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Capítulo 6

Author: Íris Bastos
Leandro a observou por um tempo, depois deu uma risada alta:

— Casar com outro? Tá brincando, né? Você é minha. Quem mais ia querer você? Já falei que vou casar com você, você ganho. Está feliz, né?

Ele olhou ao redor, pegou uma lata de cerveja que ainda não foi aberta do chão e tirou o lacre. E olhou para latinha, fez uma careta e caminhou até Larissa.

Depois, pegou a mão de Larissa, fez uma cara de desdém e, em seguida, colocou o lacre no dedo dela:

— Agora acredita?

Larissa olhou o lacre em seu dedo e deu um sorriso silencioso.

No fundo, ela pensava como era ridículo que Leandro pensasse que um simples lacre fosse a chave para prendê-la.

Ela puxou a mão dele com força, tirou o lacre e jogou de volta para Leandro:

— Deixa pra Bianca, eu não mereço.

Dito isso, ela saiu apressada.

Leandro gritou atrás dela:

— Às nove da manhã, estarei na porta do cartório, chegue na hora certa!

Ao ouvir isso, ela sorriu com sarcasmo e não parou, seguindo em frente até sair do salão.

— Larissa!

Felipe saiu correndo atrás dela, com cara de desculpa.

— Leandro tá fora de si, você...

Ele queria falar em defesa de Leandro, mas não conseguiu continuar. Na verdade, ele fez foi absurdo.

— Vou fazer a Bianca saber que não sou só eu que quero ela! Se ela não me quer, tem mulher querendo me casar!

O grito de Leandro pôde ser ouvido do salão, e Larissa balançou a cabeça com um sorriso fraco.

Ela disse com Felipe:

— Viu? Ele tá só com raiva da Bianca, não quer mesmo casar comigo.

— Ele e a Bianca não combinam.

— Não é problema meu, mas se você me considera amiga, me respeita, eu e ele já terminamos.

Felipe a olhou, e pela primeira vez viu a determinação nos olhos dela. Dessa vez, parecia que o término era para valer.

Ao voltar para a casa, Larissa estava morrendo de fome, seu estômago roncando. Ainda não jantou.

Quando passou na loja de conveniência mais cedo, comprou apenas um pacote de macarrão instantâneo.

A cozinha estava vazia, mas pelo menos tinha uma panelinha. Ela fez o macarrão e percebeu que não tinha tigela, então comeu direto da panela.

Foi quando Almir mandou uma foto para ela, uma foto de sopa de carne:

[Cozinhei a carne ontem, hoje só fiz a sopa. Ficou ótimo!]

Ao olhar a foto e a legenda, Larissa sorriu.

Almir era um cara bem peculiar.

Ele assumiu o papel de noivo tão rápido, e gostava de falar sozinho.

Larissa pensou por um momento, tirou uma foto do macarrão instantâneo dela e mandou.

A resposta não demorou:

[Quer provar a sopa que eu fiz?]

Larissa mandou um emoji de palmas, mas logo ficou pensando se foi um pouco exagerado.

Mas Almir respondeu logo:

[Quando eu voltar, faço pra você.]

Larissa ficou olhando aquelas palavras e, de repente, algo estranho apertou seu coração, uma sensação doce.

No dia seguinte, bem cedo, Larissa foi ao hospital. Passou primeiro pela internação para visitar os pacientes. Quando chegou à obstetrícia, a enfermeira-chefe, Kelly, a chamou e a levou para a ala VIP no andar de cima.

Kelly disse:

— O diretor pediu pra você assumir um paciente.

— Eu?

— Sim, pediu só você.

Quando chegaram na ala VIP, Larissa viu Leandro encostado na parede.

Ele estava com a cabeça enfaixada e um olhar impaciente enquanto fumava um cigarro.

Era proibido fumar ali, mas os médicos e enfermeiros que passavam por ele fingiam que não viam. Ninguém ousava dizer nada.

Kelly informou o número do quarto e saiu apressada para continuar o trabalho. Larissa foi até o quarto indicado, bem atrás de onde Leandro estava.

A porta estava fechada, mas Larissa conseguiu ver Bianca pela janela de vidro, deitada na cama.

Na noite anterior, Bianca tentou se matar cortando os pulsos.

Segundo Kelly, o ferimento não era grave. Mesmo que ela não tivesse ido ao hospital, o corte provavelmente cicatrizaria sozinho. Mas o ato em si causou um grande alvoroço, e a chegada dela de madrugada gerou bastante confusão.

Leandro ergueu os olhos e, ao ver Larissa, pareceu encontrar um alvo para descarregar a raiva. Ele jogou o cigarro no chão e pisou nele com força:

— Devido a um cara irresponsável, ela tentou se matar! Me diz, vale a pena? Tô te perguntando, vale a pena?

Larissa arqueou as sobrancelhas:

— Tá perguntando pra mim?

— Vocês duas não são mulheres?

Ela deu um meio sorriso:

— Não vale. Pelo menos eu não faria isso por um babaca.

Leandro franziu a testa:

— Isso foi uma indireta, né?

— Você que perguntou.

Ignorando o mau-humor dele, Larissa abriu a porta e entrou no quarto.

Aquele quarto VIP era o mais luxuoso do hospital, com uma decoração que lembrava uma suíte presidencial de hotel.

Bianca estava deitada na enorme cama de casal, recebendo soro, com lágrimas rolando pelo rosto.

Quando viu Larissa entrar, virou a cabeça para o lado, encarando a janela.

Larissa foi até ela, checou o ferimento no braço e usou o estetoscópio para examinar:

— Olhei os seus exames. O corte no braço não é grave e, por enquanto, o bebê tá bem. Então, não precisa se preocupar.

Bianca perguntou com a voz embargada:

— E ele?

— Quem?

— O Leandro.

— Ele tá lá fora.

— Por que ele não entra pra me ver?

Larissa ficou em silêncio.

Esses dois tinham algum problema na cabeça? Por que tudo tinha que ser perguntado para ela?

Bianca começou a falar sozinha:

— Sei que ele veio ontem à noite, mas não quis me ver. Sei que dessa vez magoei ele, mas juro que foi a última vez. Já desisti completamente daquele homem.

Larissa suspirou:

— Olha, Srta. Bianca, espera aí. Vou chamar o Leandro, pode falar isso com ele.

— Não, tô falando pra você.

Bianca virou a cabeça para encará-la. Mesmo com o rosto cheio de lágrimas, sua expressão ainda era cheia de arrogância, e continuou:

— Antes, eu realmente pensei em casar de mentira com o Leandro, só pra enganar os outros. Mas agora, eu quero casar com ele de verdade.

Pois é, essa era a vantagem de ter um reserva: sempre tinha alguém para preencher o vazio.

Assim como ela era para Leandro, e como Leandro era para Bianca.

Larissa perguntou com um sorriso irônico:

— Tá me falando isso por quê?

— Quero que você saiba que é melhor parar de correr atrás do Leandro.

— Corro atrás dele?

Bianca suspirou, como se estivesse com pena:

— Sei que você ama ele. Mas ele me ama. E se eu quiser ficar com ele, você não vai ter espaço. Mas, por consideração aos seus oito anos com ele, posso te dar uma compensação.

Compensação?

Aquilo era interessante.

Com as mãos nos bolsos do jaleco, Larissa olhou para Bianca com um ar divertido, e falou lentamente:

— Na verdade, ontem à noite o Leandro me pediu em casamento.

Bianca ficou visivelmente tensa ao ouvir isso:

— Se eu disser sim, viro a esposa dele na mesma hora.

— Ele só ama a mim.

— E daí? Esses oito anos foi comigo que ele dividiu a cama. Você estava ocupada dormindo na cama de outro homem.

— Você...

Larissa disse, sarcástica:

— Então, pensa bem na compensação que vai me oferecer. Quem sabe assim eu não largue esse ‘grande homem’ pra você?

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