Suspirei mais uma vez enquanto olhava para o meu reflexo no espelho de corpo inteiro. Eu estava vestindo uma saia preta minúscula que mal cobria o meu traseiro e um top igualmente pequeno que deixava meus seios quase expostos.
O som da porta se abrindo chamou minha atenção. Obviamente, era Masato.
Ele me observou por alguns segundos, analisando meu corpo, o que me fez corar profundamente. Então ele perguntou:
“O que acha da roupa?”
“Está muito pequena”, reclamei, tentando em vão cobrir a pele exposta.
Uma risada grave saiu da garganta do empresário.
“Você costuma usar muito menos no seu trabalho secreto, mocinha.”
“Isso é diferente. Eu sempre uso uma máscara durante aqueles momentos... E você sabe muito bem que a Dama da Noite não sou eu.”
“Claro, claro”, Masato zombou. “Ainda presa a essa história boba de alter ego?”
“Não é uma história boba.”
“De qualquer forma, passei aqui para te avisar que o seu primeiro teste está prestes a começar.”
“O que eu tenho que fazer?”
Havia luxúria e crueldade nos olhos do poderoso bilionário enquanto ele esclarecia:
“Você vai ao supermercado.”
Pisquei, confusa.
“Eu vou o quê?”
“Você vai ao supermercado”, ele repetiu, “e vai comprar algumas coisas para mim.”
“Isso é algum tipo de piada?”
“Eu pareço ser o tipo de homem que faz piadas, querida?”
Antes que eu pudesse responder, ele se aproximou de mim... Bem além do limite ideal de proximidade.
“Você não parece muito empolgada com a ideia”, murmurou, sua voz enviando arrepios pela minha espinha. Engoli em seco, tentando ignorar a sensação de claustrofobia que ameaçava me consumir. E também o estranho calor que surgia no meu corpo.
“Eu só não entendo por que você quer que eu vá ao supermercado. Eu—”
“Você descobrirá em breve”, foi a resposta enigmática de Masato. Ele me entregou um cartão de crédito. “Agora vá, não temos tempo a perder.”
“Mas o que eu devo comprar?”
“Vá.”
Com um aceno relutante, me afastei do empresário e me dirigi à porta, não esquecendo de colocar o cartão na bolsa. Não conseguia afastar a sensação de desconforto em sua presença, como se eu estivesse sempre um passo atrás, sendo observada de perto.
Caminhar pelos corredores da loja de roupas vestida daquele jeito foi horrível. Os homens me olhavam com desejo quase lascivo, as mulheres franziram a testa e murmuravam insultos, e uma senhora quase me acertou com sua bengala.
Assim que cheguei à calçada em frente ao supermercado, meu telefone começou a tocar dentro da bolsa. O identificador de chamadas dizia 'Número restrito.'
“Alô?”
“Como você se sente com todos os olhares sobre você?”
Tentei ignorar a evidente raiva.
“Eu vou sobreviver.”
“Ótimo. Agora entre no supermercado. Vá para a seção de frutas. Quero que você pegue algumas bananas.”
Eu queria gritar com Masato, mas obedeci, mesmo a contragosto.
Ainda com o telefone no ouvido, comecei a examinar as frutas, procurando as bananas. Um homem de meia-idade, levemente acima do peso, suado e com olhos claros inquietantes, me encarou quando me viu. Ele olhou para mim com olhos lascivos, desejosos, e eu o ignorei.
Enquanto começava a colocar as bananas na cesta de plástico, a voz de Masato soou novamente:
“Aquele homem mal consegue se conter. Ele está louco por você.”
“Como você sabe...? Você está aqui no mercado? Está me espionando?”
Ele me ignorou.
“Agora preste muita atenção no que vou te dizer. Você tem um corpo deslumbrante, e isso por si só já é uma grande vantagem. Mas para seduzir Thomas, você vai precisar de uma abordagem bem diferente.”
“Mas—”
“Pegue uma das bananas.”
“O quê?”
“Pegue.”
Relutante, obedeci e peguei uma das bananas da pilha, sentindo-me ridícula segurando-a nas mãos. Olhei ao redor, sentindo-me cada vez mais envergonhada.
“Bom”, disse Masato. “Agora, lentamente, comece a descascar a banana.”
Com um suspiro resignado, comecei a descascar a banana, movendo-me devagar para revelar a fruta macia e suculenta por dentro. Senti o rubor de vergonha subir ao meu rosto enquanto as pessoas ao redor observavam curiosas.
“Muito bem”, disse Masato. “Agora, dê uma mordida na banana.”
Fiz como ele instruiu. O homem que me olhava antes agora parecia mortalmente pálido e mais suado do que nunca.
“Agora vá até aquele homem que não para de te encarar.”
“Mas—”
“Faça o que eu digo. Quero que você o seduza, faça ele cair aos seus pés.”
Com um nó na garganta, fiz o que ele mandou. Aproximei-me do homem com uma expressão sedutora, o que o fez engolir nervosamente.
“Oi”, disse eu, tentando soar confiante. “Você parece interessado.”
O homem assentiu, sua respiração ficando mais pesada.
“Sim, você... você é incrível”, gaguejou.
“Diga a ele para pegar nos seus seios”, ordenou o empresário.
Tentando suprimir meu crescente desgosto e raiva, sorri para o estranho.
“Sou mesmo? Então vai gostar ainda mais se pegar nas minhas amigas aqui.” Com a mão livre, segurei um dos meus seios, ronronando como uma gata.
Imediatamente, as mãos gordas e suadas do homem agarraram meu peito. Ele apertou e beliscou, como se estivesse em um sonho.
“Veja como ele se deleita com você, Bianca.”
Meu coração começou a bater forte no peito. Isso era ultrajante demais...
“Ele está adorando.”
Terrificada, percebi que algumas pessoas estavam apontando para mim. Algumas estavam pegando seus celulares. Eu ia ser filmada...
“Agora diga—”
Eu não escutei Masato. Simplesmente desliguei o telefone e saí correndo, deixando a cesta com as bananas para trás. Lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos.
Depois de finalmente sair do supermercado, decidi me esconder em um beco. Masato não tinha o direito de fazer isso, de me deixar à mercê daquela exposição...
Meu estômago se revirou de nojo. Incapaz de me conter, acabei vomitando em espasmos dolorosos.
Passos podiam ser ouvidos. Previsivelmente, o homem havia me seguido.
Limpando minha boca dos restos de vômito, caminhei até ele e o esbofeteei.
Imediatamente, o empresário me agarrou pelo pescoço, me jogando com força contra a parede. Ele me imobilizou, e seus olhos escuros estavam cheios de ódio.
“Você vai se arrepender disso, Bianca.”
Nos encaramos com fúria, nossos corações batendo descontroladamente, o calor em nossos corpos subindo... Mesmo sendo um idiota, eu ainda o achava bonito. Bonito, selvagem e...
Num impulso primal e voraz, sem se importar com nada nem ninguém, Masato me beijou violentamente.
O beijo foi feroz e possessivo, me deixando sem fôlego e atordoada. Eu tentei lutar contra sua força, mas Masato me segurou firme, suas mãos apertando meus pulsos com força. O amargo gosto do arrependimento se misturava com a intensidade do momento.Quando finalmente nos separamos, eu estava ofegante e trêmula, uma mistura de emoções revolvendo dentro de mim. Olhei para Masato com olhos cheios de raiva e confusão."Como você pôde fazer isso?" Consegui sussurrar, minha voz tremendo de indignação.Masato apenas me encarou com intensidade, seus olhos queimando com uma paixão que eu não conseguia entender."Você continua tão selvagem quanto antes.""Eu te odeio", murmurei, mas minhas palavras careciam de convicção.Masato apenas sorriu, um sorriso cheio de promessas e perigos."Eu sei", foi tudo o que ele disse antes de se afastar, me deixando sozinha no beco, com meu coração em pedaços e minha mente em turbulência.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .T
O apartamento do bilionário não era apenas chique; tinha um ar de autoridade e grandeza que refletia seu dono. Vestindo-se de forma mais casual, mas ainda exalando charme, Masato me conduziu para a sala de estar.Eu estava usando um vestido azul translúcido, mais recatado do que o resto das roupas que o empresário havia me obrigado a usar. Sentindo-me nervosa, sentei-me à bela mesa de vidro. Masato nos serviu dois copos de vinho branco e então se sentou também."Você foi fabulosa. Não esperava menos de você."Senti minhas bochechas esquentarem."Obrigada.""Você está indo muito bem. Continue desempenhando seu papel e ele cairá direto na sua armadilha.""Sua armadilha, você quer dizer.""Não," discordou Masato, tomando um gole de seu vinho. "Você é quem vai seduzi-lo e fazer dele um tolo diante de todos.""Mas estou fazendo isso porque estou seguindo seu plano."Masato riu suavemente, o som ecoando pela sala elegante. Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos na mesa e me obse
Quando encontrei Thomas no saguão do prédio, me vi em uma situação ainda mais desconcertante. Tentei disfarçar minha confusão e frustração, desviando a atenção do momento tenso que acabara de ter com Masato."Oh, Thomas! Que surpresa te ver aqui," disse, forçando um sorriso.O homem de cabelos loiros me olhou de cima a baixo, notando especialmente meu luxuoso e sofisticado vestido azul."Você mora no apartamento? Está saindo?"Será que ele sabe que este é o prédio onde Masato mora? Ele poderia estar desconfiado?"Eu..." murmurei. Que bagunça. Como eu poderia explicar tudo de forma plausível?Bem, também era estranho que, de todos os lugares, Thomas estivesse justamente ali. Coincidência? Ou...Antes que Thomas pudesse fazer mais perguntas, uma mulher elegante e misteriosa apareceu no saguão. Seus olhos encontraram os meus por um momento antes de se aproximar de Thomas."Thomas, querido! Que surpresa encantadora te encontrar aqui," disse a mulher, com uma voz suave e sedutora.Observei
"Aqui."Segurei a xícara quente que Masato me ofereceu, mas não consegui olhá-lo nos olhos enquanto murmurava um obrigado tímido. Estávamos no meu apartamento, acomodados na sala de estar.A expressão no rosto do homem à minha frente era de indignação, fúria, preocupação... e algo mais, algo que eu não conseguia identificar. Tremendo, dei um gole no chá."Você... está bem?"Assenti, ainda incapaz de encará-lo."Obrigada." Minha voz saiu rouca e fraca, então dei outro gole e limpei a garganta antes de continuar: "Obrigada por me salvar."Cenas do homem desconhecido tentando se forçar sobre mim passaram pela minha mente. Respirei fundo, tentando não entrar em pânico com as memórias dolorosas."Por que você saiu do meu apartamento daquele jeito?"Olhei para ele com raiva."Porque você estava me tratando como uma..." Não consegui terminar a frase."Como o quê, Bianca?" Masato pressionou."Como um investimento. Como um objeto. Mas entendo seus motivos. Temos um acordo, e eu sou o bilhete p
O ar pareceu ficar mais pesado quando vi Masato parado no corredor do hospital. Meu corpo ficou tenso, e meu coração disparou. A expressão dele não era exatamente de raiva. Na verdade, não havia sequer expressão em seu rosto. Uma máscara profissional de tédio; era isso o que ele exibia no momento.Carmelia continuava chorando ao meu lado, mas eu precisava confrontá-lo. Me levantei lentamente, sem soltar a mão dela."Eu... já volto," murmurei, dando um pequeno aperto em sua mão. Ela me olhou, confusa, mas assentiu, ainda perdida na sua dor.Caminhei até Masato, sentindo meus passos pesarem cada vez mais à medida que me aproximava. Quando parei na frente dele, sua expressão não mudou. Ele me olhou como se esperasse uma explicação."Por que você me seguiu?" perguntei, mantendo minha voz baixa, mas firme.Ele cruzou os braços, sem tirar os olhos dos meus. "O que exatamente está acontecendo, Bianca?”Ergui o queixo imperceptivelmente.“Um problema pessoal, da qual já estou resolvendo-”“P
Sentada no imponente sofá de couro de Thomas em sua enorme e elegante mansão, eu olhava nervosamente para os dedos das mãos. Estavam firmes agora, mas na madrugada passada, tremiam terrivelmente.As lembranças do hospital passaram na minha mente como uma névoa: o médico-chefe dizendo a mim e a Carmelia que mamãe agora ficaria na ala especial do hospital, em cuidados paliativos. Que talvez ela não sobrevivesse por mais de dois meses. E que seria melhor nós nos prepararmos, tanto emocionalmente quanto financeiramente para o que viria a seguir.Velório e enterro.Quando saí do quarto onde mamãe estava, acompanhada de Carmelia, Masato ainda estava lá. Ele educadamente cumprimentou minha irmã, que preferiu não me fazer perguntas, e ofereceu carona a nós duas. Carmelia se recusou, dizendo que estava de carro, e se despediu, deixando-nos a sós. No entanto, eu me recusava a falar qualquer coisa para Masato, que me deixou em casa numa viagem silenciosa e desconfortável.Mal consegui dormir à n
A entrada de Thomas foi como um sopro de ar gelado na sala sufocante. O sorriso cruel de Eva vacilou por um momento, mas ela rapidamente se recompôs, lançando-lhe um olhar de desdém."Nada demais, querido. Apenas uma pequena conversa com... nossa candidata a governanta." Eva deu ênfase na palavra "candidata", como se fosse algo insignificante, sem qualquer importância.Eu respirei fundo, tentando manter a calma enquanto Thomas me olhava. Seus olhos avaliavam a situação, e embora não houvesse emoção aparente em seu rosto, senti que ele sabia que algo mais profundo estava acontecendo ali. Eva, por outro lado, permanecia impassível, como se estivesse absolutamente no controle."Espero que Eva tenha sido... justa com você, Bianca." Ele finalmente falou, a voz baixa e controlada, enquanto caminhava até o centro da sala. Sua presença era avassaladora, e até mesmo Eva parecia mais tensa com a proximidade dele."Claro que fui," respondeu Eva, o sorriso retornando aos seus lábios com uma ponta
Os gêmeos, filhos de Thomas, entraram no recinto com uma energia descompassada. O som de suas risadas infantis preencheu o ar, quebrando a tensão que dominava o ambiente. Eu me afastei rapidamente, o coração ainda disparado pela proximidade sufocante de Thomas."Papai! Papai!" exclamaram os dois, correndo em direção a ele com braços estendidos.A expressão de Thomas suavizou instantaneamente, e ele se abaixou para abraçar os filhos. Era quase chocante ver a transformação em seu rosto – a seriedade e o controle deram lugar a um brilho genuíno de afeto paternal."Ei, meus pequenos campeões, o que estão fazendo aqui embaixo?" Thomas perguntou, sorrindo enquanto os levantava nos braços.Os dois meninos, idênticos em aparência com seus cabelos louros e olhos brilhantes, responderam ao mesmo tempo. "A mamãe disse que podíamos brincar lá fora, mas queríamos ver você primeiro!"Eu me senti como uma intrusa, observando aquela cena familiar, mas também aliviada pela interrupção. O constrangime
Não era a primeira vez que eu ia para o apartamento de Masato, mas daquela vez senti algo diferente no ar. Inquieta, olhei ao redor para encontrar aquilo o que me deixava nervosa, mas parecia tudo no mesmo lugar. Suando, sentei-me no sofá da sala de estar e fiquei ali, imóvel, olhando para o nada.Masato foi até a cozinha e voltou com uma bebida quente. Pelo cheiro, deveria ser chá. Com um carinho admirável, apesar da expressão fria de sempre, ele se agachou para ficar na minha altura e fez uma pequena carícia na minha bochecha antes de me entregar a xícara."Tome o máximo que puder. Vou fazer algumas ligações e você fica aqui. Se sentir fome, tem comida na cozinha. Sinta-se à vontade."Enquanto Masato fazia o que tinha que fazer, eu tentava me concentrar no calor do chá, mas minha mente estava longe. A tensão no ar era palpável, e, por mais que ele tentasse parecer no controle, eu sabia que ele também estava preocupado. Se um bilionário poderoso e magnata como ele estava sendo caçad
"O que você quer dizer com isso?" perguntei, minha voz oscilando entre a surpresa e o medo. Meu olhar alternava entre o homem e Masato, que, embora mantivesse a expressão séria, parecia menos surpreso do que eu."O nome dela já apareceu na lista," o homem continuou, ignorando minha pergunta direta. "Os Falcões Azuis estão de olho em Bianca."Eu franzi o cenho, tentando entender. "Falcões Azuis? Quem são eles?"Masato segurou minha mão com mais firmeza, e, por um momento, pensei que ele não fosse responder. Seu silêncio, porém, dizia mais do que palavras. Ele sabia exatamente quem eram os Falcões Azuis, e aquilo não era uma boa notícia."Masato..." insisti, a urgência na minha voz clara. "Quem são essas pessoas?""Não é algo com que você deva se preocupar agora," ele disse finalmente, sua voz fria e controlada. "Só fique perto de mim, Bianca. Eu vou resolver isso."A resposta evasiva me irritou. Eu odiava ser mantida no escuro, especialmente quando se tratava de algo potencialmente pe
Uma semana depois, os eventos ocorridos na “reunião social” de Thomas ainda não saíam da minha cabeça. Masato também propositalmente parecia distante, apenas fazendo as perguntas de praxe de como estavam as coisas. Nem parecia o mesmo homem sensível e perdido que surgiu no dia do enterro de minha mãe.Fiel à sua palavra, no entanto, Masato de fato resolveu dar uma ajuda financeira para mim e para minha irmã. Carmelia, que negou a ajuda todas as formas de auxílio que lhe foram oferecidas pelo empresário, mal tinha ideia de que a proposta relâmpago de emprego de uma empresa menor (uma subsidiária de Masato) vinha justamente dele. Radiante, ela me contou como deveria ter ido bem na entrevista para conseguir um cargo tão bom.Dali há mais ou menos dois meses começariam as votações para senador. Masato não disse com todas as letras, mas eu sabia que tinha exatamente esse tempo para estragar a vida social de Thomas a ponto de ficar irrecuperável. Agora eu estava em casa, mexendo no meu lap
A atmosfera no salão era uma mistura de admiração e tensão palpável. Enquanto a plateia aplaudia e comentava as obras, eu podia sentir o peso da tristeza e da frustração que tomava conta de Thomas. Ele estava ali, mas sua mente parecia estar em um lugar completamente diferente. Eu me perguntei se ele estava revivendo memórias, lembranças de um amor perdido que agora era uma parte dolorosa de seu passado.Eva, por outro lado, estava radiante. Cada sorriso que ela oferecia era como um golpe sutil, um lembrete de que ela tinha o controle. Ela se movia com graça entre os convidados, mas seus olhos sempre se voltavam para Thomas, avaliando suas reações com uma mistura de prazer e vindita."Você fez isso de propósito, não fez?" murmurei para mim mesma, incapaz de conter o desdém que sentia por aquela exibição manipuladora. Eva estava usando a arte como uma arma, transformando um momento que deveria ser de celebração em uma tortura psicológica para Thomas. Lembrei-me de quando vi a encomend
Quando finalmente voltei para a mansão, fazendo de tudo para parecer qualquer coisa, menos nervosa e terrivelmente angustiada (porque eu estava!), dei um esbarrão sem querer em… Thomas.Ele estava muito bem vestido, mas parecia um tanto pálido. Quando olhou para mim, ficou alguns segundos sem falar.“Bianca?”“Sr. Braxton. Quero dizer, Thomas.”Ele olhou para trás, de onde eu estava vindo, e me encarou de volta.“Aconteceu alguma coisa? Você deveria estar no salão.”“Não, não foi nada. Eu… Só fui respirar um pouco de ar puro no jardim.”Sua expressão se suavizou.“Sinto muito. Você sabe que não precisava ter vindo, afinal de contas. Sei que está passando por um momento muito difícil agora.”"Eu sei", respondi, forçando um sorriso. "Mas é meu trabalho, e... bem, eu não o deixaria sozinho esta noite. É um evento especial para você.”Ele assentiu, parecendo distante. Desde o dia em que pedi a ele que me levasse até a biblioteca, Thomas ficara um pouco reticente. Pensei que poderia ser de
A mansão de Thomas estava lotada.O burburinho da conversa aristocrática entre as mais diversas pessoas ali presentes me deixava atordoada, mas mesmo enjoada e incomodada em estar ali, eu sabia que precisava marcar presença. Apesar de Thomas ter dito que eu não precisava comparecer devido ao meu luto, Eva tinha um posicionamento diferente. “A morte vem para todos o tempo todo, querida”, ela havia comentado um dia antes, depois que Thomas havia conversado comigo sobre o evento. “Não podemos deixar as coisas importantes de lado.”Eu não queria causar intriga e reclamar disso com o empresário, afinal isso acabaria favorecendo minha demissão, ou pelo menos incitaria confusão dentro da casa - o que me afastaria completamente de meu objetivo. Então ali estava eu, agora, gloriosamente entediada, apenas dando algumas ordens aqui e ali, já que tudo estava minuciosamente organizado entre os outros funcionários que andei preparando durante a semana.Foi então que o vi.Um homem de beleza hipnot
O silêncio que seguiu minha confissão parecia eterno. Masato me encarava, seus olhos refletindo surpresa e talvez um toque de vulnerabilidade, algo raro de se ver nele. Eu nunca tinha mencionado nada sobre o passado dele antes, mas naquele momento, me pareceu certo.Ele desviou o olhar por um segundo, como se precisasse processar minhas palavras. Quando voltou a me encarar, sua expressão tinha mudado. A máscara habitual de frieza estava rachada, revelando algo muito mais humano por trás."Como você sabe sobre isso?" Ele perguntou, sua voz mais baixa do que de costume. "Eu não costumo falar sobre meu passado."Na verdade, era bem pior: ele intencionalmente escondia essa informação de todos, ou ao menos tentava.Não queria lhe contar que passei quase uma madrugada inteira vasculhando informações sobre ele, muito menos que sabia sobre a origem terrível do orfanato e o porquê de Masato ter parado lá, para início de conversa. Então desconversei:“Ah, você sabe como sou. Gosto de saber onde
Não havia muitos presentes no funeral.Dois antigos vizinhos nossos, um tio e Carmélia. Além de mim, apenas essas pessoas resolveram prestar suas condolências à nossa mãe.Ao questionar minha irmã onde meu pai estava, ela disse que tentou ligar para ele, mas que ele não atendia nem visualizava as mensagens. Provavelmente estava ocupado demais com a esposa mais nova e não tinha tempo para se despedir da mãe de suas filhas.Thomas havia sido muito bondoso ao me permitir sair imediatamente no dia anterior. Lembro-me que fui correndo até o hospital. Os médicos nos disseram que ela teve uma parada cardíaca fulminante, e não houve tempo para sequer tentar reverter o processo.Bem, pelo menos ela estava em paz agora. Olhei para seu corpo inerte no caixão. As lembranças da última vez em que a vi passaram pela minha mente como flashes rápidos: ela rindo, fazendo o que mais amava, sem saber que em poucas horas não estaria mais aqui.O funeral seguiu com orações e murmúrios, mas minha mente esta
Sentados confortavelmente no sofá da enorme sala de estar da mansão, Erick e Frederick jogavam em seus respectivos celulares. Eu estava em minha pausa momentânea, então sentei-me na poltrona. Eva não estava em casa, assim como Thomas, então agora eu fazia papel de babá. Os meninos estavam muito quietos, como anjinhos, o que estranhei, já que geralmente sempre estavam empolgados e dispostos a brincar e correr pelo tempo que conseguissem. Observei-os mais um pouco e resolvi descobrir o que estava acontecendo.“Ei, gêmeos,” comecei, tentando quebrar o silêncio. “Estão jogando o que de bom?”Erick olhou rapidamente, mas logo voltou a atenção ao celular. Frederick, por outro lado, fez uma pausa e me lançou um olhar que não parecia animado. “Nada demais,” ele murmurou.“Vocês estão muito quietos. Normalmente, estão correndo pela casa ou fazendo alguma bagunça,” comentei, tentando soar casual. “Está tudo bem?”Ambos se entreolharam, e a expressão em seus rostos parecia distante, como se es