Teresa, como cunhada mais velha, ser tão próxima de Sterling, o cunhado mais novo, sem se preocupar com o que os outros poderiam falar... Era um absurdo. Isaac pensou em impedir o mordomo, mas antes que pudesse fazer algo, viu Clarice abrir a porta do carro e descer. Ao ouvir as palavras do mordomo, ela já tinha deduzido. Túlio provavelmente desmaiou por causa de Teresa. Ela havia avisado Sterling antes, mas ele não acreditou nela. Agora que Túlio tinha passado mal, Clarice se perguntou como Sterling se sentiria. Talvez nem sentisse nada. Afinal, além de Teresa, ele não se importava com mais ninguém. O mordomo, ao ver Clarice, ficou visivelmente aliviado e até um pouco exaltado. Sua voz aumentou sem perceber: — Sra. Davis, venha rápido comigo! Clarice começou a caminhar em direção à casa e perguntou enquanto andava: — Já chamaram o médico da família? — Sim, mas ele disse que vai demorar cerca de vinte minutos para chegar. — Abriram as janelas para ventilar a casa?
Túlio ficou tão irritado que quase desmaiou de verdade. Sterling, famoso no mundo dos negócios por sua inteligência e habilidade, parecia esquecer metade do cérebro toda vez que o assunto era Teresa. Clarice, com a expressão tranquila, serviu uma tigela de sopa e colocou na frente de Túlio. Sua voz era suave: — Vô, tome um pouco de sopa. Túlio pegou a tigela e tomou um gole. O sabor quente e reconfortante ajudou a aliviar sua raiva. Depois de colocar a tigela na mesa, ele lançou um olhar afiado para Sterling e disse: — Já que você tocou no assunto, vou falar. Clarinha, toda vez que vem aqui, faz questão de cozinhar para mim. Ela sabe o que eu gosto de comer, e, quando tem peixe, ainda tira as espinhas para mim. Clarinha cuida de mim com toda a dedicação! Já a Teresa... Toda vez que aparece, só sabe se jogar no sofá, cheia de manha, enquanto os empregados ficam correndo para servi-la. E eu? Quem cuida de mim? A expressão de Túlio ficou ainda mais séria. — As duas são de fa
Sterling foi completamente desarmado pelo tom da voz de Clarice. Suas mãos firmes seguraram sua cintura, puxando-a ainda mais para perto, como se quisesse fundi-la ao próprio corpo. — Clarice, você também sentiu minha falta, não sentiu? Vamos, me chama de amor. Eles estavam casados há três anos, e quase todas as noites faziam amor. Sterling conhecia cada ponto sensível do corpo dela, sabia exatamente o que fazer para deixá-la sem fôlego e como levá-la ao limite do prazer. Fazia dois dias que não estavam juntos. A saudade já o consumia, e agora, com ela tão macia em seus braços, não pretendia deixá-la escapar. Além disso, fazer amor ao ar livre era algo que ele ainda não havia experimentado. Clarice mordia os lábios, tentando conter os sons que queriam escapar de sua garganta. Sterling, que parecia tão sério e contido na vida pública, era completamente diferente na intimidade. Ele adorava provocá-la, adorava vê-la implorar por ele. E fazia questão de só satisfazê-la quando ela o
Teresa estava furiosa, mas teve que conter seu ódio e forçar um sorriso: — Clarice está chamando você. Vai lá, não precisa se preocupar comigo. — Peça ao motorista que te leve ao hospital. Eu vou logo mais. — Sterling respondeu, colocando Teresa no carro e ordenando ao motorista que seguisse. Dentro do veículo, Teresa observava a silhueta de Sterling ficando cada vez menor enquanto ele se afastava. Suas mãos se fecharam em punhos, as unhas cravando na palma. “Velho desgraçado! Um dia, vou te assistir morrer com meus próprios olhos!” Sterling, depois de se certificar de que Teresa havia partido, voltou para dentro da casa. Na sala de estar, Clarice estava sentada no sofá, calmamente comendo frutas. João estava ao lado dela, conversando, e o ambiente parecia leve e descontraído. Sterling parou por um momento, observando a cena. Clarice sempre se dava bem com os funcionários da mansão. Por que, então, era sempre tão hostil com Teresa? Ao vê-lo entrar, Clarice colocou um pe
— Eu não vou apostar com você! De qualquer forma, se a Clarice não quiser mais você, nem pense em voltar choramingando pra mim! Que vergonha! — Resmungou Túlio com um toque de desprezo. Disse isso enquanto se levantava e caminhava em direção à porta. Sterling, com sua habitual arrogância, estava certo de que Clarice nunca o abandonaria. Mas haveria um dia em que ele se arrependeria. “Haverá um dia em que você vai engolir essas palavras!” Pensou Sterling, arqueando as sobrancelhas enquanto pegava a pasta de documentos e seguia em frente. Do lado de fora, Clarice já havia descido as escadas. João, ao notar sua expressão sombria, demonstrou preocupação. — Dona Clarice, a senhora está se sentindo bem? Está com a aparência pálida. Clarice balançou a cabeça, tentando disfarçar. — Não é nada, estou bem. Mas, por dentro, as palavras de Sterling ainda ecoavam, machucando-a profundamente. Não era à toa que seu rosto refletia tanta dor. — Sente-se um pouco, vou buscar um copo d’
Sterling franziu as sobrancelhas com força e perguntou em um tom grave: — O que está acontecendo? — Clarice comprou um trending topic dizendo que ganhei o prêmio de dança por causa de favores! Disse ainda que eu tenho um amante rico e que estou grávida do filho dele! Agora a minha reputação está destruída, nunca mais vou ter chance de pisar em um palco! Meu futuro... Minha vida... Tudo acabou! Não faz sentido continuar viva! Eu vou me matar! — Teresa gritou, completamente histérica. O rosto de Sterling imediatamente ficou sombrio. — Que trending topic? O que aconteceu exatamente? — Pergunte à Clarice! Foi ela quem armou tudo isso! Ela com certeza sabe! — Teresa gritou ainda mais alto. Mesmo pelo telefone, sua raiva era palpável. — Tudo bem, não se exalte. Vou perguntar a ela. — Sterling encerrou a ligação com um tom calmo, mas seu olhar já estava carregado de tensão. Clarice, que estava prestes a fechar os olhos para descansar um pouco, ouviu o diálogo entre Sterling e Tere
Clarice virou o rosto rapidamente, desviando da mão do homem. Cerrando os dentes, respondeu, com firmeza: — Eu sou a esposa de Sterling Davis. É melhor você pensar bem nas consequências antes de encostar em mim! Naquele lugar deserto, sem ninguém para ajudar, tudo o que ela podia fazer era mencionar o nome de Sterling. Sterling era conhecido em toda Londa como um verdadeiro demônio. Diziam que ele era astuto, cruel e impiedoso. Talvez o medo que ele inspirava fosse suficiente para afastar aqueles homens. — Todo mundo em Londa sabe que o Sterling está com a Teresa. Nunca ouvi ninguém falar que ele é casado! — Disse o homem, com uma risada debochada, enquanto agarrava o queixo de Clarice com força, levantando-o. Um sorriso perverso surgiu em seu rosto. — Tá enrolando a gente por quê? Tá esperando que eu te leve pro carro no colo? Clarice cerrou os dentes, tentando manter a calma. — Eu não estou mentindo. Sou mesmo a esposa dele! Se vocês não acreditam, eu posso ligar para ele a
Justo quando a mão do homem estava prestes a entrar debaixo do vestido de Clarice, gritos de dor ecoaram ao redor. O homem congelou por um instante, assustado, e sua mão tremeu. Os olhos de Clarice brilharam com uma fagulha de esperança, e ela gritou com todas as forças: — Socorro! No segundo seguinte, o homem que estava sobre ela foi brutalmente puxado para fora. Uma jaqueta masculina foi jogada sobre o corpo de Clarice, cobrindo-a. Um leve aroma de colônia masculina invadiu seu olfato, e as emoções tensas que a dominavam começaram a se dissipar. — Fecha os olhos, não olha. — Uma voz masculina e suave sussurrou ao seu ouvido. Clarice não conseguiu evitar e olhou para o homem. — Asher? — Sua voz carregava incredulidade. Como ele poderia estar ali, naquele momento? — Sou eu. Fica tranquila, fecha os olhos. Eu vou te levar para o meu carro. — Os olhos negros de Asher transmitiam calma, e sua voz era gentil. Clarice mordeu o lábio, querendo dizer algo, mas desistiu. Obed
Sterling massageava as têmporas, mas seu olhar inevitavelmente recaía sobre Clarice, que estava ao seu lado. Ele nunca conseguiu entender por que o avô tinha tanta preferência por ela. As ações do Grupo Davis? Ele entregou para ela sem pestanejar. O antigo tesouro de família? Presenteado como se não tivesse valor algum. Para Sterling, Clarice era uma mulher astuta e cruel. O que ela tinha de especial? — Estou quase chegando no hospital. Algumas coisas a gente resolve pessoalmente. — Ele fez uma pausa antes de acrescentar. — Clarice está comigo. Do outro lado da linha, a voz de Túlio mudou instantaneamente, suavizando-se. — Tudo bem, vou esperar por vocês. Sterling desligou a ligação e respirou fundo. O fato de Túlio querer mandar Teresa para o exterior de repente não era algo simples. Havia algo por trás disso. E se ele descobrisse que Clarice tinha algum envolvimento, ela podia se preparar. Ele não teria piedade. O carro logo parou em frente ao hospital. Sterling desceu
— Teresa está sozinha e grávida. O que tem de errado em ajudá-la? — Sterling respondeu, indiferente. Teresa já havia salvado sua vida no passado. Agora que ela estava passando por dificuldades, ele sentia que tinha a obrigação de ajudá-la. Clarice, por outro lado, sempre fazia questão de discutir quando se tratava de Teresa. Para ele, isso era um sinal de mesquinhez, algo que o irritava profundamente. Clarice observou o rosto despreocupado de Sterling e percebeu que não valia a pena insistir. — Tudo bem. Então só precisamos ir ao cartório para resolver o divórcio. Depois disso, você pode ajudá-la ou até se casar com ela, tanto faz. — Clarice disse com um tom tranquilo. Ela já tinha decidido sair sem nada, literalmente abrir espaço para eles. Não havia outra mulher naquele círculo social tão generosa quanto ela. Sterling deveria estar agradecido. Sterling a encarou e soltou uma gargalhada fria. — Clarice... Antes que ele pudesse continuar, o toque do celular interrompeu su
Teresa havia se metido em encrenca, e para Sterling, a culpa era de Clarice. O avô estava furioso e decidiu mandar Teresa para o exterior? Clarice também era a responsável. Tudo o que envolvia Teresa, na cabeça de Sterling, era culpa dela. O favoritismo dele por Teresa era tão óbvio que chegava a ser insuportável. Sterling ficou visivelmente irritado e, com uma voz baixa e carregada de raiva, ordenou: — Clarice! Me dê uma explicação decente agora! Clarice respirou fundo, tentando manter a calma. O sorriso que estava em seu rosto desapareceu, dando lugar a uma expressão fria. — Sterling, se eu digo que não liguei para o seu avô e você não acredita, o que mais há para explicar? Sempre que o assunto envolvia Teresa, Sterling parecia perder completamente o senso. Ele agia como se não tivesse cérebro, incapaz de raciocinar de forma lógica. Isaac, notando a tensão no ar, rapidamente levantou a divisória do carro e ligou o motor. Ele também achava injusta a forma como Sterling tra
Clarice virou o rosto para ele e perguntou, com um tom tranquilo: — Por quê? Antes, ela amava Sterling tanto que não conseguia ficar longe dele nem por um minuto. Queria estar ao lado dele vinte e quatro horas por dia. Mas, depois de ouvir aquelas palavras cruéis, como poderia continuar agindo assim? Agora, tudo o que queria era se afastar o máximo possível dele. Isaac ficou desconcertado com a pergunta dela. Como poderia dizer que Sterling estava furioso? — O Sr. Sterling não está ocupado? Por que ele ainda não entrou no carro? Se quiser, podemos sair agora. — Clarice falou calmamente, com um tom indiferente. — Eu ainda tenho coisas para fazer mais tarde, preciso aproveitar o tempo. Com o remédio garantido para uma semana, ela teria um pouco de tranquilidade durante aquele período. Por isso, ela sabia que precisava ir até Teresa e pedir desculpas. Não importava o quanto odiasse a ideia, faria isso de cabeça erguida. Quanto às armações de Teresa, ela lidaria com elas no f
Logo, Isaac abriu a porta e entrou no escritório. Sterling ergueu os olhos e olhou para trás dele, franzindo as sobrancelhas. — Onde está a Clarice? Isaac hesitou por um instante antes de responder: — Pedi para verificarem o banheiro feminino, mas ela não está lá. Assim que terminou a frase, o rosto de Sterling se fechou, suas feições ficaram sombrias. — Ligue para ela! Diga para voltar imediatamente! Caso contrário, ela vai arcar com as consequências! Isaac lançou um olhar para Sterling e, em silêncio, sentiu pena de Clarice. O que ela teria feito para deixá-lo tão furioso? — Ligue agora! — Sterling ordenou, impaciente, a voz cortante. Enquanto isso, Clarice estava sentada no jardim ao lado da empresa, falando ao telefone. O médico de sua avó lhe informava que haviam recebido uma semana de medicamentos experimentais e que a avó já havia começado o tratamento. Ele ainda mencionou que o estado dela parecia bem melhor, e ela estava mais animada. Ao ouvir isso, as lá
— Clarice, eu sei que você me odeia, mas eu realmente quero conversar com você. Não precisa se preocupar, eu não vou fazer nada contra você! — Teresa disse, com um tom sério, quase convincente. Clarice curvou os lábios em um sorriso frio. — Tudo bem, então venha agora para o escritório do Sterling. Nós três podemos conversar juntos. Clarice sabia que Teresa não tinha boas intenções. Ela não era do tipo que usava truques baixos, mas, se fosse, Teresa jamais teria tido a chance de pisar nela como estava fazendo agora. — Você foi falar com o Sterling? O que você foi fazer lá? — Teresa perguntou, a voz subindo vários tons, claramente alarmada. — Fui fazer o que qualquer esposa faz com o próprio marido. Por que a pressa? — Clarice respondeu com desprezo, antes de desligar na cara dela. Não era difícil imaginar que Teresa tinha segundas intenções com aquele telefonema. Clarice jamais iria se encontrar com ela sozinha. Após guardar o celular, Clarice lavou o rosto com água fria.
Enquanto a verdade por trás daquele incidente não fosse revelada, todas as evidências apontavam para Clarice como a mandante. Para todos os efeitos, ela era culpada. Teresa só precisava denunciá-la e, inevitavelmente, ela teria que enfrentar as consequências legais. Agora, Sterling só estava pedindo que ela fosse pedir desculpas a Teresa. Por que tanta resistência? Clarice cerrou os dentes, lutando contra a raiva, e disse, pausadamente, como se cada palavra fosse cortada a ferro e fogo: — Sterling, você já parou para pensar que, se continuar me machucando assim, pode chegar o dia em que eu simplesmente vou embora? Sterling deu uma risada curta, desdenhosa. — Se você fosse capaz de ir embora, já teria feito isso há muito tempo. Não teria esperado três anos. — Seu tom era carregado de sarcasmo. As palavras dele bateram como um soco no peito de Clarice. Ele estava certo. Ela realmente não tinha conseguido ir embora. Mesmo sendo ferida uma vez após a outra, ela sempre encontr
Sterling apertou os lábios e respondeu com indiferença: — Certo. — Quando a Clarice me pedir desculpas, eu mesma irei à delegacia retirar a denúncia contra ela. Sterling, você acha que está bom assim? — Teresa perguntou, com um tom nitidamente cheio de tentativa de agradá-lo. Sterling lançou um olhar para Clarice e respondeu de forma breve: — Entendi. Por enquanto, deixemos assim. — Sterling... — Teresa hesitou, como se estivesse guardando algo, tentando decidir se deveria ou não falar. — O que você quer dizer? — Sterling perguntou, sua voz baixa e carregada de impaciência. Clarice não conseguiu evitar e lançou um olhar para ele. A camisa dele estava molhada, grudando no peito, destacando seu corpo com uma sensualidade séria e contida. Sem querer, ela se lembrou da primeira vez que o viu, anos atrás. Naquele momento, ela havia sido completamente arrebatada pela beleza quase irreal dele. Agora, pensando nisso, percebeu o quanto tinha sido superficial naquela época. Do
Clarice levantou-se de repente, sem hesitar, pegou o copo de água e jogou-o na cara de Sterling. — Três anos de casamento, dividindo a mesma cama todas as noites... Antes de vir aqui, eu ainda tinha a ilusão de que, mesmo sem provas, você acreditaria na minha inocência! Mas parece que eu me enganei. — Sua voz tremia de raiva, mas ela manteve o tom firme. — Se você realmente quer descobrir a verdade, pare de interferir nos bastidores! Eu vou te mostrar o que realmente aconteceu. Ela sabia que não deveria ter vindo ali. O certo teria sido ir direto ao hospital e dar uma surra em Teresa. Sterling limpou a água do rosto com as mãos e a encarou com um sorriso frio nos lábios. — Se você é tão competente assim, por que veio até aqui gritar? A ousadia de Clarice o pegou de surpresa. Quem ela pensava que era para jogar água nele? Os olhos de Clarice fixaram-se nos dele. Por dentro, seu coração já estava em pedaços. Era como se, naquele momento, algo dentro dela tivesse se quebrado p