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Capítulo 3

Author: Chuva Solitária
Bruno assentiu levemente.

Manuel esboçou um sorriso indiferente e se retirou, deixando espaço para o casal cuja relação estava em frangalhos.

Assim que Manuel saiu, Bruno lançou um olhar para a roupa de Helena e franziu ligeiramente a testa antes de dizer:

— Por que você está vestida assim? Volte e troque de roupa. Daqui a pouco vamos juntos para a mansão da família Lima jantar.

Helena sabia muito bem que "jantar", no dicionário de Bruno, significava encenar uma demonstração de afeto.

Tudo por causa das ações nas mãos de Diogo.

Às vezes, Helena sentia que Bruno era um homem contraditório. Sempre mantendo uma postura arrogante e distante, mas, na realidade, mais interessado em lucro do que qualquer um. Um verdadeiro filho do mundo dos negócios.

Ela não se opunha a jogar o jogo. Antes da divisão dos bens, os interesses vinham em primeiro lugar.

Com isso em mente, voltou ao escritório e trocou de roupa, vestindo um conjunto elegante antes de descer pelo elevador privativo ao lado de Bruno.

Dentro da cabine, estavam apenas os dois.

Bruno olhou o relógio e disse, em um tom impassível:

— Depois da conversa com Manuel, imagino que você tenha desistido da ideia do divórcio. Hoje ainda é um dos seus dias férteis. Se prepare quando chegarmos em casa. Se não gosta, eu terminarei o mais rápido possível.

Helena soltou um riso carregado de ironia. Era sempre assim. Quando Bruno falava em ter um filho, o fazia com total frieza.

Quatro anos de casamento. Quatro anos suportando aquilo.

Ela respondeu com um tom ainda mais indiferente:

— Digo o mesmo de sempre: me dê metade do patrimônio e você estará livre.

Bruno não gostou nada da resposta. Estava prestes a perder a paciência quando, de repente, o elevador parou.

As portas se abriram lentamente.

Do lado de fora, uma jovem de vestido branco entrou com leveza. Tinha um ar puro e delicado.

Era Camila.

Ela hesitou por um instante, depois se virou para Helena com um olhar suplicante e perguntou timidamente:

— O elevador dos funcionários está quebrado. Presidente Helena, posso usar este só por um momento?

Dentro daquela cabine havia três pessoas. Mas o embate era apenas entre duas.

Helena pressionou o botão de abertura, mantendo as portas escancaradas. Não disse uma única palavra, mas sua intenção era clara.

Camila ficou visivelmente constrangida. Seu rosto bonito corou de vergonha, os lábios trêmulos se mordiscando. Sem coragem de insistir, ergueu os olhos na direção de Bruno, em busca de uma salvação silenciosa.

Bruno, no entanto, falou com suavidade:

— Siga as instruções da Presidente Helena.

Camila, relutante, recuou e saiu do elevador.

Aquele pequeno episódio deixou Helena enojada.

Ela permaneceu em silêncio o tempo todo, até que chegaram ao estacionamento e entraram no carro. Só então Bruno, enquanto ajustava o cinto de segurança, quebrou o silêncio com um tom indiferente:

— Não tenho nada com ela. Você está pensando demais.

Helena virou o rosto e o encarou, tranquila.

— Está com pena dela? Bruno, acho melhor você passar no hospital.

Bruno interpretou mal. Pensou que ela se referia à questão da gravidez e respondeu com naturalidade:

— Minha fertilidade não tem problema.

Helena soltou uma risada fria.

— Não estou falando disso. Estou sugerindo que vá a um urologista ver se está limpo. Se não pegou nenhuma doença contagiosa!

Bruno ficou furioso.

Num movimento brusco, soltou o cinto de segurança e puxou Helena para si, acomodando ela sobre seu colo. Por sorte, o banco do motorista era espaçoso o suficiente para permitir que ele se movesse sem dificuldade.

O corpo dela bateu contra o volante, causando-lhe uma dor aguda.

Helena lutou para se livrar dele, empurrando ele com força.

— Bruno, você enlouqueceu?!

Seu marido, sempre tão frio, agora a segurava com firmeza, fazendo coisas que a deixavam profundamente constrangida. Em resposta, Helena agarrou os cabelos negros dele com tanta força que poderia arrancá-los.

Finalmente, Bruno parou.

Ele ergueu o rosto para encará-la.

Sob a luz fraca do estacionamento subterrâneo, seus cílios longos lançavam sombras sutis sobre seu rosto esculpido. Pela primeira vez, havia algo de suave e melancólico em sua expressão.

Helena ficou ligeiramente atordoada.

No segundo seguinte, Bruno segurou sua nuca e tomou seus lábios em um beijo feroz.

Ele não apenas a beijou, mas mordeu com brutalidade sua língua, rompendo a pele até que o gosto metálico do sangue se espalhasse entre eles.

O sangue se misturou.

Helena ficou paralisada.

Ela olhou para aquele rosto bonito com descrença, seu olhar carregado de desprezo.

Com os lábios ainda colados aos dela, Bruno arfou, visivelmente tentando se conter:

— Sra. Lima, estou limpo ou não?

Helena o empurrou com força.

Ela tateou o assento ao se sentar de volta no banco do carona, as mãos trêmulas enquanto ajeitava o conjunto impecável que vestia. No entanto, seu peito ainda subia e descia com violência devido à impetuosidade avassaladora de Bruno. Aquela onda de emoções desconhecidas a assustava, e Helena se esforçou para manter a aparência de calma.

— Fique tranquilo, vou pedir para a secretária agendar um exame.

Bruno também estava tomado pelo desejo, mas, ao ver a expressão indiferente de Helena, o fervor se dissipou.

Ele afivelou o cinto de segurança e, com um leve pressionar do pé no acelerador, arrancou com o carro.

Ao longo do caminho, o celular de Bruno tocou inúmeras vezes, acumulando mais de uma dezena de chamadas não atendidas. Helena supôs que fosse Camila tentando entrar em contato. Como já havia decidido pelo divórcio, não se deu ao trabalho de perguntar.

Bruno lançou-lhe um olhar de soslaio.

...

Meia hora depois, o carro preto entrou lentamente na imponente mansão.

Ao estacionar, Bruno conferiu o celular e comentou, com indiferença:

— Questões de trabalho.

Helena não respondeu.

Bruno franziu a testa, insatisfeito, e estava prestes a dizer algo quando uma empregada da mansão da família Lima abriu a porta do carro, recebendo-os com um sorriso solícito:

— O jantar de família do Sr. Diogo já começou. Todos estão esperando o Sr. Lima e a Sra. Lima. Entrem logo para se acomodarem!

Bruno fez um leve aceno de cabeça, imponente e elegante. Foi ainda além: num gesto de consideração, tomou a mão da esposa, encenando com perfeição o papel do marido apaixonado.

Para Helena, tudo aquilo era pura falsidade.

Juntos, os dois entraram na sala de jantar e tomaram seus lugares à mesa.

Diogo tinha dois filhos: o primogênito, Vítor Lima, e o caçula, Tomás Lima, pai de Bruno.

Ao redor da grande mesa redonda, todos os lugares estavam ocupados. Diogo, que provavelmente já estava ciente da existência de Camila, repreendeu Bruno com algumas palavras e, logo em seguida, se dirigiu a Helena com frases conciliatórias.

Era óbvio o que ele queria: um neto.

Bruno lançou um olhar para Helena e, com um sorriso despreocupado, brincou:

— Pois então, esta noite eu e a Helena vamos nos esforçar.

Diogo fingiu um ar contrariado e resmungou de propósito:

— Quatro anos de casamento e até agora só se esforçou à toa!

Bruno riu e desviou do assunto com algumas palavras bem-humoradas.

Helena continuou a comer em silêncio, seu semblante estava tranquilo. Ninguém ali sabia que ela praticamente não podia ter filhos.

Tudo por causa de Bruno!

Foi então que o celular dele voltou a tocar. Ele olhou para a tela e, sem hesitar, saiu para atender na frente da casa. Era evidente que se tratava de uma ligação particular.

Diante de Helena, uma pequena porção de peixe foi delicadamente colocada em seu prato.

Diogo falou com um tom carregado de significado:

— Homens são como gatos, às vezes não resistem a uma escapadela, mas, um dia, acabam sossegando.

Helena respondeu com indiferença:

— Isso só deve acontecer depois que ele morrer.

A criada ao lado abafou uma risada com a mão.

O humor de Helena não estava dos melhores. Se sentindo sufocada, se levantou antes do fim do jantar e foi para o jardim dos fundos em busca de um pouco de paz.

À beira da piscina, a luz fria da lua se refletia na água imóvel.

Uma silhueta alta e esguia surgiu, recortada pelo luar. O homem tinha traços semelhantes aos de Bruno, não totalmente idênticos, mas o bastante para denunciar o laço de sangue entre eles. Ele era Eduardo Lima, primo de Bruno.

Eduardo detestava Helena. Se não fosse por ela, sua derrota não teria sido tão humilhante.

Saber que Bruno tinha uma amante lhe causava um prazer genuíno.

Ele estendeu a mão, entregando um pequeno maço de fotos a Helena. Eram imagens explícitas da intimidade entre Bruno e Camila.

Nos lábios de Eduardo surgiu um sorriso frio.

— Sabe quem é essa mulher? O pai dela é o Marco Fernandes, um pintor renomado, com nome e prestígio. A mãe dela, além de rica, ainda é amiga da mãe do Bruno. E você, Helena? Uma órfã... Como pretende competir com ela? Tome cuidado, ou meu primo, que não tem um pingo de piedade, vai acabar te devorando até os ossos. Se aceitar minha proposta agora, ainda dá tempo.

...

Helena folheou as fotos rapidamente e, sem a menor hesitação, atirou-as no lixo.

Ergueu o rosto para encarar Eduardo, esse homem implacável com quem já travara inúmeras batalhas. Sua expressão permaneceu serena ao responder:

— Agradeço o conselho, mas, infelizmente, não preciso dele.

Eduardo soltou um riso sarcástico.

— Então vou aguardar ansioso pelo dia em que Bruno te descartar.

Helena sorriu de leve.

Ela não se importava.

Na verdade, já tinha decidido que não queria mais Bruno.

O motivo pelo qual ainda mantinha as aparências era porque as negociações de interesses entre eles não haviam sido concluídas. Assim que conseguisse o dinheiro e as ações que lhe eram de direito, Bruno seria apenas uma lembrança distante. Todo o amor e ódio ficariam para trás.

Após se livrar de Eduardo, Helena deixou o jardim e caminhou de volta para o salão principal.

Assim que ergueu os olhos, viu Bruno.

Ele estava parado sob a marquise, em silêncio. A iluminação suave destacava ainda mais seus traços aristocráticos e impecáveis.

Era esse rosto que, um dia, a fez se perder completamente, incapaz de resistir.

Agora, porém, o olhar dele parecia mais denso que a própria noite.

Bruno havia presenciado sua conversa com Eduardo.

E aquela sensação incômoda voltou a lhe corroer por dentro a mesma que sentiu quando Manuel observava Helena na cafeteria...

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