Luiza estremeceu, falando em voz baixa:- Não, nós não fizemos nada.Helena, claramente incrédula e com uma expressão fria, disse:- Clara estava apenas presente agora, eu não te culpei por nada. Mas e se por acaso ela te visse flertando, se assustasse e algo de ruim acontecesse com a criança, você estaria pronto para assumir a responsabilidade?O coração de Helena estava inteiramente voltado para o filho.Luiza permaneceu em silêncio.Helena prosseguiu:- Soube pela Clara que o Miguel se machucou porque você o empurrou?Luiza sentiu um aperto no coração e olhou para Clara ao longe, que segurava uma bolsa e usava um vestido branco, acenando e sorrindo para ela.Luiza verdadeiramente admirava essa mulher por sua astúcia.Não importava a situação, ela sempre mantinha uma postura tranquila e elegante.- Sim. - Em relação ao acidente de Miguel, Luiza não podia negar, de fato foi por sua causa.- Não quero te culpar por isso, mas espero que se lembre, já que as coisas chegaram a este ponto,
Fabiano refletiu por um momento e, sem dizer nada, se virou e partiu.Ele não foi procurar Miguel no andar de cima, mas sim entrou em seu próprio Pagani e dirigiu para longe.Luiza ficou com uma expressão de completa incompreensão.As pessoas eram estranhas, pensou ela.Já que o mundo todo parecia desaprovar sua relação com Miguel, então que fosse assim, se resignou.Ela voltou para o andar de cima, acabava de tomar um banho e estava secando os cabelos quando o telefone dela tocou, era Miguel.- Alô? - Atendeu, sua voz soando fria.Miguel percebeu que algo estava errado e perguntou:- Por que você ainda não subiu?- Subir para quê?Miguel hesitou por um momento.- Minha perna está um pouco dolorida.- Espere um pouco. - Ela colocou a toalha de lado e caminhou de chinelos até o quarto principal.Miguel estava sentado na cama e sorriu ao vê-la, curvando levemente os lábios.- Venha aqui.Luiza parou diante dele, olhando friamente para sua perna.- Onde dói? Precisa que chame o Dr. Yago?
O rosto do Miguel estava extremamente frio.- Chame ela para entrar.Sua perna estava ferida, e ele não conseguia andar muito.- Certo, Miguel, vou te ajudar a voltar para a cama primeiro. Fique sentado, eu vou chamá-la. - Fabiano ajudou Miguel a voltar para a cama.Miguel se sentou com frieza.Fabiano saiu e parou atrás de Luiza,- Miguel está chamando você.Ao se virar e vê-lo, Luiza exibiu um semblante fechado.De repente, ele deu um passo à frente, seu olhar vagando, e sussurrou suavemente ao ouvido dela:- O acordo entre você e Helena, não revelei ao Miguel.Luiza o encarou friamente:- E daí?- Em troca, você precisa me prometer uma coisa.- Por que deveria prometer algo a você?- Se não prometer, revelarei ao Miguel o seu acordo com a Helena. Considerando que seu pai conspirou contra Miguel no passado, Miguel certamente odeia seu pai. Se isso chegar aos ouvidos do Miguel e ele se irritar, pode acrescentar mais duas acusações contra seu pai, que terá que passar seus últimos anos
- Fabiano gosta da Clara, você não vai conseguir seduzi-lo. - Disse Miguel com um tom sombrio. - E Theo também não vai casar com você, então pare de sonhar.- E se, com a minha beleza, eu conseguisse? - Luiza inclinou a cabeça, soltando de repente uma risada intensa.- Você está rindo do quê?- Estou rindo da sua ingenuidade. Como pode o presidente do Group Sunland ser tão ingênuo? Assim como eu e Theo trabalhamos juntos, o que eu perderia? No máximo, ele vai querer se aproveitar de mim, certo? Então, só preciso agir como uma coelhinha inocente. Se tudo correr bem, em breve serei uma designer internacional, uma celebridade. E, na pior das hipóteses, ainda vou receber bastante carinho e dinheiro. Para mim, não há perda.- Você enlouqueceu? - Miguel se acalmou, incapaz de compreender o comportamento dela. - Eu já te disse, em dois anos, vou te fazer uma designer internacional.- Eu não quero esperar dois anos. - Luiza o interrompeu. - Eu quero agora. Se você não pode me dar, outros podem
Luiza se surpreendeu, mas prontamente recuperou sua serenidade.Então, era isso que Fabiano queria dizer ao afirmar que a ajudaria a se divorciar.Fazer com que Miguel acreditasse que ela era uma mulher inquieta, se envolvendo secretamente com seu irmão, assim, Miguel não a desejaria mais.O momento finalmente chegou.Luiza sentiu tristeza no coração, mas sabia que tinha de cooperar, pois esta era a última barreira.Ela sorriu e disse:- Desculpe, Sr. Miguel, sou diferente de você. Após o divórcio, preciso de alguém em quem confiar. Como sabe, o grupo da minha família agora está sob a liderança do meu tio, e nossa família está em declínio. Precisamos de apoio, senão ninguém desejará fazer negócios conosco.Ao ouvir isso, o olhar de Miguel se fixou nela, pesado e penetrante.O coração de Luiza batia forte, um tanto assustada, mas ela prosseguiu.- E há também meus sonhos. Se você não deseja ajudar a realizá-los, naturalmente devo procurar quem queira.- Então, todo o amor que demonstrou
Ao abrir a porta, ele se encontrava calmamente sentado no sofá, seu corpo esguio envolto em um robe de dormir.- O que você veio fazer aqui? - Indagou Miguel, ao vê-la tão bem arrumada, supondo que ela estivesse ali para pedir reconciliação.O olhar de Luiza pousou sobre a faixa de fixação em sua perna.- Não combinamos que iríamos nos divorciar hoje?A expressão de Miguel esfriou.- Realmente não pode esperar, não é?Luiza não respondeu, aguardando em silêncio.Miguel soltou uma risada de autodepreciação e chamou:- Eduardo.- Senhor, me chamou? - Eduardo apareceu pela porta que dava para o exterior.Miguel se virou.- Vá até o closet e me traga uma peça de roupa.- Claro, senhor. Não seria normalmente a senhora a fazer isso? - Eduardo, ainda alheio ao que havia ocorrido entre eles, coçou a cabeça, confuso.Luiza ofereceu:- Posso pegar para você?Ela pensou que seria a última vez, mas Miguel recusou.- Não é necessário, Eduardo, vá você.Eduardo foi, relutante, buscar a roupa para Mi
- Isso não tem nada a ver com você. - Miguel olhou para ela, com um tom de voz abafado.Luiza parou por um momento, pegou a gravata e cuidadosamente a enrolou ao redor do seu pescoço, fazendo o nó com habilidade.Era verdade.Ele agora tinha Clara, não precisaria mais dela para se preocupar, e com o jeito de moça bem-educada que Clara tinha, era impossível que ela não soubesse dar nó em gravata.Após ajustar a gravata, ela pegou um alfinete de gravata, o fixou no colarinho dele, e o homem vestido de terno ficou extraordinariamente bonito, emanando uma sensação de frieza e distância que impedia as pessoas de se aproximarem.- Pronto. - Após terminar, Luiza sorriu, estava prestes a se afastar quando foi puxada pela cintura por Miguel, trazendo ela para perto.Ela levantou os olhos e viu os traços profundos e tridimensionais de seu rosto.Os dois ficaram quase com os narizes se tocando.Ele perguntou com voz profunda:- Há mais alguma coisa que você quer dizer?O hálito dele se espalhou p
Luiza e Miguel também permaneceram em silêncio, de pé juntos, um casal de aparência harmoniosa, mas com uma atmosfera terrivelmente pesada. Após esperarem na fila por algum tempo, chegou a vez deles. Avançaram e se sentaram nas cadeiras disponíveis. O funcionário responsável pelo processo de divórcio perguntou:- Vocês estão aqui para solicitar o divórcio?- Sim. - Respondeu Luiza, apresentando seus documentos.O funcionário olhou para eles de um lado para o outro e comentou:- Vocês formam um casal tão bonito, tão bem-aparecidos, por que querem se divorciar?Eles eram, sem dúvida, o casal mais atraente entre todos os que estavam se divorciando. Além disso, o homem parecia estranhamente familiar, como se o funcionário o tivesse visto em algum lugar antes. Luiza respondeu simplesmente:- Incompatibilidade de sentimentos.- Vocês trouxeram o acordo de divórcio?- Trouxemos. - Luiza pegou o acordo de divórcio que havia preparado anteriormente, assinou seu nome e passou para Miguel, d
Ao ver o rostinho pálido de Felipinho, Luiza não conseguiu conter a dor no coração. Felipinho tinha pouco mais de três anos, mas, por causa de Theo, já havia passado por tantos eventos seguidos. Ela estava profundamente arrependida. Sentia pena do Felipinho, e odiava o Theo. O odiava com toda a sua alma! Enquanto assistia ao noticiário, completamente absorta, seu celular foi subitamente arrancado de sua mão. Ao levantar os olhos, viu que quem tinha pegado o aparelho era Theo. Ele jogou o celular de volta para Giovana e, com um rosto impassível, disse: — Já chega. Vamos comer. No dia seguinte, o navio atracou. Luiza finalmente saiu daquele porão escuro e sombrio. Ao sentir o brilho do sol pela primeira vez, ficou um pouco desconfortável e apertou os olhos. Ao olhar ao redor, viu um mar azul e um país completamente desconhecido... As placas ao redor estavam escritas em um idioma que ela não conseguia entender. No entanto, deduziu que aquele era um país quente e com ce
Ele falava, mas Luiza não olhava para ele. Theo ficou irritado e segurou o queixo dela com força, forçando ela a virar o rosto e encará-lo. — Sabe de uma coisa? Eu fui bondoso demais com você. Se, na época em que você estava grávida do Felipinho, eu tivesse sido mais firme, ele nem teria nascido. Luiza ficou atônita por um momento e, furiosa, retrucou: — Theo, você é um monstro! — Não existe homem que aceite sua mulher dar à luz o filho de outro homem. Mas por que, no final, eu aceitei? Porque eu vi o quanto você queria esse filho, vi o quanto você se esforçou para tê-lo. Então, no fim, não fiz nada contra ele. Eu aceitei. Sei que te magoei, mas pensei em passar o resto da minha vida te compensando. — Eu não preciso disso. — Luiza respondeu, palavra por palavra. — Nunca gostei de você. Ele ficou impassível. — E daí? Agora você está nas minhas mãos. Não tem como fugir. — Tanto faz. — Luiza sorriu friamente, os lábios curvados com indiferença. — Minha família morreu, e
Luiza olhou para ele, sem dizer uma palavra. — Você acha que, deixando de comer, vai me fazer sentir pena de você? — Theo perguntou com o rosto frio. Luiza sorriu com indiferença. — Não. Eu não me rebaixo a esse tipo de artimanha, porque simplesmente não me dou ao trabalho de agradar você. Theo encarou aquele rosto frio e sorriu levemente. — Ótimo. Você não quer me agradar? Então fique aqui e morra de fome, por mim tanto faz. Luiza deu um sorriso desolado e se deitou novamente na cama. Ela já havia decidido: se algo acontecesse com sua família, ela não teria mais vontade de viver. Theo podia mantê-la presa, mas, se ela desistisse da própria vida, não haveria nada que ele pudesse fazer. Com o rosto carregado, Theo saiu do quarto. Na manhã seguinte, por volta das nove, Luiza ainda se recusava a comer. Theo estava ouvindo Giovana falar sobre os assuntos no País R quando Laís veio reportar: — Sr. Theo, a Srta. Luiza ainda não quis tomar o café da manhã. Ela trouxe
Nos olhos dela, aquele homem era frio como gelo, com um sorriso gélido nos lábios. Ele disse suavemente: — Este é o preço por não me obedecer. As pupilas de Luiza se dilataram levemente. Theo continuou: — Eu te dei uma chance naquela época. Te chamei para me encontrar várias vezes, mas você ignorou. Achou que eu, mesmo em apuros, não teria como te capturar? Pois bem, mesmo que eu morra, vou te levar comigo... Luiza ficou atônita, a raiva tomando conta de seu coração. Ela levantou a mão, tentando acertá-lo no rosto. — Desgraçado! Mas não conseguiu. Theo segurou seu pulso e o torceu para trás. Ele a olhou friamente, sem nenhum traço de emoção: — Eu já te dei oportunidades no passado, mas você não as aproveitou. Agora, não há mais chance... Com a dor, Luiza franziu as sobrancelhas e lançou um olhar furioso para ele: — Você é um desgraçado! — Você está certa. Sou mesmo um desgraçado. — Ele nem sequer usava mais os óculos, não se importando em manter uma aparência civi
Theo estava sentado no sofá, o olhar frio como uma lâmina de gelo cravado nas marcas de mordida no pescoço dela. Seus olhos semicerrados estavam carregados de rancor e cobiça. — De onde vieram essas marcas no seu pescoço? Luiza ficou sem palavras. Abriu a boca, mas conseguiu pronunciar apenas uma frase: — Você... Não está morto? — Você acha que eu morreria tão facilmente? — Theo soltou uma risada sarcástica. — Mas as notícias diziam... Que você tinha se enforcado na prisão! — Se eu não tivesse forjado aquela notícia, como poderia sair da prisão? — Ele sorriu com frieza. Então era isso! As notícias sobre a prisão nas Américas eram falsas, apenas uma encenação para enganar o público. Na verdade, Theo havia escapado como um verdadeiro mestre da fuga! "Não era de se estranhar que tudo tivesse parecido tão conveniente. Um homem tão calculista como ele nunca deixaria de ter uma rota de fuga preparada." Enquanto Luiza refletia sobre isso, Theo se levantou abruptamente e agar
Luiza, sem escolha, caminhou até a entrada do elevador e disse: — Pode ficar por aqui. Eu vou subir sozinha. Volte para casa, eu também já estou indo. — Vou esperar o elevador chegar. — Ele não tinha intenção de ir embora, seus longos dedos se entrelaçando nos dela. Assim, os dois ficaram de mãos dadas até o elevador chegar, e as portas se abrirem diante deles. Luiza olhou para ele e disse: — O elevador chegou. Eu realmente preciso ir. — Tudo bem. Ele soltou a mão dela, mas permaneceu parado do lado de fora, com o olhar cheio de saudade, fixo nela. O coração de Luiza estava agitado. Mesmo quando as portas do elevador se fecharam completamente, o canto de seus lábios ainda estava levemente curvado em um sorriso. Ao chegar ao estacionamento, ela abriu a porta do carro e jogou sua bolsa para dentro. No momento em que ia entrar no veículo, uma sombra repentina surgiu ao seu lado. Luiza levantou o olhar, alarmada. Uma toalha foi pressionada contra seu nariz e boca, e
Durante o jantar, ele a observava o tempo todo. Luiza abaixou a cabeça para tomar a sopa, desconfortável sob o olhar constante dele. Ergueu os olhos e encontrou os dele: — Por que está me olhando assim? — Quando sua avó e as outras voltam para as Américas? — Miguel perguntou enquanto descascava um camarão e o colocava no prato dela com naturalidade. Luiza olhou para o camarão, esboçou um leve sorriso, não recusou e o levou diretamente à boca: — Devem voltar amanhã. Hoje já cuidaram de toda a bagagem. — E seu pai? — Ele continuou, sem desviar o olhar. — Devo começar a organizar o retorno dele para Valenciana do Rio? Luiza pensou por um momento antes de responder: — Meu pai vai ficar no País R por enquanto. — Ainda não confia em mim? — Ele perguntou, encarando ela atentamente. Luiza respondeu com serenidade: — Não é isso. Só acho que ainda não está tão seguro. Quero esperar até que tudo esteja resolvido para trazê-lo de volta para Valenciana do Rio. — Você tem med
O olhar de Miguel parecia em chamas. Ele segurou a cintura dela com uma mão, enquanto a outra a puxava para mais perto, beijando cada centímetro de sua pele. Luiza estava tão fraca que parecia derreter como água, pendurada pelo pescoço dele, deixando que ele fizesse o que quisesse... ...Ao entardecer, o celular de Luiza tocou. Ela ouviu o toque familiar e abriu os olhos nos braços de Miguel. Viu que ele estava atendendo o celular dela. — Por que você está atendendo minhas ligações? — Perguntou ele, só então percebendo que sua voz estava rouca. À tarde, ele havia sido tão intenso que ela gritou até ficar sem voz. — Foi o Felipinho quem ligou. Então eu atendi por você. — Respondeu Miguel, segurando ela com um braço enquanto usava a outra mão para atender o telefone. Ele falou de forma preguiçosa com Felipinho, que estava do outro lado da linha. — Sua mãe talvez demore um pouco mais. Podem jantar sem ela, não precisam esperar. — Por que não precisam me esperar? — Luiza perg
— Desta vez, a reconciliação é real, certo? — Miguel perguntou. Luiza franziu as sobrancelhas, um pouco confusa. — Quero dizer, uma reconciliação de verdade, sem separações no futuro, certo? — Miguel a olhou diretamente nos olhos, sua expressão séria. Sob o olhar intenso dele, Luiza se sentiu desconfortável e, com um leve sorriso irônico, respondeu: — Isso não é garantido. Quem sabe daqui a alguns dias a gente brigue de novo? Miguel franziu a testa, impaciente. — Da sua boca não sai uma palavra boa. Luiza tentou conter o riso, mas antes que pudesse responder, Miguel a surpreendeu com um beijo. Sua voz rouca ecoou em seu ouvido: — Se não fala coisas boas, então vou lavar essa boca. Luiza congelou por um momento. "Esse é o jeito dele de lavar a boca?" Ele até colocou a língua. O beijo de Miguel a deixou sem fôlego. Tentando se recompor, ela colocou a mão no peito dele e perguntou: — Já terminou de lavar? — Não, ainda está muito suja. Precisa de mais lavagens.