Share

Capítulo 5

Lúcia ouviu um zumbido nos ouvidos e sua visão ficou turva por um momento. Antes que pudesse reagir, sentiu suor frio na testa.

Sandra, ainda furiosa, deu mais um tapa na filha.

Lúcia quase caiu, mas uma enfermeira bondosa a segurou.

Com a visão gradualmente recuperada, ela viu a mãe, furiosa, olhando para ela e gritando:

- Sua ingrata! Eu te avisei para não fazer isso, mas você insistiu! Eu sempre disse que Sílvio não era bom para você, que ele tinha segundas intenções! Eu escolhi para você um bom partido, alguém do nosso nível, mas você preferiu um órfão, um segurança! E agora? Como ele te trata? Como ele nos trata? A família Baptista, que sempre foi tão respeitada, está arruinada por sua causa, tudo por sua culpa!

Sandra, com o rosto vermelho de raiva, levantou a mão para bater de novo, mas foi contida pelos profissionais de saúde.

Lúcia, com o rosto dolorido, tentou falar, mas não conseguiu emitir uma palavra. Tudo o que podia fazer era chorar de arrependimento.

Na maca, o pai começou a gemer de dor.

- Amor, meu amor, o que houve? O que você quer dizer... - Sandra gritou, correndo para o marido, tremendo de tanto chorar.

Lúcia viu o pai, com lágrimas escorrendo pelo rosto, olhar para ela e depois para Sandra, balançando a cabeça com dificuldade.

Ela também se aproximou dele.

Ele, com mãos trêmulas, enxugou suas lágrimas. O sangue quente em sua palma se misturou com as lágrimas de Lúcia, manchando seu rosto.

Abelardo continuou a balançar a cabeça, gemendo desesperadamente.

- Amor, eu entendi o que você quer dizer. Eu só estava muito brava e acabei batendo na nossa filha. Ela é nossa única filha, eu não a culpo. - Sandra, com a mão na boca, deixou as lágrimas caírem no rosto ensanguentado do marido, chorando sem parar. - Eu só estou com o coração partido, vendo nossa filha ser maltratada por Sílvio e nossa fortuna sendo tomada por ele! Lúcia é o meu tesouro, eu nunca quis machucá-la, nem com palavras, e agora estamos assim!

Antes mesmo de Abelardo entrar na sala de cirurgia, Sandra desmaiou de tanto chorar.

Culpa, arrependimento e remorso se misturavam no coração de Lúcia.

Os médicos rapidamente verificaram Sandra e, felizmente, era apenas um esgotamento emocional.

Lúcia deu algum dinheiro à enfermeira, pedindo cuidados extras para a mãe. A enfermeira aceitou o dinheiro e disse a ela para se concentrar em conseguir o dinheiro para a cirurgia de Abelardo.

Lúcia tinha uma casa luxuosa em seu nome, a mesma onde ela e Sílvio haviam morado como recém-casados. A propriedade valia um bilhão, mas agora estava disposta a vendê-la por apenas cem milhões.

Depois de contatar uma imobiliária, o corretor garantiu com um sorriso:

- Sra. Lúcia, essa casa está em uma localização privilegiada, com certeza será vendida rapidamente.

Quatro horas se passaram. O preço da casa caiu de cem milhões para cinco milhões, mas ninguém havia manifestado interesse.

Lúcia percebeu que havia algo errado. O corretor, hesitante e sem saída, finalmente confessou com o rosto corado:

- Sra. Lúcia, é impossível vender sua casa.

- O que você quer dizer? - Uma sensação de desconforto tomou conta dela.

O corretor, de cabeça baixa e apertando os lábios, explicou com dificuldade:

- Seu marido, o Sr. Sílvio, avisou a todos que qualquer um que comprar a casa estará se metendo em problemas com ele. Se você está realmente precisando de dinheiro, seria melhor pedir ajuda a ele.

Essas palavras foram como um golpe, deixando um vazio em seu coração.

Seu último raio de esperança se apagou.

Lúcia se apoiou na mesa, tentando manter a calma.

Haveria uma saída. Sempre havia um jeito.

O celular tocou novamente, desta vez era a enfermeira:

- Sra. Lúcia, seu pai está piorando. Conseguiu o dinheiro? Ele é seu pai, você precisa encontrar uma forma de arranjar o dinheiro. Se não pagarem a cirurgia até à noite, ele vai morrer...

Related chapters

Latest chapter

DMCA.com Protection Status