— Ah, parem de me invejar! — A voz melosa de Teresa tinha um tom de provocação e ostentação. — No fim das contas, eu conheço muitos herdeiros ricos da alta sociedade. Vou pedir para o Sterling organizar um encontro qualquer dia desses, e quem sabe vocês também encontram o par ideal! Clarice inspirou profundamente, tentando sufocar a dor que crescia em seu peito. Sterling fazia tudo por Teresa. Se ela pedisse uma estrela do céu, ele provavelmente daria um jeito de trazê-la. Do lado de fora, as colegas continuaram elogiando Teresa por mais alguns minutos até finalmente irem embora. Clarice massageou as têmporas e saiu do boxe do banheiro. Enviou uma mensagem para Lilian pedindo que trouxesse sua bolsa. Assim que pegou a bolsa, deixou o restaurante sem olhar para trás. Naquela noite, o show de fogos de artifício em Londa foi o assunto da cidade. Todo mundo ficou sabendo da mulher chamada Teresa, que estava sendo mimada ao extremo por seu noivo. Clarice passou a noite inteira a
Sterling lançou um olhar frio para a mão do chefe, sem alterar a expressão. O chefe, apavorado, imediatamente recuou. Aquele olhar de Sterling era aterrorizante, como se pudesse quebrar sua mão com apenas um movimento! Nesse momento, a porta se abriu, e uma voz feminina, doce e melosa, ecoou pela sala: — Sterling, você nem me esperou! Subiu sozinho sem mim! Ao ouvir a voz de Teresa, Clarice congelou por um instante. Logo, as palavras de Lilian no dia anterior ecoaram em sua mente: Torres Advocacia havia sido comprada como presente para uma noiva. Ela até chegou a cogitar que Asher poderia ter sido o comprador do escritório. Mas agora tudo fazia sentido. Era Sterling. Ontem foi o aniversário de Teresa, e claramente Torres Advocacia era o presente de aniversário dela. E, como se para confirmar seus pensamentos, Sterling falou em um tom calmo e controlado: — Torres Advocacia agora está sob sua gestão. Você será responsável pela organização da equipe e pela alocação de recu
— A empresa tem outros assuntos para resolver, eu vou voltar. — Sterling disse, virando-se e saindo sem olhar para trás. Teresa levantou os olhos e observou a silhueta do homem se afastando. Seus lábios se curvaram em um sorriso satisfeito, e ela rapidamente o seguiu. Os dois saíram do escritório um atrás do outro. O antigo dono da Torres Advocacia veio ao encontro deles e, com um tom respeitoso, informou: — Reuni todos os funcionários para que o Sr. Sterling e a Sra. Teresa possam conhecê-los e ouvir suas apresentações. Embora o antigo dono tivesse sentido um breve arrependimento por vender a Torres Advocacia, ele não podia negar que o negócio tinha sido muito lucrativo. Era sua obrigação garantir uma transição tranquila. Sterling arqueou as sobrancelhas e parou. Teresa, de forma quase instintiva, deu um passo para trás, escondendo-se levemente atrás dele. Aos olhos dos outros, aquele gesto parecia íntimo e cheio de cumplicidade, como se ela fosse uma mulher protegida e mima
— A Dra. Clarice sempre teve esse jeito frio e distante, e trata todo mundo do mesmo jeito. Para mim, o comportamento dela hoje está normal. — Normal? Ela deveria ter sido promovida a líder do grupo, mas perder esse posto para alguém que chegou agora deve ter deixado ela furiosa. Quem não ficaria com a cara fechada? — Só eu percebi que o Sr. Sterling ficou olhando para a Dra. Clarice por mais de um minuto? Será que ele está pensando em… Sei lá, dar uma “oportunidade” para ela? — Oportunidade? — Outra riu com desdém. — Antes que o Sr. Sterling pense em algo, aposto que a Clarice já deu um jeito de se enfiar na cama dele. Você sabe que ela é especialista nisso. Esses quatro anos aqui… Quantos homens ela já não seduziu para subir na carreira? Clarice soltou uma risada fria e, com calma, respondeu: — Eu achei que o que aconteceu ontem com a Isabelly fosse suficiente para fazer vocês calarem a boca. Mas parece que vocês continuam muito curiosas sobre a minha vida pessoal. Que tal
Mal terminou de falar, já se arrependeu amargamente, desejando poder morder a própria língua. Teresa, no entanto, respondeu de bom humor, com um sorriso evidente na voz. Ao ouvir o título "Sra. Davis", Clarice sentiu o sangue ferver. As pastas que segurava em suas mãos foram rasgadas ao meio num ato automático de raiva. Ela respirou fundo, controlando-se, antes de se virar para Lilian e dizer: — Vá falar com o cliente e levante mais informações sobre o caso. Eu vou conversar com a Sra. Teresa. Lilian lançou um olhar rápido para os papéis rasgados nas mãos de Clarice, mas não disse nada. Apressou-se em sair da sala, percebendo que a situação não era boa. Clarice parecia realmente furiosa, e Lilian não a culpava. Alguém tinha tomado o lugar de Clarice como líder do grupo. Qualquer um ficaria irritado. Lilian, no entanto, era ingênua demais para sequer imaginar que havia algo entre Clarice e Sterling. Assim que Lilian saiu, Teresa tomou a iniciativa, atacando primeiro: — C
— Acabei de ouvir que a Clarice tinha um relacionamento suspeito com o antigo dono da Torres Advocacia. Dizem que os dois saíam juntos com frequência, e ela passava horas no escritório dele! Também falam que o sucesso dela aqui no escritório veio todo de subir na cama dos outros. Aliás, em Londa, dizem que ela tem “envolvimento” com vários homens! — Teresa pausou, como se estivesse hesitando em continuar, numa tentativa calculada de parecer cuidadosa. Sterling, com o rosto fechado, massageou as têmporas e respondeu, irritado: — Você é advogada agora, deveria saber que, para acusar alguém, precisa ter provas. E você realmente acha que eu tenho tempo para ouvir fofocas de escritório? Antes de me trazer esse tipo de absurdo, use sua cabeça e verifique a veracidade. Não quero ouvir mais esse tipo de bobagem, entendeu? Sua voz estava carregada de impaciência, e a frustração era evidente. Eles estavam casados há três anos. Clarice era ocupada, sempre envolvida com trabalho, mas nunca
Lilian ficou paralisada por um instante, mas logo assentiu: — Entendi! Ela pensou consigo mesma: “Hoje o novo grande chefe trouxe Teresa pessoalmente. Isso é praticamente uma declaração oficial. Se Teresa não for a Sra. Davis, quem mais seria?” Mas, se Clarice disse que não era, então não era. Lilian confiava cegamente no que Clarice dizia, sem questionar. De repente, o som do celular interrompeu os pensamentos de ambas. Clarice pegou o aparelho e, ao ver que o número era desconhecido, hesitou por um instante, mas atendeu. — Alô, aqui é Clarice, da Torres Advocacia. — Clarice, sou eu. — Uma voz fria veio do outro lado da linha. Clarice reconheceu imediatamente: era Virgínia, a mãe de Sterling. Seus lábios se apertaram, e sua voz saiu distante e formal: — Sra. Virgínia, em que posso ajudá-la? — Me encontre no Café Nuvem. Precisamos conversar. — Virgínia foi direta ao ponto. — Agora estou no horário de trabalho. Posso ligar para a senhora depois do expediente e combin
— Clarice, o que você está tentando fazer? Por que foi encontrar com ela às escondidas? — Teresa questionou, a voz carregada de nervosismo. Lançou um olhar irritado para Lilian antes de se virar e sair apressada do escritório. Lilian soltou um longo suspiro. Aquela nova líder do grupo tinha um jeito tão imponente que era de assustar qualquer um. Teresa saiu diretamente em direção ao elevador, pegando o celular enquanto andava. Sua voz soou ameaçadora: — Clarice, volte para o escritório agora! Não se atreva a ir encontrá-la, ou eu juro que te demito na hora! Clarice, sem paciência para discutir, simplesmente encerrou a ligação. Guardando o celular no bolso, ela não resistiu e olhou mais uma vez para o prédio da Torres Advocacia, do outro lado da rua. Seus olhos brilhavam intensamente, quase hipnotizantes. Esperou mais alguns instantes. Quando viu uma figura apressada surgir em sua linha de visão, desviou o olhar e entrou calmamente no café. Virgínia já estava lá, e sua exp
Sterling massageava as têmporas, mas seu olhar inevitavelmente recaía sobre Clarice, que estava ao seu lado. Ele nunca conseguiu entender por que o avô tinha tanta preferência por ela. As ações do Grupo Davis? Ele entregou para ela sem pestanejar. O antigo tesouro de família? Presenteado como se não tivesse valor algum. Para Sterling, Clarice era uma mulher astuta e cruel. O que ela tinha de especial? — Estou quase chegando no hospital. Algumas coisas a gente resolve pessoalmente. — Ele fez uma pausa antes de acrescentar. — Clarice está comigo. Do outro lado da linha, a voz de Túlio mudou instantaneamente, suavizando-se. — Tudo bem, vou esperar por vocês. Sterling desligou a ligação e respirou fundo. O fato de Túlio querer mandar Teresa para o exterior de repente não era algo simples. Havia algo por trás disso. E se ele descobrisse que Clarice tinha algum envolvimento, ela podia se preparar. Ele não teria piedade. O carro logo parou em frente ao hospital. Sterling desceu
— Teresa está sozinha e grávida. O que tem de errado em ajudá-la? — Sterling respondeu, indiferente. Teresa já havia salvado sua vida no passado. Agora que ela estava passando por dificuldades, ele sentia que tinha a obrigação de ajudá-la. Clarice, por outro lado, sempre fazia questão de discutir quando se tratava de Teresa. Para ele, isso era um sinal de mesquinhez, algo que o irritava profundamente. Clarice observou o rosto despreocupado de Sterling e percebeu que não valia a pena insistir. — Tudo bem. Então só precisamos ir ao cartório para resolver o divórcio. Depois disso, você pode ajudá-la ou até se casar com ela, tanto faz. — Clarice disse com um tom tranquilo. Ela já tinha decidido sair sem nada, literalmente abrir espaço para eles. Não havia outra mulher naquele círculo social tão generosa quanto ela. Sterling deveria estar agradecido. Sterling a encarou e soltou uma gargalhada fria. — Clarice... Antes que ele pudesse continuar, o toque do celular interrompeu su
Teresa havia se metido em encrenca, e para Sterling, a culpa era de Clarice. O avô estava furioso e decidiu mandar Teresa para o exterior? Clarice também era a responsável. Tudo o que envolvia Teresa, na cabeça de Sterling, era culpa dela. O favoritismo dele por Teresa era tão óbvio que chegava a ser insuportável. Sterling ficou visivelmente irritado e, com uma voz baixa e carregada de raiva, ordenou: — Clarice! Me dê uma explicação decente agora! Clarice respirou fundo, tentando manter a calma. O sorriso que estava em seu rosto desapareceu, dando lugar a uma expressão fria. — Sterling, se eu digo que não liguei para o seu avô e você não acredita, o que mais há para explicar? Sempre que o assunto envolvia Teresa, Sterling parecia perder completamente o senso. Ele agia como se não tivesse cérebro, incapaz de raciocinar de forma lógica. Isaac, notando a tensão no ar, rapidamente levantou a divisória do carro e ligou o motor. Ele também achava injusta a forma como Sterling tra
Clarice virou o rosto para ele e perguntou, com um tom tranquilo: — Por quê? Antes, ela amava Sterling tanto que não conseguia ficar longe dele nem por um minuto. Queria estar ao lado dele vinte e quatro horas por dia. Mas, depois de ouvir aquelas palavras cruéis, como poderia continuar agindo assim? Agora, tudo o que queria era se afastar o máximo possível dele. Isaac ficou desconcertado com a pergunta dela. Como poderia dizer que Sterling estava furioso? — O Sr. Sterling não está ocupado? Por que ele ainda não entrou no carro? Se quiser, podemos sair agora. — Clarice falou calmamente, com um tom indiferente. — Eu ainda tenho coisas para fazer mais tarde, preciso aproveitar o tempo. Com o remédio garantido para uma semana, ela teria um pouco de tranquilidade durante aquele período. Por isso, ela sabia que precisava ir até Teresa e pedir desculpas. Não importava o quanto odiasse a ideia, faria isso de cabeça erguida. Quanto às armações de Teresa, ela lidaria com elas no f
Logo, Isaac abriu a porta e entrou no escritório. Sterling ergueu os olhos e olhou para trás dele, franzindo as sobrancelhas. — Onde está a Clarice? Isaac hesitou por um instante antes de responder: — Pedi para verificarem o banheiro feminino, mas ela não está lá. Assim que terminou a frase, o rosto de Sterling se fechou, suas feições ficaram sombrias. — Ligue para ela! Diga para voltar imediatamente! Caso contrário, ela vai arcar com as consequências! Isaac lançou um olhar para Sterling e, em silêncio, sentiu pena de Clarice. O que ela teria feito para deixá-lo tão furioso? — Ligue agora! — Sterling ordenou, impaciente, a voz cortante. Enquanto isso, Clarice estava sentada no jardim ao lado da empresa, falando ao telefone. O médico de sua avó lhe informava que haviam recebido uma semana de medicamentos experimentais e que a avó já havia começado o tratamento. Ele ainda mencionou que o estado dela parecia bem melhor, e ela estava mais animada. Ao ouvir isso, as lá
— Clarice, eu sei que você me odeia, mas eu realmente quero conversar com você. Não precisa se preocupar, eu não vou fazer nada contra você! — Teresa disse, com um tom sério, quase convincente. Clarice curvou os lábios em um sorriso frio. — Tudo bem, então venha agora para o escritório do Sterling. Nós três podemos conversar juntos. Clarice sabia que Teresa não tinha boas intenções. Ela não era do tipo que usava truques baixos, mas, se fosse, Teresa jamais teria tido a chance de pisar nela como estava fazendo agora. — Você foi falar com o Sterling? O que você foi fazer lá? — Teresa perguntou, a voz subindo vários tons, claramente alarmada. — Fui fazer o que qualquer esposa faz com o próprio marido. Por que a pressa? — Clarice respondeu com desprezo, antes de desligar na cara dela. Não era difícil imaginar que Teresa tinha segundas intenções com aquele telefonema. Clarice jamais iria se encontrar com ela sozinha. Após guardar o celular, Clarice lavou o rosto com água fria.
Enquanto a verdade por trás daquele incidente não fosse revelada, todas as evidências apontavam para Clarice como a mandante. Para todos os efeitos, ela era culpada. Teresa só precisava denunciá-la e, inevitavelmente, ela teria que enfrentar as consequências legais. Agora, Sterling só estava pedindo que ela fosse pedir desculpas a Teresa. Por que tanta resistência? Clarice cerrou os dentes, lutando contra a raiva, e disse, pausadamente, como se cada palavra fosse cortada a ferro e fogo: — Sterling, você já parou para pensar que, se continuar me machucando assim, pode chegar o dia em que eu simplesmente vou embora? Sterling deu uma risada curta, desdenhosa. — Se você fosse capaz de ir embora, já teria feito isso há muito tempo. Não teria esperado três anos. — Seu tom era carregado de sarcasmo. As palavras dele bateram como um soco no peito de Clarice. Ele estava certo. Ela realmente não tinha conseguido ir embora. Mesmo sendo ferida uma vez após a outra, ela sempre encontr
Sterling apertou os lábios e respondeu com indiferença: — Certo. — Quando a Clarice me pedir desculpas, eu mesma irei à delegacia retirar a denúncia contra ela. Sterling, você acha que está bom assim? — Teresa perguntou, com um tom nitidamente cheio de tentativa de agradá-lo. Sterling lançou um olhar para Clarice e respondeu de forma breve: — Entendi. Por enquanto, deixemos assim. — Sterling... — Teresa hesitou, como se estivesse guardando algo, tentando decidir se deveria ou não falar. — O que você quer dizer? — Sterling perguntou, sua voz baixa e carregada de impaciência. Clarice não conseguiu evitar e lançou um olhar para ele. A camisa dele estava molhada, grudando no peito, destacando seu corpo com uma sensualidade séria e contida. Sem querer, ela se lembrou da primeira vez que o viu, anos atrás. Naquele momento, ela havia sido completamente arrebatada pela beleza quase irreal dele. Agora, pensando nisso, percebeu o quanto tinha sido superficial naquela época. Do
Clarice levantou-se de repente, sem hesitar, pegou o copo de água e jogou-o na cara de Sterling. — Três anos de casamento, dividindo a mesma cama todas as noites... Antes de vir aqui, eu ainda tinha a ilusão de que, mesmo sem provas, você acreditaria na minha inocência! Mas parece que eu me enganei. — Sua voz tremia de raiva, mas ela manteve o tom firme. — Se você realmente quer descobrir a verdade, pare de interferir nos bastidores! Eu vou te mostrar o que realmente aconteceu. Ela sabia que não deveria ter vindo ali. O certo teria sido ir direto ao hospital e dar uma surra em Teresa. Sterling limpou a água do rosto com as mãos e a encarou com um sorriso frio nos lábios. — Se você é tão competente assim, por que veio até aqui gritar? A ousadia de Clarice o pegou de surpresa. Quem ela pensava que era para jogar água nele? Os olhos de Clarice fixaram-se nos dele. Por dentro, seu coração já estava em pedaços. Era como se, naquele momento, algo dentro dela tivesse se quebrado p