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Meus Gêmeos Fizeram um Mês, Meu Ex Se Arrependeu
Meus Gêmeos Fizeram um Mês, Meu Ex Se Arrependeu
Author: Alice

Capítulo 1

Author: Alice
Quem me encontrou foi um pescador que estava lá, tranquilo, curtindo a manhã.

Ele jogou o anzol, esperando pegar um peixe… mas quem ele fisgou fui eu.

Puxou, puxou, e nada. Então, resolveu chegar mais perto. Quando viu que era uma pessoa boiando na água, largou a vara na hora e saiu correndo feito doido, gritando por socorro e chamando a polícia.

Quando os bombeiros me resgataram, eu já estava com um pé na cova, respirando por um fio. Os médicos fizeram de tudo, mas já estavam quase desistindo, achando que era só preparar o caixão e acender vela.

Minha própria família? Nem se deu ao trabalho de assinar os papéis.

Mas, de alguma forma, eu sobrevivi. Virei um milagre médico.

Só que, comparado à dor da queda, acordar com o corpo despedaçado foi uma verdadeira tortura.

O corpo humano tem duzentos e seis ossos. Eu quebrei cento e oito. Alguns em múltiplas fraturas.

A dor? Insuportável.

Eu não podia me mexer. Não podia ser tocada. Quando a enfermeira tentava achar minha veia pra aplicar a medicação, só de encostar de leve eu já suava frio.

Depois de receber seis bolsas de soro, tudo que eu queria era dormir.

Foi então que o assistente de Enrico entrou no quarto.

— Senhora, o Sr. Enrico pediu que eu a levasse para pedir desculpas à Srta. Carina. Por favor, venha comigo.

Deitada na cama, sem conseguir me mover, encarei ele, confusa. Meu cérebro machucado demorou a processar aquelas palavras.

— Senhora, por favor, levante-se e se arrume. Não irrite o Sr. Enrico de novo. Desta vez, a senhora envolveu a Carina no sequestro e o deixou muito zangado.

— A Srta. Carina é o tesouro do Sr. Enrico. A senhora sabe disso.

O tom dele era respeitoso, mas carregado de impaciência e desprezo.

Mesmo me recuperando, não pude evitar uma risada.

Que marido maravilhoso eu tenho, hein?

Quando os sequestradores, no alto do penhasco, mandaram Enrico escolher entre nós duas, ele nem hesitou. Escolheu a queridinha e me condenou à morte.

Agora, mesmo depois de eu ter escapado por um milagre, estando fraca demais pra mover um dedo, ele quer que eu peça desculpas pra ela?

Com dificuldade, abri a boca. Minha voz saiu rouca, fraca:

— Diga pro Enrico que eu não vou pedir desculpas. Pelo contrário, eu dou ele de presente pra Carina. De brinde. Que sejam felizes e tenham muitos filhos.

Depois disso, fechei os olhos. Não tinha mais forças pra dizer nada.

A dor era insuportável. Cada ferida no meu corpo parecia uma boca me mordendo. Eu só queria dormir. Desligar. Não sentir mais nada.

O soro tinha sedativos. Não demorou muito e eu apaguei.

Não faço ideia de quanto tempo passou.

Quando abri os olhos de novo, dei de cara com o olhar furioso de Enrico.

Sempre arrogante e cheio de si, mas agora, com raiva, a frieza dele parecia ainda pior.

Um arrepio percorreu minha espinha.

— Por que você não foi pedir desculpas pra Carina? Você sabe que, por sua culpa, ela foi sequestrada e pegou um resfriado?

— Além disso, quantas vezes eu já disse que não há nada entre nós? Até quando você vai continuar com essas paranoias e humilhando a Carina?

Eu olhei pra ele, atônita. De repente, parecia que eu não o conhecia mais.

Antes, se eu cortasse o dedo, ele ficava desesperado.

Agora, eu estava ali, toda enfaixada como uma múmia, sem conseguir mover as mãos, e ele só se preocupava com o resfriado dela.

Não consegui segurar:

— Enrico… eu tô gravemente ferida. Não consigo nem mexer as mãos.

Eu achei que, dizendo isso, ele pelo menos fosse me olhar. Que fosse sentir um mínimo de culpa.

Mas quem diria…

Ele riu. Riu na minha cara.

Frio, sarcástico.

— E daí? Se tá machucada, foi por sua própria culpa.

Eu encarei ele, sem saber o que dizer. Só ri.

Sete anos de relacionamento… e a gente chegou nisso.

Não sei se meu riso foi tão patético que ele chegou a vacilar um segundo. Mas logo voltou ao desprezo.

— Valentina, você tá cada dia mais dramática.

— Essas bandagens até parecem reais.

E, sem aviso, ele puxou as ataduras.

Eu não conseguia respirar de tanta dor. Era como se meu corpo inteiro tivesse sido esmagado.

Antes que eu pudesse reagir, ele apertou meu braço.

— O que é isso? Sangue? Nossa, a cor tá bem real. Comprou sangue de verdade pra deixar a encenação mais convincente?

Ele pressionou meu braço com força. Os ossos recém-reparados se romperam de novo.

A dor foi tão forte que meu corpo paralisou. O suor frio desceu na hora. Eu tremia inteira.

Quis pedir pra ele me soltar. Mas a dor era tanta que eu não conseguia nem falar.

Ele me olhou. E então, pela primeira vez… pareceu perceber que algo estava errado.

— Você…

Mas antes que pudesse terminar a frase, o celular dele tocou.

O toque especial.

O toque dela.

Na mesma hora, ele parou de olhar pra mim e atendeu.

— Não se preocupa, tô indo agora.

E saiu às pressas. Sem nem olhar pra trás.

Na pressa, arrancou sem querer um dos meus tubos.

Na mesma hora, comecei a sufocar.

Tentei desesperadamente chamar ele. Tentei pedir ajuda.

Mas não consegui soltar nenhum som.

A falta de ar foi aumentando. Parecia que alguém estava apertando meu pescoço.

A escuridão me envolveu.

Talvez eu fosse morrer mesmo.

Quem diria que eu não morreria nas mãos dos sequestradores. Nem na queda.

Mas sim pelas mãos do homem que eu mais amei.

O homem por quem eu dei tudo.

Naquele momento… a dor no meu coração superou todas as outras.

Doeu tanto… que o amor deixou de fazer sentido.

Não sei se Deus tá de brincadeira comigo ou se só gosta de me ver sofrendo.

Mais uma vez, não morri. Mais uma vez, ouvi do médico que sou dura na queda.

Ele disse que, por sorte, a enfermeira-chefe, antes de sair do plantão, sentiu um negócio esquisito e resolveu dar uma última olhada em mim. Foi aí que percebeu que algo estava errado e me jogou direto na emergência. Se tivesse demorado mais uns minutinhos, já era.

Segundo ele, nunca viu alguém com uma vida tão teimosa quanto a minha.

Olhei pro médico sem saber o que falar. Só soltei um sorrisinho de canto.

Dessa vez, depois de acordar, senti um vazio estranho, tipo aquela sensação de que tá faltando alguma coisa, mas sem saber o quê. Fucei na memória, tentei lembrar de tudo, da infância até agora, mas parecia que nada estava perdido.

Só não faço ideia de como aqueles tubos saíram do meu corpo.

O médico disse que, depois de um trauma desses, esquecer algumas coisas era normal. Mandou eu relaxar e focar na recuperação.

Fazia sentido. Então, deixei pra lá.

Mas, como se já não bastasse, meu estado piorou e acabei presa na cama por mais de dois meses.

Quando finalmente consegui me mexer, ainda estava meio capenga.

Estava morrendo de sede, mas, por mais que me esticasse, o copo na mesa parecia a quilômetros de distância. Suei, fiz força, quase desmontei, mas, na hora que finalmente peguei… minha mão falhou e o copo despencou no chão.

Olhei pra água espalhada pelo chão e só fiquei com mais sede ainda.

Ia tentar pegar outro quando, do nada, um homem alto entrou no quarto.
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