Capítulo 0004

No entanto, ao fechar os olhos, parecia que tudo tinha acontecido ontem.

Naquele dia, estava chovendo muito, e eu e Gustavo estávamos na estrada.

Alguém ligou para Gustavo, e ouvi claramente a voz do outro lado.

— Sr. Soares, alguns cobradores estão indo atrás da Família Pinto, estão causando problemas para a Srta. Pinto.

Gustavo olhou para mim.

Eu sabia que ele não estava pedindo minha permissão, mas me informando que iria atrás de Teresa.

O destino onde estávamos indo era oposto ao da Família Pinto.

Eu disse suavemente: — Pode me deixar no próximo posto de serviço, eu volto de táxi.

Ao descer, mesmo abrindo o guarda-chuva rapidamente, fiquei encharcada.

Um carro preto passou por mim, jogando água em meu rosto, sentimentos enferrujados reacendendo sob a chuva.

E o táxi que peguei, por ser antigo, derrapou na estrada.

Quando o carro perdeu o controle, fiquei petrificada, rapidamente colocando o cinto de segurança.

Meu coração batia acelerado, minha mente em branco.

No impacto violento, minha cabeça bateu na janela.

Nesse instante, o tempo pareceu desacelerar.

Minha mente involuntariamente revisitou minha vida até agora, e todas as memórias giravam em torno de Gustavo.

Aos dez anos, meus pais fizeram um empréstimo para comprar uma casa no bairro mais nobre da capital, e conheci Gustavo.

Meus pais diziam para eu ser cuidadosa ao agradá-lo, dizendo que ele era o Príncipe Herdeiro da Capital.

Gustavo era muito bonito, e eu gostava de brincar com ele, então o segui por sete anos.

Aos dezessete anos, percebi que gostava de Gustavo, mas ele me desprezava. Durante um ano, sendo apaixonada por ele, fui chamada de palhaça pelos amigos dele.

Aos dezoito anos, Gustavo se apaixonou por Teresa, e eu assisti enquanto ele se esforçava por ela, e depois enquanto sofria pela desilusão amorosa.

Aos vinte e um anos, Gustavo, bêbado, me empurrou na cama e me beijou, enquanto chamava o nome de Teresa.

Eu deveria tê-lo empurrado e dado um tapa nele, mas minha mão hesitou.

A empresa do meu pai estava em dificuldades financeiras, precisando de muito dinheiro.

E estar com Gustavo era o desejo meu e dos meus pais por mais de uma década.

Eu suportei em silêncio, enquanto Gustavo me usava e chamava o nome de Teresa.

Nossa situação rapidamente chegou aos ouvidos do avô de Gustavo. A Família Soares sempre foi uma família tradicional, e ele exigiu que Gustavo se casasse comigo, realizando meu desejo de me casar com Gustavo.

Aos vinte e dois anos, engravidei. O bebê era muito agitado, e durante a gravidez sofri de fortes enjoos, e o parto foi complicado.

...

As memórias são uma dor interligada.

Ao abrir os olhos novamente, estava deitada no quarto do hospital.

Meu corpo inteiro doía, minha cabeça parecia explodir.

Aos vinte e sete anos, ao lado do meu leito, meu filho chamava Teresa de mãe, e meu marido consentia.

Eu fingia não me importar, mas cada momento me perfurava como agulhas.

As pessoas que não queria perder estavam ansiosas para que eu partisse logo.

Escolhi o silêncio, talvez a felicidade nunca tenha me pertencido.

— Vocês já falaram palavras duras para alguém que amam?

Gostaria de perguntar a Gustavo e Bruno.

Mas quando os vejo com Teresa, acho que já sei a resposta.

Gustavo se apaixonou por Teresa à primeira vista.

E Bruno também gostou muito de Teresa quando a viu pela primeira vez. Foi a primeira vez que Bruno demonstrou gostar de alguém.

As pessoas sempre se apegam ao que reconhecem à primeira vista.

Bruno se parece cada vez mais com o pai, tanto na aparência quanto na personalidade e nos gostos.

Eles gostam de Teresa.

Nunca considerei Teresa como uma intrusa.

Porque naquela noite, roubei algo que pertencia a Teresa.

As pessoas sofrem porque perseguem as coisas erradas.

Acho que esse casamento chegou ao fim.

É hora de devolver Gustavo e Bruno para Teresa.