Ao ouvir o som, Isaac imediatamente levantou o divisor entre os bancos da frente e de trás, garantindo privacidade. Sterling olhou para a mulher em seus braços. Era como se estivesse hipnotizado. Inclinou-se e pressionou os lábios contra os dela. No mesmo instante, um flash cruzou a mente de Clarice: a cena de Sterling beijando Teresa no hospital mais cedo. Sentiu o estômago revirar e, instintivamente, empurrou Sterling, levando a mão à boca enquanto começava a engasgar com um enjoo. O som seco de sua ânsia fez o rosto de Sterling escurecer. — Clarice, o que isso significa? — Ele perguntou, com a voz dura e irritada. Ele a beijava, e ela tinha a audácia de reagir assim? Clarice rapidamente pegou um lenço e limpou os lábios, levantando o rosto para encará-lo com raiva. — Estamos prestes a nos divorciar. Não acha que isso é completamente inapropriado? Sterling estendeu a mão, segurando o queixo dela com firmeza, forçando-a a encará-lo. — Você ainda nem cumpriu o que pro
Teresa, como cunhada mais velha, ser tão próxima de Sterling, o cunhado mais novo, sem se preocupar com o que os outros poderiam falar... Era um absurdo. Isaac pensou em impedir o mordomo, mas antes que pudesse fazer algo, viu Clarice abrir a porta do carro e descer. Ao ouvir as palavras do mordomo, ela já tinha deduzido. Túlio provavelmente desmaiou por causa de Teresa. Ela havia avisado Sterling antes, mas ele não acreditou nela. Agora que Túlio tinha passado mal, Clarice se perguntou como Sterling se sentiria. Talvez nem sentisse nada. Afinal, além de Teresa, ele não se importava com mais ninguém. O mordomo, ao ver Clarice, ficou visivelmente aliviado e até um pouco exaltado. Sua voz aumentou sem perceber: — Sra. Davis, venha rápido comigo! Clarice começou a caminhar em direção à casa e perguntou enquanto andava: — Já chamaram o médico da família? — Sim, mas ele disse que vai demorar cerca de vinte minutos para chegar. — Abriram as janelas para ventilar a casa?
Túlio ficou tão irritado que quase desmaiou de verdade. Sterling, famoso no mundo dos negócios por sua inteligência e habilidade, parecia esquecer metade do cérebro toda vez que o assunto era Teresa. Clarice, com a expressão tranquila, serviu uma tigela de sopa e colocou na frente de Túlio. Sua voz era suave: — Vô, tome um pouco de sopa. Túlio pegou a tigela e tomou um gole. O sabor quente e reconfortante ajudou a aliviar sua raiva. Depois de colocar a tigela na mesa, ele lançou um olhar afiado para Sterling e disse: — Já que você tocou no assunto, vou falar. Clarinha, toda vez que vem aqui, faz questão de cozinhar para mim. Ela sabe o que eu gosto de comer, e, quando tem peixe, ainda tira as espinhas para mim. Clarinha cuida de mim com toda a dedicação! Já a Teresa... Toda vez que aparece, só sabe se jogar no sofá, cheia de manha, enquanto os empregados ficam correndo para servi-la. E eu? Quem cuida de mim? A expressão de Túlio ficou ainda mais séria. — As duas são de fa
Sterling foi completamente desarmado pelo tom da voz de Clarice. Suas mãos firmes seguraram sua cintura, puxando-a ainda mais para perto, como se quisesse fundi-la ao próprio corpo. — Clarice, você também sentiu minha falta, não sentiu? Vamos, me chama de amor. Eles estavam casados há três anos, e quase todas as noites faziam amor. Sterling conhecia cada ponto sensível do corpo dela, sabia exatamente o que fazer para deixá-la sem fôlego e como levá-la ao limite do prazer. Fazia dois dias que não estavam juntos. A saudade já o consumia, e agora, com ela tão macia em seus braços, não pretendia deixá-la escapar. Além disso, fazer amor ao ar livre era algo que ele ainda não havia experimentado. Clarice mordia os lábios, tentando conter os sons que queriam escapar de sua garganta. Sterling, que parecia tão sério e contido na vida pública, era completamente diferente na intimidade. Ele adorava provocá-la, adorava vê-la implorar por ele. E fazia questão de só satisfazê-la quando ela o
Teresa estava furiosa, mas teve que conter seu ódio e forçar um sorriso: — Clarice está chamando você. Vai lá, não precisa se preocupar comigo. — Peça ao motorista que te leve ao hospital. Eu vou logo mais. — Sterling respondeu, colocando Teresa no carro e ordenando ao motorista que seguisse. Dentro do veículo, Teresa observava a silhueta de Sterling ficando cada vez menor enquanto ele se afastava. Suas mãos se fecharam em punhos, as unhas cravando na palma. “Velho desgraçado! Um dia, vou te assistir morrer com meus próprios olhos!” Sterling, depois de se certificar de que Teresa havia partido, voltou para dentro da casa. Na sala de estar, Clarice estava sentada no sofá, calmamente comendo frutas. João estava ao lado dela, conversando, e o ambiente parecia leve e descontraído. Sterling parou por um momento, observando a cena. Clarice sempre se dava bem com os funcionários da mansão. Por que, então, era sempre tão hostil com Teresa? Ao vê-lo entrar, Clarice colocou um pe
— Eu não vou apostar com você! De qualquer forma, se a Clarice não quiser mais você, nem pense em voltar choramingando pra mim! Que vergonha! — Resmungou Túlio com um toque de desprezo. Disse isso enquanto se levantava e caminhava em direção à porta. Sterling, com sua habitual arrogância, estava certo de que Clarice nunca o abandonaria. Mas haveria um dia em que ele se arrependeria. “Haverá um dia em que você vai engolir essas palavras!” Pensou Sterling, arqueando as sobrancelhas enquanto pegava a pasta de documentos e seguia em frente. Do lado de fora, Clarice já havia descido as escadas. João, ao notar sua expressão sombria, demonstrou preocupação. — Dona Clarice, a senhora está se sentindo bem? Está com a aparência pálida. Clarice balançou a cabeça, tentando disfarçar. — Não é nada, estou bem. Mas, por dentro, as palavras de Sterling ainda ecoavam, machucando-a profundamente. Não era à toa que seu rosto refletia tanta dor. — Sente-se um pouco, vou buscar um copo d’
Sterling franziu as sobrancelhas com força e perguntou em um tom grave: — O que está acontecendo? — Clarice comprou um trending topic dizendo que ganhei o prêmio de dança por causa de favores! Disse ainda que eu tenho um amante rico e que estou grávida do filho dele! Agora a minha reputação está destruída, nunca mais vou ter chance de pisar em um palco! Meu futuro... Minha vida... Tudo acabou! Não faz sentido continuar viva! Eu vou me matar! — Teresa gritou, completamente histérica. O rosto de Sterling imediatamente ficou sombrio. — Que trending topic? O que aconteceu exatamente? — Pergunte à Clarice! Foi ela quem armou tudo isso! Ela com certeza sabe! — Teresa gritou ainda mais alto. Mesmo pelo telefone, sua raiva era palpável. — Tudo bem, não se exalte. Vou perguntar a ela. — Sterling encerrou a ligação com um tom calmo, mas seu olhar já estava carregado de tensão. Clarice, que estava prestes a fechar os olhos para descansar um pouco, ouviu o diálogo entre Sterling e Tere
Clarice virou o rosto rapidamente, desviando da mão do homem. Cerrando os dentes, respondeu, com firmeza: — Eu sou a esposa de Sterling Davis. É melhor você pensar bem nas consequências antes de encostar em mim! Naquele lugar deserto, sem ninguém para ajudar, tudo o que ela podia fazer era mencionar o nome de Sterling. Sterling era conhecido em toda Londa como um verdadeiro demônio. Diziam que ele era astuto, cruel e impiedoso. Talvez o medo que ele inspirava fosse suficiente para afastar aqueles homens. — Todo mundo em Londa sabe que o Sterling está com a Teresa. Nunca ouvi ninguém falar que ele é casado! — Disse o homem, com uma risada debochada, enquanto agarrava o queixo de Clarice com força, levantando-o. Um sorriso perverso surgiu em seu rosto. — Tá enrolando a gente por quê? Tá esperando que eu te leve pro carro no colo? Clarice cerrou os dentes, tentando manter a calma. — Eu não estou mentindo. Sou mesmo a esposa dele! Se vocês não acreditam, eu posso ligar para ele a
— Srta. Clarice, pode ir, a senhora está esperando você. — Disse Renata em voz baixa, olhando para Clarice.Ela havia servido Paula por mais de vinte anos, mas ainda não conseguia entender por que a senhora estava de tão mau humor naquele dia.— Tudo bem, vamos.Renata então a guiou para dentro da casa.Paula era uma pessoa gentil e tranquila, e o temperamento de Asher certamente vinha dela. Clarice havia passado boa parte da infância e adolescência ao lado de Paula, e sabia que Paula gostava muito dela.Mas, depois que Clarice se apaixonou por Sterling, suas visitas à Paula se tornaram raras. Ela sempre sentiu um peso na consciência por não retribuir o carinho de Paula como deveria.Nos três anos de casamento com Sterling, mesmo sabendo que Asher havia desaparecido, Clarice nunca procurou a família Bennett para saber como ele estava.Ela havia decidido cortar os laços com os Bennett em silêncio. Isso não era apenas por causa da vigilância constante da família Preston, mas também porqu
Ao ouvir a voz de Clarice, Esther imediatamente se virou. Ao vê-la entrando pela porta, ela perguntou, quase sem pensar:— Você não tinha ido embora? Por que voltou?Clarice caminhou até sua mesa e, calmamente, pegou um pequeno dispositivo de um vaso de flores. Era uma câmera escondida.— Eu vi você entrando aqui, é claro que eu tinha que voltar! — Disse Clarice, com um leve sorriso no rosto.— Você instalou uma câmera na sua própria mesa? — Esther retrucou, virando o rosto para Lilian. — Está vendo? Ela está te espionando! Ela não confia nem um pouco em você!Lilian soltou uma risada curta:— A Dra. Clarice pode colocar o que quiser na mesa dela. E você pode parar com essas tentativas ridículas de nos colocar uma contra a outra.Nos últimos tempos, muitos no escritório estavam agindo de forma traiçoeira, cada um tentando puxar o tapete do outro. Mas Lilian confiava apenas em Clarice, e todas as decisões de Clarice ela apoiava sem hesitar.Clarice olhou para Esther e, com um sorriso af
Clarice apertou levemente os lábios antes de responder:— Agora posso almoçar com você, tudo bem?Do outro lado da linha estava Paula, a mãe de Asher. Uma mulher que, no passado, havia lhe dado muito carinho.Clarice sempre gostou muito de Paula e era imensamente grata a ela. No entanto, por diversos motivos, as duas perderam contato há bastante tempo. Agora, com aquela ligação repentina, Clarice tinha quase certeza de que Paula queria conversar sobre algo importante.— O que você quer comer? Posso pedir para alguém reservar uma mesa. — Paula perguntou em um tom suave, como se temesse que uma voz mais alta pudesse assustar Clarice.— Lembro que a senhora gosta de comida mexicana. Que tal aquele restaurante chamado El Pirata, na Avenida da República? — Clarice sugeriu. Ela se lembrava perfeitamente dos gostos de cada membro da família Bennett, já que passava muito tempo com eles e frequentemente jantava em sua casa.— Depois de tantos anos, você ainda se lembra... Está bem, vamos ao res
O ar de Asher ficou preso por um instante, e sua mão apertou inconscientemente a taça que segurava. Sterling havia transformado o Grupo Davis em uma potência mundial, parte da lista das quinhentas maiores empresas do mundo, em questão de poucos anos. Alguém assim não chegaria tão longe sem métodos implacáveis. Sterling era frio, calculista e completamente desprovido de compaixão.Clarice já sofria o suficiente convivendo com ele. Se Sterling decidisse descontar sua raiva nela, seria ela quem pagaria o preço. Apenas imaginar isso fazia o peito de Asher doer, a ponto de quase não conseguir respirar. Ele não conseguia conceber a ideia de permitir que Clarice enfrentasse tanto sofrimento.Asher respirou fundo antes de falar, num tom controlado:— O que o Sr. Sterling quer?Sterling observou o desconforto de Asher e, por algum motivo, sentiu-se ainda mais irritado. Aquele homem estava assim por causa da esposa dele! Um estranho, e ainda assim, tão devotado à sua mulher.— Ouvi dizer que o G
Era claro que Isaac jamais teria coragem de dizer aquelas palavras para Sterling. Quando voltou ao seu escritório, ele fechou a porta e ligou para Asher.Depois de encerrar a ligação, Isaac soltou um suspiro de alívio e, em seguida, foi até a sala do presidente para fazer seu relatório. Assim que terminou, saiu rapidamente para continuar com suas tarefas.Ele recebia um salário alto, sem dúvida, mas a carga de trabalho era extenuante. Estava de prontidão vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Isaac estava sempre ocupado, sempre cansado. Nos últimos tempos, com o humor de Sterling piorando, ele frequentemente ficava até altas horas no escritório. O estresse era tanto que ele notava tufos de cabelo caindo. Ele já começava a temer que ficaria careca antes mesmo de completar trinta anos.No horário de almoço, assim que o relógio marcou meio-dia, Isaac desligou o computador e foi direto para a sala de Sterling:— Sr. Sterling, podemos ir agora?O Sr. Asher já havia reservado o
Teresa ficou tensa no mesmo instante, agarrando inconscientemente o lençol da cama com força. Sterling e Clarice não estavam em pé de guerra? Por que ele estava defendendo-a? “Aquela vagabunda deve estar se insinuando para o Sterling pelas minhas costas. Que mulher sem vergonha!” Teresa pensou, furiosa. — Cuide da sua recuperação. Quando estiver melhor, pode ter alta e sair do hospital. Já falei com minha mãe para você ir morar com ela. Pedi ao Isaac que contratasse uma nutricionista e uma babá. Assim, você será bem cuidada e não precisará se preocupar com nada. — Sterling disse, com um tom prático, virando-se para sair. A empresa estava mesmo muito ocupada ultimamente. Havia uma licitação importante com o governo e uma das filiais no exterior estava em fase de preparação para o IPO. — Sterling, eu não quero morar com a sua mãe. Posso morar sozinha? — Teresa disse rapidamente, tentando esconder o nervosismo. Ela realmente não queria viver com Virgínia. Afinal, Virgínia não
Clarice assentiu com a cabeça. — Certo! Eu entendi. Pode ir, eu vou entrar. Jaqueline deu dois passos para se afastar, mas de repente voltou correndo e a abraçou com força. Sua voz saiu rápida e urgente: — Clarinha, eu consegui que ele te transferisse para outro hospital. Assim, você não precisa mais se preocupar com ninguém tentando te prejudicar no quarto! Antes que Clarice pudesse reagir, Jaqueline se afastou e correu para longe, sem olhar para trás. Clarice ficou parada, observando a amiga se afastar. Seus olhos começaram a arder, e logo ficaram vermelhos. Jaqueline havia lutado tanto para se afastar dele, mas agora, por causa dela, tinha se submetido a procurá-lo novamente. Ela sabia muito bem que tipo de acordo Jaqueline provavelmente tinha feito com ele. Sua amiga era uma tola! …No Hospital Esperança, na ala VIP, Teresa estava deitada, com o rosto ainda inchado e uma aparência visivelmente abatida. O veneno da cobra já havia sido completamente removido do corp
Demorou um longo tempo até que Clarice soltasse o ar lentamente. Sua voz, fria como gelo, cortou o silêncio: — Qual é o motivo? Por causa de uma única palavra de Teresa, ela deveria entrar de férias? — Você não está se sentindo bem. Aproveite para ficar mais alguns dias no hospital. — A justificativa de Sterling parecia até gentil. Se fosse em outra época, Clarice certamente teria ficado emocionada. Mas, naquele momento, tudo que ela sentiu foi um frio invadindo seu corpo, subindo dos pés e paralisando cada parte de si. — Sterling, você pode ter seus favoritos, mas não pode me condenar sem saber de nada, apenas baseado no que alguém diz! Desta vez, foi o pessoal do escritório que tentou me prejudicar. Eu só me defendi, e Teresa imediatamente ligou dizendo que eu não precisava mais ir trabalhar amanhã! A frustração acumulada no peito de Clarice explodiu, elevando o tom de sua voz. Ela não havia feito nada de errado, então por que tinha que sair de cena? — Sterling, indepen
Desde o primeiro dia em que Lilian entrou na Torres Advocacia, ela era apenas uma assistente invisível, alguém que só conseguiu progredir porque Clarice sempre lhe deu suporte. Como ela ousaria aceitar um pedido de desculpas de Clarice? — Antes eu era apenas “Dra. Clarice” aqui, e continuarei sendo. Só você sabe da verdade, e deve continuar assim. Não conte isso a ninguém! — Clarice sorriu levemente. — E nada de me chamar de Sra. Davis. Continue me chamando de Dra. Clarice! Para ela, o título de “Sra. Davis” era apenas um rótulo. Não tinha nenhuma importância especial. Lilian, ainda atordoada, assentiu mecanicamente. — Certo! Ela não conseguia evitar o pensamento de que todos no escritório sempre bajulavam Teresa, acreditando que ela seria a futura esposa do chefe. Mas, na verdade, a verdadeira esposa de Sterling estava ali o tempo todo, bem ao lado deles. Lilian achava incrível como Clarice conseguia manter esse segredo por tanto tempo. Se fosse qualquer outra pessoa, já t