Capítulo 2

Olhando para as figuras decididas deles pulando, imediatamente comecei a pensar em como me salvar.

Afinal, desta vez, eu não podia garantir que Miguel, após garantir a segurança dele, ainda se lembraria de chamar ajuda para mim.

Porque, nas duas vidas, a pessoa que Miguel mais amava sempre foi a minha meia-irmã, Daniela, filha do mesmo pai, mas de mãe diferente.

Na vida passada, apesar de as esperanças serem pequenas, assim que ele conseguiu sinal, ligou imediatamente para o resgate.

Mas nesta vida, foi Daniela quem pegou o paraquedas, o que representava a chance de sobrevivência.

Então, não esperava que ele, ao pular, fosse imediatamente tentar contatar o resgate. O máximo que eu poderia esperar seria que ele não anunciasse logo depois que eu estava morta. Isso já seria uma grande bênção.

Porque, nas duas vidas, a pessoa que ele amou profundamente foi apenas Daniela.

Na vida anterior, eu só soube depois de me casar que, na verdade, Miguel e Daniela já se conheciam muito antes.

Eles estudaram na mesma escola e, ambos sendo filhos ilegítimos, foram aceitos nas respectivas famílias, o que fez com que se compreendessem profundamente e jurassem ficar juntos para sempre.

Mesmo estando noiva de Miguel, eu sabia que era só porque eu era a filha legítima da família Castro. Todo o patrimônio da família, que no futuro seria meu, era o que realmente importava.

Então, mesmo que ele tivesse amado Daniela em ambas as vidas, ele escolheria me salvar por causa do patrimônio da família Castro.

No entanto, na vida passada, Miguel se arrependeu profundamente de ter me salvado por causa da herança de família.

Agora, eu havia tomado a decisão por ele, e ele deveria me agradecer por isso.

Enquanto via as figuras deles desaparecerem aos poucos, corri imediatamente para a cabine de comando do avião.

Na vida anterior, seguindo a orientação de Miguel, comecei a acreditar lentamente que o acidente de avião que levou à morte de Daniela era de alguma forma minha culpa. Sentia que havia tomado a chance de sobrevivência dela para mim.

Foi por isso que, mais tarde, decidi aprender a pilotar e até tirei uma licença, assistindo inúmeras vezes ao vídeo simulado do acidente.

Procurei vários mentores, mas sempre que mostrava a animação simulada para os professores, as respostas que eles davam eram surpreendentes.

Por isso, sempre que sonhava à noite, eu torcia para voltar àquele momento. Agora, o sonho finalmente se realizava, e eu só sentia uma grande emoção.

Seguindo a experiência anterior, prendi o cinto de segurança e comecei a controlar o avião, fazendo-o descer lentamente.

O motivo pelo qual o avião estava passando por isso era claro: o próximo projeto em Cidade A era uma disputa acirrada entre a família Castro e a família Pereira, e ambas estavam com grandes chances de ganhá-lo.

Além disso, o avião não havia realmente sofrido um acidente; na verdade, a tripulação tinha sido contratada pelos concorrentes, que armaram o falso erro.

Ao distribuir os paraquedas, eles ainda danificaram um deles de propósito, com o objetivo de perturbar a relação entre a família Castro e a família Pereira, para conseguir o projeto de Cidade A.

Mas agora que eu estava de volta, não deixaria o trágico fim da vida passada se repetir.

Então, enquanto estava na cabine de comando, com firmeza, reabri o acelerador e comecei a controlar o manche e os pedais.

O motor voltou a roncar, um rugido começou a sair do avião, e o avião, que antes caía em queda livre, agora começou a desacelerar gradualmente.

Até começou a levantar levemente, e, com o meu controle, a aeronave foi se estabilizando.

Contudo, depois da queda recente, o avião já não tinha mais altitude suficiente para chegar ao aeroporto, e eu só podia fazer um pouso de emergência.

Felizmente, a área abaixo de nós não era urbana, mas sim uma vasta região montanhosa.

Eu controlei cuidadosamente o avião para uma descida controlada.

Vendo o avião cortar as árvores da montanha, derrubando-as, finalmente consegui pousar de forma segura no vale entre duas montanhas.

Foi somente quando saí da cabine e pisei novamente no solo, que me senti verdadeiramente renovada e com uma nova oportunidade na vida.

Porém, o local do pouso parecia extremamente isolado e desolado, sem sinal de comunicação.

De fato, não havia sinal algum.

Depois de várias tentativas frustradas de ligar para o resgate, decidi agir por conta própria.

Peguei os poucos suprimentos que restavam no avião e comecei a caminhar em direção ao pé da montanha. Porém, o caminho estava extremamente irregular e rochoso. Não consegui dar nem alguns passos antes de me arranhar com os galhos e arbustos ao redor.

Com o sangue escorrendo pelo tornozelo, não parei nem para limpar, e continuei a caminhada, determinada a chegar até o pé da montanha.

Finalmente, à distância, avistei uma figura no caminho. Gritei imediatamente:

— Socorro! Espere, me ajude!

Ele me ouviu.

Ele se virou!

Mas, no momento em que ele se virou, fiquei paralisada no lugar.

— Tiago?