Eu sabia que, mesmo deletando o vídeo do meu celular, eles não ficariam realmente tranquilos. Além disso, se eu quisesse, poderia facilmente recuperar o vídeo, mesmo após deletá-lo. Mas, já que eles queriam um resultado que apenas os enganasse, eu podia muito bem atender ao pedido.Fiz uma expressão de hesitação, como se estivesse ponderando. Depois de alguns segundos, assenti:— Tudo bem. Por consideração ao senhor, tio Roberto, eu vou apagar.Peguei o celular, localizei o vídeo e, na frente dele, excluí o arquivo completamente.— Está satisfeito agora?— Você tem algum backup? — Roberto perguntou, ainda desconfiado.Abri o aplicativo da nuvem no celular e, também na frente dele, apaguei os dados armazenados ali.— Pronto, não tem mais nada.— Obrigado, Kiara. Foi um grande favor. — Roberto sorriu, satisfeito, com o semblante finalmente relaxado.Guardei o celular e fiz um gesto educado com a cabeça:— Então, já vou indo.— Espere! — Roberto chamou, de repente.— O que foi, tio Robert
O policial fez questão de prolongar a conversa, e Isabela, ao ouvir as palavras dele, ficou tão apavorada que suas pernas começaram a tremer:— Eu não fiz isso de propósito, foi um acidente... Senhor policial, meu filho está preso e eu preciso achar um jeito de tirá-lo de lá. Por favor, não me coloquem na cadeia...— Não adianta me pedir nada. Só dá pra resolver se a vítima aceitar um acordo. — O policial respondeu, com um tom de indiferença.Isabela imediatamente se virou e começou a implorar para Lucas.Lucas lançou um olhar para mim, claramente irritado, e respondeu com uma voz cheia de drama:— Eu não fiz nada contra você, e você quebrou a minha cabeça! Vou ficar com uma cicatriz, sabia? Eu ainda nem casei, e agora com uma marca dessas no rosto, como vou arranjar namorada?Eu precisava admitir que Lucas tinha talento para atuar. Enquanto ele falava, eu me senti ainda mais culpada. Se ele realmente ficasse com uma cicatriz e isso prejudicasse sua vida amorosa, seria uma enorme respo
Eu sorri, confiante, e disse:— Esse contrato de empréstimo de oitenta mil reais está comigo. Ele tem validade legal. Se ela pagar ou não, para mim não faz diferença. O que eu preciso é dessa prova para mantê-la sob controle.Bela entendeu imediatamente e me lançou um sorriso com o polegar para cima.— Você é genial. — Ela elogiou.Nina, por outro lado, suspirou com empatia:— Eu achava que você, recém-casada, estaria aproveitando uma vida cheia de felicidade e tranquilidade. Quem imaginaria que sua vida seria tão cheia de reviravoltas?— Pois é. Nem eu imaginava que minha vida seria tão... emocionante. — Respondi, com ironia.Bela lançou um sorriso malicioso:— Mas, pensando bem, foi um mal que veio para o bem. Se você tivesse realmente casado com o Davi, nunca teria conhecido o Jean. Olha o jeito que ele te olha, como se você fosse a única mulher no mundo. É de dar inveja.Ao ouvir o nome de Jean, percebi que meus lábios se curvaram levemente em um sorriso involuntário, e elas, claro
Boom! Minha mente explodiu. Meu rosto ficou instantaneamente quente, como se estivesse pegando fogo. A mensagem que eu estava digitando ficou travada no meio.Ele viu! Eu mandei e apaguei imediatamente, mas ele viu! Fiquei paralisada, olhando para o celular, encarando aquelas palavras na tela, sem saber o que fazer. Minha mente estava completamente vazia.De repente, o celular começou a tocar. A tela mudou, e o nome de Jean apareceu. Ele estava ligando!Meu coração disparou, e, completamente nervosa, rejeitei a chamada como se tivesse levado um choque. Sim, eu tive medo, medo de atender, medo de encará-lo. Me arrependi profundamente de ter enviado aquela mensagem. Que impulso idiota!Com o rosto ainda queimando, larguei o celular no sofá e me joguei para trás, cobrindo o rosto com as mãos. Meu coração batia tão forte que parecia ecoar pelo meu peito: tum-tum, tum-tum.O som de uma notificação do Line interrompeu minha tentativa de me acalmar. Levantei devagar, olhei para o celular e vi
Às cinco da tarde, finalmente consegui um momento de descanso e peguei meu celular. Vi que Bela havia me enviado uma mensagem no Line. Ao abrir, fui surpreendida de forma positiva! Ela tinha compartilhado um vídeo que estava viralizando nas redes sociais. O vídeo era sobre Amélia.No clipe, Amélia aparecia participando de um flash mob com um grupo de músicos de rua na Europa. Primeiro, ela tocava violino com elegância, e depois, com um movimento fluido, girava o corpo, fazendo a saia de seu vestido esvoaçar, antes de se sentar e começar a tocar piano com maestria.Assisti ao vídeo surpresa, sem saber que, além do violino, Amélia também era uma pianista tão talentosa. Sua performance era impressionante, cheia de emoção e técnica impecável. Mas o que realmente complementava sua apresentação era o vestido que ela estava usando: uma peça sofisticada e cheia de charme, com um toque tradicional brasileiro.Sim, era o vestido que eu havia desenhado e confeccionado para ela.A peça havia sido
— Desculpa, minha avó está internada. Ela passou mal, estou no hospital. Acho que não vou conseguir sair hoje à noite. — Falei enquanto segurava os comprovantes de pagamento e caminhava em direção ao quarto. Minha voz saiu baixa, carregada de cansaço.Jean, ao ouvir, imediatamente mostrou preocupação:— É sério? Precisa de ajuda? Quer que eu procure algum médico?— Por enquanto, não precisa. O médico disse que foi um infarto do miocárdio. Eles começaram o tratamento de trombólise.— Em qual hospital vocês estão?Eu hesitei por um instante, mas, após uma breve pausa, respondi:— No Hospital Central.— Certo. Resolva tudo por aí, e qualquer coisa, me avise.— Tá bom.Desliguei a ligação e voltei para o quarto. Minha avó havia sido acomodada e estava acordada. Neste momento, os médicos e enfermeiros faziam mais alguns exames.Fiquei de pé em um canto, em silêncio, observando. Ouvir minha avó responder às perguntas do médico com clareza me trouxe um alívio enorme. Pelo menos, ela estava co
Ele ainda se lembrava disso? Será que estava com ciúmes?Jean percebeu minha expressão e, como se lesse minha mente, sorriu de forma ligeiramente provocadora, com aquele ar irresistivelmente charmoso:— Claro que lembro. Você não parava de elogiar aquele colega.Meu rosto ficou vermelho na hora, e eu desviei o olhar, sem saber como responder.Ele não insistiu na provocação. Olhou de relance para o meu carro e perguntou:— Vamos no meu ou no seu? Tanto faz para mim.Foi só então que lembrei do problema com meu carro. Fiquei um pouco envergonhada e me apressei em explicar:— Então… meu carro…Olhei para ele com um sorriso sem graça e depois me virei para olhar meu veículo:— Está com problema. Não liga de jeito nenhum. Eu ia ligar para a assistência, mas aí você me ligou.Jean arqueou levemente as sobrancelhas, surpreso, mas logo sorriu:— Que coincidência, hein? Parece que cheguei na hora certa.Não respondi, mas, no fundo, tive que concordar. Ele acenou com a mão para o motorista do Au
Assim que guardei o celular, parei por um instante, completamente surpresa com o que Jean tinha acabado de dizer. O que ele quis dizer com aquilo? Será que ele estava sugerindo algo mais sério? Era como se ele estivesse claramente pedindo uma definição.Olhei para ele, observando aquele perfil impecável e charmoso. Meu coração estava disparado, batendo tão forte que eu sentia no peito. Reuni toda a coragem que tinha e perguntei:— Então… quer dizer que você está pronto para dar o centésimo passo agora?Ele sorriu ainda mais, com aquele brilho provocador nos olhos. Olhou para mim pelo canto do olho e respondeu:— E você? Quantos passos quer que eu dê agora?Minha garganta secou. Lambi os lábios, engoli em seco e finalmente falei:— Você pode parar no passo noventa e nove? E deixar o último… para que eu o dê?Assim que terminei a frase, meu coração não estava apenas acelerado. Minha mente inteira parecia gritar, como se eu tivesse acabado de fazer algo incrivelmente ousado.Jean pareceu
No segundo seguinte, porém, o olhar da Sra. Serra se voltou para mim. Com uma expressão nada amigável, ela disse:— Essa Srta. Kiara é amiga do Mestre Jean? Uma garota dessas, de família tão insignificante e sem muita educação, está a anos-luz da família Auth. Mestre Auth sempre foi conhecido por…— Sra. Serra, Kiara é minha namorada. E, como ela não tem nenhum vínculo com a senhora, não cabe a você dar lições a ela. — Jean interrompeu, mantendo o tom calmo, mas com firmeza suficiente para cortar as palavras dela.Levantei as sobrancelhas, surpresa. Nunca imaginei que ele seria tão direto, chegando a interromper uma pessoa mais velha.O rosto da Sra. Serra ficou imediatamente sombrio.— Jean, minha mãe só está tentando ajudar. Você viu o quão arrogante Kiara é? Ela chutou minha perna e me deixou com um hematoma! — Emilia tentou defender a mãe, levantando a saia para mostrar o machucado na perna.Eu estava prestes a explicar, mas Jean foi mais rápido:— Kiara não machucaria alguém sem m
Eu ainda estava na concessionária quando o celular tocou. Era Tatiana.— Kiara, a Sra. Isabela está aqui procurando por você.Respondi, sem me abalar:— Não se preocupe com ela. Diga que eu tenho compromissos hoje, não vou voltar para a empresa, e peça para ela ir embora.— Mas ela se recusa a sair. Está sentada no seu escritório. Posso pedir para os seguranças tirarem ela de lá?— Não precisa, deixe ela sentada lá.Sabia que, se Isabela causasse confusão, até os seguranças poderiam não dar conta da situação, e isso acabaria prejudicando a operação normal da empresa.— Tudo bem... — Tatiana suspirou e desligou.Não dei muita importância ao assunto. Isabela só sabia aparecer para pedir dinheiro, nada mais. E eu estava decidida: não daria um centavo. Se cedesse uma vez, seria um ciclo sem fim.Guardei o celular no bolso e me virei para voltar ao salão de exibição. Mas, ao levantar o olhar, dei de cara com uma figura familiar. Não, mais do que familiar: uma inimiga.Emilia vinha andando,
— Não precisa se apressar com a transferência da casa. Vamos falar sobre a situação da Tânia. Você disse no tribunal que, se ela te pedisse desculpas, aceitaria um acordo extrajudicial. Isso ainda vale? — Davi perguntou, direto.Eu franzi as sobrancelhas e o encarei:— Você está nesse estado, saindo no frio dessa noite, só para perguntar isso?— E por que não? Você bloqueou meu número e, mesmo depois de trocar o seu, continua ignorando minhas ligações. — Ele rebateu, com um tom de leve acusação e sarcasmo. — Parece até que atender minhas chamadas é uma sentença de morte para você.Fiquei surpresa. Agora que ele mencionou, lembrei que, de fato, tinha recebido duas ligações de números desconhecidos durante o dia e as rejeitei automaticamente.— Ainda vale? — Ele repetiu a pergunta, insistente.Eu respirei fundo. Para ser sincera, não queria que valesse. A atitude de Tânia no tribunal tinha me irritado profundamente.Mas, com Carlos prestes a sair da prisão e sem saber que tipo de problem
Eu fiquei sem palavras. Ainda bem que ele não fez isso, porque, se tivesse feito, eu nunca mais teria cara para encarar Lucas na empresa. A menos que eu trocasse de gerente imediatamente.Pensando nisso, murmurei arrependida:— Se eu soubesse, nem teria te contado. Você não ia me encontrar por acaso, e nem sequer saberia...— O que você disse?— Eu disse que finalmente descobri um defeito seu: ciumento e infantil! — Virei-me para ele, articulando cada palavra de propósito, só para provocá-lo.Mas, em vez de se irritar, ele riu e respondeu com naturalidade:— Tenho muitos defeitos. Com o tempo, você vai descobrindo todos.— Então, por que você não me conta logo? Assim, eu evito te irritar.— Prefiro não.Nossos comentários eram tão infantis que, no final, nem nós mesmos conseguimos levar a conversa a sério.— Chega disso. Vou te levar para casa. Amanhã de manhã, vamos direto ver o carro, e depois te deixo no trabalho. — Jean mudou de assunto, enquanto já organizava minha agenda do dia s
Mas era um sorriso de felicidade.— Tudo bem, se você insiste em vir, não tem como eu te impedir. — Respondi, resignada. Depois de desligar o telefone, voltei para a mesa. Lucas já tinha começado a comer. — Come logo, os ingredientes aqui são bem frescos, está uma delícia. — Assim que me sentei, ele colocou um taco com pimenta no meu prato. Eu rapidamente recusei: — Obrigada, mas pode comer você. Eu me sirvo sozinha. Ele apenas sorriu, como se não tivesse escutado o que eu disse, e continuou colocando comida no meu prato. Naquele momento, lembrei das palavras de Tatiana, que havia comentado que Lucas parecia ter interesse em mim. De repente, achei que a ideia de Jean vir me buscar fazia muito sentido. Pelo menos ficaria claro para Lucas que eu já tinha namorado e que ele não deveria investir mais energia nisso. Terminamos o jantar por volta das nove da noite. Eu estava pensando se Jean já teria terminado seus compromissos, quando o telefone tocou. Era ele, dizendo que já
— Só consegui fazer um reparo provisório. Amanhã você deve levar o carro na concessionária para trocarem a fiação. Assim, evita que o problema volte e te deixe na mão de novo. — Lucas explicou.Eu fiquei muito agradecida e agradeci várias vezes. Como as mãos dele estavam sujas, fui até o carro e peguei uma garrafa d’água para ajudá-lo a lavar as mãos.Depois que Lucas terminou de lavar e secar as mãos, ele olhou para mim e comentou:— Está frio hoje. Me fez lembrar da última vez que a Srta. Kiara me convidou para comer comida mexicana.O recado era claro. Ele queria repetir o convite. Não tive como ignorar e respondi com um sorriso:— Então, que tal eu convidar o Sr. Lucas para jantar comida mexicana hoje? Assim aproveito para agradecer a ajuda com o carro.Se não fosse por Lucas, eu provavelmente teria que esperar no frio por uma ou duas horas até o pessoal da concessionária chegar para fazer o reparo.Lucas riu, satisfeito:— Combinado. E não me ache cara de pau, viu, Srta. Kiara?Co
Eu sabia que minha tia era extremamente supersticiosa. Ela vivia consultando diferentes médiuns e curandeiros, então usei essa frase de propósito, só para assustá-la. Afinal, eu não acreditava nessa bobagem, e não tinha medo de que ela usasse isso contra mim. Como esperado, assim que falei, Camila ficou tão irritada que começou a gaguejar: — Kiara, você... você realmente é... — Ela respirou fundo antes de continuar. — Não é à toa que a Isabela diz que você não tem laços familiares e tem um coração tão cruel quanto o de uma serpente. — Hum, então ótimo. Já que vocês têm corações tão bondosos, cuidem dele bem direitinho. Considerem isso como uma forma de acumular boas ações. Eu segui o raciocínio dela sem me importar, jogando suas palavras de volta. Isso a deixou sem reação por completo. Desliguei o telefone. O advogado, que ainda estava no meu escritório, acabou ouvindo parte da conversa, e, mesmo sendo um estranho, parecia cheio de pena de mim. — Srta. Kiara, parece que ma
— Ouvi dizer que a família dele é muito bem de vida. Eles não se importam com o fato de você já ter sido casada? — Camila perguntou, em tom provocador.Eu não consegui segurar e soltei uma risada seca antes de responder:— E daí que eu fui casada? Não matei ninguém, nem cometi nenhum crime.Camila suspirou com impaciência:— Você é impossível, Kiara. Eu só estava tentando mostrar preocupação, e você responde assim, sem educação.— Obrigada pela sua preocupação, então. Mas estou ocupada, se não for nada urgente, vou desligar.Eu já estava prestes a encerrar a ligação quando ela, apressadamente, me chamou:— Kiara, espera! Ainda preciso falar com você!Suspirei, sentindo que já sabia onde aquilo iria parar, mas voltei o telefone ao ouvido.— Fala logo.— Então… você sabe que seu pai está doente, não sabe? A situação dele é bem grave.Ah, claro. Depois de todo aquele rodeio, ela finalmente chegou ao ponto. O verdadeiro assunto era Carlos.— Que doença? Ele vai morrer quando? — Perguntei,
Eu me encostei no peito dele, sentindo as vibrações de sua respiração, enquanto um profundo sentimento de culpa tomava conta de mim. Pensar que ele era tão bom comigo, enquanto eu ainda insistia em manter uma distância, fazia com que eu me sentisse ainda pior. Mas, por mais que eu quisesse, simplesmente não conseguia abrir meu coração para ele por completo.— Jean… — Chamei com a voz rouca, encostando no peito dele.— Hum? — Ele abaixou a cabeça, e sua respiração quente roçou meu ouvido.Eu o empurrei levemente, criando um pequeno espaço entre nós. Respirei fundo para controlar as emoções e, com uma insegurança evidente, perguntei:— Você realmente não está nem um pouco bravo comigo?Ele ergueu a mão e, com delicadeza, enxugou as lágrimas que haviam escapado pelos meus olhos. Com uma calma impressionante, ele respondeu:— Você já está passando por algo suficientemente difícil e doloroso. Se eu ainda ficasse bravo, só faria você se sentir pior.Eu o encarei, incapaz de conter a profunda