Luiza lançou um olhar para Miguel, sentado ao seu lado, com um perfil bonito e encantador. De repente, sentiu que era bom ter alguém para apoiá-la. Ela gostava dessa sensação de ter um porto seguro, mas sabia que não deveria se deixar levar. Afinal, Clara estava grávida e era necessário guardar seu coração.- Em que você está pensando? - Perguntou Miguel, em voz baixa.Luiza voltou a si, olhando meio atordoada para ele.- Nada, por quê?- Deixei meu celular no sofá, pode pegá-lo para mim? - Pediu Miguel.- Claro.Luiza foi buscar obedientemente. Ao pegar o celular, viu várias chamadas perdidas, todas de Clara. Os olhos de Luiza escureceram.Nesse momento, a porta da sala se abriu e Clara entrou, carregando uma bolsa. Luiza, que estava indo em direção à porta, deu de cara com ela. Clara sorriu levemente, parecendo ter esquecido o momento constrangedor da manhã, e acenou para ela.- Lulu, você também está aqui?O humor de Luiza amargou. Clara segurou sua mão, dizendo suavemente:- L
Miguel fingiu não ouvir, deu um passo largo para fora e encontrou Luiza à porta do clube.Ela estava sentada na calçada, perdida em pensamentos, fixando o olhar no canteiro de flores.Miguel se aproximou.Luiza ergueu o olhar.Então, seu pulso foi agarrado por Miguel, que, sem proferir uma palavra, a levou consigo.Luiza, atônita, indagou:- Miguel, o que está fazendo?- Vamos para casa. - Respondeu ele, sucintamente, acomodando ela no carro luxuoso e partindo em direção à casa ancestral.Durante todo o trajeto, Luiza se manteve calada.Chegando à casa ancestral, ambos permaneceram em silêncio. Luiza pegou suas roupas, se dirigiu ao banheiro para tomar banho e o fez em silêncio.Após o banho, ela avistou Miguel atendendo a uma chamada.Provavelmente era Clara, pois Miguel disse ao telefone:- Não vou mais.Luiza, com o coração apertado, fingiu não ouvir e se aconchegou sob os cobertores para dormir.Tudo aquilo já não lhe dizia respeito.Ela deveria tratá-lo como um estranho, sem se im
Miguel não respondeu, se limitou a dizer:- Você ficará bem como a Sra. Souza, ninguém a incomodará.Luiza sorriu:- Mas eu não estou interessada.Miguel franziu a testa, olhando ela.Permaneceram em silêncio, se encarando na escuridão.O olhar de Miguel era profundo.Luiza, sempre sentindo que havia algo dele dentro dela, não resistiu e perguntou:- Posso fazer a ela uma pergunta, senhor?- O que é?- Se eu lhe desse uma chance, você estaria disposto a terminar tudo com a Clara? - Era seu último pedido.Miguel a olhou, silencioso por um instante:- Não posso.Luiza sorriu, com um olhar de autoironia,- Então, é isso. O tipo de vida que vou levar daqui para frente não necessita da sua interferência.Mesmo que não conseguisse se divorciar, ela não o amaria mais.Talvez ele sentisse um pouco de pena dela, mas, provavelmente, não era amor, era hábito, um objeto para satisfazer seus desejos sexuais, afinal, ela era bonita e obediente, quem não se arrependeria?- Quanto ao divórcio, como já
Luiza sentiu um aperto no coração.- Sogra, como soube?- Ela me ligou de manhã. - Helena exibia um sorriso que não conseguia esconder.Luiza finalmente compreendeu a razão da felicidade de sua sogra: soube que Clara estava grávida. Sem demonstrar muita emoção, apenas acenou com a cabeça.A gravidez da Clara era um fato incontestável, e Luiza nada tinha a dizer sobre isso.- É filho do Miguel? - Indagou Helena.- Sogra, melhor perguntar à Clara.De fato, Luiza não sabia; Clara afirmava ser de Miguel, mas este nunca confirmou a paternidade.- Deve ser dele. - Afirmou Helena. - Foi o que ela me disse de manhã.Essa afirmação deixava evidente o quanto a sogra desejava que o filho fosse de Miguel.Luiza, deprimida, olhava pela janela.Sabia que não deveria se importar; dois anos antes, seu pai manipulou Miguel, e a família Souza a rejeitava, especialmente a sogra, que, tendo perdido o marido jovem e criado Miguel com esforço, o via como o herdeiro do grupo, ele, então, se casou com a filha
Luiza perguntou:- Então, qual é a história da rivalidade entre a família Medeiros e a família Souza? - Se referindo à ameaça que seu pai fez a Miguel.Helena respondeu:- Uma vez resolvido este assunto, a família Souza não buscará mais vingança contra a família Medeiros, e nossas famílias poderão ser amigas novamente.Luiza ficou aliviada.Contanto que se divorciasse de Miguel, seu pai poderia ser libertado, e a família Souza não guardaria rancor contra a família Medeiros no futuro.Um sorriso, que por dias não iluminava seu rosto, fez sua expressão se suavizar, e seu humor melhorou consideravelmente.- Sogra, estou disposta a me divorciar, contanto que consiga libertar meu pai. Concordo imediatamente em me divorciar e prometo não incomodar Miguel nunca mais.Ela falava sinceramente; alguém disposto a libertar seu pai seria como remover a corda apertada em seu pescoço, libertando ela para sempre.Ao ver Luiza cooperativa, Helena sorriu gentilmente e disse:- Então está decidido.- Mas
Ao perceber que Luiza se mostrava compreensiva, Helena não pôde esconder sua satisfação. Depois de levá-la até a Quinta do Lago, presenteou ela com duas caixas de trufas.- Lulu, percebo que sua saúde não está em seu melhor estado. Estas trufas são para você se fortalecer.- Obrigada, sogra. - Agradeceu Luiza, com um sorriso ao aceitar o presente.Helena, então, fez uma ressalva:- Em relação ao nosso acordo, espero que permaneça entre nós, sem que uma terceira pessoa venha a saber.- Claro. - Concordou Luiza.Após a conversa, Helena partiu de carro.Luiza, segurando os presentes, permaneceu no quintal, sentindo as sombras em seu coração se dissiparem gradativamente.Contanto que Miguel solicitasse o divórcio, seu pai poderia ser libertado.Ela se motivou em silêncio, determinada a tornar isso realidade.Ao entrar na vila, foi recebida por Lívia, que perguntou:- Senhora, já retornou. Deseja tomar o café da manhã?- Ainda não tomei.Respondeu Luiza, com um sorriso, se sentindo revigora
Quinta do Lago era uma casa com vista para as montanhas, situada na encosta. Era um pouco complicado sair dela sem carro.Sem um carro, era muito difícil sair de lá. Miguel lançou a ela um olhar enquanto ela estava parada diante dele: doce, encantadora, cheia de juventude, como em todos os dias anteriores. Miguel pensou por um momento e decidiu que ela provavelmente estava cansada de brigar pela separação. Se tornou mais dócil e então disse:- Esse carro sempre foi seu.Luiza assentiu com a cabeça, sorrindo, e disse:- Então, eu vou indo. Ah, e quando você for visitar a Clara, se lembre de comprar um buquê de flores. As meninas gostam de flores; isso vai deixá-la de bom humor. - Dito isso, ela deixou a sala de jantar. Miguel pausou seu café da manhã, levantou os olhos para olhá-la, mas ela já estava saindo, parecendo estar de bom humor, nada sarcástica. No entanto, isso o deixou desconfortável, com um leve aperto no coração. Luiza chegou ao seu estúdio e passou o dia desenhando.Ma
Ao receber a mensagem, Luiza ficou atônita.Não esperava que a sogra agisse tão rapidamente; em apenas um dia, ela já tinha encontrado a pessoa perfeita.Luiza adicionou o número.Melhor assim; quanto antes resolvesse essa questão, mais rápido se libertaria.Ela respondeu à sogra com um "Está bem" e se virou no ateliê para escolher um novo vestido que havia desenhado, aplicou uma maquiagem suave e saiu para o encontro.Assim que pegou a bolsa, o celular tocou. Era uma chamada de Miguel.- Alô? - Atendeu Luiza enquanto descia as escadas. - Sr. Miguel, estava procurando por mim?Passou a tratá-lo por Sr. Miguel.Do outro lado da linha, Miguel, com o telefone em mãos, franziu a testa.- Por que continua me chamando de Sr. Miguel?- Me parece um tratamento adequado. - Após dizer isso, silenciou, aguardando que ele prosseguisse.Miguel então falou:- Está livre esta noite?- Algum problema?- Que tal jantarmos juntos?Sobre a mesa de Miguel havia uma bolsa, um modelo que Luiza desejava, uma
Ao ver o rostinho pálido de Felipinho, Luiza não conseguiu conter a dor no coração. Felipinho tinha pouco mais de três anos, mas, por causa de Theo, já havia passado por tantos eventos seguidos. Ela estava profundamente arrependida. Sentia pena do Felipinho, e odiava o Theo. O odiava com toda a sua alma! Enquanto assistia ao noticiário, completamente absorta, seu celular foi subitamente arrancado de sua mão. Ao levantar os olhos, viu que quem tinha pegado o aparelho era Theo. Ele jogou o celular de volta para Giovana e, com um rosto impassível, disse: — Já chega. Vamos comer. No dia seguinte, o navio atracou. Luiza finalmente saiu daquele porão escuro e sombrio. Ao sentir o brilho do sol pela primeira vez, ficou um pouco desconfortável e apertou os olhos. Ao olhar ao redor, viu um mar azul e um país completamente desconhecido... As placas ao redor estavam escritas em um idioma que ela não conseguia entender. No entanto, deduziu que aquele era um país quente e com ce
Ele falava, mas Luiza não olhava para ele. Theo ficou irritado e segurou o queixo dela com força, forçando ela a virar o rosto e encará-lo. — Sabe de uma coisa? Eu fui bondoso demais com você. Se, na época em que você estava grávida do Felipinho, eu tivesse sido mais firme, ele nem teria nascido. Luiza ficou atônita por um momento e, furiosa, retrucou: — Theo, você é um monstro! — Não existe homem que aceite sua mulher dar à luz o filho de outro homem. Mas por que, no final, eu aceitei? Porque eu vi o quanto você queria esse filho, vi o quanto você se esforçou para tê-lo. Então, no fim, não fiz nada contra ele. Eu aceitei. Sei que te magoei, mas pensei em passar o resto da minha vida te compensando. — Eu não preciso disso. — Luiza respondeu, palavra por palavra. — Nunca gostei de você. Ele ficou impassível. — E daí? Agora você está nas minhas mãos. Não tem como fugir. — Tanto faz. — Luiza sorriu friamente, os lábios curvados com indiferença. — Minha família morreu, e
Luiza olhou para ele, sem dizer uma palavra. — Você acha que, deixando de comer, vai me fazer sentir pena de você? — Theo perguntou com o rosto frio. Luiza sorriu com indiferença. — Não. Eu não me rebaixo a esse tipo de artimanha, porque simplesmente não me dou ao trabalho de agradar você. Theo encarou aquele rosto frio e sorriu levemente. — Ótimo. Você não quer me agradar? Então fique aqui e morra de fome, por mim tanto faz. Luiza deu um sorriso desolado e se deitou novamente na cama. Ela já havia decidido: se algo acontecesse com sua família, ela não teria mais vontade de viver. Theo podia mantê-la presa, mas, se ela desistisse da própria vida, não haveria nada que ele pudesse fazer. Com o rosto carregado, Theo saiu do quarto. Na manhã seguinte, por volta das nove, Luiza ainda se recusava a comer. Theo estava ouvindo Giovana falar sobre os assuntos no País R quando Laís veio reportar: — Sr. Theo, a Srta. Luiza ainda não quis tomar o café da manhã. Ela trouxe
Nos olhos dela, aquele homem era frio como gelo, com um sorriso gélido nos lábios. Ele disse suavemente: — Este é o preço por não me obedecer. As pupilas de Luiza se dilataram levemente. Theo continuou: — Eu te dei uma chance naquela época. Te chamei para me encontrar várias vezes, mas você ignorou. Achou que eu, mesmo em apuros, não teria como te capturar? Pois bem, mesmo que eu morra, vou te levar comigo... Luiza ficou atônita, a raiva tomando conta de seu coração. Ela levantou a mão, tentando acertá-lo no rosto. — Desgraçado! Mas não conseguiu. Theo segurou seu pulso e o torceu para trás. Ele a olhou friamente, sem nenhum traço de emoção: — Eu já te dei oportunidades no passado, mas você não as aproveitou. Agora, não há mais chance... Com a dor, Luiza franziu as sobrancelhas e lançou um olhar furioso para ele: — Você é um desgraçado! — Você está certa. Sou mesmo um desgraçado. — Ele nem sequer usava mais os óculos, não se importando em manter uma aparência civi
Theo estava sentado no sofá, o olhar frio como uma lâmina de gelo cravado nas marcas de mordida no pescoço dela. Seus olhos semicerrados estavam carregados de rancor e cobiça. — De onde vieram essas marcas no seu pescoço? Luiza ficou sem palavras. Abriu a boca, mas conseguiu pronunciar apenas uma frase: — Você... Não está morto? — Você acha que eu morreria tão facilmente? — Theo soltou uma risada sarcástica. — Mas as notícias diziam... Que você tinha se enforcado na prisão! — Se eu não tivesse forjado aquela notícia, como poderia sair da prisão? — Ele sorriu com frieza. Então era isso! As notícias sobre a prisão nas Américas eram falsas, apenas uma encenação para enganar o público. Na verdade, Theo havia escapado como um verdadeiro mestre da fuga! "Não era de se estranhar que tudo tivesse parecido tão conveniente. Um homem tão calculista como ele nunca deixaria de ter uma rota de fuga preparada." Enquanto Luiza refletia sobre isso, Theo se levantou abruptamente e agar
Luiza, sem escolha, caminhou até a entrada do elevador e disse: — Pode ficar por aqui. Eu vou subir sozinha. Volte para casa, eu também já estou indo. — Vou esperar o elevador chegar. — Ele não tinha intenção de ir embora, seus longos dedos se entrelaçando nos dela. Assim, os dois ficaram de mãos dadas até o elevador chegar, e as portas se abrirem diante deles. Luiza olhou para ele e disse: — O elevador chegou. Eu realmente preciso ir. — Tudo bem. Ele soltou a mão dela, mas permaneceu parado do lado de fora, com o olhar cheio de saudade, fixo nela. O coração de Luiza estava agitado. Mesmo quando as portas do elevador se fecharam completamente, o canto de seus lábios ainda estava levemente curvado em um sorriso. Ao chegar ao estacionamento, ela abriu a porta do carro e jogou sua bolsa para dentro. No momento em que ia entrar no veículo, uma sombra repentina surgiu ao seu lado. Luiza levantou o olhar, alarmada. Uma toalha foi pressionada contra seu nariz e boca, e
Durante o jantar, ele a observava o tempo todo. Luiza abaixou a cabeça para tomar a sopa, desconfortável sob o olhar constante dele. Ergueu os olhos e encontrou os dele: — Por que está me olhando assim? — Quando sua avó e as outras voltam para as Américas? — Miguel perguntou enquanto descascava um camarão e o colocava no prato dela com naturalidade. Luiza olhou para o camarão, esboçou um leve sorriso, não recusou e o levou diretamente à boca: — Devem voltar amanhã. Hoje já cuidaram de toda a bagagem. — E seu pai? — Ele continuou, sem desviar o olhar. — Devo começar a organizar o retorno dele para Valenciana do Rio? Luiza pensou por um momento antes de responder: — Meu pai vai ficar no País R por enquanto. — Ainda não confia em mim? — Ele perguntou, encarando ela atentamente. Luiza respondeu com serenidade: — Não é isso. Só acho que ainda não está tão seguro. Quero esperar até que tudo esteja resolvido para trazê-lo de volta para Valenciana do Rio. — Você tem med
O olhar de Miguel parecia em chamas. Ele segurou a cintura dela com uma mão, enquanto a outra a puxava para mais perto, beijando cada centímetro de sua pele. Luiza estava tão fraca que parecia derreter como água, pendurada pelo pescoço dele, deixando que ele fizesse o que quisesse... ...Ao entardecer, o celular de Luiza tocou. Ela ouviu o toque familiar e abriu os olhos nos braços de Miguel. Viu que ele estava atendendo o celular dela. — Por que você está atendendo minhas ligações? — Perguntou ele, só então percebendo que sua voz estava rouca. À tarde, ele havia sido tão intenso que ela gritou até ficar sem voz. — Foi o Felipinho quem ligou. Então eu atendi por você. — Respondeu Miguel, segurando ela com um braço enquanto usava a outra mão para atender o telefone. Ele falou de forma preguiçosa com Felipinho, que estava do outro lado da linha. — Sua mãe talvez demore um pouco mais. Podem jantar sem ela, não precisam esperar. — Por que não precisam me esperar? — Luiza perg
— Desta vez, a reconciliação é real, certo? — Miguel perguntou. Luiza franziu as sobrancelhas, um pouco confusa. — Quero dizer, uma reconciliação de verdade, sem separações no futuro, certo? — Miguel a olhou diretamente nos olhos, sua expressão séria. Sob o olhar intenso dele, Luiza se sentiu desconfortável e, com um leve sorriso irônico, respondeu: — Isso não é garantido. Quem sabe daqui a alguns dias a gente brigue de novo? Miguel franziu a testa, impaciente. — Da sua boca não sai uma palavra boa. Luiza tentou conter o riso, mas antes que pudesse responder, Miguel a surpreendeu com um beijo. Sua voz rouca ecoou em seu ouvido: — Se não fala coisas boas, então vou lavar essa boca. Luiza congelou por um momento. "Esse é o jeito dele de lavar a boca?" Ele até colocou a língua. O beijo de Miguel a deixou sem fôlego. Tentando se recompor, ela colocou a mão no peito dele e perguntou: — Já terminou de lavar? — Não, ainda está muito suja. Precisa de mais lavagens.