- Certo.Luiza estava relativamente calma, apesar de dois brutamontes continuarem a proferir insultos do lado de fora; abrir a porta seria loucura. Quando perceberam que ela não cedia, um dos homens, num ímpeto que parecia possessão, colocou os braços sob o carro, tentando elevá-lo. O pavor tomou conta de Luiza.- O que vocês estão fazendo?Após algumas bebidas, essas pessoas pareciam ter perdido a razão. À medida que o carro era erguido, o coração de Luiza se apertou e, num momento crítico, alguém interveio, arrastando um dos brutamontes para longe e desferindo a ela um soco. O agressor se virou, apenas para se encontrar cercado por vários seguranças, que lhe aplicaram uma surra duradoura. O carro foi gentilmente recolocado no seu lugar, e Luiza, ainda aterrorizada, levou a mão ao coração, apenas para avistar um homem elegante se aproximando ao longe, de nariz proeminente e óculos sem armação, emanando uma aura imponente.Theo?Ela mal havia assimilado a situação quando Theo já e
Theo percebeu e se virou com um sorriso gentil.- Desculpe, me aproximei demais de você, não foi?Luiza respondeu:- Não tem problema, não precisa se desculpar.Ela acreditava que ele não tinha feito isso de propósito.Theo ajudou ela a se sentar no consultório médico.Quando o médico fazia perguntas, ela respondia, dócil e obediente.Ela era o tipo de mulher que instantaneamente fazia as pessoas gostarem dela, bonita, mas de uma forma nada agressiva.Theo ficou ao lado, observando ela, e, assim que o médico terminou de preencher o relatório, veio ajudá-la.- Srta. Luiza, vou levá-la à sala de radiologia.- Obrigada. - Luiza agradeceu, e Theo pegou sua bolsa, pendurando ela em seu braço naturalmente.Luiza ficou um pouco surpresa, mas não disse nada, e o acompanhou até a sala de radiologia.Era necessário esperar na fila para o exame. Theo se sentou ao lado dela, colocou um canudo no leite de morango e ofereceu a ela.- Tome um pouco de leite.- Obrigada. - Luiza aceitou o leite, seu c
- Claro. - Theo se despediu de Clara, levando Luiza consigo.Luiza tinha caminhado um pouco quando, de repente, se virou e viu Clara atrás dela, segurando o celular e tirando uma foto sua com Theo.Os dois trocaram olhares.Clara abaixou o celular e sorriu torto.Luiza pensou que Clara tinha tirado a foto dela com Theo, provavelmente, para mostrar a Miguel e espalhar fofocas.Que mulher ardilosa.Certamente, para Miguel, ela faria tudo parecer muito apaixonado.Luiza não estava enganada, foi exatamente isso que Clara fez: "Miguel, o que aconteceu com a Lulu? À noite, no hospital, vi ela com o Theo. O que isso significa?"Miguel: "O que você quer dizer?"Clara enviou uma foto de Luiza e Theo e disse: "É que eu vi Theo levando a Lulu ao hospital, Theo segurando a bolsa da Lulu, eles pareciam muito íntimos."Miguel estava em casa jantando quando recebeu a mensagem, seu rosto esfriou consideravelmente.- Senhor, o caldo de frutos do mar está pronto. Deseja que eu sirva agora ou espere a se
Luiza estava um pouco constrangida.- Obrigada por me levar para casa.- De nada. A propósito, mandei consertar o seu carro. Vou avisá-la quando estiver pronto.- Está bem, muito obrigado pela sua assistência.- Não foi nada. - Theo sorriu.Ele era muito eficiente.Luiza tinha apenas mais uma coisa a dizer:- Obrigada!Ao chegarem à Quinta do Lago, Theo estacionou o carro e observou, com pupilas escuras, a vila de estilo minimalista.- Você mora aqui?- Sim, obrigada por me trazer de volta. - Luiza respondeu, descendo do carro com o bolo.- Luiza. - Theo a chamou de repente.Luiza, segurando o bolo, se virou, e seu rosto estava suave e tranquilo sob a luz da lua.- O que foi?- Eu acho que você é muito legal. - Theo sorriu. - Tanto você quanto o seu trabalho, eu acho excelentes. Que tal? Quer tentar uma parceria conosco no NAS? Para começarmos uma nova era juntos?Uma nova era?O coração de Luiza tremia.Não estar emocionada seria mentira.Ela se esforçou tanto por anos, tudo para alca
A ira nos olhos de Miguel se espalhou por seu rosto, liberando uma risada fria.- Você está querendo me trair, não está?- Você também me traiu. E, mesmo que eu não concordasse, você deixaria a Clara por mim? - Ela perguntou, sorrindo.Os olhos de Miguel endureceram.- Impossível.Luiza sabia que ele não deixaria Clara.Então, estendeu as mãos e disse:- Então é isso. Vocês ficam juntos, e eu sofro sozinha. Acha isso justo? Mas eu me resignei. Já que você não me ama, fique com quem você ama. Eu também preciso de alguém para consolar meu coração. Então, não me impeça. Vamos cada um buscar a própria felicidade, sem brigas. Não é muito melhor assim?Ao ouvir suas palavras, Miguel ficou sombrio e, de repente, segurou a mão dela, dizendo friamente:- Você tem coragem?Luiza se assustou, pois ele estava segurando sua mão esquerda, que estava inchada e vermelha. Luiza franziu a testa de dor.- Você está machucando minha mão.Miguel percebeu então que o pulso dela estava inchado e vermelho, e
Ela estava encurralada por ele, sem ter para onde recuar, e respondeu:- Claro, ele é uma boa pessoa.- Mas e se ele descobrir que você é casada e não te quiser mais? - A respiração fria de Miguel atingiu seu rosto.- Então, simplesmente procurarei outro. Sapos com três pernas são difíceis de encontrar, mas homens com duas pernas estão por toda parte. Com minha aparência, certamente encontrarei um.- Parece que você está decidida a trair?Luiza sorriu.- Você não quer se divorciar, então só me resta procurar alguém estando casada. Você pode procurar, eu também posso procurar, todos felizes. Assim é justo.Miguel a encarou fixamente, como se ainda achasse que ela estava jogando jogos mentais, e disse sombriamente:- Ah, quero ver, quando ele descobrir quem você realmente é, se ainda vai te amar.- Se você não atrapalhar, com certeza vamos nos dar bem. - Luiza sorriu.- Não sou tão desocupado. - Miguel resmungou, rindo em seguida. - Mas, com esse corpo seu...Ele não terminou a frase, ap
Naquela noite, dormiu muito bem. Na manhã seguinte, assim que terminou de se vestir, o celular de Luiza tocou. Ela caminhou até o criado-mudo e viu o nome "Helena" piscando na tela. Após ter saído em um encontro na véspera, Helena ligou hoje para ela, parecendo ansiosa. - Alô, sogra. - Atendeu Luiza. - Ontem você se encontrou com o Theozinho, o que achou dele? - Indagou Helena. - O Sr. Theo é uma pessoa admirável. - Você pensa em avançar para algo mais sério? - Perguntou Helena. Luiza refletiu por um instante, - Acho que vale a pena nos conhecermos melhor. Ela considerava Theo uma boa pessoa, mas era provável que ele desconhecesse sua real situação. Luiza planejava, no próximo encontro, revelar a ele que era casada com Miguel. Não gostava de iludir as pessoas. - Ele é um talento raro. Se ele nutrir bons sentimentos por você, deve agarrar essa oportunidade. De fato, foi um golpe de sorte para Luiza. Inicialmente, Helena pretendia apresentar outro executivo de
Luiza se virou e viu que Miguel estava encostado à porta, exalando uma aura inexplicável de charme.Deus era injusto. Não apenas lhe conferira poder supremo, mas também o dotou de uma aparência perfeita e sedutora.- Você comprou isso? - Perguntou ela.Os olhos de Miguel encontraram os dela, e ele sorriu. - Sim, se gostar, pode levar.- Obrigada. - Respondeu Luiza, recolocando a bolsa. Da última vez, o colar de diamantes cor-de-rosa que ele lhe deu também foi guardado no guarda-roupa. Se não era dela, ela não pegava.Ao ver a bolsa sendo devolvida, o rosto suavizado de Miguel se tornou frio novamente, e ele perguntou com gravidade: - Não quer?- Não, não é necessário. Esta bolsa é valiosa demais, se eu a estragar, não posso pagar. Vou apenas dar uma olhada no design e depois desenhar um para mim. Leve para a Clara, ela vai certamente gostar. - Respondeu Luiza ao colocar a bolsa de volta, indo em busca de uma camisa para ele.O rosto de Miguel endureceu e, sem expressão, ele afirmou:
— Bisavó, a Maria e as outras também vão! Parece que vai ser necessário preparar mais comida! — Felipinho também estava muito animado e se virou para Melissa, dizendo isso.Assim, os três se tornaram parte de um grupo maior.Miguel estava à parte, com o rosto fechado.Ele queria sair com a esposa e o filho para passar mais tempo com Luiza.Mas não esperava que Felipinho tivesse convidado a família de Francisco também. Agora, o grupo estava bem maior, e ele imaginava que seria difícil até mesmo conversar.No entanto, o que ninguém esperava era que Priscila também tivesse chamado Elias.Miguel, Luiza e Felipinho estavam em um carro.Já Francisco estava em uma situação mais difícil. Provavelmente, por ter causado algum problema com Priscila na noite anterior, ela não quis andar com ele. Ela pegou Maria no colo e entrou no carro de Elias.Francisco ficou sozinho e, com o rosto fechado, deu ordens ao motorista para seguir.Meia hora depois, o grupo chegou ao parque de diversões.Assim que s
— O tio Elias é muito legal, bonito e engraçado. Eu pensei que, se o papai e a mamãe ficassem juntos, então eu poderia me casar com o tio Elias. Não seria perfeito?Francisco ficou com uma expressão sombria e respondeu, aborrecido:— Você se casar com ele? Isso eu não aceito.— Mas o tio Elias é tão legal...— Quieta! De qualquer forma, é impossível você se casar com ele. Nem você, nem sua mãe. — Francisco a interrompeu, impedindo ela de elogiar Elias.Maria fez um biquinho e foi carregada por Francisco até o andar de baixo.Ao descer, percebeu que a sala estava cheia de gente e que provavelmente todos ouviram o que ele disse lá em cima. Francisco ficou um pouco embaraçado.Maria, no entanto, não se incomodou. Ela se desvencilhou dos braços de Francisco e correu até onde estava Felipinho.— Felipinho.Felipinho cruzou os braços e levantou uma sobrancelha, olhando para Maria.— Você quer se casar com aquele tio Elias?Maria ficou com o rosto vermelho.— Não posso? Ele é tão bonito.— Eu
— Vovó? — Luiza estava confusa. Como assim, agora estava incluída também? Melissa disse: — O Felipinho vai sair. Você não vai com ele? Ela ainda não tinha concordado, mas a vovó já havia planejado tudo. Quando ia responder, Melissa continuou: — Vai lá, desde que você chegou ao País R, fica em casa o tempo todo. O Felipinho também não sai. Estou com medo de que ele fique entediado. De repente, Felipinho fez um sinal de "V" com os dedos e disse docemente: — Obrigado, bisavó. Melissa sorriu e disse: — Felipinho, se divirta hoje. — Claro! — Felipinho assentiu repetidamente. Vendo essa cena, Luiza não conseguiu mais recusar. O garoto estava tão feliz que, se ela dissesse que não iria, ele provavelmente começaria a chorar ali mesmo. Bem, ela decidiu realizar o desejo de Felipinho de saírem juntos. Depois do almoço, Melissa insistiu em preparar pessoalmente alguns lanches e frutas para Felipinho levar. Os demais aguardavam na sala de estar tomando café. Foi então
Melissa assentiu.— Mas um chef assim não deveria ter grandes ambições? Ele realmente não quer fama e fortuna e está disposto a ser o chef particular de vocês?— No começo, ele também não queria, mas eu apoio o desenvolvimento de novos pratos dele e prometi que o ajudaria a abrir um restaurante, a expandir sua reputação. Só assim ele aceitou trabalhar como nosso chef particular, para ter mais tempo para criar novos pratos.Ao ouvir isso, Luiza finalmente entendeu que o chef da Mansão Jardim tinha uma história importante por trás. Ela nunca havia perguntado antes; só achava que a comida dele era deliciosa. Mas, pelo visto, Miguel tinha feito várias promessas a ele.— Você foi muito atencioso. — Melissa sorriu.Miguel disse:— Se a senhora gostar da comida, posso pedir para o chef vir todos os dias e preparar as três refeições para vocês. Qualquer outra necessidade que tiver, é só me dizer; se estiver ao meu alcance, farei de tudo para atender.Ele estava tentando agradar Melissa.Meliss
Nos últimos anos, com a presença de Felipinho, ela se tornou muito mais alegre e deixou de se prender àquelas emoções negativas......No dia seguinte.Luiza acordou cedo, olhou para o lado e viu que seu filho ainda estava dormindo. Ela sorriu, ajeitou o cobertor sobre ele e desceu as escadas.Assim que chegou ao andar de baixo, ouviu alguém conversando com Melissa.— Por que veio tão cedo? — Perguntou Melissa.— Prometi ao Felipinho que viria vê-lo hoje. — Respondeu Miguel, educadamente.Luiza olhou para o relógio; ainda eram pouco mais de sete, quase oito horas. Ele realmente tinha vindo bem cedo.— Você chegou muito cedo. — Comentou Melissa com um sorriso elegante. — E ainda trouxe tantas coisas.— Trouxe um café da manhã com sabores da culinária baiana. Quis trazer para vocês experimentarem. — Disse Miguel em um tom suave.— Culinária baiana? — Melissa pensou e logo entendeu, sorrindo. — É o que a Luiza gosta, não é?— Sim. — Miguel confirmou, sem hesitar. — O chef só conseguiu che
Felipinho disse:— Eu quero fazer xixi.— Então vai logo. — Luiza o incentivou, aproveitando a chance para mandar Miguel embora.Felipinho não pensou muito e foi ao banheiro.Luiza se virou para Miguel e disse:— É melhor você ir embora.— Luiza.Miguel se levantou e tentou segurar a mão dela, mas Luiza se esquivou, dizendo em tom abafado:— Não quero falar com você, vá embora.Miguel apertou os lábios finos.— Certo, eu volto amanhã para ver vocês.Luiza ficou surpresa. Ele voltaria amanhã?Quando ela ia pedir para ele não vir, ele já tinha se virado e saído. Luiza ficou frustrada, suspirou e entrou no banheiro.Felipinho já havia terminado de fazer xixi e, enquanto subia as calças, disse:— Mamãe, já está tão tarde, deixa o papai dormir aqui hoje?Luiza percebeu imediatamente o que ele estava tentando, então respondeu:— Ele já foi embora.— O quê? O papai já foi?Felipinho não acreditou. Correu com suas perninhas curtas até a sala para conferir, e viu que o pai realmente havia saído
Ela mordeu a língua dele?Luiza ficou surpresa e quis se levantar para olhar, mas ele mais uma vez capturou seus lábios.Na penumbra, o beijo dele era ardente e envolvente, com um sabor metálico de sangue.Luiza tentou se afastar, mas não conseguia.O ar em seu peito parecia estar sendo sugado aos poucos, e ela sentiu que não conseguia respirar, soltando um gemido suave.Miguel hesitou por um momento, sua respiração ficando mais pesada, como se quisesse engoli-la por inteiro.— Miguel... — Ela sentiu algo estranho e ficou com um pouco de medo, tentando empurrá-lo.Miguel respirava profundamente, o ar quente caindo em seu pescoço, e ele murmurou com a voz rouca:— Lulu, me chame de marido...— Nem sonhando. — Ela recusou, começando a se contorcer para se afastar dele.Mas quanto mais se mexia, mais perigosa a situação ficava; ela se debatia sobre ele, e como ele poderia suportar aquilo? Levantou a mão e, por cima da roupa, a tocou firmemente.Luiza levou um susto.Nesse momento, um som
A camisa preta foi tirada e, de fato, havia algumas marcas vermelhas nas costas dele. Luiza ficou um pouco aborrecida: — Você não devia ter me puxado antes. — Quem mandou você não me ouvir? — Acho que já conversamos o suficiente sobre isso. — Luiza suspirou. Miguel a olhou profundamente: — Como assim, já conversamos o suficiente? Sobre o assunto do nosso filho, ainda não terminamos. Luiza ficou surpresa e olhou para Miguel: — O assunto do nosso filho? O que mais tem para falar? Vai querer disputar a guarda do Felipinho comigo? A atitude dela se agitou imediatamente. Miguel, receoso de que ela perdesse o controle novamente, segurou sua mão e disse: — Não é isso o que eu quero dizer. Só quero conversar sobre o Felipinho. — O que você quer conversar? — Ela desviou o olhar, mantendo a cabeça baixa. Miguel continuou: — Você ouviu o que o Felipinho disse antes? Ele quer que a gente fique junto. Na verdade, ele tem medo de não ter pai e mãe. Luiza sabia disso e a
Felipinho ficou surpreso e virou a cabeça para olhar para ela enquanto estava na água.— Mamãe, o papai não disse agora há pouco que vocês não vão se divorciar mais?— Eu não concordei com nada disso. — Luiza respondeu seriamente.Felipinho fez uma cara triste.— Então quer dizer que você ainda vai se casar com outro tio e não vai mais querer o Felipinho?Luiza ficou surpresa, acariciou a cabeça dele e respondeu:— Que besteira é essa que você está pensando? Você é meu filho, eu sempre vou amar você e querer você. Como eu não iria querer você?— As pessoas dizem que, quando a gente ganha uma madrasta, também ganha um padrasto. Então, ao contrário, é a mesma coisa: quando a gente ganha um padrasto, também ganha uma madrasta. Casal bom é o casal original.Luiza sentiu que Felipinho tinha um monte de ideias erradas.Felipinho se aproximou dela e acrescentou mais uma coisa, como se quisesse que ela concordasse com ele.— Então, mamãe, casal bom é o casal original.Luiza ficou sem palavras.