O apartamento do bilionário não era apenas chique; tinha um ar de autoridade e grandeza que refletia seu dono. Vestindo-se de forma mais casual, mas ainda exalando charme, Masato me conduziu para a sala de estar.
Eu estava usando um vestido azul translúcido, mais recatado do que o resto das roupas que o empresário havia me obrigado a usar. Sentindo-me nervosa, sentei-me à bela mesa de vidro. Masato nos serviu dois copos de vinho branco e então se sentou também.
"Você foi fabulosa. Não esperava menos de você."
Senti minhas bochechas esquentarem.
"Obrigada."
"Você está indo muito bem. Continue desempenhando seu papel e ele cairá direto na sua armadilha."
"Sua armadilha, você quer dizer."
"Não," discordou Masato, tomando um gole de seu vinho. "Você é quem vai seduzi-lo e fazer dele um tolo diante de todos."
"Mas estou fazendo isso porque estou seguindo seu plano."
Masato riu suavemente, o som ecoando pela sala elegante. Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos na mesa e me observando com olhos intensos.
"Sim, Bianca, você está seguindo meu plano. Mas é você quem está no campo de batalha, quem está lidando diretamente com Thomas. E você está fazendo isso brilhantemente."
Desviei o olhar, tentando ignorar a mistura de emoções que suas palavras provocavam em mim.
"Espero que todo esse esforço valha a pena, Masato. Ainda tenho minhas dúvidas sobre tudo isso."
Masato se inclinou ainda mais, quase tocando minha mão.
"Confie em mim, Dama da Noite. No final, você verá que vale cada segundo. Thomas Braxton merece pagar pelo que fez, e você é a chave para isso."
"Não me chame assim. Já disse que—"
"Que você e ela são duas personas diferentes? Sim, você já me disse. Mas você realmente espera que eu acredite nisso?"
Desconfortável, tomei um longo gole de vinho, deixando o líquido quente descer pela minha garganta e me dar a dose de coragem que eu precisava.
Masato observava cada movimento meu, seus olhos fixos em mim com uma intensidade que me fez estremecer por dentro. Ele colocou seu copo de vinho na mesa e levantou-se lentamente, caminhando ao redor da mesa até ficar atrás de mim. Senti sua presença antes mesmo de vê-lo.
"O perfume que você está usando é delicioso", ele murmurou.
Virei ligeiramente a cabeça, sentindo a respiração quente de Masato na minha pele. O toque sutil de seus dedos deslizando pelo meu ombro enviou arrepios pela minha espinha. Eu sabia que deveria me concentrar na missão, mas sua proximidade fazia minha mente vacilar.
"Masato, o que você está fazendo?" perguntei, minha voz saindo mais trêmula do que eu gostaria.
Ele riu suavemente, a risada vibrando através do meu corpo.
"Você sempre gostou quando eu fazia isso, lembra?"
Sem esperar por uma resposta, Masato deslizou as mãos pelo meu pescoço, descendo lentamente pelos meus braços até segurar minhas mãos. Ele me puxou, fazendo-me levantar e encará-lo. Seus olhos escuros encontraram os meus, e por um momento, o mundo ao nosso redor parecia desaparecer.
Sem me dar tempo de reagir, Masato me puxou para um beijo intenso e urgente.
Eu o interrompi, no entanto, sem fôlego e confusa.
"Espere. Por que você está fazendo isso?"
"Eu preciso de um motivo?"
"Eu estou trabalhando para você. Isso é—"
"E o que há de errado em eu aproveitar um pouco da sua companhia? Afinal, não estou fortemente investido no seu sucesso?"
O calor que se espalhava por mim esfriou instantaneamente.
"Investido? Eu sou um investimento?"
"Naturalmente. Mas eu sei que valerá cada centavo que estou gastando."
Chocada, não consegui dizer nada, apenas o encarei.
Masato notou minha expressão e atitude, então deu um passo para trás e colocou as mãos nos bolsos.
"Não me diga que você pensou que—"
"Eu não disse nada; também não estou pensando nada."
"Então por que toda essa frieza?"
"Eu? Estou sendo fria?"
Senti a raiva borbulhar dentro de mim. O jeito como Masato estava agindo, como se eu fosse apenas um peão em seu jogo, era irritante e desrespeitoso. Levantei-me bruscamente, empurrando a cadeira com força.
"Sabe de uma coisa, Masato? Eu não preciso tolerar isso," rebati, minha voz carregada de frustração.
Masato arqueou as sobrancelhas, surpreso com minha reação.
"Bianca, espera, não foi isso que eu quis dizer..."
"Eu não quero ouvir suas desculpas!" interrompi, meu tom duro e determinado. "Eu sei muito bem quem sou e o que estou fazendo, mas isso não te dá o direito de me tratar como um brinquedo sexual."
Masato parecia atordoado com a intensidade da minha reação, tentando encontrar as palavras certas para responder.
"Bianca, por favor, entenda. Só estou tentando te proteger. Thomas é perigoso, e eu não quero que você se machuque."
"Me proteger? Pare com isso!" retruquei, meus olhos faiscando de indignação. "Você só está usando isso como desculpa para me manter sob controle."
"Mas—"
"Já chega. Eu estou indo embora."
Com isso, virei-me e marchei em direção à porta, determinada a sair do apartamento de Masato e seguir meu próprio caminho. Mal conseguia conter a tempestade de emoções dentro de mim enquanto caminhava pelo corredor, a raiva borbulhando a cada passo.
Quando finalmente cheguei ao elevador, apertei o botão com força, minhas mãos tremendo de frustração. As portas se abriram lentamente, e entrei, fechando os olhos por um momento para me acalmar.
No entanto, quando as portas se abriram novamente no primeiro andar, dei de cara com alguém que não esperava ver ali: Thomas Braxton. Ele estava parado no saguão, olhando para mim com uma expressão surpresa.
"Bianca? O que você está fazendo aqui?"
Quando encontrei Thomas no saguão do prédio, me vi em uma situação ainda mais desconcertante. Tentei disfarçar minha confusão e frustração, desviando a atenção do momento tenso que acabara de ter com Masato."Oh, Thomas! Que surpresa te ver aqui," disse, forçando um sorriso.O homem de cabelos loiros me olhou de cima a baixo, notando especialmente meu luxuoso e sofisticado vestido azul."Você mora no apartamento? Está saindo?"Será que ele sabe que este é o prédio onde Masato mora? Ele poderia estar desconfiado?"Eu..." murmurei. Que bagunça. Como eu poderia explicar tudo de forma plausível?Bem, também era estranho que, de todos os lugares, Thomas estivesse justamente ali. Coincidência? Ou...Antes que Thomas pudesse fazer mais perguntas, uma mulher elegante e misteriosa apareceu no saguão. Seus olhos encontraram os meus por um momento antes de se aproximar de Thomas."Thomas, querido! Que surpresa encantadora te encontrar aqui," disse a mulher, com uma voz suave e sedutora.Observei
"Aqui."Segurei a xícara quente que Masato me ofereceu, mas não consegui olhá-lo nos olhos enquanto murmurava um obrigado tímido. Estávamos no meu apartamento, acomodados na sala de estar.A expressão no rosto do homem à minha frente era de indignação, fúria, preocupação... e algo mais, algo que eu não conseguia identificar. Tremendo, dei um gole no chá."Você... está bem?"Assenti, ainda incapaz de encará-lo."Obrigada." Minha voz saiu rouca e fraca, então dei outro gole e limpei a garganta antes de continuar: "Obrigada por me salvar."Cenas do homem desconhecido tentando se forçar sobre mim passaram pela minha mente. Respirei fundo, tentando não entrar em pânico com as memórias dolorosas."Por que você saiu do meu apartamento daquele jeito?"Olhei para ele com raiva."Porque você estava me tratando como uma..." Não consegui terminar a frase."Como o quê, Bianca?" Masato pressionou."Como um investimento. Como um objeto. Mas entendo seus motivos. Temos um acordo, e eu sou o bilhete p
O ar pareceu ficar mais pesado quando vi Masato parado no corredor do hospital. Meu corpo ficou tenso, e meu coração disparou. A expressão dele não era exatamente de raiva. Na verdade, não havia sequer expressão em seu rosto. Uma máscara profissional de tédio; era isso o que ele exibia no momento.Carmelia continuava chorando ao meu lado, mas eu precisava confrontá-lo. Me levantei lentamente, sem soltar a mão dela."Eu... já volto," murmurei, dando um pequeno aperto em sua mão. Ela me olhou, confusa, mas assentiu, ainda perdida na sua dor.Caminhei até Masato, sentindo meus passos pesarem cada vez mais à medida que me aproximava. Quando parei na frente dele, sua expressão não mudou. Ele me olhou como se esperasse uma explicação."Por que você me seguiu?" perguntei, mantendo minha voz baixa, mas firme.Ele cruzou os braços, sem tirar os olhos dos meus. "O que exatamente está acontecendo, Bianca?”Ergui o queixo imperceptivelmente.“Um problema pessoal, da qual já estou resolvendo-”“P
Sentada no imponente sofá de couro de Thomas em sua enorme e elegante mansão, eu olhava nervosamente para os dedos das mãos. Estavam firmes agora, mas na madrugada passada, tremiam terrivelmente.As lembranças do hospital passaram na minha mente como uma névoa: o médico-chefe dizendo a mim e a Carmelia que mamãe agora ficaria na ala especial do hospital, em cuidados paliativos. Que talvez ela não sobrevivesse por mais de dois meses. E que seria melhor nós nos prepararmos, tanto emocionalmente quanto financeiramente para o que viria a seguir.Velório e enterro.Quando saí do quarto onde mamãe estava, acompanhada de Carmelia, Masato ainda estava lá. Ele educadamente cumprimentou minha irmã, que preferiu não me fazer perguntas, e ofereceu carona a nós duas. Carmelia se recusou, dizendo que estava de carro, e se despediu, deixando-nos a sós. No entanto, eu me recusava a falar qualquer coisa para Masato, que me deixou em casa numa viagem silenciosa e desconfortável.Mal consegui dormir à n
A entrada de Thomas foi como um sopro de ar gelado na sala sufocante. O sorriso cruel de Eva vacilou por um momento, mas ela rapidamente se recompôs, lançando-lhe um olhar de desdém."Nada demais, querido. Apenas uma pequena conversa com... nossa candidata a governanta." Eva deu ênfase na palavra "candidata", como se fosse algo insignificante, sem qualquer importância.Eu respirei fundo, tentando manter a calma enquanto Thomas me olhava. Seus olhos avaliavam a situação, e embora não houvesse emoção aparente em seu rosto, senti que ele sabia que algo mais profundo estava acontecendo ali. Eva, por outro lado, permanecia impassível, como se estivesse absolutamente no controle."Espero que Eva tenha sido... justa com você, Bianca." Ele finalmente falou, a voz baixa e controlada, enquanto caminhava até o centro da sala. Sua presença era avassaladora, e até mesmo Eva parecia mais tensa com a proximidade dele."Claro que fui," respondeu Eva, o sorriso retornando aos seus lábios com uma ponta
Os gêmeos, filhos de Thomas, entraram no recinto com uma energia descompassada. O som de suas risadas infantis preencheu o ar, quebrando a tensão que dominava o ambiente. Eu me afastei rapidamente, o coração ainda disparado pela proximidade sufocante de Thomas."Papai! Papai!" exclamaram os dois, correndo em direção a ele com braços estendidos.A expressão de Thomas suavizou instantaneamente, e ele se abaixou para abraçar os filhos. Era quase chocante ver a transformação em seu rosto – a seriedade e o controle deram lugar a um brilho genuíno de afeto paternal."Ei, meus pequenos campeões, o que estão fazendo aqui embaixo?" Thomas perguntou, sorrindo enquanto os levantava nos braços.Os dois meninos, idênticos em aparência com seus cabelos louros e olhos brilhantes, responderam ao mesmo tempo. "A mamãe disse que podíamos brincar lá fora, mas queríamos ver você primeiro!"Eu me senti como uma intrusa, observando aquela cena familiar, mas também aliviada pela interrupção. O constrangime
Masato havia me mandado outra mensagem, dizendo que estava esperando na porta do meu apartamento. Senti um arrepio. Deveria ser algo realmente sério. Por sorte, o restaurante onde eu e Carmelia estávamos não ficava longe de minha casa, e levou menos de dez minutos para que eu chegasse.Ofegante, saí do elevador e dei de cara com ele exatamente onde dissera que estaria, impecável como sempre. Seus olhos penetrantes encontraram os meus, e senti um arrepio percorrer minha espinha. Algo na postura dele denunciava urgência, mas havia algo mais... uma tensão latente."Bianca," ele começou assim que me aproximei, a voz baixa e carregada de algo que eu não conseguia identificar. "Precisamos conversar.""Eu sei. Recebi sua mensagem," respondi, tentando manter o tom casual, mas meu corpo inteiro estava em alerta. “O que aconteceu? Alguém do meu passado te ligou? Foi Thomas?”Ele deu um passo em minha direção, e sem aviso prévio, estendeu a mão para tocar meu rosto. O gesto me pegou desprevenida
A intensidade do momento era esmagadora. Sentir a máscara sobre meu rosto parecia liberar algo dentro de mim, algo selvagem e incontrolável, como se aquela peça de cetim negro fosse a chave para um lado meu que eu tinha escondido por tanto tempo. Masato sabia o que estava fazendo, e eu odiava admitir, mas ele estava conseguindo o que queria: o controle da situação, de mim.Seus lábios não deixavam espaço para hesitações, cada beijo uma promessa não dita, cada toque uma exigência velada. Ele conhecia meu corpo como ninguém mais, sabia exatamente onde me tocar, onde me deixar vulnerável. E eu me entregava a isso, apesar da voz pequena e distante em minha mente gritar que aquilo era perigoso, que eu estava brincando com fogo.Masato se afastou por um momento, apenas o suficiente para me observar. Seus olhos brilhavam com algo mais do que desejo — havia admiração ali, uma fascinação que me deixava desnorteada. A máscara que eu usava, o papel que eu assumia, pareciam transformar não só a m
Não era a primeira vez que eu ia para o apartamento de Masato, mas daquela vez senti algo diferente no ar. Inquieta, olhei ao redor para encontrar aquilo o que me deixava nervosa, mas parecia tudo no mesmo lugar. Suando, sentei-me no sofá da sala de estar e fiquei ali, imóvel, olhando para o nada.Masato foi até a cozinha e voltou com uma bebida quente. Pelo cheiro, deveria ser chá. Com um carinho admirável, apesar da expressão fria de sempre, ele se agachou para ficar na minha altura e fez uma pequena carícia na minha bochecha antes de me entregar a xícara."Tome o máximo que puder. Vou fazer algumas ligações e você fica aqui. Se sentir fome, tem comida na cozinha. Sinta-se à vontade."Enquanto Masato fazia o que tinha que fazer, eu tentava me concentrar no calor do chá, mas minha mente estava longe. A tensão no ar era palpável, e, por mais que ele tentasse parecer no controle, eu sabia que ele também estava preocupado. Se um bilionário poderoso e magnata como ele estava sendo caçad
"O que você quer dizer com isso?" perguntei, minha voz oscilando entre a surpresa e o medo. Meu olhar alternava entre o homem e Masato, que, embora mantivesse a expressão séria, parecia menos surpreso do que eu."O nome dela já apareceu na lista," o homem continuou, ignorando minha pergunta direta. "Os Falcões Azuis estão de olho em Bianca."Eu franzi o cenho, tentando entender. "Falcões Azuis? Quem são eles?"Masato segurou minha mão com mais firmeza, e, por um momento, pensei que ele não fosse responder. Seu silêncio, porém, dizia mais do que palavras. Ele sabia exatamente quem eram os Falcões Azuis, e aquilo não era uma boa notícia."Masato..." insisti, a urgência na minha voz clara. "Quem são essas pessoas?""Não é algo com que você deva se preocupar agora," ele disse finalmente, sua voz fria e controlada. "Só fique perto de mim, Bianca. Eu vou resolver isso."A resposta evasiva me irritou. Eu odiava ser mantida no escuro, especialmente quando se tratava de algo potencialmente pe
Uma semana depois, os eventos ocorridos na “reunião social” de Thomas ainda não saíam da minha cabeça. Masato também propositalmente parecia distante, apenas fazendo as perguntas de praxe de como estavam as coisas. Nem parecia o mesmo homem sensível e perdido que surgiu no dia do enterro de minha mãe.Fiel à sua palavra, no entanto, Masato de fato resolveu dar uma ajuda financeira para mim e para minha irmã. Carmelia, que negou a ajuda todas as formas de auxílio que lhe foram oferecidas pelo empresário, mal tinha ideia de que a proposta relâmpago de emprego de uma empresa menor (uma subsidiária de Masato) vinha justamente dele. Radiante, ela me contou como deveria ter ido bem na entrevista para conseguir um cargo tão bom.Dali há mais ou menos dois meses começariam as votações para senador. Masato não disse com todas as letras, mas eu sabia que tinha exatamente esse tempo para estragar a vida social de Thomas a ponto de ficar irrecuperável. Agora eu estava em casa, mexendo no meu lap
A atmosfera no salão era uma mistura de admiração e tensão palpável. Enquanto a plateia aplaudia e comentava as obras, eu podia sentir o peso da tristeza e da frustração que tomava conta de Thomas. Ele estava ali, mas sua mente parecia estar em um lugar completamente diferente. Eu me perguntei se ele estava revivendo memórias, lembranças de um amor perdido que agora era uma parte dolorosa de seu passado.Eva, por outro lado, estava radiante. Cada sorriso que ela oferecia era como um golpe sutil, um lembrete de que ela tinha o controle. Ela se movia com graça entre os convidados, mas seus olhos sempre se voltavam para Thomas, avaliando suas reações com uma mistura de prazer e vindita."Você fez isso de propósito, não fez?" murmurei para mim mesma, incapaz de conter o desdém que sentia por aquela exibição manipuladora. Eva estava usando a arte como uma arma, transformando um momento que deveria ser de celebração em uma tortura psicológica para Thomas. Lembrei-me de quando vi a encomend
Quando finalmente voltei para a mansão, fazendo de tudo para parecer qualquer coisa, menos nervosa e terrivelmente angustiada (porque eu estava!), dei um esbarrão sem querer em… Thomas.Ele estava muito bem vestido, mas parecia um tanto pálido. Quando olhou para mim, ficou alguns segundos sem falar.“Bianca?”“Sr. Braxton. Quero dizer, Thomas.”Ele olhou para trás, de onde eu estava vindo, e me encarou de volta.“Aconteceu alguma coisa? Você deveria estar no salão.”“Não, não foi nada. Eu… Só fui respirar um pouco de ar puro no jardim.”Sua expressão se suavizou.“Sinto muito. Você sabe que não precisava ter vindo, afinal de contas. Sei que está passando por um momento muito difícil agora.”"Eu sei", respondi, forçando um sorriso. "Mas é meu trabalho, e... bem, eu não o deixaria sozinho esta noite. É um evento especial para você.”Ele assentiu, parecendo distante. Desde o dia em que pedi a ele que me levasse até a biblioteca, Thomas ficara um pouco reticente. Pensei que poderia ser de
A mansão de Thomas estava lotada.O burburinho da conversa aristocrática entre as mais diversas pessoas ali presentes me deixava atordoada, mas mesmo enjoada e incomodada em estar ali, eu sabia que precisava marcar presença. Apesar de Thomas ter dito que eu não precisava comparecer devido ao meu luto, Eva tinha um posicionamento diferente. “A morte vem para todos o tempo todo, querida”, ela havia comentado um dia antes, depois que Thomas havia conversado comigo sobre o evento. “Não podemos deixar as coisas importantes de lado.”Eu não queria causar intriga e reclamar disso com o empresário, afinal isso acabaria favorecendo minha demissão, ou pelo menos incitaria confusão dentro da casa - o que me afastaria completamente de meu objetivo. Então ali estava eu, agora, gloriosamente entediada, apenas dando algumas ordens aqui e ali, já que tudo estava minuciosamente organizado entre os outros funcionários que andei preparando durante a semana.Foi então que o vi.Um homem de beleza hipnot
O silêncio que seguiu minha confissão parecia eterno. Masato me encarava, seus olhos refletindo surpresa e talvez um toque de vulnerabilidade, algo raro de se ver nele. Eu nunca tinha mencionado nada sobre o passado dele antes, mas naquele momento, me pareceu certo.Ele desviou o olhar por um segundo, como se precisasse processar minhas palavras. Quando voltou a me encarar, sua expressão tinha mudado. A máscara habitual de frieza estava rachada, revelando algo muito mais humano por trás."Como você sabe sobre isso?" Ele perguntou, sua voz mais baixa do que de costume. "Eu não costumo falar sobre meu passado."Na verdade, era bem pior: ele intencionalmente escondia essa informação de todos, ou ao menos tentava.Não queria lhe contar que passei quase uma madrugada inteira vasculhando informações sobre ele, muito menos que sabia sobre a origem terrível do orfanato e o porquê de Masato ter parado lá, para início de conversa. Então desconversei:“Ah, você sabe como sou. Gosto de saber onde
Não havia muitos presentes no funeral.Dois antigos vizinhos nossos, um tio e Carmélia. Além de mim, apenas essas pessoas resolveram prestar suas condolências à nossa mãe.Ao questionar minha irmã onde meu pai estava, ela disse que tentou ligar para ele, mas que ele não atendia nem visualizava as mensagens. Provavelmente estava ocupado demais com a esposa mais nova e não tinha tempo para se despedir da mãe de suas filhas.Thomas havia sido muito bondoso ao me permitir sair imediatamente no dia anterior. Lembro-me que fui correndo até o hospital. Os médicos nos disseram que ela teve uma parada cardíaca fulminante, e não houve tempo para sequer tentar reverter o processo.Bem, pelo menos ela estava em paz agora. Olhei para seu corpo inerte no caixão. As lembranças da última vez em que a vi passaram pela minha mente como flashes rápidos: ela rindo, fazendo o que mais amava, sem saber que em poucas horas não estaria mais aqui.O funeral seguiu com orações e murmúrios, mas minha mente esta
Sentados confortavelmente no sofá da enorme sala de estar da mansão, Erick e Frederick jogavam em seus respectivos celulares. Eu estava em minha pausa momentânea, então sentei-me na poltrona. Eva não estava em casa, assim como Thomas, então agora eu fazia papel de babá. Os meninos estavam muito quietos, como anjinhos, o que estranhei, já que geralmente sempre estavam empolgados e dispostos a brincar e correr pelo tempo que conseguissem. Observei-os mais um pouco e resolvi descobrir o que estava acontecendo.“Ei, gêmeos,” comecei, tentando quebrar o silêncio. “Estão jogando o que de bom?”Erick olhou rapidamente, mas logo voltou a atenção ao celular. Frederick, por outro lado, fez uma pausa e me lançou um olhar que não parecia animado. “Nada demais,” ele murmurou.“Vocês estão muito quietos. Normalmente, estão correndo pela casa ou fazendo alguma bagunça,” comentei, tentando soar casual. “Está tudo bem?”Ambos se entreolharam, e a expressão em seus rostos parecia distante, como se es