Dolores ficou surpresa por um momento e, em seguida, sorriu.- Tudo bem, vocês dependem da tia, e a tia está mais do que feliz com isso.- Depois do jantar, por favor, tia prepare café para todos e corte algumas frutas. - Disse Miguel, sem nem sequer levantar os olhos, continuando a conversa.Dolores queria ficar irritada, mas não ousava demonstrar, queria fazer cara feia, mas não era apropriado. Assim, ela ficou lá, com uma expressão desagradável no rosto.Luiza, ouvindo em silêncio, se sentiu um pouco vingada e quis rir.Dolores sempre foi sarcástica com ela, então vê-la em apuros a fez se sentir aliviada.No entanto, ela não podia rir ali.Só pôde baixar a cabeça, contendo o riso.- Tem algo tão engraçado? - Miguel serviu alguns vegetais para Luiza.- Não. - Luiza se controlou, levantou a cabeça e viu mais espinafre no prato.Espinafre?Ela pausou por um segundo, olhou para Miguel, que comia calmamente, sem dizer uma palavra.Luiza pensou que fosse coincidência e não deu muita impo
Luiza levou um susto e baixou a cabeça, dizendo:- Vovô!- O que você acabou de conversar com a Bruna? Por que ela ficou com o rosto pálido de medo? - Indagou o Sr. Souza.Luiza não esperava que a conversa no andar inferior tivesse sido ouvida por ele.Baixou a cabeça e respondeu:- Não foi nada de mais, apenas uma pequena discussão.Ela pensou que o Sr. Souza estaria descontente por ela ter repreendido sua neta, mas, para sua surpresa, ele acenou com a cabeça, mostrando aprovação.- Luiza, você agiu corretamente.Surpresa, Luiza ergueu a cabeça.O Sr. Souza, sorrindo, disse:- A Bruna sempre foi mimada pelos pais desde pequena, desenvolvendo uma personalidade arrogante e dominadora. É essencial ter uma cunhada como você para contê-la, assim ela pensará duas vezes antes de se exceder no futuro.Ao ouvir isso, Luiza se sentiu aliviada, sem esperar tamanha compreensão do Sr. Souza.Casada com a família Souza por dois anos, sempre recebeu gentilezas do Sr. Souza, mas nunca haviam tido um
Luiza hesitou por um instante ao ouvir Miguel dizer:- Você não precisa se envolver nisso.- Por que não me deixar cuidar disso? É uma questão de enorme importância para a sua vida, Miguel. Você já tem 30 anos, a saúde da mãe está deteriorando, e ela não terá muitos anos de vida. Meu único desejo é que você possa dar um neto à família Souza. Assim, sua posição no grupo estará garantida. Quando a mãe partir, pelo menos você terá um filho ao seu lado...Miguel não respondeu. Com passos firmes, entrou no quarto.Helena sentiu um aperto no coração, se virou e, ao avistar Luiza, seu rosto escureceu.- Há quanto tempo você está aqui?- Acabei de chegar. - Respondeu Luiza.Helena disse:- Miguel é reservado, normalmente ele não toma a frente, então você precisa ser mais proativa. Vocês são casados, não há nada de errado em ter mais abertura entre vocês. Seja mais afetuosa, os homens adoram isso.Helena estava ansiosa para que Luiza seduzisse Miguel, acreditando que, com mais tentativas e os r
- Por que não sou digna dele? - Indagou Luiza, com raiva.Miguel se virou, ostentando uma expressão profunda e gélida:- Sua família faliu, você não possui um centavo sequer, quem você pensa que merece?Ela sentiu sua autoestima abalada.Contudo, teve que admitir que era a verdade.Fosse Miguel ou Theo, ela não se sentia digna de nenhum. Luiza nunca nutriu ilusões; seu único desejo era ter um futuro próspero e seguir seus sonhos.- Por que está em silêncio? - Diante do seu mutismo, Miguel insistiu.Luiza fez uma careta:- Não há o que dizer. Vocês são todos nobres, e eu sou apenas uma plebeia, não estou à altura de vocês.Então, se levantou para caminhar pelo jardim.Ao abrir a porta, Helena se aproximou com suplementos de saúde.- Lulu, os suplementos estão prontos. Beba enquanto estão quentes.Luiza sentiu náuseas só de olhar para os suplementos.Mas, diante do olhar insistente de Helena, ela teve que pegar os suplementos escuros e viscosos e entrar no quarto.- Lulu, vou ficar aqui
Yago deu um chute nele:- Que absurdo está falando? Esta é a esposa do Miguel, Luiza.- Peço desculpas, cunhada, não a reconheci imediatamente. - O homem se desculpou prontamente.Luiza sorriu:- Não tem problema.Havia quatro ou cinco pessoas na sala, todas muito bonitas.Luiza se virou para Yago e perguntou:- Dr. Yago, tudo bem?Yago fazia o check-up anual de Luiza e eles se conheciam bem.- Tudo bem, cunhada, tudo bem, Miguel. - Yago afastou as duas pessoas no meio e convidou Miguel e Luiza para se sentarem.O grupo era muito sociável e logo se familiarizou.O garçom trouxe bebidas. Luiza, sentindo um pouco de sede, quis pegar um copo, mas Miguel foi mais rápido e pediu ao garçom:- Traga um suco de laranja, por favor.- Eu queria algo gelado. - Luiza desejava uma bebida.- Esqueceu como estava ontem depois de beber? - Ele olhou para ela com uma expressão fria.Luiza se lembrou daquelas cenas e corou levemente.Yago, sentado ao lado, comentou em voz baixa:- Miguel, você mudou, est
Yago pensou que era o fim. Miguel claramente ofendeu Luiza; senão, por que ela pareceria tão assustada ao ouvir a palavra “punição”?Yago falou suavemente, tentando aconselhar com boas intenções:- Miguel, as mulheres são para serem amadas, não para serem punidas. Você é habilidoso em muitos aspectos, é atraente e tem talento, mas quando se trata de se relacionar com as mulheres, você é um tanto inflexível. A Luiza é sua esposa, não sua subordinada. Como você pode ser tão severo com ela?- Com ela, preciso ser firme. - Respondeu Miguel, lançando um olhar significativo para Luiza.Luiza quase se engasgou."O que diabos eles estão falando? Totalmente desconexo," pensou ela.Yago também ficou confuso, não esperava que Miguel fosse tão implacável com as mulheres. Ele olhou para Luiza com empatia.- Cunhada, você realmente é digna de pena.Luiza murmurou baixinho:- Você não está errado. Com uma personalidade assim, quem estiver com ele vai sofrer.- Exatamente! - Concordou Yago. Preocupado
Luiza ficou paralisada.O patrimônio dela era apenas de cem mil, com o que ela iria conseguir pagar?Vendo a expressão difícil no rosto dela, Fabiano sorriu e disse:- Cunhada, você não tem nem algumas dezenas de milhar?- Isso não pode ser. - Yago interveio. - Com Miguel por perto, o que são algumas centenas de milhares? Com certeza ele vai ajudar a cunhada.O rosto de Luiza ficou pálido.Agora que seu cartão estava bloqueado por Miguel, de onde tiraria dinheiro para pagar?Desanimada, ela ouviu Yago exclamar:- Miguel, a cunhada está perdendo o tempo todo, você não vai ajudá-la?Miguel, sentado no sofá e olhando para o celular, lançou um olhar para Luiza ao ouvir isso.Luiza estava enredada em suas enormes dívidas de jogo, franzindo a testa em frustração.Miguel, com a testa levemente franzida, se levantou e caminhou até ela, parando em sua frente.- Mova um pouco mais para cá, por favor.Luiza levantou os olhos.Miguel, olhando para ela de cima, disse:- Entre mais um pouco, ouviu?
Luiza lançou um olhar para Miguel, sentado ao seu lado, com um perfil bonito e encantador. De repente, sentiu que era bom ter alguém para apoiá-la. Ela gostava dessa sensação de ter um porto seguro, mas sabia que não deveria se deixar levar. Afinal, Clara estava grávida e era necessário guardar seu coração.- Em que você está pensando? - Perguntou Miguel, em voz baixa.Luiza voltou a si, olhando meio atordoada para ele.- Nada, por quê?- Deixei meu celular no sofá, pode pegá-lo para mim? - Pediu Miguel.- Claro.Luiza foi buscar obedientemente. Ao pegar o celular, viu várias chamadas perdidas, todas de Clara. Os olhos de Luiza escureceram.Nesse momento, a porta da sala se abriu e Clara entrou, carregando uma bolsa. Luiza, que estava indo em direção à porta, deu de cara com ela. Clara sorriu levemente, parecendo ter esquecido o momento constrangedor da manhã, e acenou para ela.- Lulu, você também está aqui?O humor de Luiza amargou. Clara segurou sua mão, dizendo suavemente:- L
Ao ver o rostinho pálido de Felipinho, Luiza não conseguiu conter a dor no coração. Felipinho tinha pouco mais de três anos, mas, por causa de Theo, já havia passado por tantos eventos seguidos. Ela estava profundamente arrependida. Sentia pena do Felipinho, e odiava o Theo. O odiava com toda a sua alma! Enquanto assistia ao noticiário, completamente absorta, seu celular foi subitamente arrancado de sua mão. Ao levantar os olhos, viu que quem tinha pegado o aparelho era Theo. Ele jogou o celular de volta para Giovana e, com um rosto impassível, disse: — Já chega. Vamos comer. No dia seguinte, o navio atracou. Luiza finalmente saiu daquele porão escuro e sombrio. Ao sentir o brilho do sol pela primeira vez, ficou um pouco desconfortável e apertou os olhos. Ao olhar ao redor, viu um mar azul e um país completamente desconhecido... As placas ao redor estavam escritas em um idioma que ela não conseguia entender. No entanto, deduziu que aquele era um país quente e com ce
Ele falava, mas Luiza não olhava para ele. Theo ficou irritado e segurou o queixo dela com força, forçando ela a virar o rosto e encará-lo. — Sabe de uma coisa? Eu fui bondoso demais com você. Se, na época em que você estava grávida do Felipinho, eu tivesse sido mais firme, ele nem teria nascido. Luiza ficou atônita por um momento e, furiosa, retrucou: — Theo, você é um monstro! — Não existe homem que aceite sua mulher dar à luz o filho de outro homem. Mas por que, no final, eu aceitei? Porque eu vi o quanto você queria esse filho, vi o quanto você se esforçou para tê-lo. Então, no fim, não fiz nada contra ele. Eu aceitei. Sei que te magoei, mas pensei em passar o resto da minha vida te compensando. — Eu não preciso disso. — Luiza respondeu, palavra por palavra. — Nunca gostei de você. Ele ficou impassível. — E daí? Agora você está nas minhas mãos. Não tem como fugir. — Tanto faz. — Luiza sorriu friamente, os lábios curvados com indiferença. — Minha família morreu, e
Luiza olhou para ele, sem dizer uma palavra. — Você acha que, deixando de comer, vai me fazer sentir pena de você? — Theo perguntou com o rosto frio. Luiza sorriu com indiferença. — Não. Eu não me rebaixo a esse tipo de artimanha, porque simplesmente não me dou ao trabalho de agradar você. Theo encarou aquele rosto frio e sorriu levemente. — Ótimo. Você não quer me agradar? Então fique aqui e morra de fome, por mim tanto faz. Luiza deu um sorriso desolado e se deitou novamente na cama. Ela já havia decidido: se algo acontecesse com sua família, ela não teria mais vontade de viver. Theo podia mantê-la presa, mas, se ela desistisse da própria vida, não haveria nada que ele pudesse fazer. Com o rosto carregado, Theo saiu do quarto. Na manhã seguinte, por volta das nove, Luiza ainda se recusava a comer. Theo estava ouvindo Giovana falar sobre os assuntos no País R quando Laís veio reportar: — Sr. Theo, a Srta. Luiza ainda não quis tomar o café da manhã. Ela trouxe
Nos olhos dela, aquele homem era frio como gelo, com um sorriso gélido nos lábios. Ele disse suavemente: — Este é o preço por não me obedecer. As pupilas de Luiza se dilataram levemente. Theo continuou: — Eu te dei uma chance naquela época. Te chamei para me encontrar várias vezes, mas você ignorou. Achou que eu, mesmo em apuros, não teria como te capturar? Pois bem, mesmo que eu morra, vou te levar comigo... Luiza ficou atônita, a raiva tomando conta de seu coração. Ela levantou a mão, tentando acertá-lo no rosto. — Desgraçado! Mas não conseguiu. Theo segurou seu pulso e o torceu para trás. Ele a olhou friamente, sem nenhum traço de emoção: — Eu já te dei oportunidades no passado, mas você não as aproveitou. Agora, não há mais chance... Com a dor, Luiza franziu as sobrancelhas e lançou um olhar furioso para ele: — Você é um desgraçado! — Você está certa. Sou mesmo um desgraçado. — Ele nem sequer usava mais os óculos, não se importando em manter uma aparência civi
Theo estava sentado no sofá, o olhar frio como uma lâmina de gelo cravado nas marcas de mordida no pescoço dela. Seus olhos semicerrados estavam carregados de rancor e cobiça. — De onde vieram essas marcas no seu pescoço? Luiza ficou sem palavras. Abriu a boca, mas conseguiu pronunciar apenas uma frase: — Você... Não está morto? — Você acha que eu morreria tão facilmente? — Theo soltou uma risada sarcástica. — Mas as notícias diziam... Que você tinha se enforcado na prisão! — Se eu não tivesse forjado aquela notícia, como poderia sair da prisão? — Ele sorriu com frieza. Então era isso! As notícias sobre a prisão nas Américas eram falsas, apenas uma encenação para enganar o público. Na verdade, Theo havia escapado como um verdadeiro mestre da fuga! "Não era de se estranhar que tudo tivesse parecido tão conveniente. Um homem tão calculista como ele nunca deixaria de ter uma rota de fuga preparada." Enquanto Luiza refletia sobre isso, Theo se levantou abruptamente e agar
Luiza, sem escolha, caminhou até a entrada do elevador e disse: — Pode ficar por aqui. Eu vou subir sozinha. Volte para casa, eu também já estou indo. — Vou esperar o elevador chegar. — Ele não tinha intenção de ir embora, seus longos dedos se entrelaçando nos dela. Assim, os dois ficaram de mãos dadas até o elevador chegar, e as portas se abrirem diante deles. Luiza olhou para ele e disse: — O elevador chegou. Eu realmente preciso ir. — Tudo bem. Ele soltou a mão dela, mas permaneceu parado do lado de fora, com o olhar cheio de saudade, fixo nela. O coração de Luiza estava agitado. Mesmo quando as portas do elevador se fecharam completamente, o canto de seus lábios ainda estava levemente curvado em um sorriso. Ao chegar ao estacionamento, ela abriu a porta do carro e jogou sua bolsa para dentro. No momento em que ia entrar no veículo, uma sombra repentina surgiu ao seu lado. Luiza levantou o olhar, alarmada. Uma toalha foi pressionada contra seu nariz e boca, e
Durante o jantar, ele a observava o tempo todo. Luiza abaixou a cabeça para tomar a sopa, desconfortável sob o olhar constante dele. Ergueu os olhos e encontrou os dele: — Por que está me olhando assim? — Quando sua avó e as outras voltam para as Américas? — Miguel perguntou enquanto descascava um camarão e o colocava no prato dela com naturalidade. Luiza olhou para o camarão, esboçou um leve sorriso, não recusou e o levou diretamente à boca: — Devem voltar amanhã. Hoje já cuidaram de toda a bagagem. — E seu pai? — Ele continuou, sem desviar o olhar. — Devo começar a organizar o retorno dele para Valenciana do Rio? Luiza pensou por um momento antes de responder: — Meu pai vai ficar no País R por enquanto. — Ainda não confia em mim? — Ele perguntou, encarando ela atentamente. Luiza respondeu com serenidade: — Não é isso. Só acho que ainda não está tão seguro. Quero esperar até que tudo esteja resolvido para trazê-lo de volta para Valenciana do Rio. — Você tem med
O olhar de Miguel parecia em chamas. Ele segurou a cintura dela com uma mão, enquanto a outra a puxava para mais perto, beijando cada centímetro de sua pele. Luiza estava tão fraca que parecia derreter como água, pendurada pelo pescoço dele, deixando que ele fizesse o que quisesse... ...Ao entardecer, o celular de Luiza tocou. Ela ouviu o toque familiar e abriu os olhos nos braços de Miguel. Viu que ele estava atendendo o celular dela. — Por que você está atendendo minhas ligações? — Perguntou ele, só então percebendo que sua voz estava rouca. À tarde, ele havia sido tão intenso que ela gritou até ficar sem voz. — Foi o Felipinho quem ligou. Então eu atendi por você. — Respondeu Miguel, segurando ela com um braço enquanto usava a outra mão para atender o telefone. Ele falou de forma preguiçosa com Felipinho, que estava do outro lado da linha. — Sua mãe talvez demore um pouco mais. Podem jantar sem ela, não precisam esperar. — Por que não precisam me esperar? — Luiza perg
— Desta vez, a reconciliação é real, certo? — Miguel perguntou. Luiza franziu as sobrancelhas, um pouco confusa. — Quero dizer, uma reconciliação de verdade, sem separações no futuro, certo? — Miguel a olhou diretamente nos olhos, sua expressão séria. Sob o olhar intenso dele, Luiza se sentiu desconfortável e, com um leve sorriso irônico, respondeu: — Isso não é garantido. Quem sabe daqui a alguns dias a gente brigue de novo? Miguel franziu a testa, impaciente. — Da sua boca não sai uma palavra boa. Luiza tentou conter o riso, mas antes que pudesse responder, Miguel a surpreendeu com um beijo. Sua voz rouca ecoou em seu ouvido: — Se não fala coisas boas, então vou lavar essa boca. Luiza congelou por um momento. "Esse é o jeito dele de lavar a boca?" Ele até colocou a língua. O beijo de Miguel a deixou sem fôlego. Tentando se recompor, ela colocou a mão no peito dele e perguntou: — Já terminou de lavar? — Não, ainda está muito suja. Precisa de mais lavagens.