— Você fala assim, mas sabe o que aconteceu naquele dia. Lulu já implorou para ela tantas vezes, e você acha que Lulu não voltou chorando todas as vezes? Aquela desgraçada tem um coração tão cruel assim? O que ela não seria capaz de fazer! — Celina estava furiosa, claramente cheia de ressentimentos contra Margarida. — De qualquer forma, o que aconteceu hoje não pode dar errado. Ligue para a Margarida e diga que o avô dela está com saudades e quer vê-la em casa agora mesmo! Celina não podia deixar que sua querida filha, Lurdes, fosse prejudicada de maneira alguma. Mas, da última vez, quando Dámaso descobriu sobre o relacionamento entre Margarida e Afonso, ele ficou furioso e deixou bem claro: enquanto Margarida não aceitasse, ele não daria a sua aprovação para o casamento de Lurdes e Afonso. Isso quase levou Celina a uma briga com Dámaso, mas ela sabia exatamente o que ele tinha em mente. Ela sabia que, na família Barbosa, era Dámaso quem ainda estava no comando. — Tá, tá, eu já
Cidade Nova da Luz, em pleno outono. Assim que desceu do avião, Margarida pegou sua bagagem e saiu do aeroporto, respirando profundamente. Era uma sensação familiar, que ela tanto sentia falta. Já fazia um ano. Um ano inteiro que ela passou no exterior representando sua empresa em um programa de capacitação. Agora, finalmente, estava de volta. Pensar que, em poucos dias, seria o terceiro aniversário de namoro com Afonso Ferreira fazia seu coração bater mais forte. Margarida havia trabalhado incansavelmente para conseguir voltar antes do previsto e surpreendê-lo com sua presença. Sem perder tempo, pegou um táxi diretamente para a empresa de Afonso. Assim que entrou pela porta principal, foi recebida com um olhar incrédulo da recepcionista, Eulália. — Diretora Margarida? Você voltou? Veio especialmente para o casamento do Presidente Afonso? Margarida franziu a testa, sem entender o que Eulália estava dizendo. — Casamento do Presidente Afonso? Do que você está falando, Eulália
Margarida saiu correndo do hotel. Até pouco tempo atrás, ela tentava manter as aparências lá dentro, mas agora lágrimas escorriam sem controle por seu rosto. De repente, um som agudo de pneus freando bruscamente ecoou pelo ar. Margarida, assustada, deu um salto para trás e acabou caindo no chão, em choque com o carro que havia parado repentinamente à sua frente. O motorista, nervoso, engoliu em seco e olhou para o homem no banco de trás: — Sr. Mauro...? O homem franziu levemente a testa. O incidente parecia não ter abalado seu estado de espírito. Ele lançou um olhar tranquilo para o assento ao lado do motorista. — Jorlando, desça e veja o que aconteceu. — Sim, Sr. Mauro. — Jorlando saiu rapidamente do carro e foi até a frente para verificar. A cerca de dois metros do veículo, uma mulher estava sentada no chão. Seus olhos estavam arregalados, visivelmente em choque. No rosto ainda havia rastros de lágrimas, evidenciando que havia chorado recentemente. — Senhorita? Está t
Margarida estava sendo segurada pelos homens e tentou se soltar, mas estava completamente fraca e sem forças. Sua visão estava turva enquanto ela olhava para o homem à sua frente. — O que você quer fazer? — Perguntou ela. — Claro que vou te levar para se divertir um pouco... — Disse o homem, com um tom ambíguo, enquanto a segurava. — Vou te levar para um lugar bem animado. Mesmo confusa, Margarida não era ingênua a ponto de não perceber as intenções maliciosas do homem. Porém, naquele momento, seu corpo estava tão desconfortável que ela sabia que não teria a menor chance de resistir. Olhando ao redor, procurava ajuda desesperadamente, mas ninguém parecia se importar com ela. Em meio à confusão, ela viu uma figura se aproximando. Sem pensar duas vezes, reuniu todas as suas forças para empurrar os dois homens e correu, se chocando fortemente contra o homem que vinha em sua direção. — Me ajude! — Implorou Margarida, se agarrando firmemente à camisa do homem. Sentiu um aroma fre
No terraço do Reino da Luxúria, havia um quarto exclusivo para Mauro. Ele abriu a porta e carregou Margarida para dentro. Nesse momento, Margarida estava tão desconfortável que parecia um polvo agarrado ao corpo de Mauro, sem qualquer traço de elegância. Mauro precisou de certo esforço para desgrudar Margarida de si e, sem cerimônias, a jogou dentro do banheiro. Inspirou profundamente e ligou para Jorlando: — Traga gelo para cá. — Mauro desligou o telefone e viu Margarida tentando sair da banheira. Ele estendeu a mão e imediatamente a empurrou de volta, ao mesmo tempo que ligava a água fria. — Não se mexa! Sua voz era extremamente dura, especialmente quando percebeu que a água da banheira refletia as curvas perfeitas do corpo de Margarida. Os olhos de Mauro escureceram ligeiramente. Pouco depois, Jorlando chegou trazendo dois baldes de gelo: — Sr. Mauro, trouxe o gelo. — Deixe os baldes aqui e pode ir. — Mauro falou com frieza. Jorlando ficou surpreso com o comportament
— Quem eu sou não importa, o que importa é que posso te ajudar. — Mauro, com o dedo indicador tocando levemente o botão de sua camisa, observava Margarida com uma calma desconcertante. Margarida sentiu imediatamente um senso de perigo; seu instinto lhe dizia que aquele homem à sua frente não era alguém simples. — Eu não preciso da sua ajuda. — Ah, é mesmo? Então, Srta. Margarida, por que ontem você veio até aqui afogar as mágoas na bebida? Um namorado que se tornou seu cunhado, pais que não confiam em você, e agora você virou o alvo das críticas de todos. A Srta. Margarida não quer dar uma olhada na manchete de hoje? — Isso não tem nada a ver com você. — Margarida rangeu os dentes. — Eu agradeço por você ter me salvado ontem. Margarida jogou o cobertor de lado, saiu da cama e começou a procurar suas roupas ao redor do quarto, mas não conseguiu encontrar nada. — Senhor! — Mauro. — Mauro estava encostado na parede com uma postura relaxada, olhando de cima para baixo para Ma
Louco, louco! Esse homem só pode estar louco! — Mauro... — Margarida estava visivelmente irritada. — Você não entende? Eu não quero me casar com você, não te conheço e, muito menos, te amo. — Então, quem você ama? Aquele Afonso? Mas agora ele é seu cunhado. — Mauro expôs cruelmente a verdade. — Não me diga que você ainda quer ficar com o Afonso! Disse ele, deslizando os dedos pelo queixo dela. Margarida afastou a mão de Mauro com um tapa. — O que isso tem a ver com você? Por que você insiste em se casar comigo? Não pode ser com outra pessoa? — Porque você é a única mulher que eu não rejeito! — O quê? — Margarida ficou atônita. Mauro apertou os lábios e soltou Margarida. Ela imediatamente recuou, criando uma distância segura entre os dois. Mauro apenas sorriu ao vê-la tão cautelosa. — É simples. Ontem à noite, você correu para os meus braços e, surpreendentemente, eu não rejeitei o seu toque. — Ele estreitou os olhos. — Que tal fazermos um acordo? Margarida permanec
Margarida saiu do Reino da Luxúria e pegou um táxi direto para casa. Anteriormente, devido à relação conturbada com a família e para facilitar o deslocamento ao trabalho, ela havia decidido morar sozinha. Ao descer do carro, Margarida ficou parada, absorta em pensamentos, perto do condomínio. Naquela época, foi Afonso quem a ajudou com a mudança. Eles chegaram a prometer que, quando o momento fosse apropriado, ficariam noivos e depois se casariam. No entanto, no final, tudo se revelou uma grande piada, e ela acabou se tornando a "vilã" da história. Ao lembrar dos acontecimentos do dia anterior, Margarida sentiu como se tudo não passasse de um sonho. Um pesadelo. — Maga, você finalmente voltou? — Assim que Margarida saiu do elevador, se deparou com Lurdes, que estava parada na porta de seu apartamento com um olhar ansioso. Margarida franziu as sobrancelhas instintivamente, pronta para dar meia-volta, mas sentiu alguém agarrar seu braço. — Maga. Margarida estremeceu e tentou se
— Você fala assim, mas sabe o que aconteceu naquele dia. Lulu já implorou para ela tantas vezes, e você acha que Lulu não voltou chorando todas as vezes? Aquela desgraçada tem um coração tão cruel assim? O que ela não seria capaz de fazer! — Celina estava furiosa, claramente cheia de ressentimentos contra Margarida. — De qualquer forma, o que aconteceu hoje não pode dar errado. Ligue para a Margarida e diga que o avô dela está com saudades e quer vê-la em casa agora mesmo! Celina não podia deixar que sua querida filha, Lurdes, fosse prejudicada de maneira alguma. Mas, da última vez, quando Dámaso descobriu sobre o relacionamento entre Margarida e Afonso, ele ficou furioso e deixou bem claro: enquanto Margarida não aceitasse, ele não daria a sua aprovação para o casamento de Lurdes e Afonso. Isso quase levou Celina a uma briga com Dámaso, mas ela sabia exatamente o que ele tinha em mente. Ela sabia que, na família Barbosa, era Dámaso quem ainda estava no comando. — Tá, tá, eu já
Jorlando olhou instintivamente para Mauro. Ao perceber a expressão despreocupada dele, ficou claro que Mauro não tinha a menor intenção de intervir. Jorlando sentiu uma dor de cabeça repentina, mas, mesmo assim, tomou coragem para falar: — Como assim errado? Não está errado, é exatamente esse o preço! — Não pode ser! Margarida, embora não entendesse muito sobre preços de mercado, não era nenhuma tola. Um item vindo da Antigüedades El Tesoro não poderia ser obtido por um preço tão baixo. Além disso, com o olhar apurado de Mauro, era impossível que ele escolhesse algo tão barato. Margarida, obviamente, não acreditou. Jorlando já estava com a testa suada, pensando exatamente o mesmo que Margarida: "É claro que não é barato, e ainda por cima é muito caro!" Mas essas palavras ele não ousava dizer. Apenas conseguiu esboçar um sorriso forçado: — A Srta. Margarida não sabe, mas o Sr. Mauro frequentemente vai à Antigüedades El Tesoro para adquirir algumas antiguidades, todas de gran
Na verdade, o Massa com frutos do mar não era tão delicioso assim. Pelo menos, não chegava nem perto daqueles pratos de grandes hotéis que pessoas ricas como Mauro costumavam comer. No entanto, Margarida nunca foi muito exigente com comida; para ela, bastava matar a fome, especialmente porque tinha vindo aqui mais pelo sentimento nostálgico do lugar do que pelo prato em si. Como já estava quase na hora de terminar a aula, Margarida, preocupada com a possibilidade de o restaurante ficar lotado em breve, terminou rapidamente o prato de Massa com frutos do mar e sugeriu que fossem embora. — Já está ficando tarde! — Disse ela. Mauro assentiu. Naquele momento, o telefone dele tocou. Era uma ligação de Jorlando. — Sr. Mauro, os pertences da Srta. Margarida já estão prontos! — Certo, estamos na Universidade Porto da Ciência. — Respondeu Mauro, lançando um olhar para Margarida. — Srta. Margarida, para onde você quer ir depois? — Vou para casa! — Respondeu Margarida. — Não se preoc
Mauro controlou suas emoções sem demonstrar nada, mas balançou a cabeça e disse: — Não é nada! — Ele permaneceu de pé, sem se sentar. Margarida olhou para Mauro por um bom tempo e depois para o banco. Resignada, pegou um guardanapo e começou a limpá-lo. Só então disse: — Pronto, Sr. Mauro, está limpo! Mauro lançou para Margarida um olhar enigmático. Será que ela achava que ele estava incomodado com a sujeira? Margarida se sentiu um pouco desconfortável com o olhar de Mauro. — O que foi? Que tal a gente não comer aqui? Eu conheço um restaurante perto da escola que também é bom. Podemos ir para lá, o que acha? — Margarida começou a se arrepender de ter trazido Mauro para aquele lugar. Ao ouvir isso, Mauro imediatamente se sentou e curvou ligeiramente os lábios: — Não é necessário. Aqui está ótimo! Margarida suspirou de alívio. Quando viu a dona do restaurante se aproximando, percebeu que a mulher ficou um pouco surpresa ao vê-la. — Senhorita, quanto tempo! Hoje você t
O coração de Margarida de repente bateu forte, de maneira intensa e inexplicável, e essa sensação a incomodou profundamente. Ela se forçou a reprimir essa emoção estranha, respirou fundo e, de forma um tanto abrupta, mudou de assunto: — Sr. Mauro, quando estava estudando, o senhor gostava de ir às barraquinhas de comida de rua? Eu adorava! Sempre saía com meus colegas para comer algo à noite. Mauro ergueu levemente a sobrancelha, com o olhar fixo em Margarida: — Pulando o muro? O rosto de Margarida corou na hora, como se Mauro tivesse acertado em cheio algo que ela tentava esconder. Mas, é claro, ela não admitiria isso. Com o rosto ainda vermelho, rebateu: — Claro que não! A gente saía com permissão, tudo às claras, tá bom? Ela parecia tão apressada ao se explicar que acabou dando a impressão de querer esconder alguma coisa. Mauro apenas sorriu, mas não disse nada. Margarida também ficou em silêncio de repente. Achou que, naquele momento, Mauro parecia um pouco diferente
Margarida só percebeu que parecia ter caído em uma armadilha depois de sair da Antigüedades El Tesoro. Originalmente, tinha ido comprar um presente, mas, no final, acabou convidando Mauro para jantar. E o presente? Ainda nem estava em mãos! — Em que está pensando? Mauro, que caminhava à frente, notou que Margarida parecia distraída e parou repentinamente. Margarida, pega de surpresa pela parada súbita, quase esbarrou nele. Ainda atordoada, balançou a cabeça: — Sr. Mauro, onde gostaria de jantar? Mauro semicerrou os olhos, lançando um olhar divertido para ela. — Já que a anfitriã é a Srta. Margarida, é natural que o lugar seja escolhido por ela. Margarida hesitou por um momento. — Contanto que o Sr. Mauro não se importe! Ela era muito diferente das pessoas do círculo de Mauro. Ele vinha de uma família abastada, acostumado a um estilo de vida sofisticado, enquanto Margarida, apesar de pertencer à família Barbosa, nunca foi tratada como uma verdadeira senhorita. Desde pe
Os olhos de Mauro brilharam com uma centelha afiada enquanto seu olhar se fixava no rosto de Margarida. Era evidente que havia uma expressão de alegria no rosto dela, mas as palavras que saíam de sua boca diziam o oposto! Seus olhos escuros passaram pelo rosto dela, e ele disse: — Tudo bem, então que tal a pintura a óleo de Felício? Ou talvez esta caneta antiga sirva. Mauro apresentou várias opções a Margarida. Depois de examiná-las uma a uma, ela finalmente decidiu comprar a caneta antiga. Dámaso gostava de escrever e desenhar, e tinha uma bela caligrafia. Uma caneta seria o presente ideal. Além disso, entre os itens ali expostos, aquela caneta parecia ser o menos valioso. Embora Margarida agora fosse diretora do Grupo Nexus, ela ainda era jovem. Quando decidiu morar sozinha, gastou muito dinheiro para conseguir isso. Especialmente agora, com a situação complicada entre ela e Afonso, Margarida acreditava firmemente que não podia contar com ninguém, exceto consigo mesma. Seu
Margarida assentiu com a cabeça. — Eu não entendo muito dessas coisas. Mesmo que olhe, não vou conseguir ver nada de especial. Já que o Sr. Mauro entende, poderia me fazer esse favor? — Com o maior prazer! — Mauro, semicerrando os olhos, perguntou. — O que você gostaria de dar ao Sr. Dámaso? — Uma pintura a óleo, talvez. Ou outra coisa. Meu avô era um excelente pintor. Ah, e ele tinha interesses muito parecidos com os do meu avô materno. Margarida pensou que, com essa informação, Mauro talvez tivesse alguma ideia do que escolher. De fato, Mauro acenou positivamente com a cabeça ao ouvi-la. — Jorlando. Jorlando apareceu rapidamente, com os olhos focados no chão, evitando a todo custo olhar para Margarida. — Sr. Mauro, o que deseja? — Peça ao Sr. Caetano para trazer aquele lote de antiguidades. — Isso... — Jorlando lançou um olhar surpreso para Mauro e, sem conseguir se conter, olhou para Margarida. Sem entender o que estava acontecendo, Margarida sorriu amigavelmen
Margarida foi até Antiguidades El Tesoro. O Sr. Dámaso não tinha outros hobbies, exceto o amor por colecionar antiguidades; a casa dele estava repleta de peças raras. Diziam que, na juventude, ele chegou a ser avaliador, mas depois abriu mão de sua paixão para herdar os negócios da família. Assim que Margarida entrou em Antiguidades El Tesoro, alguém prontamente veio atendê-la: — Senhorita, está procurando algo específico? Margarida, na verdade, não entendia nada sobre o assunto. Dessa vez, ela havia vindo apenas para agradar o Sr. Dámaso. Afinal, ele era o único membro da família Barbosa que a tratava com bondade, e Margarida não queria que ele ficasse triste por sua causa. — Vou dar uma olhada sozinha, obrigada! — Respondeu Margarida, dispensando o atendente. Ela começou a observar os itens ao redor, mas, após muito tempo, não conseguiu identificar nada que realmente chamasse sua atenção. — Sr. Mauro, chegaram recentemente algumas antiguidades do século XVII. De acordo com