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Capítulo 5

Penulis: Íris Bastos
Larissa puxava sua mala enquanto saía pelo portão da mansão, de frente para o movimento intenso das ruas, com uma sensação de perda e desorientação.

Aquela foi sua casa por oito anos. Ou pelo menos, ela achava que era.

Embora tivesse decidido terminar o relacionamento e se mudar, ainda não tinha tido tempo de procurar um lugar para morar. Agora, para onde poderia ir?

Enquanto estava perdida nesses pensamentos, seu celular vibrou duas vezes.

Viu uma mensagem de Almir.

[Tô fora do país agora, o tempo tá bom, mas o trabalho tá pegando. De manhã só comi um pão, difícil de engolir, acho que é porque prefiro comida de casa. Não almocei porque foi corrido, e de noite vou ter um jantar de negócios. Provavelmente vou acabar bebendo bastante, o que eu detesto... mas faz parte, né?]

A mensagem em áudio era longa, cheia de detalhes triviais, como se ele estivesse fazendo um relatório de trabalho. Larissa achou aquilo um tanto estranho, mas a última frase chamou sua atenção.

Ele mandou mais mensagem:

[Ah, quase esqueci, moro na Mansão das Nuvens, casa 8. Pode se mudar pra lá quando quiser. A partir de agora, essa vai ser nossa casa. Se não gostar, a gente pode procurar outro lugar.]

Mansão das Nuvens? Ele morava bem perto!

Ela foi até a casa 8. Usando a senha que Almir enviou, destrancou a porta. Assim que entrou, foi recebida por um ambiente frio e vazio.

A planta da casa era igual à da casa onde ela morava antes, mas o estilo era bem diferente: a casa antiga tinha tons quentes, quadros nas paredes e móveis por todo lado. Já a casa de Almir era em preto e branco, minimalista e quase vazia. Na sala, nem sofá tinha.

Ela pensou:

“Como alguém consegue morar aqui?”

Com essa dúvida, subiu para o segundo andar, que era igualmente vazio.

Dos três quartos, apenas a suíte tinha uma cama, mas nada, nem um armário sequer.

Ela deduziu que Almir não morava ali ou só passava pouco tempo no local, e por isso a casa havia sido decorada de forma tão básica, sem qualquer toque pessoal.

Após passar a manhã inteira se organizando, Larissa terminou de arrumar suas coisas e, com fome, foi direto para o trabalho sem almoçar.

No hospital, Camila dividiu com Larissa um pão de queijo e um pouco de café preto. E, claro, aproveitou o momento para mostrar o quanto era feliz no casamento.

Ela disse, com um sorriso de vitória:

— Meu marido fez pão de queijo ontem à noite e acordou cedo pra assar. Ele sabe que amo!

Larissa sorriu de volta:

— Você tem sorte. Melhor ficar de olho nele, se não vou roubar ele de você

Camila riu, ainda mais convencida:

— Pode tentar, ele só tem olhos pra mim!

Aquele dia foi leve e tranquilo para Larissa. Ela se sentia mais leve, como se tivesse tirado um peso enorme das costas.

Os últimos oito anos foram marcados por um amor unilateral, cheio de esforço e sofrimento. Agora, com tudo aquilo para trás, ela percebeu que a vida podia ser muito mais simples e feliz.

À tarde, recebeu uma mensagem de Leandro:

[Você ainda quer os seus livros? Se não quiser, vou jogar tudo no lixo.]

Ela leu, ignorou, e logo em seguida apagou o número dele e o bloqueou no WhatsApp.

Na verdade, ela deixou muitas coisas na casa, porque era impossível empacotar oito anos de vida de uma vez. Mas aqueles livros eram o menor dos seus problemas.

Mais tarde, já perto do fim do expediente, Almir respondeu à mensagem que ela enviou mais cedo.

Ela disse:

[Mudei pra sua casa.]

Ele respondeu:

[Seja bem-vinda.]

Só duas palavras, mas que de alguma forma aqueceram o coração de Larissa.

Então, ela mandou outra mensagem:

[Posso dormir na sua cama?]

Sabendo que ele não responderia imediatamente, Larissa guardou o celular e foi pegar o metrô. Mas, assim que entrou no vagão, sentiu que havia algo estranho na mensagem que enviou.

Ela pegou o celular de novo, pensando em esclarecer que compraria outra cama depois. Mas, antes que pudesse digitar, Almir já tinha respondido:

[Sim.]

Apenas uma palavra, mas que fez o rosto de Larissa corar. Era tarde devido ao fuso horário, algo como três da manhã. Será que ele ainda estava acordado?

Quando saiu do metrô, decidiu passar no mercado. A casa de Almir precisava de muitos ajustes. Enquanto estava na entrada do mercado, recebeu uma ligação de Luís:

— Larissa, me ajuda!

Ela parou, confusa:

— O que aconteceu?

— Alguém me cortou com uma faca!

— O quê?!

Quando Larissa chegou no bar do Felipe, o lugar já tinha sido esvaziado. O pátio estava bagunçado, com sinais claros de uma briga. Garçons recolhiam cacos de garrafas e cadeiras quebradas.

Eles apontaram para uma sala nos fundos. Larissa foi até lá e viu tudo destruído: garrafas quebradas, móveis virados, o caos completo.

Leandro estava encostado no sofá, com o rosto sombrio e um corte na cabeça que ainda sangrava.

Larissa olhou rapidamente para ele e se virou para sair.

Luís apareceu na porta, segurando o braço ensanguentado:

— Larissa, ainda bem que você veio! Me ajuda!

Ele apontou para o ferimento:

— Olha aqui, me cortaram de verdade.

Nesse momento, Felipe apareceu, empurrando Luís para o lado e entregando uma caixa de primeiros socorros para Larissa e pediu:

— O Leandro não quer ir pro hospital e não deixa ninguém tocar nele. Só você pode ajudar.

— Nós dois terminamos. Se ele morrer ou não, não faz diferença pra mim.

— Entendo. Mas, mesmo assim, você pode ajudar como amiga, não pode?

— Nós não temos como ser amigos.

— Larissa, faz isso por mim, vai?

Ela hesitou por um momento, mas acabou pegando a caixa.

Antes de entrar, Felipe a puxou de lado e explicou o que aconteceu:

— A Bianca tá grávida do Rafael, mas ele não quer assumir. Ainda pediu pra ela tirar o bebê. O Leandro o chamou pra resolver, mas rolou briga. No final, o Rafael deu uma garrafada na cabeça do Leandro.

Larissa arqueou as sobrancelhas:

— E a Bianca?

— Foi atrás do Rafael.

— Que cena ridícula!

— Então, por favor, não mencione o nome deles. Ele já tá irritado o suficiente.

Larissa não prometeu nada, mas entrou com a caixa.

Leandro estava respirando pesadamente, claramente furioso. Quando ouviu os passos dela, levantou a cabeça e, ao reconhecê-la, ficou ainda mais irritado:

— Quem te chamou aqui? Veio rir da minha cara, foi?

Sem responder, Larissa pegou uma cotonete, molhou no antisséptico e se aproximou para limpar o ferimento.

Leandro gritou:

— Prefiro morrer sangrando a deixar você tocar em mim!

Larissa já estava acostumada com o temperamento explosivo dele. Sem dizer nada, limpou o ferimento e o enfaixou com eficiência.

Ela disse, e se virou para Felipe e Luís:

— O corte é fundo. Ele precisa ir pro hospital pra dar pontos.

Quando estava prestes a sair, Leandro segurou seu braço:

— Você me bloqueou?

Larissa puxou o braço de volta:

— Já terminamos, é bom cortar tudo, né? Assim você não precisa se preocupar.

— Tô mandando você adicionar meu contato agora!

— Tá delirando, né? Vai pro hospital tratar isso.

Ela deu as costas e foi embora.

A voz do Leandro soou atrás dela:

— Bianca desistiu de casar comigo. Então vou casar com você.

Larissa parou. Olhou para ele e viu um sorriso arrogante, como se estivesse fazendo um favor:

— Guarda sua 'generosidade' pra outra pessoa. Já decidi casar com alguém.

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