Felipinho não queria que a mamãe ficasse com um homem tão desprezível e soltou um leve resmungo pelo nariz enquanto sussurrava no ouvido de Luiza:— O papai, aquele canalha até seguiu a gente até aqui, mamãe. Ele tem outra mulher, você não pode dar atenção para ele de jeito nenhum.Luiza não pôde deixar de rir e acariciou a cabeça de Felipinho.— Ele parece que não tem.Ela já tinha ouvido Marina falar sobre os acontecimentos em Valenciana do Rio.Marina disse que, depois que Luiza saiu, Alice foi arruinada por Miguel e acabou até presa.Nesse momento, Luiza sentiu um certo alívio em seu coração. Ela cobriu os olhos de Felipinho e disse para Francisco:— Guarde as armas primeiro, não assuste a criança.— Se eu guardar, ele pode te machucar. — Respondeu Francisco, que considerava Miguel extremamente perigoso.Luiza balançou a cabeça.— Não se preocupe, aqui é o País R. Ele não vai conseguir me levar.Aqui não era as Américas, nem Valenciana do Rio, e sim o País R, onde suas forças eram
— É do Theo. — Luiza falou sinceramente. — Ele já tinha esse vídeo há muito tempo, deve ter sido gravado pela mãe dele, Jaqueline, mas ele nunca mostrou antes.— Há muito tempo? — Miguel prestou atenção nessa expressão e, de repente, se lembrou de quatro anos atrás, quando Theo lhe contou que era filho de Jaqueline.Naquela época, Theo havia usado Luiza para enganá-lo, dizendo que ela não o amava há tempos, que ela o tinha traído e estava junto com Theo para conspirar contra ele, Miguel.Ele tinha sido consumido pelo ciúme e não pensou que poderia haver outra explicação."Então o Theo sabia de toda a verdade."Foi por isso que ele forneceu um vídeo para que a Nanda voltasse e os separasse?"Isso também explicava por que a Nanda, uma mulher inteligente, decidiu voltar para prejudicar a Luiza e o Bryan, porque, na verdade, o pai dela era o verdadeiro assassino..."Todos os mistérios em seu coração foram dissipados; as peças da verdade se encaixaram uma a uma, e Miguel riu de si mesmo.Qu
— Sobre o Felipinho, ele é seu filho, sim, mas fui eu quem o criou desde pequeno. Cuidei dele por quatro anos, e espero que, por causa disso, você não dispute a guarda do Felipinho comigo. Claro, mesmo que você queira lutar, eu não teria medo de você. Mas espero que possamos resolver isso pacificamente. Você tem boas condições, vai se casar de novo no futuro e terá filhos com sua esposa, enquanto eu... Você sabe que minha saúde é frágil, é muito difícil para eu engravidar. Espero que você aceite deixar o Felipinho comigo.— Eu não vou me casar de novo. — Miguel balançou a cabeça. — O Felipinho é meu filho, eu quero cuidar dele.Ele tinha acabado de vê-lo apenas uma vez e nem sequer tinha conseguido ver seu rosto com clareza.Luiza franziu as sobrancelhas:— O que você quer dizer? Vai mesmo disputar a guarda do Felipinho comigo?— Não. — Ele balançou a cabeça. Como ele poderia disputar a guarda do filho com ela? Ele não tinha esse direito. Segurando a dor que quase o despedaçava por den
— Quando é que eu procurei outra mulher? — Miguel olhou para ele, franzindo levemente as sobrancelhas. Felipinho, irritado, disse: — Não adianta negar. Eu já investiguei sobre você. Há quatro anos, você tinha uma noiva em Valenciana do Rio chamada Alice. Não foi há pouco tempo que você ia se casar com ela? Se você ia se casar com ela, por que veio procurar minha mamãe? Miguel franziu as sobrancelhas, respondendo: — Isso foi um mal-entendido, a mídia inventou essa história. Eu não tinha intenção de me casar com nenhuma mulher. Felipinho ficou surpreso, mas ainda assim não acreditou, e retrucou, fazendo um biquinho: — Não pense que eu sou uma criança de três anos que você pode enganar. Eu já tenho quatro anos! Miguel não pôde deixar de rir ao ouvir isso: — Eu nunca te tratei como uma criança. Tudo que eu disse é a verdade. — Sério? — Felipinho parecia hesitante, mas já não olhava para ele com tanto desprezo. Miguel disse: — Se você não acredita, pode procurar as not
— Desculpa. — Miguel abraçou a cabecinha dele, dizendo com seriedade. — Desculpa, Felipinho, eu não sabia que sua mãe tinha passado por tantas coisas quando estava grávida de você. A culpa é minha, eu errei.Naquela época, ele odiava Luiza profundamente e nunca mais a procurou. De vez em quando, ele se lembrava dela, mas apenas pensava em como tinha sido extremamente tolo. Ele se forçava a não pensar nela, a não procurar saber sobre ela.Assim, durante quatro anos, ele lutou contra seus próprios sentimentos. Se alguém mencionava o nome dela, ele ficava inexplicavelmente inquieto e irritado. Por isso, ninguém ousava falar de Luiza na frente dele. Ela se tornou um símbolo insignificante, desaparecendo no rio da vida dele. Mas como sentimentos reprimidos poderiam desaparecer sem deixar rastro? Quando ela anunciou que ficaria noiva do Theo, toda a insatisfação e raiva vieram à tona. Ele quis ir para as Américas e acabar com tudo, dar um fim a essa relação tortuosa. Porém, ao ch
— O Bryan já acordou? — Bryan era seu genro, mas ela nunca o tinha visto. No entanto, ouviu Luiza dizer que ele era um ótimo pai, amava Fabiana e também a filha, e que, por causa de Fabiana, nunca mais se casou. — Sim, mas a unidade de terapia intensiva é esterilizada, só pode entrar uma pessoa por vez. — Explicou Francisco. Melissa disse: — Muito obrigada por nos avisar. — De nada. Os dois conversavam de forma educada. Miguel estava ao lado, apertando os lábios em silêncio. Antes, era ele quem cuidava de tudo relacionado ao Bryan, mas agora era Francisco quem fazia isso. Ele apenas ouvia os dois conversando, se sentindo deslocado e desconfortável, como se não conseguisse se encaixar ali. Bryan acordou por um momento e logo adormeceu novamente. O médico disse que ele precisava de repouso e pediu que Luiza voltasse no dia seguinte para visitá-lo. Luiza assentiu com a cabeça, saiu do quarto e viu que sua avó e os outros já tinham chegado. — Luiza. — Assim que viu Lu
— Meu pai acabou de me contar que ele não vai se casar com aquela noiva, que tudo isso foi invenção da mídia. Mamãe, é verdade? — Felipinho olhou para Luiza com seus grandes olhos, esperando sua resposta.Luiza teve que responder sinceramente:— Sim.— Então eu não o odeio mais. O papai ainda disse que vai tentar te reconquistar.Essas palavras fizeram com que Melissa, que estava à frente, também olhasse para trás, e Priscila a observasse pelo retrovisor.Francisco não estava no carro.Luiza ficou um pouco constrangida e disse, fingindo desdém:— O que você está falando?— É verdade, ele acabou de admitir com todas as palavras. Ele disse que antes foi injusto com você, mas que de agora em diante vai cuidar bem de você. — Felipinho tentou ao máximo falar bem do pai.Luiza ficou ligeiramente surpresa e, por reflexo, olhou para trás, através do vidro do carro, para o veículo que os seguia.Miguel estava sentado no banco do passageiro, olhando para ela com uma expressão séria, mas não fria
Melissa disse com indiferença: — Não precisa, Sr. Miguel, eu já soube do que sua família fez com a Luiza. Já que há um conflito irreconciliável entre nossas famílias, acho melhor não incomodar. Luiza já deixou claro o que sentia desde que voltou de Valenciana do Rio. Melissa era sua avó e, naturalmente, ficaria do lado dela. Com uma família como aquela, seria melhor manter distância. Miguel apertou os lábios levemente e disse: — Vovó, o que aconteceu antes foi um mal-entendido. — Vovó? Miguel não escondeu nada: — Na verdade, eu e a Luiza nos reconciliamos em Valenciana do Rio. Agora somos marido e mulher. Por isso, ele a chamou de "vovó" diretamente. Melissa franziu a testa ligeiramente. Miguel sabia que ela talvez ainda não estivesse a par dos acontecimentos recentes em Valenciana do Rio e explicou: — Sobre os acontecimentos dos últimos dias, acho que posso esclarecer algumas coisas. Ele contou sobre como Alice o ajudou, que depois foi violentada, e que a avó
O resultado final foi que Priscila e Elias ficaram na mesma bicicleta que Eduardo. O espaço restante na bicicleta do Francisco foi ocupado pelo assistente dele, Lucas. A atmosfera no local estava especialmente fria, principalmente em volta de Francisco, onde ele mantinha uma expressão severa durante todo o trajeto. Felipinho olhou para trás e comentou: — A cara do tio Francisco está tão feia. Luiza também notou, mas não disse nada. Foi Miguel, ao lado, quem respondeu: — Essa é a tensão das famílias reconstituídas. — Famílias reconstituídas? — Felipinho parecia não entender a frase e olhou para o pai. Hoje, Miguel estava claramente diferente em termos de roupa. Ele usava um casaco escuro de lã e, por baixo, um suéter preto de gola alta. Não estava tão formal como de costume, o que lhe dava um ar mais descontraído, mas ainda assim elegante e distinto. Era impossível não notar sua presença. Miguel, olhando para as duas bicicletas à frente, explicou com um olhar profund
Ela estava muito determinada, parecia realmente não querer mais ficar com Francisco.Luiza não fez mais perguntas.Priscila, no entanto, a questionou de volta:— E você? O Miguel já veio até o País R, ficou aqui mais de uma semana, e qualquer pessoa com os olhos abertos sabe que ele fez tudo isso por você. O que você pensa sobre isso? Vai dar uma chance a ele?"Quem disse que só a Priscila tem más lembranças?"Luiza também tinha suas próprias lembranças, as de como a família Souza a magoou, e essas ainda estavam bem vivas em sua mente.Mesmo que a verdade já tivesse sido esclarecida, a dor que ela sofreu ainda era dor, não poderia ser apagada com o simples apertar de uma tecla de "excluir".Ela olhou para o nada com uma expressão tranquila.— Eu não sei. O Felipinho quer muito um pai, mas, no fundo, eu não quero.— Então você não quer. — Priscila disse, direta. — Nós mulheres temos um sexto sentido. Se não queremos, é não querer, não precisamos nos forçar. Ficar se torturando vai só no
— Bisavó, a Maria e as outras também vão! Parece que vai ser necessário preparar mais comida! — Felipinho também estava muito animado e se virou para Melissa, dizendo isso.Assim, os três se tornaram parte de um grupo maior.Miguel estava à parte, com o rosto fechado.Ele queria sair com a esposa e o filho para passar mais tempo com Luiza.Mas não esperava que Felipinho tivesse convidado a família de Francisco também. Agora, o grupo estava bem maior, e ele imaginava que seria difícil até mesmo conversar.No entanto, o que ninguém esperava era que Priscila também tivesse chamado Elias.Miguel, Luiza e Felipinho estavam em um carro.Já Francisco estava em uma situação mais difícil. Provavelmente, por ter causado algum problema com Priscila na noite anterior, ela não quis andar com ele. Ela pegou Maria no colo e entrou no carro de Elias.Francisco ficou sozinho e, com o rosto fechado, deu ordens ao motorista para seguir.Meia hora depois, o grupo chegou ao parque de diversões.Assim que s
— O tio Elias é muito legal, bonito e engraçado. Eu pensei que, se o papai e a mamãe ficassem juntos, então eu poderia me casar com o tio Elias. Não seria perfeito?Francisco ficou com uma expressão sombria e respondeu, aborrecido:— Você se casar com ele? Isso eu não aceito.— Mas o tio Elias é tão legal...— Quieta! De qualquer forma, é impossível você se casar com ele. Nem você, nem sua mãe. — Francisco a interrompeu, impedindo ela de elogiar Elias.Maria fez um biquinho e foi carregada por Francisco até o andar de baixo.Ao descer, percebeu que a sala estava cheia de gente e que provavelmente todos ouviram o que ele disse lá em cima. Francisco ficou um pouco embaraçado.Maria, no entanto, não se incomodou. Ela se desvencilhou dos braços de Francisco e correu até onde estava Felipinho.— Felipinho.Felipinho cruzou os braços e levantou uma sobrancelha, olhando para Maria.— Você quer se casar com aquele tio Elias?Maria ficou com o rosto vermelho.— Não posso? Ele é tão bonito.— Eu
— Vovó? — Luiza estava confusa. Como assim, agora estava incluída também? Melissa disse: — O Felipinho vai sair. Você não vai com ele? Ela ainda não tinha concordado, mas a vovó já havia planejado tudo. Quando ia responder, Melissa continuou: — Vai lá, desde que você chegou ao País R, fica em casa o tempo todo. O Felipinho também não sai. Estou com medo de que ele fique entediado. De repente, Felipinho fez um sinal de "V" com os dedos e disse docemente: — Obrigado, bisavó. Melissa sorriu e disse: — Felipinho, se divirta hoje. — Claro! — Felipinho assentiu repetidamente. Vendo essa cena, Luiza não conseguiu mais recusar. O garoto estava tão feliz que, se ela dissesse que não iria, ele provavelmente começaria a chorar ali mesmo. Bem, ela decidiu realizar o desejo de Felipinho de saírem juntos. Depois do almoço, Melissa insistiu em preparar pessoalmente alguns lanches e frutas para Felipinho levar. Os demais aguardavam na sala de estar tomando café. Foi então
Melissa assentiu.— Mas um chef assim não deveria ter grandes ambições? Ele realmente não quer fama e fortuna e está disposto a ser o chef particular de vocês?— No começo, ele também não queria, mas eu apoio o desenvolvimento de novos pratos dele e prometi que o ajudaria a abrir um restaurante, a expandir sua reputação. Só assim ele aceitou trabalhar como nosso chef particular, para ter mais tempo para criar novos pratos.Ao ouvir isso, Luiza finalmente entendeu que o chef da Mansão Jardim tinha uma história importante por trás. Ela nunca havia perguntado antes; só achava que a comida dele era deliciosa. Mas, pelo visto, Miguel tinha feito várias promessas a ele.— Você foi muito atencioso. — Melissa sorriu.Miguel disse:— Se a senhora gostar da comida, posso pedir para o chef vir todos os dias e preparar as três refeições para vocês. Qualquer outra necessidade que tiver, é só me dizer; se estiver ao meu alcance, farei de tudo para atender.Ele estava tentando agradar Melissa.Meliss
Nos últimos anos, com a presença de Felipinho, ela se tornou muito mais alegre e deixou de se prender àquelas emoções negativas......No dia seguinte.Luiza acordou cedo, olhou para o lado e viu que seu filho ainda estava dormindo. Ela sorriu, ajeitou o cobertor sobre ele e desceu as escadas.Assim que chegou ao andar de baixo, ouviu alguém conversando com Melissa.— Por que veio tão cedo? — Perguntou Melissa.— Prometi ao Felipinho que viria vê-lo hoje. — Respondeu Miguel, educadamente.Luiza olhou para o relógio; ainda eram pouco mais de sete, quase oito horas. Ele realmente tinha vindo bem cedo.— Você chegou muito cedo. — Comentou Melissa com um sorriso elegante. — E ainda trouxe tantas coisas.— Trouxe um café da manhã com sabores da culinária baiana. Quis trazer para vocês experimentarem. — Disse Miguel em um tom suave.— Culinária baiana? — Melissa pensou e logo entendeu, sorrindo. — É o que a Luiza gosta, não é?— Sim. — Miguel confirmou, sem hesitar. — O chef só conseguiu che
Felipinho disse:— Eu quero fazer xixi.— Então vai logo. — Luiza o incentivou, aproveitando a chance para mandar Miguel embora.Felipinho não pensou muito e foi ao banheiro.Luiza se virou para Miguel e disse:— É melhor você ir embora.— Luiza.Miguel se levantou e tentou segurar a mão dela, mas Luiza se esquivou, dizendo em tom abafado:— Não quero falar com você, vá embora.Miguel apertou os lábios finos.— Certo, eu volto amanhã para ver vocês.Luiza ficou surpresa. Ele voltaria amanhã?Quando ela ia pedir para ele não vir, ele já tinha se virado e saído. Luiza ficou frustrada, suspirou e entrou no banheiro.Felipinho já havia terminado de fazer xixi e, enquanto subia as calças, disse:— Mamãe, já está tão tarde, deixa o papai dormir aqui hoje?Luiza percebeu imediatamente o que ele estava tentando, então respondeu:— Ele já foi embora.— O quê? O papai já foi?Felipinho não acreditou. Correu com suas perninhas curtas até a sala para conferir, e viu que o pai realmente havia saído
Ela mordeu a língua dele?Luiza ficou surpresa e quis se levantar para olhar, mas ele mais uma vez capturou seus lábios.Na penumbra, o beijo dele era ardente e envolvente, com um sabor metálico de sangue.Luiza tentou se afastar, mas não conseguia.O ar em seu peito parecia estar sendo sugado aos poucos, e ela sentiu que não conseguia respirar, soltando um gemido suave.Miguel hesitou por um momento, sua respiração ficando mais pesada, como se quisesse engoli-la por inteiro.— Miguel... — Ela sentiu algo estranho e ficou com um pouco de medo, tentando empurrá-lo.Miguel respirava profundamente, o ar quente caindo em seu pescoço, e ele murmurou com a voz rouca:— Lulu, me chame de marido...— Nem sonhando. — Ela recusou, começando a se contorcer para se afastar dele.Mas quanto mais se mexia, mais perigosa a situação ficava; ela se debatia sobre ele, e como ele poderia suportar aquilo? Levantou a mão e, por cima da roupa, a tocou firmemente.Luiza levou um susto.Nesse momento, um som