De manhã cedo, um homem pescava tranquilamente quando, em vez de um peixe, fisgou a mim. Viu que era uma pessoa, largou tudo e correu chamando a polícia. Quando me tiraram da água, eu já estava à beira da morte. Os médicos tentaram de tudo, mas quase desistiram. Chamaram meu marido para assinar os papéis, mas onde ele estava? Cuidando da namorada, que só tinha uma gripe leve. E eu? Morrendo. Nem apareceu. Depois, chorou, se desesperou, implorou… Mas já era tarde.
Lihat lebih banyakA expressão do Enrico, que antes trazia um traço de culpa, fechou na hora.— Valentina, para de fingir que não sabe.Eu… ???Saber o quê?!Se eu soubesse, por que diabos eu ia perguntar?!Será que esse cara não percebe o quanto eu quero ele longe?!Que, se eu puder, nem uma palavra a mais eu quero trocar com ele?!Segurei a vontade absurda de esganar ele na hora e fui direto ao ponto:— Olha, sei que não acredita, mas realmente esqueci algumas coisas depois do acidente.Ele riu.Riu na minha cara.— Ah, pronto. Agora tá com amnésia? — Que engraçado… Esqueceu só essa parte específica, né?Fechei os olhos, respirando fundo.Eu podia tentar explicar. Podia falar que só descobri toda essa história porque li meu próprio diário.Mas olhando pra cara dele…Pra quê?Ele não ia acreditar.Nunca acreditou em mim.Então, quer saber? Foda-se.— Tá bom. Digamos que eu aceite essa ideia absurda de que vocês dois não têm nada.Levantei o queixo, encarei ele sem piscar.— E daí?!
— Se o Enrico quiser me achar cruel, beleza. Mas se quiser se machucar, que faça isso sozinha. Não toca um dedo em mim.Minha voz saiu fria, cortante.— Se fizer isso de novo, se ousar me empurrar na água outra vez, eu jogo esse vídeo no ventilador. E aí, minha querida, nunca mais levanta.Eu queria que ela acelerasse esse divórcio. Mas de jeito nenhum eu ia aceitar ser um dano colateral no processo.Meu corpo está frágil demais agora. Não importava se era por esse casamento ou por qualquer outra coisa, não podia mais sofrer nenhum dano.Antes que a Carina, com aquela cara de quem estava mascando um limão, abrisse a boca, eu virei as costas e saí.Cheguei em casa, tomei um banho e, quando ia me jogar na cama…Dou de cara com o Enrico na minha sala.Minha testa franziu na hora.— Que diabos tá fazendo aqui?Eu tinha mudado a senha de novo. Como caralhos ele entrou?!Hackear leva tempo. E dessa vez, minha senha não tinha nada a ver com as antigas. Não tinha como ele adivinhar.
Carolina estava praticamente cuspindo fogo enquanto berrava:— Valentina, sua desgraçada! Você bateu a cabeça quando caiu, né?! — Ou será que o tombo foi tão forte que deixou seu coração preto de veneno?!Ela me apontava o dedo, tremendo de raiva.— Sabe muito bem que meu primo NUNCA vai ficar com a Carina! E ainda tem a cara de pau de sugerir isso?! — Como alguém pode ser tão maldosa quanto você?! — Como é que o destino pode ser tão injusto?! Aquele penhasco era tão alto, e mesmo assim, você não morreu?!Eu ……???Estava sendo boazinha! Estava dando minha bênção pros dois ficarem juntos! Olha só que generosa!E por que diabos o Enrico não pode ficar com a Carina? Não estavam quase se beijando naquela noite na suíte? A Carina não vive dizendo que ele é louco por ela? Se ele ama tanto assim, qual a desculpa pra ainda não estarem juntos? E se não rola entre eles, por que essa cobra insiste tanto em se enfiar no meu caminho com ele? E o MAIS IMPORTANTE DE TUDO…Se o Enrico
Enrico ainda parecia querer falar alguma coisa, mas, no último segundo, desistiu.A expressão dele ficou rígida, os lábios se abriram um pouco… mas logo se fecharam de novo.No fim, ele só me lançou aquele olhar.Aquele olhar de quem acha que sou uma criança birrenta que não sabe o que tá fazendo.Mas, ao mesmo tempo… um olhar cansado, resignado, como se pensasse: ‘Tudo bem, deixa ela se divertir com isso’.E saiu.Que nojo.Assim que a porta se fechou, Carina estendeu a mão.— Me deixa ver.Ah, então ela queria confirmar se eu tinha mesmo filmado?Pois bem.Abri o vídeo e mostrei pra ela, sem hesitação.Desde o momento em que ela chegou perto de mim na festa, até o segundo exato em que me empurrou na piscina, tudo estava gravado.Cada palavra. Cada sorriso falso. Cada movimento calculado.O rosto dela ficou pálido na hora.Os olhos se arregalaram, cheios de choque e ódio.Porque agora ela sabia.Se esse vídeo fosse divulgado… Meu pai e minha mãe veriam. O Enrico veria
O clima no quarto continuava carregado, cada um esperando o próximo movimento. Mas então, a porta se abriu de repente, e Carolina entrou como um furacão.Carina levantou os olhos para ela.Só um segundo.Mas foi o suficiente.Carolina entendeu tudo na hora.— Carina, fica tranquila! Já chamei a polícia! — anunciou, com um sorrisinho vitorioso. — Logo mais, essa desgraçada vai estar atrás das grades!O ambiente gelou.O rosto do Enrico ficou sério, e uma ruga de irritação surgiu em sua testa.— Carolina, que merda é essa?! Quem te mandou chamar a polícia?! — A voz dele saiu cortante, carregada de irritação.Ele fez uma pausa e seu olhar ficou ainda mais frio.— E outra coisa… se eu ouvir você xingando sua cunhada de novo, vai ter problema.Segurei o riso.Que cara mais sem noção.Me trata como se eu não valesse nada, mas quando outra pessoa me desrespeita, resolve bancar o marido protetor?Decide, né, bonitão?Mas Carolina não estava nem aí.— Agora você quer defender es
Agora, meu pai nem hesitou. Já foi metendo o pé na porta, ansioso para arrancar as ações para a Carina, como se aqueles 10% da JQ Pharma, que valiam mais de cem milhões, fossem apenas dez reais, fáceis de pegar.Mas em que momento exato eles acharam que podiam simplesmente enfiar a mão no meu dinheiro assim, do nada?Carina tentou manter a pose, mas vi seus dedos se apertarem com força no cobertor.Então era isso, né?Ontem, achei que ela tinha me empurrado na água só no calor do momento, por impulso. Mas agora… vejo que fui ingênua demais.Ela já tinha tudo planejado.Se eu não tivesse ido até a piscina, ela ia dar um jeito de me levar até lá.Se não fosse a piscina, seria qualquer outra coisa.O importante era que, no final, tinha que parecer que eu queria matar ela.Assim, ela matava quatro coelhos com uma cajadada só: 1. Me forçava a me humilhar, pedindo desculpas. 2. Facilitava ainda mais a obtenção das ações. 3. Me fazia desistir completamente do Enrico. 4. Fazia o E
Fiz minha melhor cara de inocente.— Ué, só tô elogiando a aparência da minha irmãzinha.Cruzei os braços e inclinei levemente a cabeça.— Agora nem elogiar pode mais?Meus pais já estavam vermelhos de raiva.— Joana, desde quando ficou assim?!Minha mãe me olhava como se eu fosse a pior pessoa do mundo.— Sua irmã sempre foi tão boa com você! Até agora, ela estava pedindo pra gente não chamar a polícia! Disse que foi só um momento de impulso seu e pediu pra gente te perdoar!Ela bufou, a voz tremendo de indignação.— E o que faz? Em vez de reconhecer, ainda tem a audácia de zombar dela?! — Não tem um pingo de compaixão?! Por que sempre persegue a Carina?!Minha mãe bateu a colher na mesa com força, os olhos faiscando, como se estivesse prestes a me bater.— Primeiro, causou o sequestro da sua irmã e nem se deu ao trabalho de pedir desculpa! Depois, a fez querer morrer e a deixou no hospital! — Na festa da sua avó, humilhou sua irmã na frente de todo mundo! E como se não bas
Tentei puxar meu braço, mas ele segurava com tanta força que me machucava. Eu não me atrevia a forçar, então apenas o encarei, minha voz saindo fria e cortante:— Solta. Não vou pedir desculpa.Enrico franziu a testa, impaciente.— Não vai pedir desculpa? Então quer ir pra cadeia?Ele sempre achou que eu tinha caído na piscina por acidente. Só quando Carolina começou a berrar sobre chamar a polícia que ele finalmente percebeu que estavam me acusando de empurrar Carina.— Tem ideia do que fez? Quase matou a Carina!Respirou fundo, como se estivesse tentando manter a calma, e continuou:— Já disse, na frente de todo mundo, que minha esposa sempre será você. Que entre mim e a Carina nunca teve nada. Então por que insiste nisso? Por que teve que jogá-la na água?Os olhos dele se estreitaram, como se realmente não entendesse.— Valentina, será que dá pra ser um pouco menos cruel? Dá pra ter um mínimo de compaixão pela Carina?E pronto.Lá estava.Mais uma vez, exatamente como eu
— Valentina, sua vadia! Como você ousa aparecer aqui?! — A mulher berrou, os olhos cheios de ódio, e veio para cima de mim com fúria.Tentei dar um passo para trás, mas antes que conseguisse me esquivar, um corpo alto surgiu na minha frente, bloqueando o ataque e levando a porrada no meu lugar.O impacto fez Renato franzir a testa. Meu olhar se tornou gélido na mesma hora.A mulher, ao perceber que não tinha me acertado, ficou ainda mais furiosa. Ela apertou os punhos, tremendo de raiva, e apontou um dedo acusador para Renato.— Quem é você?! Por que tá defendendo essa vagabunda?! O quê… é o amante dela?!E, como se tivesse acabado de desvendar o maior escândalo do século, continuou, sarcástica:— Agora tudo faz sentido! É por isso que tá se achando, né, Valentina? Encontrou um otário pra bancar você e já se sente a dona do mundo! — Vou contar para meu primo! Quero ver se ele ainda vai deixar você sair desse casamento sem um centavo sequer!Ah… a gloriosa Carolina, filha da tia
Quem me encontrou foi um pescador que estava lá, tranquilo, curtindo a manhã.Ele jogou o anzol, esperando pegar um peixe… mas quem ele fisgou fui eu.Puxou, puxou, e nada. Então, resolveu chegar mais perto. Quando viu que era uma pessoa boiando na água, largou a vara na hora e saiu correndo feito doido, gritando por socorro e chamando a polícia.Quando os bombeiros me resgataram, eu já estava com um pé na cova, respirando por um fio. Os médicos fizeram de tudo, mas já estavam quase desistindo, achando que era só preparar o caixão e acender vela.Minha própria família? Nem se deu ao trabalho de assinar os papéis.Mas, de alguma forma, eu sobrevivi. Virei um milagre médico.Só que, comparado à dor da queda, acordar com o corpo despedaçado foi uma verdadeira tortura.O corpo humano tem duzentos e seis ossos. Eu quebrei cento e oito. Alguns em múltiplas fraturas.A dor? Insuportável.Eu não podia me mexer. Não podia ser tocada. Quando a enfermeira tentava achar minha veia pra apl...
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