— Não precisa ir verificar as câmeras. Eu já tenho aqui a maravilhosa performance da nossa querida cunhada! — Clarice disse, enfatizando as palavras "querida cunhada" com um tom ácido e provocador.Teresa sentiu o coração disparar. Jamais imaginou que Clarice tivesse gravado tudo. Essa mulher era uma cobra! A situação havia se virado completamente contra ela. E agora? Fingir um desmaio? Dizer que estava com dores na barriga? Não, esses truques já tinham sido usados antes. Repetir poderia ser perigoso e acabar revelando que era tudo fingimento. O risco era alto demais. No fim, Teresa respirou fundo e decidiu encarar. Que olhassem o vídeo, afinal, ela nunca tinha dito diretamente que alguém a empurrou. Sempre afirmou que havia caído sozinha.Jaqueline sorriu e ergueu o polegar para Clarice.— Mandou bem, querida! — Disse ela, satisfeita. — Agora essa cobra não tem como me incriminar!Os olhos de Sterling se estreitaram enquanto ele olhava para o celular nas mãos de Clarice. Sua postur
— Peça desculpas! — Sterling tocou no rosto que havia sido atingido, a voz carregada de um tom sombrio. Na verdade, ele queria dar uma punição severa a ela naquele instante.Mas, ao ver a expressão triste de Clarice, o impulso de castigá-la foi rapidamente sufocado.No fundo, ele não queria magoá-la.Clarice mordeu o lábio com força. Ora, ela não tinha culpa! Por que teria que se desculpar?— Estou dizendo, peça desculpas. Não me faça repetir! — Sterling reforçou o tom, a voz grave como uma ordem.O que ele queria não era um simples “desculpa”, mas sim a submissão daquela mulher.Jaqueline, percebendo a tensão no ar, rapidamente puxou Clarice para o lado, fez uma leve reverência e disse apressada:— Eu peço desculpas em nome da Clarinha. Por favor, me perdoe, Sr. Sterling!Ela não sabia se Sterling aceitaria a desculpa, mas esperava que isso fosse suficiente para ele deixar Clarinha em paz.Clarice sentiu os olhos ficarem úmidos, profundamente tocada. Sabia que Jaqueline estava tentand
Clarice sabia que ainda precisava pedir o remédio especial a Sterling. Se o irritasse, seria impossível consegui-lo, e sua avó continuaria sofrendo. Só de pensar nisso, o coração dela apertava.— Vamos. — Disse Sterling, seco, antes de se virar e sair andando.Teresa lançou um olhar cheio de ódio para Clarice e logo apressou-se para acompanhar Sterling.Clarice observou as costas dos dois se afastando e sentiu um aperto no peito. Sterling realmente fazia todas as vontades de Teresa.Jaqueline, percebendo o clima pesado, puxou Clarice em direção à mesa de jantar. Assim que se sentaram, ela sorriu de maneira misteriosa:— Clarinha, tenho uma surpresa para você daqui a pouco.Clarice afastou os pensamentos ruins, serviu duas xícaras de café e entregou uma para Jaqueline antes de perguntar:— Que surpresa?Depois de três anos de casamento com Sterling, sua vida parecia um lago parado, sem nenhuma emoção ou novidade. Para ela, não havia espaço para surpresas.Jaqueline fez um suspense, sorr
Clarice ficou paralisada por um instante antes de reagir. Apontou para si mesma, confusa:— Para mim?Asher assentiu com a cabeça, um leve sorriso nos lábios:— Seu aniversário é daqui a dois dias. Amanhã preciso viajar a trabalho e não vou conseguir voltar a tempo para comemorar com você. Então, resolvi adiantar o presente.Clarice deu um sorriso discreto e educado:— Obrigada por lembrar do meu aniversário. Fico grata pela sua consideração, mas não posso aceitar o presente.Beatriz gostava de Asher, e Clarice sabia que precisava manter uma distância clara entre os dois. Se Beatriz enlouquecesse de ciúmes, certamente faria um escândalo que chamaria a atenção de todos.Além disso, Clarice era, oficialmente, a esposa de Sterling. Mesmo que ninguém soubesse disso, ela tinha plena consciência de quem era. Durante o casamento, não permitiria que houvesse qualquer mal-entendido ou ambiguidade em relação a outro homem.Asher ouviu suas palavras como se uma faca cega estivesse perfurando seu
Jaqueline lançou um olhar em direção a Sterling, que estava a pouca distância dali, e ficou visivelmente irritada. Ela tinha percebido o brilho passageiro nos olhos de Clarice ao ver os brincos. Clarice gostava deles, mas não teve coragem de aceitá-los por causa da presença de Sterling.Sterling, esse cretino, era insuportável!Depois do pequeno incidente com o presente, os três começaram a comer. O clima na mesa ficou pesado, quase silencioso.Clarice comia em silêncio, perdida em seus próprios pensamentos, até que, de repente, sentiu uma onda de náusea. Largou a faca, levou a mão à boca e disse apressada:— Vou ao banheiro.Antes que alguém pudesse responder, ela se levantou e saiu rapidamente.Asher a observou enquanto ela se afastava, e um traço de melancolia surgiu em seu rosto normalmente sereno.Jaqueline, por outro lado, desviou o olhar discretamente para acompanhar Clarice. Ela sabia muito bem o motivo de Clarice estar passando mal. Pensou em se levantar e ir atrás da amiga, m
Clarice ficou um instante sem reação, mas logo corou levemente:— Eu... mordi meu lábio sem querer.Na verdade, foi o lábio de Sterling que ela havia mordido.— Toma, limpa isso. — Disse Jaqueline, entregando-lhe um guardanapo.Os olhos negros de Asher estavam profundos, indecifráveis. Era impossível saber o que ele estava pensando.Clarice pegou o guardanapo e limpou os lábios, mas, ao lembrar do que Sterling tinha feito no corredor, sentiu uma irritação crescente. Ele realmente a tratava como se ela fosse um objeto. Fazia o que queria, sem se importar com as consequências ou com o que os outros poderiam pensar dela. Se fosse Teresa no lugar dela, ele jamais teria tomado uma atitude tão impulsiva!Jaqueline, tentando aliviar o clima, mudou de assunto com um tom animado:— Ah, Clarinha, o Asher me apresentou um projeto incrível! Estou precisando de ajuda. Se você tiver um tempo, quebra esse galho pra mim? Estou atolada de trabalho!Clarice colocou o guardanapo sobre a mesa e assentiu c
Assim, Asher contratou um professor particular às escondidas para ajudá-la. Para ele, Clarice sempre foi excepcional.Se não fosse porque naquele ano ela conheceu Sterling, com certeza agora seria sua esposa. Mas, infelizmente...Jaqueline sabia sobre o passado de Clarice. Por isso, não ficou surpresa ao ouvir Clarice agradecendo a Asher. Às vezes, ela realmente sentia gratidão por Clarice ter encontrado Asher, pois ele a fez crescer rodeada de amor e carinho. E, ao mesmo tempo, também se sentia grata por ter conhecido Clarice, porque foi ela quem lhe deu forças para sobreviver.— Eu não tinha talento nenhum... Só me esforcei porque você gastou dinheiro comigo. Não queria desperdiçar o que você fez por mim, muito menos decepcioná-lo. — Disse Clarice, relembrando o passado. Para ela, os únicos momentos verdadeiramente felizes foram aqueles ao lado de Asher.Se naquele ano não tivesse conhecido Sterling, não tivesse se apaixonado por ele, provavelmente teria se casado com Asher. Pensando
O rosto de Clarice ficou vermelho na hora. Jaqueline inclinou a cabeça, com um sorriso de quem estava se divertindo:— Então o sangue no seu lábio foi porque você mordeu ele?Agora fazia sentido. Pensando bem, não era de se estranhar que, quando ela perguntou antes, Clarice tivesse ficado tão corada.Teresa estava tão furiosa que quase quebrou os dentes de tanto apertá-los. Até então, ela só suspeitava que algo tinha acontecido entre os dois no banheiro e tentava se consolar dizendo que era coisa da sua cabeça. Mas agora, ao ouvir Sterling confirmar aquilo em voz alta, a inveja e o ódio quase a consumiam.Clarice, essa vagabunda! Ela realmente tentou seduzir Sterling no banheiro! Que descarada!Sterling passou os dedos longos e elegantes pelo canto dos lábios, olhando para Clarice com um sorriso provocador:— E então? Não vai assumir a responsabilidade?Clarice cerrou os dentes, tentando conter a irritação. Sem saída, virou-se para Jaqueline e disse:— Volte para o estúdio e me envie t
Asher agarrou o pulso de Beatriz e a puxou para perto, prendendo-a em seu abraço. Ele a encarou com frieza e a advertiu:— Cala a boca! Se você causar mais confusão, esqueça o casamento!Beatriz ergueu os olhos para ele, incrédula:— Asher, você está mesmo me ameaçando com o casamento para defender aquela vagabunda da Clarice?Cheia de raiva, Beatriz precisava de um alvo para descarregar toda a sua frustração, ou sentia que explodiria. Desde pequena, ela guardava rancor de Clarice. Depois de ser abandonada por ela, Beatriz foi vendida e viveu anos de sofrimento no interior.Enquanto ela sofria no campo, Clarice crescia no conforto e no luxo da família Preston. Esse contraste alimentava seu ódio, que crescia a cada dia.Agora, Asher, o homem que ela mais amava e que estava prestes a se tornar seu marido, defendia justamente Clarice.Até então, Beatriz sabia que Asher guardava Clarice no coração, mesmo sem ter visto ele tomar uma atitude explícita para protegê-la. Só isso já a deixava mo
Esse assistente precisava ser trocado.— Encontramos por acaso durante o almoço e acabamos bebendo umas duas taças. Foi só isso. Meu problema é o álcool, não aguento muito. Fiquei mal e vim para o hospital. — Disse Asher, de forma casual, sem entrar em detalhes.Clarice percebeu que ele não queria contar a verdade e decidiu não insistir. Sentou-se em uma cadeira perto da cama e perguntou:— E agora, como está se sentindo? Melhorou?Na verdade, desde que soubera por Paula que Asher havia sido hospitalizado por intoxicação alcoólica após encontrar-se com Sterling, Clarice sentia um peso enorme no coração. Ela sabia que, de alguma forma, aquilo tinha relação com ela. Sterling só agia assim por causa dela, e Asher acabava pagando o preço.Clarice não tinha coragem de confrontar Sterling, então tudo o que restava era esse sentimento de culpa em relação a Asher.— Estou bem, Clarinha. Meu corpo é forte, não precisa se preocupar tanto. — Disse Asher, com um sorriso gentil. Ele pegou uma garra
O rosto de Sterling escureceu, seus olhos se estreitaram, e uma aura fria emanou dele:— Clarice, sai daí!O aperto em seu pulso era doloroso, e a outra mão, que segurava firmemente o corrimão, também começava a doer. Clarice sentiu que suas forças estavam se esgotando.De repente, alguém deu um empurrão em Sterling e o repreendeu:— Vocês dois aí, não acham que é um pouco demais intimidar uma mulher sozinha?Sterling, pego de surpresa, cambaleou para trás e acabou soltando o pulso de Clarice.As portas do elevador se fecharam. Por uma pequena fresta, Sterling viu Clarice falando algo com a pessoa ao lado, parecendo bastante aflita.Teresa mordeu o lábio e, com cuidado, disse:— Sterling, acho melhor eu voltar para o quarto... Não vou te acompanhar, está bem?Ela rapidamente apertou o botão do elevador antes que ele pudesse responder. Sterling respondeu friamente:— Tudo bem.Teresa lançou-lhe um olhar cauteloso e murmurou:— A avó da Clarice nem está internada neste hospital. Veio ver
— Clarinha, você já está casada há alguns anos. Está na hora de ter um filho.Clarice sentiu uma mistura de sentimentos. Ela levantou os olhos para Paula e respondeu:— Estou no auge da minha carreira agora. Não pretendo ter filhos.Ela estava prestes a se divorciar de Sterling e não queria que ninguém soubesse de sua gravidez. Se essa informação chegasse aos ouvidos de Sterling, ela sabia que seu filho estaria em perigo. Não podia correr esse risco.— Uma mulher, depois que se casa, deve cuidar da casa e dos filhos. Carreira é coisa de homem! Clarinha, você sabe da posição do Sr. Sterling em Londa. Além disso, ele é bonito, e não faltam mulheres querendo se aproximar dele. Você, como Sra. Davis, precisa pensar em como manter o coração dele ao seu lado. Quando vocês tiverem um filho, ele vai se estabilizar. — Disse Paula, com um tom direto. Apesar de ter um casamento feliz, ela conhecia bem o mundo das elites e sabia o quanto os homens desse meio podiam ser frios e egoístas.Nos último
Clarice não conseguiu segurar o riso:— Você não trabalha direito e só fica atrás de fofocas! Vai, conta logo o que é.— Aquele Henriques... De repente começaram a dizer que ele é filho ilegítimo da família Martinez, uma das quatro grandes famílias de Londa. Todo mundo está apostando se ele vai ou não reconhecer a família e voltar para os Martinez! — Disse Lilian, quase sussurrando.Esse assunto já tinha se espalhado pelo escritório, mas Lilian ainda falava baixo. Era algo muito delicado, e se o próprio Henriques ouvisse, seria uma situação bem constrangedora.Clarice ficou surpresa. Ela imediatamente pensou em Callum. Henriques e Callum eram meio-irmãos por parte de pai?— Você precisava ver como a Isabelly estava hoje. Toda cheia de si, andando como se já fosse esposa de um milionário! — Lilian soltou uma risada fria.Isabelly, uma mulher que não hesitava em destruir famílias, ainda tinha coragem de se portar daquela forma. Era o cúmulo da falta de vergonha.— Fique longe dela. Cuida
Clarice tinha acabado de demonstrar um comportamento que não parecia ser fingido. Se ela realmente não sabia de nada, como aqueles dois poderiam ter se encontrado? — Depois do almoço, vou passar no hospital. — Disse Clarice enquanto servia café para Paula. Em seguida, perguntou suavemente. — Tia, já escolheu os pratos? Se ainda não pediu, eu posso ir fazer o pedido agora.— Vai lá e resolve isso. — Disse Paula, fazendo um gesto com a mão para dispensá-la.Clarice se levantou e saiu da sala para ir até o salão.Paula observou a silhueta da Clarice enquanto ela se afastava. Seus olhos se estreitaram, e um peso tomou conta de seu coração. Ela conhecia bem o filho. Apesar de parecer calmo por fora, Asher era teimoso e obstinado. Durante todos esses anos, ele nunca conseguiu tirar Clarice do coração. Paula temia que ele pudesse cometer alguma loucura por causa dela.Há três anos, no dia em que Clarice foi flagrada na cama com Sterling, Asher tinha decidido fugir com ela. Se não tivesse des
— Srta. Clarice, pode ir, a senhora está esperando você. — Disse Renata em voz baixa, olhando para Clarice.Ela havia servido Paula por mais de vinte anos, mas ainda não conseguia entender por que a senhora estava de tão mau humor naquele dia.— Tudo bem, vamos.Renata então a guiou para dentro da casa.Paula era uma pessoa gentil e tranquila, e o temperamento de Asher certamente vinha dela. Clarice havia passado boa parte da infância e adolescência ao lado de Paula, e sabia que Paula gostava muito dela.Mas, depois que Clarice se apaixonou por Sterling, suas visitas à Paula se tornaram raras. Ela sempre sentiu um peso na consciência por não retribuir o carinho de Paula como deveria.Nos três anos de casamento com Sterling, mesmo sabendo que Asher havia desaparecido, Clarice nunca procurou a família Bennett para saber como ele estava.Ela havia decidido cortar os laços com os Bennett em silêncio. Isso não era apenas por causa da vigilância constante da família Preston, mas também porqu
Ao ouvir a voz de Clarice, Esther imediatamente se virou. Ao vê-la entrando pela porta, ela perguntou, quase sem pensar:— Você não tinha ido embora? Por que voltou?Clarice caminhou até sua mesa e, calmamente, pegou um pequeno dispositivo de um vaso de flores. Era uma câmera escondida.— Eu vi você entrando aqui, é claro que eu tinha que voltar! — Disse Clarice, com um leve sorriso no rosto.— Você instalou uma câmera na sua própria mesa? — Esther retrucou, virando o rosto para Lilian. — Está vendo? Ela está te espionando! Ela não confia nem um pouco em você!Lilian soltou uma risada curta:— A Dra. Clarice pode colocar o que quiser na mesa dela. E você pode parar com essas tentativas ridículas de nos colocar uma contra a outra.Nos últimos tempos, muitos no escritório estavam agindo de forma traiçoeira, cada um tentando puxar o tapete do outro. Mas Lilian confiava apenas em Clarice, e todas as decisões de Clarice ela apoiava sem hesitar.Clarice olhou para Esther e, com um sorriso af
Clarice apertou levemente os lábios antes de responder:— Agora posso almoçar com você, tudo bem?Do outro lado da linha estava Paula, a mãe de Asher. Uma mulher que, no passado, havia lhe dado muito carinho.Clarice sempre gostou muito de Paula e era imensamente grata a ela. No entanto, por diversos motivos, as duas perderam contato há bastante tempo. Agora, com aquela ligação repentina, Clarice tinha quase certeza de que Paula queria conversar sobre algo importante.— O que você quer comer? Posso pedir para alguém reservar uma mesa. — Paula perguntou em um tom suave, como se temesse que uma voz mais alta pudesse assustar Clarice.— Lembro que a senhora gosta de comida mexicana. Que tal aquele restaurante chamado El Pirata, na Avenida da República? — Clarice sugeriu. Ela se lembrava perfeitamente dos gostos de cada membro da família Bennett, já que passava muito tempo com eles e frequentemente jantava em sua casa.— Depois de tantos anos, você ainda se lembra... Está bem, vamos ao res