Share

Capítulo 3

- Eu vou soltar fogos de artifício por dias e noites no seu funeral para comemorar sua morte! - Disse Sílvio.

Ao ouvir isso, o coração de Lúcia, que já estava pendurado por um fio, se despedaçou completamente. Cada pedaço, ensanguentado, parecia impossível de juntar novamente.

Era difícil imaginar o quão frio Sílvio poderia ser. Ele desejava sua morte com tanta indiferença, falando com um sorriso sarcástico.

- Sílvio, se quer casar com a Giovana, vai ter que esperar eu morrer.

O homem que ela havia moldado com suas próprias mãos havia sido seduzido por uma mulher sem escrúpulos. Ela não podia suportar essa humilhação.

Se estavam destinados ao inferno, que fossem os três juntos.

- Lúcia, ainda vai chegar o dia em que você vai chorar e implorar de joelhos para se divorciar de mim!

O olhar penetrante de Sílvio estava frio como gelo. Sem qualquer hesitação, ele bateu a porta ao sair.

Aquela noite, ela não conseguiu dormir. Não era por falta de vontade, mas porque simplesmente não conseguia.

Sua mente estava cheia de lembranças dela e de Sílvio. Na verdade, quando se conheceram, ele nunca a olhava diretamente.

Para ele, ela era apenas uma jovem de sorte por nascer em uma família nobre.

Quanto mais ele a ignorava, mais forte era seu desejo de conquistá-lo.

Ela ofereceu tudo que podia a ele: prestígio, poder, dinheiro, e seu coração pesado de amor, de uma maneira impositiva e irrecusável.

Finalmente, ele se rendeu.

A mãe de Lúcia, Sandra Coronado, sempre acreditou que ele não amava verdadeiramente sua filha e tinha outras intenções.

Mas Sílvio jurou que seria bom para Lúcia para sempre.

As pessoas geralmente eram ingênuas e desprevenidas em relação ao primeiro amor. Para se casar com o homem que amava, Lúcia não hesitou em brigar com a mãe, sair de casa e até ameaçar com greve de fome.

Seu pai, Abelardo, a amava profundamente. No primeiro dia da greve de fome, ele cedeu e aprovou o casamento, convencendo também sua esposa.

No casamento, Lúcia estava radiante, enquanto Sílvio mantinha uma atitude indiferente. Ela parecia mais uma general vitoriosa, cheia de orgulho.

Pensar no passado fazia seu coração doer a ponto de dificultar a respiração.

Depois de tantos anos, ela finalmente percebeu que seus pais estavam certos sobre Sílvio.

Os olhos cansados de Lúcia se fixaram na janela, observando o céu mudar de um preto opressivo para um branco gradual.

Na noite do casamento, ele recebeu uma ligação e saiu apressadamente. Ela também o esperou do anoitecer ao amanhecer.

Ela não sabia se, naquela noite, ele tinha ido encontrar a Giovana.

O celular tocou de repente, ela atendeu e colocou no ouvido, sem dizer uma palavra.

Os gritos de desespero de Sandra perfuraram seus tímpanos:

- Lúcia, seu pai acabou de sofrer um acidente de carro, o motorista fugiu! Volte rápido!

Ela ficou paralisada. Seu pai teve um acidente de carro?

Ele tinha Alzheimer e estava em uma cadeira de rodas, como isso poderia acontecer...

- Lúcia, você está ouvindo? Não há nenhum empregado em casa, eu não consigo carregar seu pai. Não consigo chamar um táxi, ele está perdendo muito sangue...

Sandra não ouviu a resposta da filha e seu tom de voz estava cheio de urgência e desespero.

- Mãe, não se preocupe, estou voltando agora.

Lúcia não pensou mais no divórcio, correu para a rua e chamou um táxi freneticamente, voltando para a Mansão do Baptista.

Na estrada perto da mansão, viu a cadeira de rodas tombada de um lado, e Sandra, vestida com um vestido dourado e um xale de lã, segurando seu marido Abelardo, coberto de sangue.

Sandra estava em prantos, seu vestido manchado de sangue.

O motorista da família e os empregados tinham sido todos dispensados por Sílvio.

A mãe não sabia dirigir, então Lúcia ajudou a colocar o pai no carro e dirigiu rapidamente para o hospital.

Ao chegar ao hospital, Abelardo foi imediatamente colocado em uma maca e uma equipe de médicos e enfermeiros o levou rapidamente para a sala de cirurgia.

Sandra, como parente, assinou o termo de risco cirúrgico. A enfermeira informou que eles precisavam pagar antes da cirurgia.

Lúcia pegou o cartão bancário e foi até o balcão de pagamento. Quando foi informada de que precisaria de cinco milhões de reais para a cirurgia, suas pálpebras começaram a tremer.

Todo o dinheiro que ela tinha somava, no máximo, um milhão de reais.

A funcionária do hospital, percebendo sua hesitação, revirou os olhos impacientemente:

- Senhora, você vai pagar ou não? Tem gente na fila esperando. Se for pagar, passe o cartão, se não, saia do caminho.

Related chapters

Latest chapter

DMCA.com Protection Status