jolina dela cruz

No nosso aniversário de casamento, a musa do meu marido postou no Instagram uma foto de um ultrassom de bebê. Na legenda, ela agradecia a ele: [Ao homem maravilhoso que me protege há dez anos, obrigada por me dar um filho.] Minha visão escureceu. Comentei imediatamente: [Sabia que ele era casado, mas mesmo assim quis ser a amante?] Meu marido ligou na hora, me acusando: — Que mente suja você tem! Eu só doei o esperma para realizar o sonho dela de ser mãe solteira. E mais, a Nicole engravidou na primeira tentativa! Você já tentou três vezes e nada... Para que serve um útero inútil? Três dias antes, ele me disse que viajaria para fechar um negócio. Não atendeu minhas ligações e não respondeu minhas mensagens desde então. Eu pensei que estava ocupado, mas, na verdade, ele estava acompanhando outra mulher em consultas pré-natais. Meia hora depois, Nicole postou uma foto de uma mesa cheia de pratos sofisticados. [Cansada de comer comida ocidental do país M. O Beto preparou todas as minhas comidas preferidas.] Olhei para o exame de gravidez que acabara de receber. A alegria que sentia se transformou em um gelo profundo. Depois de oito anos de amor e seis de casamento, sempre me anulando para agradá-lo, decidi que dessa vez seria diferente. Eu estava pronta para deixar tudo para trás.

No décimo ano de casamento, minha ex-melhor amiga publicou uma foto. Na imagem, a filha dela e o meu filho estavam no colo, respectivamente, dela e do meu marido. Os quatro estavam abraçados, como uma família perfeita. A legenda dizia: [Como isso não pode ser considerado ter um casal de filhos perfeito?] Eu comentei: [Combina muito.] No momento seguinte, a publicação desapareceu do Instagram. No dia seguinte, meu marido voltou para casa furioso e me confrontou: — Vera Dias está finalmente se sentindo melhor, por que você teve que provocá-la? Meu filho foi ainda mais longe, me empurrando e gritando: — A culpa é sua! Você fez a Docinha chorar! Eu tirei os papéis do divórcio e joguei na cara deles: — A culpa é minha? Então tudo bem. Eu saio. Vocês podem ficar juntos como uma linda família de quatro.

No Dia da Família do jardim de infância, Bruno, meu marido, disse que tinha um compromisso de trabalho e pediu para mim e Liliane, nossa filha, não participarmos. Contudo, ao ver Liliane triste, senti meu coração apertando. Decidi que levaria minha filha sozinha. Ao chegarmos lá, fui surpreendida por uma cena desconcertante. Bruno estava abraçado com um menino e de mãos dadas com Milena, sua amiga de infância. Eles pareciam uma família feliz, rindo e conversando de maneira tão natural que parecia um cenário perfeito. Porém, ao nos ver, Bruno reagiu de forma estranha, soltando a mão de Milena. Com um tom preocupado, tentou se justificar: — Cibele, não é o que você pensa. Milena está sozinha com o filho dela, e hoje é o aniversário dele. Eu só quis dar um pouco de paternidade para ele. Eu não disse nada imediatamente. Em vez disso, olhei para ele com um olhar frio, me abaixei e segurei a mão de Liliane. Com uma calma deliberada, falei: — Filha, diz oi para esse senhor.