Ao observar com mais atenção, percebi algo estranho: a parte da parede da canudo que estava molhada pelo suco ultrapassava o nível que deveria estar se ele tivesse apenas sido colocado ali, parado.Mas eu tinha certeza de que não encostei no suco, nem sequer tomei um gole desde que foi servido. Então, por que a parede do canudo parecia mais molhada do que deveria?A única explicação lógica era que alguém mexera no meu suco, talvez usando o canudo para misturar algo. Mas por quê?Então, um pensamento alarmante passou pela minha cabeça. Tânia teria colocado alguma coisa no meu suco? Algum tipo de droga?A ideia fez meu coração acelerar.Eu não queria acreditar que ela fosse capaz de algo tão ousado, especialmente em um lugar público. Mas, se fosse verdade, qual seria o propósito dela? Ela não seria burra o suficiente para tentar me envenenar. Matar alguém significaria assinar sua própria sentença.Não… não era algo tão extremo. Meu instinto dizia que, se ela realmente tivesse colocado al
O copo ficou um pouco cheio demais. Tânia, sem pensar muito, pegou o canudo e deu dois goles.Eu a observei em silêncio, sentindo meu coração acelerar. Não havia problema de higiene, afinal, eu nem sequer tinha tocado naquele suco.O problema, no entanto, era outro se ela realmente tivesse colocado algo no meu suco, agora ela havia bebido. E se isso causasse algum efeito colateral?A incerteza sobre o que poderia acontecer deixou meu coração inquieto. Mas, ao mesmo tempo, pensei: se algo acontecer, é apenas o resultado das ações dela. Ela merece.Enquanto Tânia estava ao telefone com Davi, eu aproveitei para trocar os copos e enviei uma mensagem para Tatiana. Pedi que ela me ligasse em dez minutos com uma desculpa urgente, algo ligado à empresa, para que eu pudesse sair dali rapidamente. Agora, restavam apenas cinco ou seis minutos.Tânia, ainda presa à sua irritação, terminou de engolir o suco e me olhou com desprezo antes de começar a disparar suas ofensas:— Kiara, você não acha que
Eu levantei a cabeça e vi Davi descendo do carro. Como ele já estava ali, desisti de ir atrás de Tânia. Apenas joguei as palavras para ele:— Sua irmã está com problemas. Vai atrás dela!Davi caminhou a passos largos em minha direção, com o rosto franzido de confusão:— O que você quer dizer com isso? A Tânia me pediu para vir te buscar porque vocês beberam e não podiam dirigir.— Beber? Não bebemos nada! Eu não preciso de você e sugiro que vá atrás dela agora! Ela está dirigindo de forma perigosa.Davi percebeu pelo meu tom que eu não estava brincando. Seu rosto ficou pálido, e ele rapidamente pegou o celular para ligar. No entanto, a ligação não completou. Ele apertou os lábios, com uma expressão sombria, virou-se e entrou no carro apressado.Eu observei enquanto ele arrancava com o veículo em alta velocidade. Em seguida, entrei no meu carro e fui embora também.O destino de Tânia, para mim, não era mais problema. Eu já havia cumprido meu papel ao alertar a família dela.No entanto,
Era mesmo impressionante como a culpa sempre encontra uma desculpa. — Depois de ouvir o que Davi disse, eu sequer tive vontade de me defender.Agora ele gritava com toda a convicção do mundo, mas quanto mais alto for o tom, maior seria a vergonha dele quando a verdade viesse à tona.— A verdade sobre a noite passada, eu vou te mostrar. — Falei calmamente e, em seguida, perguntei. — Vocês estão no hospital ou em casa?— No hospital.A família de Davi tinha um hospital particular de confiança. Se algo realmente tivesse acontecido com Tânia na noite passada, eles certamente fariam de tudo para encobrir a situação, recorrendo a médicos conhecidos.Passei em uma floricultura e encomendei um buquê de flores antes de dirigir diretamente para o hospital. Por coincidência, assim que saí do elevador e entrei no corredor, vi Davi.Ele estava ao celular, com uma expressão séria. Quando me aproximei, ouvi parte da conversa; ele falava com o advogado e mencionava a palavra "estupro".Era exatamente
Mas eu já tinha entregado o celular para Davi. Do outro lado, Eduarda também esticou o pescoço, curiosa, para ver a tela.Em questão de segundos, o rosto de Davi ficou cada vez mais sombrio, enquanto o olhar de Eduarda se enchia de surpresa.— Tânia... — Eduarda virou-se para a filha que estava deitada na cama, completamente chocada, gaguejando ao falar. — Isso... você e a Kiara, vocês...Eduarda ainda nem tinha terminado a frase quando Davi se virou de repente, explodindo:— Tânia! Fala logo a verdade! O que aconteceu ontem à noite?— Irmão, eu... ontem à noite, eu... — Tânia tentou responder, mas seu rosto estava pálido e ela mal conseguia formar uma frase completa, gaguejando entre soluços.Davi, tomado por uma fúria avassaladora, deu dois passos largos até a cama e enfiou o celular na frente dela:— Olha isso! Olha o que você estava fazendo! Foi você quem colocou o remédio e ainda teve a coragem de mentir para mim e para todos os outros!— Eu não menti! — Tânia gritou, chorando. —
Dizia que o casamento era o túmulo do amor, mas ainda era melhor ser enterrado com dignidade do que apodrecer ao relento. Depois de mais de dois meses de trabalho árduo, finalmente terminei de costurar, com minhas próprias mãos, o meu vestido de noiva.Sob a luz do abajur, ele parecia tão branco e elegante, brilhando com um esplendor indescritível. Uma verdadeira obra-prima.Eu já podia me imaginar, em poucos dias, caminhando pelo corredor vestida de noiva, em direção ao homem que amava. Só de pensar nisso, eu quase sorria nos meus sonhos. Dos 19 aos 25 anos, foram seis longos anos de amor. Finalmente, meu relacionamento seria "enterrado" no altar.Mas, ao acordar certa manhã, tudo desmoronou. Todos os meus sonhos se transformaram em pó.— Kiara, o Sr. Davi veio ao ateliê esta manhã para buscar o vestido. Ele o levou para casa? — Perguntou minha assistente, Tatiana, ao telefone, com a voz cheia de curiosidade.Eu tinha acabado de acordar e ainda estava meio grogue. Ao ouvir aquilo, fra
Achei que Davi ficaria furioso, que me acusaria de estar exigindo demais. Mas, para minha surpresa, ele apenas fez uma breve pausa antes de responder:— Certo, nos vemos à noite.Há três anos, nós dois fundamos uma marca de roupas chamada Lustre & Gala, que hoje é um verdadeiro sucesso.Na época, Davi entrou com o capital, e eu entrei com a expertise criativa, como sócia técnica. Agora, a empresa está avaliada em centenas de milhões, pronta para abrir capital na bolsa. O futuro é promissor. Mas, para ficar com Clara, ele está disposto a me entregar tudo. Parece que isso é o que chamam de amor verdadeiro, não é?Olhei para a casa abarrotada de itens do casamento e senti um nojo que me corroía. Tudo parecia tão ofensivo aos meus olhos que, por um instante, desejei tacar fogo em tudo. Chamei uma equipe de mudanças e dei ordens claras: que empacotassem tudo que fosse relacionado a Davi e levassem embora.Graças a Deus! Ainda bem que eu sempre insisti em esperar pela noite de núpcias para c
Quando terminei de falar, joguei o contrato com força no rosto de Davi e me levantei, apontando a porta:— Quero descansar. Vocês podem ir embora. E, por favor, levem todo o lixo de vocês com vocês.Inacreditável. Eu gostava desse homem desde os 16 anos. Foram oito anos de sentimentos e seis anos de relacionamento. Como só hoje consegui enxergar o verdadeiro caráter dele?Na verdade, deveria até agradecer à Clara. Se não fosse ela, eu teria me casado com um homem tão nojento e hipócrita. Minha vida teria sido um verdadeiro inferno.Eduarda, indignada com minhas palavras, levantou-se apressada, dizendo com raiva:— Kiara, esse é o seu problema. Você é muito explosiva! Olhe para Clara. Ela é doce, educada e sempre me trata com respeito...Segurei o riso e o desprezo que subiam em minha garganta. Nesse instante, vi meu cachorro passando pela sala. Puxei os lábios em um sorriso e chamei:— Higger, pega eles!— Au! Au! Au! — Higger, obediente, correu em direção a eles, latindo ferozmente.—
Mas eu já tinha entregado o celular para Davi. Do outro lado, Eduarda também esticou o pescoço, curiosa, para ver a tela.Em questão de segundos, o rosto de Davi ficou cada vez mais sombrio, enquanto o olhar de Eduarda se enchia de surpresa.— Tânia... — Eduarda virou-se para a filha que estava deitada na cama, completamente chocada, gaguejando ao falar. — Isso... você e a Kiara, vocês...Eduarda ainda nem tinha terminado a frase quando Davi se virou de repente, explodindo:— Tânia! Fala logo a verdade! O que aconteceu ontem à noite?— Irmão, eu... ontem à noite, eu... — Tânia tentou responder, mas seu rosto estava pálido e ela mal conseguia formar uma frase completa, gaguejando entre soluços.Davi, tomado por uma fúria avassaladora, deu dois passos largos até a cama e enfiou o celular na frente dela:— Olha isso! Olha o que você estava fazendo! Foi você quem colocou o remédio e ainda teve a coragem de mentir para mim e para todos os outros!— Eu não menti! — Tânia gritou, chorando. —
Era mesmo impressionante como a culpa sempre encontra uma desculpa. — Depois de ouvir o que Davi disse, eu sequer tive vontade de me defender.Agora ele gritava com toda a convicção do mundo, mas quanto mais alto for o tom, maior seria a vergonha dele quando a verdade viesse à tona.— A verdade sobre a noite passada, eu vou te mostrar. — Falei calmamente e, em seguida, perguntei. — Vocês estão no hospital ou em casa?— No hospital.A família de Davi tinha um hospital particular de confiança. Se algo realmente tivesse acontecido com Tânia na noite passada, eles certamente fariam de tudo para encobrir a situação, recorrendo a médicos conhecidos.Passei em uma floricultura e encomendei um buquê de flores antes de dirigir diretamente para o hospital. Por coincidência, assim que saí do elevador e entrei no corredor, vi Davi.Ele estava ao celular, com uma expressão séria. Quando me aproximei, ouvi parte da conversa; ele falava com o advogado e mencionava a palavra "estupro".Era exatamente
Eu levantei a cabeça e vi Davi descendo do carro. Como ele já estava ali, desisti de ir atrás de Tânia. Apenas joguei as palavras para ele:— Sua irmã está com problemas. Vai atrás dela!Davi caminhou a passos largos em minha direção, com o rosto franzido de confusão:— O que você quer dizer com isso? A Tânia me pediu para vir te buscar porque vocês beberam e não podiam dirigir.— Beber? Não bebemos nada! Eu não preciso de você e sugiro que vá atrás dela agora! Ela está dirigindo de forma perigosa.Davi percebeu pelo meu tom que eu não estava brincando. Seu rosto ficou pálido, e ele rapidamente pegou o celular para ligar. No entanto, a ligação não completou. Ele apertou os lábios, com uma expressão sombria, virou-se e entrou no carro apressado.Eu observei enquanto ele arrancava com o veículo em alta velocidade. Em seguida, entrei no meu carro e fui embora também.O destino de Tânia, para mim, não era mais problema. Eu já havia cumprido meu papel ao alertar a família dela.No entanto,
O copo ficou um pouco cheio demais. Tânia, sem pensar muito, pegou o canudo e deu dois goles.Eu a observei em silêncio, sentindo meu coração acelerar. Não havia problema de higiene, afinal, eu nem sequer tinha tocado naquele suco.O problema, no entanto, era outro se ela realmente tivesse colocado algo no meu suco, agora ela havia bebido. E se isso causasse algum efeito colateral?A incerteza sobre o que poderia acontecer deixou meu coração inquieto. Mas, ao mesmo tempo, pensei: se algo acontecer, é apenas o resultado das ações dela. Ela merece.Enquanto Tânia estava ao telefone com Davi, eu aproveitei para trocar os copos e enviei uma mensagem para Tatiana. Pedi que ela me ligasse em dez minutos com uma desculpa urgente, algo ligado à empresa, para que eu pudesse sair dali rapidamente. Agora, restavam apenas cinco ou seis minutos.Tânia, ainda presa à sua irritação, terminou de engolir o suco e me olhou com desprezo antes de começar a disparar suas ofensas:— Kiara, você não acha que
Ao observar com mais atenção, percebi algo estranho: a parte da parede da canudo que estava molhada pelo suco ultrapassava o nível que deveria estar se ele tivesse apenas sido colocado ali, parado.Mas eu tinha certeza de que não encostei no suco, nem sequer tomei um gole desde que foi servido. Então, por que a parede do canudo parecia mais molhada do que deveria?A única explicação lógica era que alguém mexera no meu suco, talvez usando o canudo para misturar algo. Mas por quê?Então, um pensamento alarmante passou pela minha cabeça. Tânia teria colocado alguma coisa no meu suco? Algum tipo de droga?A ideia fez meu coração acelerar.Eu não queria acreditar que ela fosse capaz de algo tão ousado, especialmente em um lugar público. Mas, se fosse verdade, qual seria o propósito dela? Ela não seria burra o suficiente para tentar me envenenar. Matar alguém significaria assinar sua própria sentença.Não… não era algo tão extremo. Meu instinto dizia que, se ela realmente tivesse colocado al
As feridas e humilhações que Davi me causou não eram algo simples como uma traição. Ele praticamente destruiu minha vida naquele momento.— Kiara! Não fale como se fosse tão simples. Meu irmão não teve escolha naquela época. Clara estava com uma doença terminal. O que ele fez foi por obrigação moral. Isso só prova que ele é um homem fiel e com um grande senso de responsabilidade! — Tânia começou a argumentar, tentando justificar o que era injustificável.Eu franzi a testa, incomodada com cada palavra dela. A família Castro está claramente cheia de problemas. Esses irmãos parecem viver em uma realidade paralela. Com essas pessoas no comando, a queda da família é apenas uma questão de tempo.Não me dei ao trabalho de responder. Apenas foquei no que realmente importava:— Mostre o vídeo. Caso contrário, estou indo embora.Tânia permaneceu imóvel, como se estivesse tentando ganhar tempo. Minha paciência acabou. Peguei minha bolsa e me levantei.— Espere! — Ela se apressou, me chamando, cla
— Tudo bem, eu vou. — Fingi ter cedido à chantagem de Tânia, como se ela tivesse conseguido me manipular.Depois de desligar, me dei ao luxo de refletir com mais calma. Era verdade que havia certa tensão e flerte entre mim e Jean, mas nunca tivemos qualquer interação pública que pudesse ser considerada íntima ou comprometedora.Com a personalidade de Tânia, se ela realmente tivesse algo sólido contra mim, já teria usado isso há tempos para me humilhar publicamente. Não esperaria até agora, quando minha relação com Davi estava prestes a acabar, para jogar suas cartas.Provavelmente, esse "vídeo" que ela mencionou não mostrava nada relevante. Era mais uma tentativa desesperada de me assustar, de me fazer recuar, talvez até de ajudar Davi a reverter a situação.Ao entender isso, me senti mais tranquila. Ainda assim, decidi ir ao encontro dela. Não por mim, mas por Jean. A posição dele era delicada, e eu não podia correr o risco, por menor que fosse, de algo prejudicar a reputação dele.Po
— Se ainda não decidiram, talvez não seja o momento certo para se divorciarem. Problemas acontecem em qualquer casamento, e uma boa conversa pode resolver. — O funcionário empurrou os papéis da separação de volta para nós, tentando nos convencer a desistir.Fiquei irritada imediatamente. Virei o rosto para Davi e, em um tom baixo e severo, questionei:— O que você está tentando fazer? Mesmo que você adie hoje, não vai escapar da audiência no tribunal na quinta-feira. Por que insistir nisso?Davi manteve o olhar fixo no meu, com uma expressão indecifrável. Depois de alguns momentos de silêncio, ele finalmente respondeu ao funcionário:— Estou aqui por vontade própria. Nosso relacionamento acabou. Não há mais como voltar atrás.Soltei um suspiro aliviado, embora ainda estivesse tensa.— Certo, então… — O funcionário pegou os documentos novamente, assumindo seu tom profissional. — A partir de hoje, começa o período de 30 dias de reflexão obrigatória. Durante esse tempo, qualquer uma das p
A liberdade de se vestir como quiser era, de fato, uma escolha pessoal. Mas, em certas situações, a exposição involuntária de partes do corpo feminino pode, infelizmente, colocar uma mulher em perigo. Isso também é uma realidade.Lembrei-me de uma aula de Direito Penal que fiz na faculdade. O professor mencionou que, do momento em que um homem é estimulado até sentir um impulso, podem bastar apenas 40 segundos. Como Jean disse, alguns homens podem, em um instante, se transformar em verdadeiros predadores.— Então, vou indo. Obrigado pelo trabalho. — Jean inclinou levemente a cabeça, com a mesma cortesia de sempre.Eu ainda estava com o rosto em chamas e, como de costume, falei de forma completamente desajeitada:— N-não foi nada… Assim que as roupas estiverem ajustadas, eu… eu levo para você.— Tudo bem. — Ele respondeu calmamente.Insisti em descer com ele até a saída, mas Jean me olhou de cima a baixo e, percebendo que eu estava sem o casaco, recusou. Ele me pediu para ficar, dizendo