A ira nos olhos de Miguel se espalhou por seu rosto, liberando uma risada fria.- Você está querendo me trair, não está?- Você também me traiu. E, mesmo que eu não concordasse, você deixaria a Clara por mim? - Ela perguntou, sorrindo.Os olhos de Miguel endureceram.- Impossível.Luiza sabia que ele não deixaria Clara.Então, estendeu as mãos e disse:- Então é isso. Vocês ficam juntos, e eu sofro sozinha. Acha isso justo? Mas eu me resignei. Já que você não me ama, fique com quem você ama. Eu também preciso de alguém para consolar meu coração. Então, não me impeça. Vamos cada um buscar a própria felicidade, sem brigas. Não é muito melhor assim?Ao ouvir suas palavras, Miguel ficou sombrio e, de repente, segurou a mão dela, dizendo friamente:- Você tem coragem?Luiza se assustou, pois ele estava segurando sua mão esquerda, que estava inchada e vermelha. Luiza franziu a testa de dor.- Você está machucando minha mão.Miguel percebeu então que o pulso dela estava inchado e vermelho, e
Ela estava encurralada por ele, sem ter para onde recuar, e respondeu:- Claro, ele é uma boa pessoa.- Mas e se ele descobrir que você é casada e não te quiser mais? - A respiração fria de Miguel atingiu seu rosto.- Então, simplesmente procurarei outro. Sapos com três pernas são difíceis de encontrar, mas homens com duas pernas estão por toda parte. Com minha aparência, certamente encontrarei um.- Parece que você está decidida a trair?Luiza sorriu.- Você não quer se divorciar, então só me resta procurar alguém estando casada. Você pode procurar, eu também posso procurar, todos felizes. Assim é justo.Miguel a encarou fixamente, como se ainda achasse que ela estava jogando jogos mentais, e disse sombriamente:- Ah, quero ver, quando ele descobrir quem você realmente é, se ainda vai te amar.- Se você não atrapalhar, com certeza vamos nos dar bem. - Luiza sorriu.- Não sou tão desocupado. - Miguel resmungou, rindo em seguida. - Mas, com esse corpo seu...Ele não terminou a frase, ap
Naquela noite, dormiu muito bem. Na manhã seguinte, assim que terminou de se vestir, o celular de Luiza tocou. Ela caminhou até o criado-mudo e viu o nome "Helena" piscando na tela. Após ter saído em um encontro na véspera, Helena ligou hoje para ela, parecendo ansiosa. - Alô, sogra. - Atendeu Luiza. - Ontem você se encontrou com o Theozinho, o que achou dele? - Indagou Helena. - O Sr. Theo é uma pessoa admirável. - Você pensa em avançar para algo mais sério? - Perguntou Helena. Luiza refletiu por um instante, - Acho que vale a pena nos conhecermos melhor. Ela considerava Theo uma boa pessoa, mas era provável que ele desconhecesse sua real situação. Luiza planejava, no próximo encontro, revelar a ele que era casada com Miguel. Não gostava de iludir as pessoas. - Ele é um talento raro. Se ele nutrir bons sentimentos por você, deve agarrar essa oportunidade. De fato, foi um golpe de sorte para Luiza. Inicialmente, Helena pretendia apresentar outro executivo de
Luiza se virou e viu que Miguel estava encostado à porta, exalando uma aura inexplicável de charme.Deus era injusto. Não apenas lhe conferira poder supremo, mas também o dotou de uma aparência perfeita e sedutora.- Você comprou isso? - Perguntou ela.Os olhos de Miguel encontraram os dela, e ele sorriu. - Sim, se gostar, pode levar.- Obrigada. - Respondeu Luiza, recolocando a bolsa. Da última vez, o colar de diamantes cor-de-rosa que ele lhe deu também foi guardado no guarda-roupa. Se não era dela, ela não pegava.Ao ver a bolsa sendo devolvida, o rosto suavizado de Miguel se tornou frio novamente, e ele perguntou com gravidade: - Não quer?- Não, não é necessário. Esta bolsa é valiosa demais, se eu a estragar, não posso pagar. Vou apenas dar uma olhada no design e depois desenhar um para mim. Leve para a Clara, ela vai certamente gostar. - Respondeu Luiza ao colocar a bolsa de volta, indo em busca de uma camisa para ele.O rosto de Miguel endureceu e, sem expressão, ele afirmou:
Ela acabou de dizer que ele era uma pessoa estranha, mas suas palavras foram ouvidas por ele. Quanto a Clara, seus olhos se fixaram na bolsa em cima da mesa dela, com uma expressão indecifrável e um toque de frieza. - Primo, você ouviu, né? A Luiza sempre te considerou um estranho. - Disse Bruna.Luiza ficou momentaneamente surpresa, ela estava apenas brincando. Olhou para a assistente ao lado. A assistente que os trouxe disse: - Essas senhoritas dizem que te conhecem e querem encomendar um vestido com a senhora.A Luminar oferecia serviços de confecção de vestidos, mas devido à sua falta de renome, poucos clientes procuravam diretamente por eles. Luiza se levantou e disse: - Desculpe, estávamos apenas brincando, eu e a Mari. Ao terminar, ela lançou um olhar para Miguel. Miguel, como se não a tivesse visto, desviou o olhar, suas pupilas negras parecendo tinta espessa. Ao ver a expressão dele, Luiza pensou que ele a devia estar achando repulsiva, sem vontade de falar com ela.
Esta área era dedicada à alta costura de luxo. Clara deu uma olhada e perguntou: - Foi você quem projetou todos esses vestidos?- Sim.- São realmente lindos. - Elogiou Clara.- Clara, me lembro de que você sabe dançar. Escolha um vestido elegante e dance graciosamente com o primo na festa de aniversário. Isso seria tão lindo. - Sugeriu Bruna.- Seria realmente bonito. - Concordou Clara, apontando para um dos vestidos brancos. Ela perguntou a Miguel ao lado. - Miguel, o que acha desse vestido branco?Miguel deu uma olhada e respondeu suavemente: - Está bom.- Então eu vou experimentar aquele. - Clara sorriu para Luiza e disse. - Luiza, por favor.Luiza esteve o tempo todo abaixada, ouviu suas palavras e sorriu.- Está bem.Ela chamou a assistente, retirou o vestido branco e pediu para Clara experimentar.- Miguel, vou experimentar roupas primeiro. Espere por mim aqui. - Disse Clara suavemente.Miguel olhou para o celular como se estivesse trabalhando, acenou levemente com a cabeça.
Ela não encontrou palavras, apenas elogiou: - A Clara fica bem com qualquer coisa!- Você está exagerando, não é? Mas a Luiza é incrível, as roupas que ela desenha ficam tão boas quando vestidas. - Clara sorriu. - Mas acho que há muito tecido na cintura, gostaria de ajustar um pouco. E a saia está muito longa, estou com medo de pisar nela, então gostaria de encurtar um pouco.Ela olhou para Luiza.- Luiza, você não se importa se eu fizer muitos pedidos, certo?- Não me importo.Ela estava grávida, era normal ter preocupações com quedas. Luiza chamou a assistente para trazer uma fita métrica.Enquanto a assistente se preparava para se agachar e medir a saia de Clara, ela disse: - Luiza, estou com medo de que a assistente não meça corretamente. Você poderia medir para mim pessoalmente?- Claro. - Luiza concordou.Ela se sentiu um pouco injustiçada, mas pensando que um conjunto de vestidos de alta costura custava várias dezenas de milhares, Luiza se equilibrou emocionalmente. Ela se aga
Luiza ficou surpresa.- Presidente Pires, como você veio?- Queria dar uma olhada no ambiente do estúdio de vocês e aproveitar para ver sua mão. O olhar de Theo pousou em sua mão esquerda. - Ainda dói hoje?- Não dói mais.Ela tinha batido a mão recentemente, mas agora já não doía.- Eu trouxe uma pomada estrangeira para você, é muito eficaz para reduzir o inchaço e a contusão. ExperimenteTheo tirou um tubo de pomada e entregou a ela.- Obrigada.Luiza pegou.Bruna ficou perplexa. Theo era a pessoa por quem ela tinha interesse, mas ele sempre a tratava com indiferença. Como ele podia ser tão gentil com Luiza? Além disso, ele estava fazendo isso na frente do primo Miguel. Não temia que o primo ficasse chateado?- Clara, o que está acontecendo?Não só Luiza estava calma, mas também Miguel e Clara, todos pareciam bastante normais. Bruna sentia que o mundo estava virando de cabeça para baixo.Clara falou suavemente.- Você não sabia? Ontem Theo e Luiza tiveram um encontro às cegas, am
Ao ver o rostinho pálido de Felipinho, Luiza não conseguiu conter a dor no coração. Felipinho tinha pouco mais de três anos, mas, por causa de Theo, já havia passado por tantos eventos seguidos. Ela estava profundamente arrependida. Sentia pena do Felipinho, e odiava o Theo. O odiava com toda a sua alma! Enquanto assistia ao noticiário, completamente absorta, seu celular foi subitamente arrancado de sua mão. Ao levantar os olhos, viu que quem tinha pegado o aparelho era Theo. Ele jogou o celular de volta para Giovana e, com um rosto impassível, disse: — Já chega. Vamos comer. No dia seguinte, o navio atracou. Luiza finalmente saiu daquele porão escuro e sombrio. Ao sentir o brilho do sol pela primeira vez, ficou um pouco desconfortável e apertou os olhos. Ao olhar ao redor, viu um mar azul e um país completamente desconhecido... As placas ao redor estavam escritas em um idioma que ela não conseguia entender. No entanto, deduziu que aquele era um país quente e com ce
Ele falava, mas Luiza não olhava para ele. Theo ficou irritado e segurou o queixo dela com força, forçando ela a virar o rosto e encará-lo. — Sabe de uma coisa? Eu fui bondoso demais com você. Se, na época em que você estava grávida do Felipinho, eu tivesse sido mais firme, ele nem teria nascido. Luiza ficou atônita por um momento e, furiosa, retrucou: — Theo, você é um monstro! — Não existe homem que aceite sua mulher dar à luz o filho de outro homem. Mas por que, no final, eu aceitei? Porque eu vi o quanto você queria esse filho, vi o quanto você se esforçou para tê-lo. Então, no fim, não fiz nada contra ele. Eu aceitei. Sei que te magoei, mas pensei em passar o resto da minha vida te compensando. — Eu não preciso disso. — Luiza respondeu, palavra por palavra. — Nunca gostei de você. Ele ficou impassível. — E daí? Agora você está nas minhas mãos. Não tem como fugir. — Tanto faz. — Luiza sorriu friamente, os lábios curvados com indiferença. — Minha família morreu, e
Luiza olhou para ele, sem dizer uma palavra. — Você acha que, deixando de comer, vai me fazer sentir pena de você? — Theo perguntou com o rosto frio. Luiza sorriu com indiferença. — Não. Eu não me rebaixo a esse tipo de artimanha, porque simplesmente não me dou ao trabalho de agradar você. Theo encarou aquele rosto frio e sorriu levemente. — Ótimo. Você não quer me agradar? Então fique aqui e morra de fome, por mim tanto faz. Luiza deu um sorriso desolado e se deitou novamente na cama. Ela já havia decidido: se algo acontecesse com sua família, ela não teria mais vontade de viver. Theo podia mantê-la presa, mas, se ela desistisse da própria vida, não haveria nada que ele pudesse fazer. Com o rosto carregado, Theo saiu do quarto. Na manhã seguinte, por volta das nove, Luiza ainda se recusava a comer. Theo estava ouvindo Giovana falar sobre os assuntos no País R quando Laís veio reportar: — Sr. Theo, a Srta. Luiza ainda não quis tomar o café da manhã. Ela trouxe
Nos olhos dela, aquele homem era frio como gelo, com um sorriso gélido nos lábios. Ele disse suavemente: — Este é o preço por não me obedecer. As pupilas de Luiza se dilataram levemente. Theo continuou: — Eu te dei uma chance naquela época. Te chamei para me encontrar várias vezes, mas você ignorou. Achou que eu, mesmo em apuros, não teria como te capturar? Pois bem, mesmo que eu morra, vou te levar comigo... Luiza ficou atônita, a raiva tomando conta de seu coração. Ela levantou a mão, tentando acertá-lo no rosto. — Desgraçado! Mas não conseguiu. Theo segurou seu pulso e o torceu para trás. Ele a olhou friamente, sem nenhum traço de emoção: — Eu já te dei oportunidades no passado, mas você não as aproveitou. Agora, não há mais chance... Com a dor, Luiza franziu as sobrancelhas e lançou um olhar furioso para ele: — Você é um desgraçado! — Você está certa. Sou mesmo um desgraçado. — Ele nem sequer usava mais os óculos, não se importando em manter uma aparência civi
Theo estava sentado no sofá, o olhar frio como uma lâmina de gelo cravado nas marcas de mordida no pescoço dela. Seus olhos semicerrados estavam carregados de rancor e cobiça. — De onde vieram essas marcas no seu pescoço? Luiza ficou sem palavras. Abriu a boca, mas conseguiu pronunciar apenas uma frase: — Você... Não está morto? — Você acha que eu morreria tão facilmente? — Theo soltou uma risada sarcástica. — Mas as notícias diziam... Que você tinha se enforcado na prisão! — Se eu não tivesse forjado aquela notícia, como poderia sair da prisão? — Ele sorriu com frieza. Então era isso! As notícias sobre a prisão nas Américas eram falsas, apenas uma encenação para enganar o público. Na verdade, Theo havia escapado como um verdadeiro mestre da fuga! "Não era de se estranhar que tudo tivesse parecido tão conveniente. Um homem tão calculista como ele nunca deixaria de ter uma rota de fuga preparada." Enquanto Luiza refletia sobre isso, Theo se levantou abruptamente e agar
Luiza, sem escolha, caminhou até a entrada do elevador e disse: — Pode ficar por aqui. Eu vou subir sozinha. Volte para casa, eu também já estou indo. — Vou esperar o elevador chegar. — Ele não tinha intenção de ir embora, seus longos dedos se entrelaçando nos dela. Assim, os dois ficaram de mãos dadas até o elevador chegar, e as portas se abrirem diante deles. Luiza olhou para ele e disse: — O elevador chegou. Eu realmente preciso ir. — Tudo bem. Ele soltou a mão dela, mas permaneceu parado do lado de fora, com o olhar cheio de saudade, fixo nela. O coração de Luiza estava agitado. Mesmo quando as portas do elevador se fecharam completamente, o canto de seus lábios ainda estava levemente curvado em um sorriso. Ao chegar ao estacionamento, ela abriu a porta do carro e jogou sua bolsa para dentro. No momento em que ia entrar no veículo, uma sombra repentina surgiu ao seu lado. Luiza levantou o olhar, alarmada. Uma toalha foi pressionada contra seu nariz e boca, e
Durante o jantar, ele a observava o tempo todo. Luiza abaixou a cabeça para tomar a sopa, desconfortável sob o olhar constante dele. Ergueu os olhos e encontrou os dele: — Por que está me olhando assim? — Quando sua avó e as outras voltam para as Américas? — Miguel perguntou enquanto descascava um camarão e o colocava no prato dela com naturalidade. Luiza olhou para o camarão, esboçou um leve sorriso, não recusou e o levou diretamente à boca: — Devem voltar amanhã. Hoje já cuidaram de toda a bagagem. — E seu pai? — Ele continuou, sem desviar o olhar. — Devo começar a organizar o retorno dele para Valenciana do Rio? Luiza pensou por um momento antes de responder: — Meu pai vai ficar no País R por enquanto. — Ainda não confia em mim? — Ele perguntou, encarando ela atentamente. Luiza respondeu com serenidade: — Não é isso. Só acho que ainda não está tão seguro. Quero esperar até que tudo esteja resolvido para trazê-lo de volta para Valenciana do Rio. — Você tem med
O olhar de Miguel parecia em chamas. Ele segurou a cintura dela com uma mão, enquanto a outra a puxava para mais perto, beijando cada centímetro de sua pele. Luiza estava tão fraca que parecia derreter como água, pendurada pelo pescoço dele, deixando que ele fizesse o que quisesse... ...Ao entardecer, o celular de Luiza tocou. Ela ouviu o toque familiar e abriu os olhos nos braços de Miguel. Viu que ele estava atendendo o celular dela. — Por que você está atendendo minhas ligações? — Perguntou ele, só então percebendo que sua voz estava rouca. À tarde, ele havia sido tão intenso que ela gritou até ficar sem voz. — Foi o Felipinho quem ligou. Então eu atendi por você. — Respondeu Miguel, segurando ela com um braço enquanto usava a outra mão para atender o telefone. Ele falou de forma preguiçosa com Felipinho, que estava do outro lado da linha. — Sua mãe talvez demore um pouco mais. Podem jantar sem ela, não precisam esperar. — Por que não precisam me esperar? — Luiza perg
— Desta vez, a reconciliação é real, certo? — Miguel perguntou. Luiza franziu as sobrancelhas, um pouco confusa. — Quero dizer, uma reconciliação de verdade, sem separações no futuro, certo? — Miguel a olhou diretamente nos olhos, sua expressão séria. Sob o olhar intenso dele, Luiza se sentiu desconfortável e, com um leve sorriso irônico, respondeu: — Isso não é garantido. Quem sabe daqui a alguns dias a gente brigue de novo? Miguel franziu a testa, impaciente. — Da sua boca não sai uma palavra boa. Luiza tentou conter o riso, mas antes que pudesse responder, Miguel a surpreendeu com um beijo. Sua voz rouca ecoou em seu ouvido: — Se não fala coisas boas, então vou lavar essa boca. Luiza congelou por um momento. "Esse é o jeito dele de lavar a boca?" Ele até colocou a língua. O beijo de Miguel a deixou sem fôlego. Tentando se recompor, ela colocou a mão no peito dele e perguntou: — Já terminou de lavar? — Não, ainda está muito suja. Precisa de mais lavagens.