rico. Era isso o que estava acontecendo comigo.
Relutante, respondi em voz baixa:
"Certo. Eu aceito."
Empolgado, o empresário bateu palmas e as esfregou em contentamento.
"Ótimo. Seu treinamento começa amanhã. Você vai adorar."
"Certo. Mas quem vai... Me treinar?"
Seu olhar ficou dez vezes mais intenso enquanto ele dizia suavemente:
"Eu mesmo." E piscou, me deixando imediatamente arrepiada.
Suspirei mais uma vez enquanto olhava para o meu reflexo no espelho de corpo inteiro. Eu estava vestindo uma saia preta minúscula que mal cobria o meu traseiro e um top igualmente pequeno que deixava meus seios quase expostos.O som da porta se abrindo chamou minha atenção. Obviamente, era Masato.Ele me observou por alguns segundos, analisando meu corpo, o que me fez corar profundamente. Então ele perguntou:“O que acha da roupa?”“Está muito pequena”, reclamei, tentando em vão cobrir a pele exposta.Uma risada grave saiu da garganta do empresário.“Você costuma usar muito menos no seu trabalho secreto, mocinha.”“Isso é diferente. Eu sempre uso uma máscara durante aqueles momentos... E você sabe muito bem que a Dama da Noite não sou eu.”“Claro, claro”, Masato zombou. “Ainda presa a essa história boba de alter ego?”“Não é uma história boba.”“De qualquer forma, passei aqui para te avisar que o seu primeiro teste está prestes a começar.”“O que eu tenho que fazer?”Havia luxúria e c
O beijo foi feroz e possessivo, me deixando sem fôlego e atordoada. Eu tentei lutar contra sua força, mas Masato me segurou firme, suas mãos apertando meus pulsos com força. O amargo gosto do arrependimento se misturava com a intensidade do momento.Quando finalmente nos separamos, eu estava ofegante e trêmula, uma mistura de emoções revolvendo dentro de mim. Olhei para Masato com olhos cheios de raiva e confusão."Como você pôde fazer isso?" Consegui sussurrar, minha voz tremendo de indignação.Masato apenas me encarou com intensidade, seus olhos queimando com uma paixão que eu não conseguia entender."Você continua tão selvagem quanto antes.""Eu te odeio", murmurei, mas minhas palavras careciam de convicção.Masato apenas sorriu, um sorriso cheio de promessas e perigos."Eu sei", foi tudo o que ele disse antes de se afastar, me deixando sozinha no beco, com meu coração em pedaços e minha mente em turbulência.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .T
O apartamento do bilionário não era apenas chique; tinha um ar de autoridade e grandeza que refletia seu dono. Vestindo-se de forma mais casual, mas ainda exalando charme, Masato me conduziu para a sala de estar.Eu estava usando um vestido azul translúcido, mais recatado do que o resto das roupas que o empresário havia me obrigado a usar. Sentindo-me nervosa, sentei-me à bela mesa de vidro. Masato nos serviu dois copos de vinho branco e então se sentou também."Você foi fabulosa. Não esperava menos de você."Senti minhas bochechas esquentarem."Obrigada.""Você está indo muito bem. Continue desempenhando seu papel e ele cairá direto na sua armadilha.""Sua armadilha, você quer dizer.""Não," discordou Masato, tomando um gole de seu vinho. "Você é quem vai seduzi-lo e fazer dele um tolo diante de todos.""Mas estou fazendo isso porque estou seguindo seu plano."Masato riu suavemente, o som ecoando pela sala elegante. Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos na mesa e me obse
Quando encontrei Thomas no saguão do prédio, me vi em uma situação ainda mais desconcertante. Tentei disfarçar minha confusão e frustração, desviando a atenção do momento tenso que acabara de ter com Masato."Oh, Thomas! Que surpresa te ver aqui," disse, forçando um sorriso.O homem de cabelos loiros me olhou de cima a baixo, notando especialmente meu luxuoso e sofisticado vestido azul."Você mora no apartamento? Está saindo?"Será que ele sabe que este é o prédio onde Masato mora? Ele poderia estar desconfiado?"Eu..." murmurei. Que bagunça. Como eu poderia explicar tudo de forma plausível?Bem, também era estranho que, de todos os lugares, Thomas estivesse justamente ali. Coincidência? Ou...Antes que Thomas pudesse fazer mais perguntas, uma mulher elegante e misteriosa apareceu no saguão. Seus olhos encontraram os meus por um momento antes de se aproximar de Thomas."Thomas, querido! Que surpresa encantadora te encontrar aqui," disse a mulher, com uma voz suave e sedutora.Observei
"Aqui."Segurei a xícara quente que Masato me ofereceu, mas não consegui olhá-lo nos olhos enquanto murmurava um obrigado tímido. Estávamos no meu apartamento, acomodados na sala de estar.A expressão no rosto do homem à minha frente era de indignação, fúria, preocupação... e algo mais, algo que eu não conseguia identificar. Tremendo, dei um gole no chá."Você... está bem?"Assenti, ainda incapaz de encará-lo."Obrigada." Minha voz saiu rouca e fraca, então dei outro gole e limpei a garganta antes de continuar: "Obrigada por me salvar."Cenas do homem desconhecido tentando se forçar sobre mim passaram pela minha mente. Respirei fundo, tentando não entrar em pânico com as memórias dolorosas."Por que você saiu do meu apartamento daquele jeito?"Olhei para ele com raiva."Porque você estava me tratando como uma..." Não consegui terminar a frase."Como o quê, Bianca?" Masato pressionou."Como um investimento. Como um objeto. Mas entendo seus motivos. Temos um acordo, e eu sou o bilhete p
O ar pareceu ficar mais pesado quando vi Masato parado no corredor do hospital. Meu corpo ficou tenso, e meu coração disparou. A expressão dele não era exatamente de raiva. Na verdade, não havia sequer expressão em seu rosto. Uma máscara profissional de tédio; era isso o que ele exibia no momento.Carmelia continuava chorando ao meu lado, mas eu precisava confrontá-lo. Me levantei lentamente, sem soltar a mão dela."Eu... já volto," murmurei, dando um pequeno aperto em sua mão. Ela me olhou, confusa, mas assentiu, ainda perdida na sua dor.Caminhei até Masato, sentindo meus passos pesarem cada vez mais à medida que me aproximava. Quando parei na frente dele, sua expressão não mudou. Ele me olhou como se esperasse uma explicação."Por que você me seguiu?" perguntei, mantendo minha voz baixa, mas firme.Ele cruzou os braços, sem tirar os olhos dos meus. "O que exatamente está acontecendo, Bianca?”Ergui o queixo imperceptivelmente.“Um problema pessoal, da qual já estou resolvendo-”“P
Sentada no imponente sofá de couro de Thomas em sua enorme e elegante mansão, eu olhava nervosamente para os dedos das mãos. Estavam firmes agora, mas na madrugada passada, tremiam terrivelmente.As lembranças do hospital passaram na minha mente como uma névoa: o médico-chefe dizendo a mim e a Carmelia que mamãe agora ficaria na ala especial do hospital, em cuidados paliativos. Que talvez ela não sobrevivesse por mais de dois meses. E que seria melhor nós nos prepararmos, tanto emocionalmente quanto financeiramente para o que viria a seguir.Velório e enterro.Quando saí do quarto onde mamãe estava, acompanhada de Carmelia, Masato ainda estava lá. Ele educadamente cumprimentou minha irmã, que preferiu não me fazer perguntas, e ofereceu carona a nós duas. Carmelia se recusou, dizendo que estava de carro, e se despediu, deixando-nos a sós. No entanto, eu me recusava a falar qualquer coisa para Masato, que me deixou em casa numa viagem silenciosa e desconfortável.Mal consegui dormir à n
A entrada de Thomas foi como um sopro de ar gelado na sala sufocante. O sorriso cruel de Eva vacilou por um momento, mas ela rapidamente se recompôs, lançando-lhe um olhar de desdém."Nada demais, querido. Apenas uma pequena conversa com... nossa candidata a governanta." Eva deu ênfase na palavra "candidata", como se fosse algo insignificante, sem qualquer importância.Eu respirei fundo, tentando manter a calma enquanto Thomas me olhava. Seus olhos avaliavam a situação, e embora não houvesse emoção aparente em seu rosto, senti que ele sabia que algo mais profundo estava acontecendo ali. Eva, por outro lado, permanecia impassível, como se estivesse absolutamente no controle."Espero que Eva tenha sido... justa com você, Bianca." Ele finalmente falou, a voz baixa e controlada, enquanto caminhava até o centro da sala. Sua presença era avassaladora, e até mesmo Eva parecia mais tensa com a proximidade dele."Claro que fui," respondeu Eva, o sorriso retornando aos seus lábios com uma ponta
Não era a primeira vez que eu ia para o apartamento de Masato, mas daquela vez senti algo diferente no ar. Inquieta, olhei ao redor para encontrar aquilo o que me deixava nervosa, mas parecia tudo no mesmo lugar. Suando, sentei-me no sofá da sala de estar e fiquei ali, imóvel, olhando para o nada.Masato foi até a cozinha e voltou com uma bebida quente. Pelo cheiro, deveria ser chá. Com um carinho admirável, apesar da expressão fria de sempre, ele se agachou para ficar na minha altura e fez uma pequena carícia na minha bochecha antes de me entregar a xícara."Tome o máximo que puder. Vou fazer algumas ligações e você fica aqui. Se sentir fome, tem comida na cozinha. Sinta-se à vontade."Enquanto Masato fazia o que tinha que fazer, eu tentava me concentrar no calor do chá, mas minha mente estava longe. A tensão no ar era palpável, e, por mais que ele tentasse parecer no controle, eu sabia que ele também estava preocupado. Se um bilionário poderoso e magnata como ele estava sendo caçad
"O que você quer dizer com isso?" perguntei, minha voz oscilando entre a surpresa e o medo. Meu olhar alternava entre o homem e Masato, que, embora mantivesse a expressão séria, parecia menos surpreso do que eu."O nome dela já apareceu na lista," o homem continuou, ignorando minha pergunta direta. "Os Falcões Azuis estão de olho em Bianca."Eu franzi o cenho, tentando entender. "Falcões Azuis? Quem são eles?"Masato segurou minha mão com mais firmeza, e, por um momento, pensei que ele não fosse responder. Seu silêncio, porém, dizia mais do que palavras. Ele sabia exatamente quem eram os Falcões Azuis, e aquilo não era uma boa notícia."Masato..." insisti, a urgência na minha voz clara. "Quem são essas pessoas?""Não é algo com que você deva se preocupar agora," ele disse finalmente, sua voz fria e controlada. "Só fique perto de mim, Bianca. Eu vou resolver isso."A resposta evasiva me irritou. Eu odiava ser mantida no escuro, especialmente quando se tratava de algo potencialmente pe
Uma semana depois, os eventos ocorridos na “reunião social” de Thomas ainda não saíam da minha cabeça. Masato também propositalmente parecia distante, apenas fazendo as perguntas de praxe de como estavam as coisas. Nem parecia o mesmo homem sensível e perdido que surgiu no dia do enterro de minha mãe.Fiel à sua palavra, no entanto, Masato de fato resolveu dar uma ajuda financeira para mim e para minha irmã. Carmelia, que negou a ajuda todas as formas de auxílio que lhe foram oferecidas pelo empresário, mal tinha ideia de que a proposta relâmpago de emprego de uma empresa menor (uma subsidiária de Masato) vinha justamente dele. Radiante, ela me contou como deveria ter ido bem na entrevista para conseguir um cargo tão bom.Dali há mais ou menos dois meses começariam as votações para senador. Masato não disse com todas as letras, mas eu sabia que tinha exatamente esse tempo para estragar a vida social de Thomas a ponto de ficar irrecuperável. Agora eu estava em casa, mexendo no meu lap
A atmosfera no salão era uma mistura de admiração e tensão palpável. Enquanto a plateia aplaudia e comentava as obras, eu podia sentir o peso da tristeza e da frustração que tomava conta de Thomas. Ele estava ali, mas sua mente parecia estar em um lugar completamente diferente. Eu me perguntei se ele estava revivendo memórias, lembranças de um amor perdido que agora era uma parte dolorosa de seu passado.Eva, por outro lado, estava radiante. Cada sorriso que ela oferecia era como um golpe sutil, um lembrete de que ela tinha o controle. Ela se movia com graça entre os convidados, mas seus olhos sempre se voltavam para Thomas, avaliando suas reações com uma mistura de prazer e vindita."Você fez isso de propósito, não fez?" murmurei para mim mesma, incapaz de conter o desdém que sentia por aquela exibição manipuladora. Eva estava usando a arte como uma arma, transformando um momento que deveria ser de celebração em uma tortura psicológica para Thomas. Lembrei-me de quando vi a encomend
Quando finalmente voltei para a mansão, fazendo de tudo para parecer qualquer coisa, menos nervosa e terrivelmente angustiada (porque eu estava!), dei um esbarrão sem querer em… Thomas.Ele estava muito bem vestido, mas parecia um tanto pálido. Quando olhou para mim, ficou alguns segundos sem falar.“Bianca?”“Sr. Braxton. Quero dizer, Thomas.”Ele olhou para trás, de onde eu estava vindo, e me encarou de volta.“Aconteceu alguma coisa? Você deveria estar no salão.”“Não, não foi nada. Eu… Só fui respirar um pouco de ar puro no jardim.”Sua expressão se suavizou.“Sinto muito. Você sabe que não precisava ter vindo, afinal de contas. Sei que está passando por um momento muito difícil agora.”"Eu sei", respondi, forçando um sorriso. "Mas é meu trabalho, e... bem, eu não o deixaria sozinho esta noite. É um evento especial para você.”Ele assentiu, parecendo distante. Desde o dia em que pedi a ele que me levasse até a biblioteca, Thomas ficara um pouco reticente. Pensei que poderia ser de
A mansão de Thomas estava lotada.O burburinho da conversa aristocrática entre as mais diversas pessoas ali presentes me deixava atordoada, mas mesmo enjoada e incomodada em estar ali, eu sabia que precisava marcar presença. Apesar de Thomas ter dito que eu não precisava comparecer devido ao meu luto, Eva tinha um posicionamento diferente. “A morte vem para todos o tempo todo, querida”, ela havia comentado um dia antes, depois que Thomas havia conversado comigo sobre o evento. “Não podemos deixar as coisas importantes de lado.”Eu não queria causar intriga e reclamar disso com o empresário, afinal isso acabaria favorecendo minha demissão, ou pelo menos incitaria confusão dentro da casa - o que me afastaria completamente de meu objetivo. Então ali estava eu, agora, gloriosamente entediada, apenas dando algumas ordens aqui e ali, já que tudo estava minuciosamente organizado entre os outros funcionários que andei preparando durante a semana.Foi então que o vi.Um homem de beleza hipnot
O silêncio que seguiu minha confissão parecia eterno. Masato me encarava, seus olhos refletindo surpresa e talvez um toque de vulnerabilidade, algo raro de se ver nele. Eu nunca tinha mencionado nada sobre o passado dele antes, mas naquele momento, me pareceu certo.Ele desviou o olhar por um segundo, como se precisasse processar minhas palavras. Quando voltou a me encarar, sua expressão tinha mudado. A máscara habitual de frieza estava rachada, revelando algo muito mais humano por trás."Como você sabe sobre isso?" Ele perguntou, sua voz mais baixa do que de costume. "Eu não costumo falar sobre meu passado."Na verdade, era bem pior: ele intencionalmente escondia essa informação de todos, ou ao menos tentava.Não queria lhe contar que passei quase uma madrugada inteira vasculhando informações sobre ele, muito menos que sabia sobre a origem terrível do orfanato e o porquê de Masato ter parado lá, para início de conversa. Então desconversei:“Ah, você sabe como sou. Gosto de saber onde
Não havia muitos presentes no funeral.Dois antigos vizinhos nossos, um tio e Carmélia. Além de mim, apenas essas pessoas resolveram prestar suas condolências à nossa mãe.Ao questionar minha irmã onde meu pai estava, ela disse que tentou ligar para ele, mas que ele não atendia nem visualizava as mensagens. Provavelmente estava ocupado demais com a esposa mais nova e não tinha tempo para se despedir da mãe de suas filhas.Thomas havia sido muito bondoso ao me permitir sair imediatamente no dia anterior. Lembro-me que fui correndo até o hospital. Os médicos nos disseram que ela teve uma parada cardíaca fulminante, e não houve tempo para sequer tentar reverter o processo.Bem, pelo menos ela estava em paz agora. Olhei para seu corpo inerte no caixão. As lembranças da última vez em que a vi passaram pela minha mente como flashes rápidos: ela rindo, fazendo o que mais amava, sem saber que em poucas horas não estaria mais aqui.O funeral seguiu com orações e murmúrios, mas minha mente esta
Sentados confortavelmente no sofá da enorme sala de estar da mansão, Erick e Frederick jogavam em seus respectivos celulares. Eu estava em minha pausa momentânea, então sentei-me na poltrona. Eva não estava em casa, assim como Thomas, então agora eu fazia papel de babá. Os meninos estavam muito quietos, como anjinhos, o que estranhei, já que geralmente sempre estavam empolgados e dispostos a brincar e correr pelo tempo que conseguissem. Observei-os mais um pouco e resolvi descobrir o que estava acontecendo.“Ei, gêmeos,” comecei, tentando quebrar o silêncio. “Estão jogando o que de bom?”Erick olhou rapidamente, mas logo voltou a atenção ao celular. Frederick, por outro lado, fez uma pausa e me lançou um olhar que não parecia animado. “Nada demais,” ele murmurou.“Vocês estão muito quietos. Normalmente, estão correndo pela casa ou fazendo alguma bagunça,” comentei, tentando soar casual. “Está tudo bem?”Ambos se entreolharam, e a expressão em seus rostos parecia distante, como se es