Luiza acenou com a cabeça. Colocou a colher de sopa de lado e levantou a mão para fazer o nó da gravata dele.Fez um nó de Windsor cheio e perfeito, elegante.- Pronto. - Luiza terminou e admirou por um momento, sorrindo.Miguel olhou para o rosto dela, se sentou para tomar o café da manhã e ordenou:- De agora em diante, chegue em casa pontualmente às 8 da noite.Luiza ficou surpresa, olhando para ele.- Por quê?- Por quê? - Ele levantou uma sobrancelha. - Você é uma empregada, não precisa voltar para trabalhar?Luiza se sentiu extremamente frustrada, mas ainda assim tentou negociar com ele.- É minha obrigação trabalhar, mas, como sabe, sou designer e muitas vezes tenho que fazer hora extra.- Faça hora extra em casa. - Miguel rebateu com uma frase. - Não é só desenhar? Onde não pode fazer isso?Luiza ficou sem palavras. Ela queria encontrar algo para retrucar, mas devia a ele 4 milhões, então não tinha muito por onde se firmar.No final, ela estava visivelmente aborrecida.Após o c
Luiza parou diante dela, examinando o vestido que trouxe. Até então, ela só o tinha visto por fotos, sem conseguir identificar claramente o corte. Mas, agora, o vendo pessoalmente, era evidente que o corte foi feito com uma faca. Luiza sorriu e disse:- Desculpe, Srta. Clara, mas os vestidos que saem do nosso ateliê, a menos que apresentem um defeito de qualidade, não são passíveis de troca ou devolução.- Isso não é um defeito de qualidade? - Clara apontou para o corte no vestido.Luiza chamou sua assistente, que apresentou um vídeo do vestido sendo embalado antes do envio.- Srta. Clara, por favor, veja, antes de enviarmos qualquer peça, gravamos um vídeo da embalagem. Se não fosse por você dizer que não tinha nada para vestir ontem à noite, eu nem teria me incomodado em ir até lá. Considerando que o vestido custou várias centenas de milhares, pensei em arrumá-lo para você. Mas, se você diz que nosso vestido é defeituoso, discordo.Após assistir ao vídeo, Clara ficou pálida.- Se
Luiza foi até lá e segurou a mão do Sr. Souza.Sr. Souza disse, com um tom zombeteiro:- Lulu, aquelas mulheres sem-vergonha estão dilapidando o dinheiro do seu marido. Você precisa se afirmar, enviar notificações judiciais quando necessário e recuperar o que é seu. Metade desse patrimônio lhe pertence; se você não tem um advogado, converse com o vovô, eu arranjo um para você.O rosto de Clara empalideceu, assumindo a cor de um fantasma, e seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar.Sr. Souza a ignorou e disse para Luiza:- Vamos ao seu escritório para conversarmos. Não permita que essas pessoas insignificantes afetem seu ânimo.- Claro. - Luiza, apoiando o Sr. Souza, subiu com ele. - Vovô, tenha cuidado com as escadas.Tendo 80 anos, Luiza temia que ele pudesse cair.No entanto, Sr. Souza caminhou com segurança, apoiado por ela até o escritório.Clara, vindo lá de baixo, correu até eles e, com os olhos vermelhos de chorar, se ajoelhou diante do Sr. Souza:- Sr. Souza, estou grávida
- Não! - Luiza voltou a si e correu para preparar o café.Ela havia sido apenas intimidada pela presença do Sr. Souza, verdadeiramente impressionante, uma figura dominante da geração anterior.- Vovô, seu café! - Luiza levou o café até seu avô.O Sr. Souza pegou, saboreou um gole lentamente e perguntou:- Eu estava bonito agora há pouco?Luiza, pensando ter entendido errado, levantou a cabeça olhando para ele, surpresa.- Agora há pouco, quando dei uma lição na amante, eu estava bonito?O Sr. Souza perguntou com uma tranquilidade impressionante.Luiza, sinceramente, respondeu:- Estava bonito!- Na verdade, você não deveria ter ficado assustada com ela. Aquele filho pode não ser do Miguel. - O Sr. Souza a lembrou.Luiza refletiu por um momento:- Se não é, por que ela arrisca enganar a todos? Não teme ser desmascarada no fim e acabar sem nada?- O que você sabe? - O Sr. Souza pegou um pirulito da mesa dela para comer. - Ela planeja te derrubar primeiro, assumindo o lugar aos poucos. Qu
Luiza concordou.Ela realmente apreciava a companhia do avô e não via inconveniência em presenteá-lo com um conjunto de roupas.Juntos, se dirigiram ao showroom, onde Luiza começou a tirar as medidas do avô.Miguel chegou, acompanhado por Eduardo, pela porta principal. Eduardo questionou Olívia, que se encontrava na recepção.- Onde está a vossa patroa?- A chefe está na sala de exposições, recebendo os clientes. - Respondeu Olívia, que não pôde evitar questionar Eduardo, ao perceber o charme de Miguel. - Qual é, exatamente, a relação do seu chefe com a nossa? Parece que ele procura pela nossa chefe com certa frequência.Luiza estava casada em segredo, e as funcionárias desconheciam seu casamento.- Não tenho liberdade para comentar. - Eduardo se manteve impassível, sem revelar qualquer detalhe.Miguel se dirigiu ao showroom e, ao entrar, avistou Luiza medindo o Sr. Souza, ambos iluminados por uma luz suave. Ela parecia encantadora.- Vovô, que tal se eu escolher um tecido de maior qua
Quando se mencionava essa criança, Miguel adotava uma expressão que sugeria que o silêncio era ouro, lançando a ela um olhar significativo.- Desça.- Você não vai falar sobre essa criança? - Luiza estava repleta de dúvidas, especialmente depois que o Sr. Souza mencionou isso à tarde, ela começou a considerar essa possibilidade.Miguel disse:- Esta criança é minha.Três meses atrás, ele havia prometido a Clara que a reconheceria o bebê publicamente como sua criança.Ao ouvir isso, Luiza tremeu, sem saber o que dizer, e forçou um sorriso amargo.- Está triste? - Miguel perguntou.Luiza respondeu, sorrindo:- Não estou triste, afinal, já estamos divorciados.- Na frente do avô, não mencione isso. - Miguel a instruiu.Luiza, confusa, perguntou:- Por quê?- Recentemente, a saúde de minha mãe piorou, e eu temo que ele sofra um golpe duplo.- Entendi.Luiza acenou com a cabeça, saindo do quarto e seguindo com ele até o quarto do avô.O Sr. Souza estava tomando sua medicação no quarto, e o
Mas, após o Sr. Souza ouvir, ele finalmente não fez mais perguntas, acariciou sua barba e ordenou ao velho mordomo:- Sofia, fique aqui esta noite. Veja por mim se eles vão dormir no mesmo quarto.Luiza parecia resignada.O avô estava ansioso para abraçar o bisneto!Luiza estava um pouco resignada, enquanto Miguel pegava sua mão delicadamente, prometendo ao avô:- Não se preocupe, avô, nós com certeza vamos dormir no mesmo quarto.O Sr. Souza não acreditava nisso, deixou Sofia de olho neles e, tranquilamente, voltou ao seu quarto para dormir.Luiza fingiu voltar ao quarto para pegar algo.Miguel a seguiu.Luiza se virou:- E agora, o que fazemos?- Vamos dormir no quarto principal. - Miguel colocou uma mão no bolso, parecendo muito tranquilo.Luiza parecia horrorizada:- Dormir no mesmo quarto que você? Nós estamos divorciados.- Dez mil.- O quê?- Por uma noite, subtrair dez mil está bom, não está? - Miguel a olhava, vendo sua expressão hesitante. Ele adicionou. - Minha mãe não está
- Observando as bolhas de sangue na sola do seu pé. - Ele disse, segurando o pé dela e examinando as bolhas na sola, que já começavam a cicatrizar.Luiza não conseguia se acalmar por um bom tempo. Ao ver que ele havia se deitado, perguntou:- Por que você tirou a roupa?- É mais confortável dormir sem roupas. - Ele respondeu, tocando sua cabeça suavemente. - Durma.Luiza ficou completamente atônita.Como ele havia se tornado tão gentil de repente?Assim que levantou os olhos, se encontrou com seu olhar profundo.Seu olhar era incomumente suave.- Não quer dormir? Então, que tal fazermos algo interessante?Luiza fechou os olhos, assustada, suas bochechas ficaram vermelhas.Miguel a observava, seus olhos como correntes mornas, seus lábios finos se aproximaram e ele deu um leve beijo em sua testa.O coração de Luiza se agitou intensamente.Ela realmente não sabia o que as ações de Miguel significavam.Será que ele sempre a beijava assim quando ela adormecia? Ou aquela noite era uma exceçã
O resultado final foi que Priscila e Elias ficaram na mesma bicicleta que Eduardo. O espaço restante na bicicleta do Francisco foi ocupado pelo assistente dele, Lucas. A atmosfera no local estava especialmente fria, principalmente em volta de Francisco, onde ele mantinha uma expressão severa durante todo o trajeto. Felipinho olhou para trás e comentou: — A cara do tio Francisco está tão feia. Luiza também notou, mas não disse nada. Foi Miguel, ao lado, quem respondeu: — Essa é a tensão das famílias reconstituídas. — Famílias reconstituídas? — Felipinho parecia não entender a frase e olhou para o pai. Hoje, Miguel estava claramente diferente em termos de roupa. Ele usava um casaco escuro de lã e, por baixo, um suéter preto de gola alta. Não estava tão formal como de costume, o que lhe dava um ar mais descontraído, mas ainda assim elegante e distinto. Era impossível não notar sua presença. Miguel, olhando para as duas bicicletas à frente, explicou com um olhar profund
Ela estava muito determinada, parecia realmente não querer mais ficar com Francisco.Luiza não fez mais perguntas.Priscila, no entanto, a questionou de volta:— E você? O Miguel já veio até o País R, ficou aqui mais de uma semana, e qualquer pessoa com os olhos abertos sabe que ele fez tudo isso por você. O que você pensa sobre isso? Vai dar uma chance a ele?"Quem disse que só a Priscila tem más lembranças?"Luiza também tinha suas próprias lembranças, as de como a família Souza a magoou, e essas ainda estavam bem vivas em sua mente.Mesmo que a verdade já tivesse sido esclarecida, a dor que ela sofreu ainda era dor, não poderia ser apagada com o simples apertar de uma tecla de "excluir".Ela olhou para o nada com uma expressão tranquila.— Eu não sei. O Felipinho quer muito um pai, mas, no fundo, eu não quero.— Então você não quer. — Priscila disse, direta. — Nós mulheres temos um sexto sentido. Se não queremos, é não querer, não precisamos nos forçar. Ficar se torturando vai só no
— Bisavó, a Maria e as outras também vão! Parece que vai ser necessário preparar mais comida! — Felipinho também estava muito animado e se virou para Melissa, dizendo isso.Assim, os três se tornaram parte de um grupo maior.Miguel estava à parte, com o rosto fechado.Ele queria sair com a esposa e o filho para passar mais tempo com Luiza.Mas não esperava que Felipinho tivesse convidado a família de Francisco também. Agora, o grupo estava bem maior, e ele imaginava que seria difícil até mesmo conversar.No entanto, o que ninguém esperava era que Priscila também tivesse chamado Elias.Miguel, Luiza e Felipinho estavam em um carro.Já Francisco estava em uma situação mais difícil. Provavelmente, por ter causado algum problema com Priscila na noite anterior, ela não quis andar com ele. Ela pegou Maria no colo e entrou no carro de Elias.Francisco ficou sozinho e, com o rosto fechado, deu ordens ao motorista para seguir.Meia hora depois, o grupo chegou ao parque de diversões.Assim que s
— O tio Elias é muito legal, bonito e engraçado. Eu pensei que, se o papai e a mamãe ficassem juntos, então eu poderia me casar com o tio Elias. Não seria perfeito?Francisco ficou com uma expressão sombria e respondeu, aborrecido:— Você se casar com ele? Isso eu não aceito.— Mas o tio Elias é tão legal...— Quieta! De qualquer forma, é impossível você se casar com ele. Nem você, nem sua mãe. — Francisco a interrompeu, impedindo ela de elogiar Elias.Maria fez um biquinho e foi carregada por Francisco até o andar de baixo.Ao descer, percebeu que a sala estava cheia de gente e que provavelmente todos ouviram o que ele disse lá em cima. Francisco ficou um pouco embaraçado.Maria, no entanto, não se incomodou. Ela se desvencilhou dos braços de Francisco e correu até onde estava Felipinho.— Felipinho.Felipinho cruzou os braços e levantou uma sobrancelha, olhando para Maria.— Você quer se casar com aquele tio Elias?Maria ficou com o rosto vermelho.— Não posso? Ele é tão bonito.— Eu
— Vovó? — Luiza estava confusa. Como assim, agora estava incluída também? Melissa disse: — O Felipinho vai sair. Você não vai com ele? Ela ainda não tinha concordado, mas a vovó já havia planejado tudo. Quando ia responder, Melissa continuou: — Vai lá, desde que você chegou ao País R, fica em casa o tempo todo. O Felipinho também não sai. Estou com medo de que ele fique entediado. De repente, Felipinho fez um sinal de "V" com os dedos e disse docemente: — Obrigado, bisavó. Melissa sorriu e disse: — Felipinho, se divirta hoje. — Claro! — Felipinho assentiu repetidamente. Vendo essa cena, Luiza não conseguiu mais recusar. O garoto estava tão feliz que, se ela dissesse que não iria, ele provavelmente começaria a chorar ali mesmo. Bem, ela decidiu realizar o desejo de Felipinho de saírem juntos. Depois do almoço, Melissa insistiu em preparar pessoalmente alguns lanches e frutas para Felipinho levar. Os demais aguardavam na sala de estar tomando café. Foi então
Melissa assentiu.— Mas um chef assim não deveria ter grandes ambições? Ele realmente não quer fama e fortuna e está disposto a ser o chef particular de vocês?— No começo, ele também não queria, mas eu apoio o desenvolvimento de novos pratos dele e prometi que o ajudaria a abrir um restaurante, a expandir sua reputação. Só assim ele aceitou trabalhar como nosso chef particular, para ter mais tempo para criar novos pratos.Ao ouvir isso, Luiza finalmente entendeu que o chef da Mansão Jardim tinha uma história importante por trás. Ela nunca havia perguntado antes; só achava que a comida dele era deliciosa. Mas, pelo visto, Miguel tinha feito várias promessas a ele.— Você foi muito atencioso. — Melissa sorriu.Miguel disse:— Se a senhora gostar da comida, posso pedir para o chef vir todos os dias e preparar as três refeições para vocês. Qualquer outra necessidade que tiver, é só me dizer; se estiver ao meu alcance, farei de tudo para atender.Ele estava tentando agradar Melissa.Meliss
Nos últimos anos, com a presença de Felipinho, ela se tornou muito mais alegre e deixou de se prender àquelas emoções negativas......No dia seguinte.Luiza acordou cedo, olhou para o lado e viu que seu filho ainda estava dormindo. Ela sorriu, ajeitou o cobertor sobre ele e desceu as escadas.Assim que chegou ao andar de baixo, ouviu alguém conversando com Melissa.— Por que veio tão cedo? — Perguntou Melissa.— Prometi ao Felipinho que viria vê-lo hoje. — Respondeu Miguel, educadamente.Luiza olhou para o relógio; ainda eram pouco mais de sete, quase oito horas. Ele realmente tinha vindo bem cedo.— Você chegou muito cedo. — Comentou Melissa com um sorriso elegante. — E ainda trouxe tantas coisas.— Trouxe um café da manhã com sabores da culinária baiana. Quis trazer para vocês experimentarem. — Disse Miguel em um tom suave.— Culinária baiana? — Melissa pensou e logo entendeu, sorrindo. — É o que a Luiza gosta, não é?— Sim. — Miguel confirmou, sem hesitar. — O chef só conseguiu che
Felipinho disse:— Eu quero fazer xixi.— Então vai logo. — Luiza o incentivou, aproveitando a chance para mandar Miguel embora.Felipinho não pensou muito e foi ao banheiro.Luiza se virou para Miguel e disse:— É melhor você ir embora.— Luiza.Miguel se levantou e tentou segurar a mão dela, mas Luiza se esquivou, dizendo em tom abafado:— Não quero falar com você, vá embora.Miguel apertou os lábios finos.— Certo, eu volto amanhã para ver vocês.Luiza ficou surpresa. Ele voltaria amanhã?Quando ela ia pedir para ele não vir, ele já tinha se virado e saído. Luiza ficou frustrada, suspirou e entrou no banheiro.Felipinho já havia terminado de fazer xixi e, enquanto subia as calças, disse:— Mamãe, já está tão tarde, deixa o papai dormir aqui hoje?Luiza percebeu imediatamente o que ele estava tentando, então respondeu:— Ele já foi embora.— O quê? O papai já foi?Felipinho não acreditou. Correu com suas perninhas curtas até a sala para conferir, e viu que o pai realmente havia saído
Ela mordeu a língua dele?Luiza ficou surpresa e quis se levantar para olhar, mas ele mais uma vez capturou seus lábios.Na penumbra, o beijo dele era ardente e envolvente, com um sabor metálico de sangue.Luiza tentou se afastar, mas não conseguia.O ar em seu peito parecia estar sendo sugado aos poucos, e ela sentiu que não conseguia respirar, soltando um gemido suave.Miguel hesitou por um momento, sua respiração ficando mais pesada, como se quisesse engoli-la por inteiro.— Miguel... — Ela sentiu algo estranho e ficou com um pouco de medo, tentando empurrá-lo.Miguel respirava profundamente, o ar quente caindo em seu pescoço, e ele murmurou com a voz rouca:— Lulu, me chame de marido...— Nem sonhando. — Ela recusou, começando a se contorcer para se afastar dele.Mas quanto mais se mexia, mais perigosa a situação ficava; ela se debatia sobre ele, e como ele poderia suportar aquilo? Levantou a mão e, por cima da roupa, a tocou firmemente.Luiza levou um susto.Nesse momento, um som