— Desculpa. — Miguel abraçou a cabecinha dele, dizendo com seriedade. — Desculpa, Felipinho, eu não sabia que sua mãe tinha passado por tantas coisas quando estava grávida de você. A culpa é minha, eu errei.Naquela época, ele odiava Luiza profundamente e nunca mais a procurou. De vez em quando, ele se lembrava dela, mas apenas pensava em como tinha sido extremamente tolo. Ele se forçava a não pensar nela, a não procurar saber sobre ela.Assim, durante quatro anos, ele lutou contra seus próprios sentimentos. Se alguém mencionava o nome dela, ele ficava inexplicavelmente inquieto e irritado. Por isso, ninguém ousava falar de Luiza na frente dele. Ela se tornou um símbolo insignificante, desaparecendo no rio da vida dele. Mas como sentimentos reprimidos poderiam desaparecer sem deixar rastro? Quando ela anunciou que ficaria noiva do Theo, toda a insatisfação e raiva vieram à tona. Ele quis ir para as Américas e acabar com tudo, dar um fim a essa relação tortuosa. Porém, ao ch
— O Bryan já acordou? — Bryan era seu genro, mas ela nunca o tinha visto. No entanto, ouviu Luiza dizer que ele era um ótimo pai, amava Fabiana e também a filha, e que, por causa de Fabiana, nunca mais se casou. — Sim, mas a unidade de terapia intensiva é esterilizada, só pode entrar uma pessoa por vez. — Explicou Francisco. Melissa disse: — Muito obrigada por nos avisar. — De nada. Os dois conversavam de forma educada. Miguel estava ao lado, apertando os lábios em silêncio. Antes, era ele quem cuidava de tudo relacionado ao Bryan, mas agora era Francisco quem fazia isso. Ele apenas ouvia os dois conversando, se sentindo deslocado e desconfortável, como se não conseguisse se encaixar ali. Bryan acordou por um momento e logo adormeceu novamente. O médico disse que ele precisava de repouso e pediu que Luiza voltasse no dia seguinte para visitá-lo. Luiza assentiu com a cabeça, saiu do quarto e viu que sua avó e os outros já tinham chegado. — Luiza. — Assim que viu Lu
— Meu pai acabou de me contar que ele não vai se casar com aquela noiva, que tudo isso foi invenção da mídia. Mamãe, é verdade? — Felipinho olhou para Luiza com seus grandes olhos, esperando sua resposta.Luiza teve que responder sinceramente:— Sim.— Então eu não o odeio mais. O papai ainda disse que vai tentar te reconquistar.Essas palavras fizeram com que Melissa, que estava à frente, também olhasse para trás, e Priscila a observasse pelo retrovisor.Francisco não estava no carro.Luiza ficou um pouco constrangida e disse, fingindo desdém:— O que você está falando?— É verdade, ele acabou de admitir com todas as palavras. Ele disse que antes foi injusto com você, mas que de agora em diante vai cuidar bem de você. — Felipinho tentou ao máximo falar bem do pai.Luiza ficou ligeiramente surpresa e, por reflexo, olhou para trás, através do vidro do carro, para o veículo que os seguia.Miguel estava sentado no banco do passageiro, olhando para ela com uma expressão séria, mas não fria
Melissa disse com indiferença: — Não precisa, Sr. Miguel, eu já soube do que sua família fez com a Luiza. Já que há um conflito irreconciliável entre nossas famílias, acho melhor não incomodar. Luiza já deixou claro o que sentia desde que voltou de Valenciana do Rio. Melissa era sua avó e, naturalmente, ficaria do lado dela. Com uma família como aquela, seria melhor manter distância. Miguel apertou os lábios levemente e disse: — Vovó, o que aconteceu antes foi um mal-entendido. — Vovó? Miguel não escondeu nada: — Na verdade, eu e a Luiza nos reconciliamos em Valenciana do Rio. Agora somos marido e mulher. Por isso, ele a chamou de "vovó" diretamente. Melissa franziu a testa ligeiramente. Miguel sabia que ela talvez ainda não estivesse a par dos acontecimentos recentes em Valenciana do Rio e explicou: — Sobre os acontecimentos dos últimos dias, acho que posso esclarecer algumas coisas. Ele contou sobre como Alice o ajudou, que depois foi violentada, e que a avó
Miguel, em relação aos comportamentos de Luiza, ela já tinha ouvido falar, achava que as atitudes dele eram duras demais, e Melissa não estava satisfeita com isso. Miguel disse com franqueza: — Eu só não quero me separar dela. Pelas palavras dele, era possível perceber que era um homem apaixonado, mas Melissa não queria ser simpática com ele tão rápido. Ela tomou um gole de café e subiu para descansar. Claro, ela ainda não havia aceitado o presente de Miguel. Eduardo perguntou: — Sr. Miguel, este presente... — Guarde por enquanto. — Melissa estava resistindo a eles, e Miguel não queria que as coisas saíssem pela culatra, então se virou e perguntou. — Onde está o Felipinho agora? Tendo conquistado a chance de passar um tempo com Luiza e Felipinho, Miguel estava ansioso para vê-los novamente. Eduardo respondeu: — Vou perguntar ao mordomo. Eduardo foi falar com o mordomo, que informou que Felipinho estava brincando com a Srta. Maria no jardim dos fundos. No jardim d
Se ela tivesse contado para ele, daquela época nas Américas, ele com certeza não teria sido assim com ela...— E o que mudaria se eu tivesse contado? — Luiza respondeu com outra pergunta.Miguel ficou surpreso por um momento.— Se eu soubesse da existência do Felipinho, eu nunca teria sido daquele jeito com você.Luiza sorriu.— E depois? Depois você nos levaria de volta para Valenciana do Rio, para sofrer junto com você todos os ataques dos seus parentes? Eu não concordaria e não poderia partir, porque você nos manteria presos. E se eu resistisse, você me impediria de sair de casa. Antes, você ameaçou meu pai; se soubesse da existência do Felipinho, não teria me ameaçado com ele também, o usando para me pressionar?O corpo de Miguel enrijeceu subitamente, e com o rosto pálido, ele disse:— Lulu, me desculpa.— Você sabe por que eu não quero ficar com você? — Luiza, inicialmente, não queria se alongar na conversa, mas sentiu que precisava desabafar.Os dias que ela passou em Valenciana
Luiza estava servindo a sopa e, ao ouvir isso, parou por um momento e disse: — Ele não mora com a gente, é claro que na hora das refeições ele precisa voltar. — Não dá para ele ficar e comer com a gente? — Felipinho disse, desanimado. — Eu queria comer junto com ele. Foi Maria quem o ensinou isso; ela disse que, se ele mencionasse o pai várias vezes, no dia seguinte ele quase sempre apareceria. E, de fato, Luiza mostrou um olhar de compaixão: — Você quer tanto assim comer com ele? — Hoje ele me disse que não me abandonou, que só não sabia da minha existência. Agora que ele sabe, ele disse que eu sempre serei o filho dele. O coração de Luiza apertou sem motivo. Antes, Felipinho quase não falava sobre o pai, e ela achava que ele não ligava muito para isso. Mas, na verdade, ele também queria muito um pai. À noite, ao tentar dormir, Luiza se revirava na cama, sem conseguir pegar no sono. Talvez fosse por causa das palavras de Felipinho, que a fizeram sentir uma certa culp
Esse fedelho, como ele pôde ter contado tudo o que ela disse para ele? Que situação embaraçosa. Os dois conversaram por alguns minutos antes de desligar o telefone, e Luiza ainda estava sentada em silêncio. Felipinho virou seu pequeno corpo e deitou no colo dela. Luiza aproveitou a situação e abraçou o corpinho dele. Felipinho perguntou: — Mamãe, você vai ficar brava se eu for próximo do papai? A pergunta de Felipinho foi tão triste que Luiza não teve como não se sentir comovida. Ela sorriu levemente e respondeu: — Não vou, ele é seu pai. Se você quiser se aproximar dele, pode se aproximar. Contanto que ele não levasse Felipinho embora, Luiza estava disposta a deixá-los se aproximarem, pois sabia que Felipinho também ansiava pelo amor de um pai. — Obrigado, mamãe. — Felipinho beijou a mão dela. Luiza também sorriu e beijou a testa dele. — Durma bem. No dia seguinte. Uma figura alta entrou no quarto de Luiza e se agachou no chão, observando ela em silêncio. Lui
O resultado final foi que Priscila e Elias ficaram na mesma bicicleta que Eduardo. O espaço restante na bicicleta do Francisco foi ocupado pelo assistente dele, Lucas. A atmosfera no local estava especialmente fria, principalmente em volta de Francisco, onde ele mantinha uma expressão severa durante todo o trajeto. Felipinho olhou para trás e comentou: — A cara do tio Francisco está tão feia. Luiza também notou, mas não disse nada. Foi Miguel, ao lado, quem respondeu: — Essa é a tensão das famílias reconstituídas. — Famílias reconstituídas? — Felipinho parecia não entender a frase e olhou para o pai. Hoje, Miguel estava claramente diferente em termos de roupa. Ele usava um casaco escuro de lã e, por baixo, um suéter preto de gola alta. Não estava tão formal como de costume, o que lhe dava um ar mais descontraído, mas ainda assim elegante e distinto. Era impossível não notar sua presença. Miguel, olhando para as duas bicicletas à frente, explicou com um olhar profund
Ela estava muito determinada, parecia realmente não querer mais ficar com Francisco.Luiza não fez mais perguntas.Priscila, no entanto, a questionou de volta:— E você? O Miguel já veio até o País R, ficou aqui mais de uma semana, e qualquer pessoa com os olhos abertos sabe que ele fez tudo isso por você. O que você pensa sobre isso? Vai dar uma chance a ele?"Quem disse que só a Priscila tem más lembranças?"Luiza também tinha suas próprias lembranças, as de como a família Souza a magoou, e essas ainda estavam bem vivas em sua mente.Mesmo que a verdade já tivesse sido esclarecida, a dor que ela sofreu ainda era dor, não poderia ser apagada com o simples apertar de uma tecla de "excluir".Ela olhou para o nada com uma expressão tranquila.— Eu não sei. O Felipinho quer muito um pai, mas, no fundo, eu não quero.— Então você não quer. — Priscila disse, direta. — Nós mulheres temos um sexto sentido. Se não queremos, é não querer, não precisamos nos forçar. Ficar se torturando vai só no
— Bisavó, a Maria e as outras também vão! Parece que vai ser necessário preparar mais comida! — Felipinho também estava muito animado e se virou para Melissa, dizendo isso.Assim, os três se tornaram parte de um grupo maior.Miguel estava à parte, com o rosto fechado.Ele queria sair com a esposa e o filho para passar mais tempo com Luiza.Mas não esperava que Felipinho tivesse convidado a família de Francisco também. Agora, o grupo estava bem maior, e ele imaginava que seria difícil até mesmo conversar.No entanto, o que ninguém esperava era que Priscila também tivesse chamado Elias.Miguel, Luiza e Felipinho estavam em um carro.Já Francisco estava em uma situação mais difícil. Provavelmente, por ter causado algum problema com Priscila na noite anterior, ela não quis andar com ele. Ela pegou Maria no colo e entrou no carro de Elias.Francisco ficou sozinho e, com o rosto fechado, deu ordens ao motorista para seguir.Meia hora depois, o grupo chegou ao parque de diversões.Assim que s
— O tio Elias é muito legal, bonito e engraçado. Eu pensei que, se o papai e a mamãe ficassem juntos, então eu poderia me casar com o tio Elias. Não seria perfeito?Francisco ficou com uma expressão sombria e respondeu, aborrecido:— Você se casar com ele? Isso eu não aceito.— Mas o tio Elias é tão legal...— Quieta! De qualquer forma, é impossível você se casar com ele. Nem você, nem sua mãe. — Francisco a interrompeu, impedindo ela de elogiar Elias.Maria fez um biquinho e foi carregada por Francisco até o andar de baixo.Ao descer, percebeu que a sala estava cheia de gente e que provavelmente todos ouviram o que ele disse lá em cima. Francisco ficou um pouco embaraçado.Maria, no entanto, não se incomodou. Ela se desvencilhou dos braços de Francisco e correu até onde estava Felipinho.— Felipinho.Felipinho cruzou os braços e levantou uma sobrancelha, olhando para Maria.— Você quer se casar com aquele tio Elias?Maria ficou com o rosto vermelho.— Não posso? Ele é tão bonito.— Eu
— Vovó? — Luiza estava confusa. Como assim, agora estava incluída também? Melissa disse: — O Felipinho vai sair. Você não vai com ele? Ela ainda não tinha concordado, mas a vovó já havia planejado tudo. Quando ia responder, Melissa continuou: — Vai lá, desde que você chegou ao País R, fica em casa o tempo todo. O Felipinho também não sai. Estou com medo de que ele fique entediado. De repente, Felipinho fez um sinal de "V" com os dedos e disse docemente: — Obrigado, bisavó. Melissa sorriu e disse: — Felipinho, se divirta hoje. — Claro! — Felipinho assentiu repetidamente. Vendo essa cena, Luiza não conseguiu mais recusar. O garoto estava tão feliz que, se ela dissesse que não iria, ele provavelmente começaria a chorar ali mesmo. Bem, ela decidiu realizar o desejo de Felipinho de saírem juntos. Depois do almoço, Melissa insistiu em preparar pessoalmente alguns lanches e frutas para Felipinho levar. Os demais aguardavam na sala de estar tomando café. Foi então
Melissa assentiu.— Mas um chef assim não deveria ter grandes ambições? Ele realmente não quer fama e fortuna e está disposto a ser o chef particular de vocês?— No começo, ele também não queria, mas eu apoio o desenvolvimento de novos pratos dele e prometi que o ajudaria a abrir um restaurante, a expandir sua reputação. Só assim ele aceitou trabalhar como nosso chef particular, para ter mais tempo para criar novos pratos.Ao ouvir isso, Luiza finalmente entendeu que o chef da Mansão Jardim tinha uma história importante por trás. Ela nunca havia perguntado antes; só achava que a comida dele era deliciosa. Mas, pelo visto, Miguel tinha feito várias promessas a ele.— Você foi muito atencioso. — Melissa sorriu.Miguel disse:— Se a senhora gostar da comida, posso pedir para o chef vir todos os dias e preparar as três refeições para vocês. Qualquer outra necessidade que tiver, é só me dizer; se estiver ao meu alcance, farei de tudo para atender.Ele estava tentando agradar Melissa.Meliss
Nos últimos anos, com a presença de Felipinho, ela se tornou muito mais alegre e deixou de se prender àquelas emoções negativas......No dia seguinte.Luiza acordou cedo, olhou para o lado e viu que seu filho ainda estava dormindo. Ela sorriu, ajeitou o cobertor sobre ele e desceu as escadas.Assim que chegou ao andar de baixo, ouviu alguém conversando com Melissa.— Por que veio tão cedo? — Perguntou Melissa.— Prometi ao Felipinho que viria vê-lo hoje. — Respondeu Miguel, educadamente.Luiza olhou para o relógio; ainda eram pouco mais de sete, quase oito horas. Ele realmente tinha vindo bem cedo.— Você chegou muito cedo. — Comentou Melissa com um sorriso elegante. — E ainda trouxe tantas coisas.— Trouxe um café da manhã com sabores da culinária baiana. Quis trazer para vocês experimentarem. — Disse Miguel em um tom suave.— Culinária baiana? — Melissa pensou e logo entendeu, sorrindo. — É o que a Luiza gosta, não é?— Sim. — Miguel confirmou, sem hesitar. — O chef só conseguiu che
Felipinho disse:— Eu quero fazer xixi.— Então vai logo. — Luiza o incentivou, aproveitando a chance para mandar Miguel embora.Felipinho não pensou muito e foi ao banheiro.Luiza se virou para Miguel e disse:— É melhor você ir embora.— Luiza.Miguel se levantou e tentou segurar a mão dela, mas Luiza se esquivou, dizendo em tom abafado:— Não quero falar com você, vá embora.Miguel apertou os lábios finos.— Certo, eu volto amanhã para ver vocês.Luiza ficou surpresa. Ele voltaria amanhã?Quando ela ia pedir para ele não vir, ele já tinha se virado e saído. Luiza ficou frustrada, suspirou e entrou no banheiro.Felipinho já havia terminado de fazer xixi e, enquanto subia as calças, disse:— Mamãe, já está tão tarde, deixa o papai dormir aqui hoje?Luiza percebeu imediatamente o que ele estava tentando, então respondeu:— Ele já foi embora.— O quê? O papai já foi?Felipinho não acreditou. Correu com suas perninhas curtas até a sala para conferir, e viu que o pai realmente havia saído
Ela mordeu a língua dele?Luiza ficou surpresa e quis se levantar para olhar, mas ele mais uma vez capturou seus lábios.Na penumbra, o beijo dele era ardente e envolvente, com um sabor metálico de sangue.Luiza tentou se afastar, mas não conseguia.O ar em seu peito parecia estar sendo sugado aos poucos, e ela sentiu que não conseguia respirar, soltando um gemido suave.Miguel hesitou por um momento, sua respiração ficando mais pesada, como se quisesse engoli-la por inteiro.— Miguel... — Ela sentiu algo estranho e ficou com um pouco de medo, tentando empurrá-lo.Miguel respirava profundamente, o ar quente caindo em seu pescoço, e ele murmurou com a voz rouca:— Lulu, me chame de marido...— Nem sonhando. — Ela recusou, começando a se contorcer para se afastar dele.Mas quanto mais se mexia, mais perigosa a situação ficava; ela se debatia sobre ele, e como ele poderia suportar aquilo? Levantou a mão e, por cima da roupa, a tocou firmemente.Luiza levou um susto.Nesse momento, um som