O que Sterling queria dizer era claro: hoje, mesmo que Clarice não quisesse, ela teria que fazer amor com ele. Clarice sentia-se, ao mesmo tempo, humilhada e tomada pelo ódio. Ela odiava a arrogância de Sterling, odiava sua falta de escrúpulos! Ela era uma pessoa, não um objeto para entretenimento, muito menos uma marionete para ele brincar. Como ele podia tratá-la assim? — Clarice, comece logo. Não me faça perder a paciência. — Sterling falou devagar, quase como se estivesse saboreando cada palavra. Ele havia visto claramente o ódio nos olhos de Asher há pouco. Embora Sterling e Asher não fossem amigos, ele sabia muito bem quem Asher era. Valentino, que sempre o acompanhava, nunca economizava elogios ao falar de Asher. Sempre que mencionava o irmão, era com orgulho. Sterling sabia que Asher era o "homem perfeito". Temperamento bom, caráter exemplar, inteligência acima da média... Tudo nele parecia ser motivo de elogio. Valentino havia falado tanto sobre Asher que, mesmo sem
Clarice tremia de raiva. Sterling havia passado de todos os limites! Sterling segurou o corpo trêmulo dela contra o seu e murmurou com a voz baixa e controlada: — Clarice, seja boazinha e me obedeça. Caso contrário, sua vida vai se tornar um inferno. Ele sabia que Clarice gostava de Asher. Então, se fosse necessário, ele a despiria e a colocaria diante de Asher. Ele conhecia bem Clarice, sabia que ela não suportaria tamanha humilhação. Depois disso, ela nunca mais ousaria sequer entrar em contato com Asher. Sterling sempre agia assim. Para ele, o que importava era o resultado, não o processo. Ele não se importava com a crueldade de seus métodos, desde que alcançasse seus objetivos. Mesmo sabendo que aquilo era desumano com Clarice, ele ainda assim o faria. Clarice sentia o desespero tomar conta de si, crescendo como uma planta venenosa que a sufocava. Sterling estava decidido a arrancar sua dignidade, a expor ela sem piedade diante de Asher. Se fosse Teresa, ele nunca teria
Clarice rapidamente controlou suas emoções, virou-se para ele e, com uma voz fria, disse: — Minha mãe ligou pedindo para você e eu jantarmos lá esta noite. Querem conversar sobre o casamento da Beatriz. — Que horas? Onde vai ser o jantar? — Sterling perguntou imediatamente, sem hesitar. Discutir o casamento de Beatriz e Asher era algo que ele fazia questão de participar. Na verdade, ele mal podia esperar para que os dois se casassem no dia seguinte, se fosse possível. — Eu não vou. — Clarice respondeu de forma direta. Ela sabia que seus pais a desprezavam e não via motivo para voltar àquela casa. — Sua mãe não disse que está me convidando para o jantar? — Ele perguntou, apertando o rosto dela com dois dedos, forçando-a a olhar para ele. — Por que você não quer ir? Será que era por causa de Asher? Será que ela estava incomodada com o casamento dele? — Ninguém na família Preston gosta de mim, minha presença só vai estragar o humor deles. Não tem por que eu ir! — Clarice res
Lilian reagiu rapidamente e empurrou Clarice de volta para o escritório. — Dra. Clarice, volte para o escritório. Eu vou descobrir o que está acontecendo. Pelo tom das vozes, Lilian percebeu que algo estava errado e temeu que alguém estivesse tentando prejudicar Clarice. — Não vá, chame a polícia! — Clarice respondeu imediatamente, mas, antes que Lilian pudesse agir, uma figura surgiu correndo em sua direção. — Sua vagabunda! Eu te contratei para cuidar do meu divórcio, e você foi seduzir o meu marido! As palavras de Heloísa ecoaram pelo escritório, e, em segundos, o lugar virou um caos. Clarice havia roubado o marido de uma cliente? Isso não apenas arruinava sua reputação como advogada, mas também significava que ela poderia estar conspirando contra a própria cliente. Um comportamento tão antiético era inadmissível para alguém na profissão. Lilian imediatamente se colocou na frente de Clarice, bloqueando o caminho da mulher. Heloísa avançou com força, e Lilian só conse
Clarice não se preocupou em saber quem havia tirado Heloísa dali. Afinal, aquilo era um escritório de advocacia, ninguém ousaria fazer algo extremo com a mulher. Com Heloísa fora do caminho, Clarice finalmente podia ajustar as contas com quem realmente merecia. Ela ajeitou os cabelos com calma e caminhou na direção de Esther, que estava tentando se esconder entre as pessoas. Com um leve sorriso, Clarice estendeu a mão e arrancou a peruca de Esther. — Ah, então é isso. No outro dia, você foi pega no flagra dentro do carro com o marido de outra mulher, e a esposa, furiosa, raspou sua cabeça. Agora está andando por aí de peruca. A voz de Clarice era tranquila, mas cada palavra carregava um peso devastador. Aquele tipo de escândalo não era segredo no meio jurídico. Tudo o que acontecia no círculo de advogados rapidamente se espalhava. Se alguém cometia um erro, todos sabiam em questão de horas. Era impossível manter algo assim em sigilo. Esther sempre havia ficado na sombra de C
Nos últimos dias, Clarice vinha coletando evidências e investigando discretamente as pessoas próximas ao marido de Heloísa. Seu objetivo era lutar ao máximo para garantir os melhores interesses da cliente no caso de divórcio. Ela havia se dedicado completamente a Heloísa, e, em troca, recebeu uma traição pelas costas. Clarice pensava que pessoas assim mereciam viver na miséria. Não valia a pena ajudá-las a sair do fundo do poço. Lilian concordou com um aceno e, em seguida, sussurrou: — Dra. Clarice, precisamos ir agora. Clarice ajeitou as roupas, mantendo a postura impecável, e começou a caminhar para fora do escritório. Enquanto esperava o carro, ela ligou para Jaqueline. Jaqueline atendeu no primeiro toque. Sua voz transmitia um misto de culpa e preocupação: — Clarinha, me desculpa! — Meu estômago está doendo. Vá até o hospital, pegue um remédio e me leve ao tribunal. Preciso tomar antes de entrar na audiência. Agora, vá rápido! — Clarice ordenou, com firmeza. Duran
Clarice apertou o celular na mão, quase sem perceber. A mãe de Sterling queria que ela saísse da Torres Advocacia? Tudo isso era para abrir caminho para Teresa? Assim como fizeram quando injetaram remédio abortivo no soro dela? Porque Teresa estava grávida, o filho dela tinha que morrer? — Se você acha que eu não tenho autoridade para te avisar, então daqui a pouco eu faço a minha sogra te ligar. — Teresa falou com um tom carregado de satisfação, percebendo a respiração pesada de Clarice do outro lado da linha. — Eu estou grávida, Clarice. Isso significa que você tem que sair do meu caminho, entendeu? Clarice respirou fundo, tentando controlar a raiva. — Sterling é o dono da Torres Advocacia. Se ele quiser que eu saia, ele que me diga pessoalmente. Se Sterling pedisse, ela sairia sem hesitar. Teresa soltou uma risada irônica. — Clarice, então você está enfrentando a sua sogra diretamente? Você acha mesmo que aquele velho da família Davis vai conseguir te proteger? Teres
Desde o primeiro dia em que Lilian entrou na Torres Advocacia, ela era apenas uma assistente invisível, alguém que só conseguiu progredir porque Clarice sempre lhe deu suporte. Como ela ousaria aceitar um pedido de desculpas de Clarice? — Antes eu era apenas “Dra. Clarice” aqui, e continuarei sendo. Só você sabe da verdade, e deve continuar assim. Não conte isso a ninguém! — Clarice sorriu levemente. — E nada de me chamar de Sra. Davis. Continue me chamando de Dra. Clarice! Para ela, o título de “Sra. Davis” era apenas um rótulo. Não tinha nenhuma importância especial. Lilian, ainda atordoada, assentiu mecanicamente. — Certo! Ela não conseguia evitar o pensamento de que todos no escritório sempre bajulavam Teresa, acreditando que ela seria a futura esposa do chefe. Mas, na verdade, a verdadeira esposa de Sterling estava ali o tempo todo, bem ao lado deles. Lilian achava incrível como Clarice conseguia manter esse segredo por tanto tempo. Se fosse qualquer outra pessoa, já t
— Clarinha, você já está casada há alguns anos. Está na hora de ter um filho.Clarice sentiu uma mistura de sentimentos. Ela levantou os olhos para Paula e respondeu:— Estou no auge da minha carreira agora. Não pretendo ter filhos.Ela estava prestes a se divorciar de Sterling e não queria que ninguém soubesse de sua gravidez. Se essa informação chegasse aos ouvidos de Sterling, ela sabia que seu filho estaria em perigo. Não podia correr esse risco.— Uma mulher, depois que se casa, deve cuidar da casa e dos filhos. Carreira é coisa de homem! Clarinha, você sabe da posição do Sr. Sterling em Londa. Além disso, ele é bonito, e não faltam mulheres querendo se aproximar dele. Você, como Sra. Davis, precisa pensar em como manter o coração dele ao seu lado. Quando vocês tiverem um filho, ele vai se estabilizar. — Disse Paula, com um tom direto. Apesar de ter um casamento feliz, ela conhecia bem o mundo das elites e sabia o quanto os homens desse meio podiam ser frios e egoístas.Nos último
Clarice não conseguiu segurar o riso:— Você não trabalha direito e só fica atrás de fofocas! Vai, conta logo o que é.— Aquele Henriques... De repente começaram a dizer que ele é filho ilegítimo da família Martinez, uma das quatro grandes famílias de Londa. Todo mundo está apostando se ele vai ou não reconhecer a família e voltar para os Martinez! — Disse Lilian, quase sussurrando.Esse assunto já tinha se espalhado pelo escritório, mas Lilian ainda falava baixo. Era algo muito delicado, e se o próprio Henriques ouvisse, seria uma situação bem constrangedora.Clarice ficou surpresa. Ela imediatamente pensou em Callum. Henriques e Callum eram meio-irmãos por parte de pai?— Você precisava ver como a Isabelly estava hoje. Toda cheia de si, andando como se já fosse esposa de um milionário! — Lilian soltou uma risada fria.Isabelly, uma mulher que não hesitava em destruir famílias, ainda tinha coragem de se portar daquela forma. Era o cúmulo da falta de vergonha.— Fique longe dela. Cuida
Clarice tinha acabado de demonstrar um comportamento que não parecia ser fingido. Se ela realmente não sabia de nada, como aqueles dois poderiam ter se encontrado? — Depois do almoço, vou passar no hospital. — Disse Clarice enquanto servia café para Paula. Em seguida, perguntou suavemente. — Tia, já escolheu os pratos? Se ainda não pediu, eu posso ir fazer o pedido agora.— Vai lá e resolve isso. — Disse Paula, fazendo um gesto com a mão para dispensá-la.Clarice se levantou e saiu da sala para ir até o salão.Paula observou a silhueta da Clarice enquanto ela se afastava. Seus olhos se estreitaram, e um peso tomou conta de seu coração. Ela conhecia bem o filho. Apesar de parecer calmo por fora, Asher era teimoso e obstinado. Durante todos esses anos, ele nunca conseguiu tirar Clarice do coração. Paula temia que ele pudesse cometer alguma loucura por causa dela.Há três anos, no dia em que Clarice foi flagrada na cama com Sterling, Asher tinha decidido fugir com ela. Se não tivesse des
— Srta. Clarice, pode ir, a senhora está esperando você. — Disse Renata em voz baixa, olhando para Clarice.Ela havia servido Paula por mais de vinte anos, mas ainda não conseguia entender por que a senhora estava de tão mau humor naquele dia.— Tudo bem, vamos.Renata então a guiou para dentro da casa.Paula era uma pessoa gentil e tranquila, e o temperamento de Asher certamente vinha dela. Clarice havia passado boa parte da infância e adolescência ao lado de Paula, e sabia que Paula gostava muito dela.Mas, depois que Clarice se apaixonou por Sterling, suas visitas à Paula se tornaram raras. Ela sempre sentiu um peso na consciência por não retribuir o carinho de Paula como deveria.Nos três anos de casamento com Sterling, mesmo sabendo que Asher havia desaparecido, Clarice nunca procurou a família Bennett para saber como ele estava.Ela havia decidido cortar os laços com os Bennett em silêncio. Isso não era apenas por causa da vigilância constante da família Preston, mas também porqu
Ao ouvir a voz de Clarice, Esther imediatamente se virou. Ao vê-la entrando pela porta, ela perguntou, quase sem pensar:— Você não tinha ido embora? Por que voltou?Clarice caminhou até sua mesa e, calmamente, pegou um pequeno dispositivo de um vaso de flores. Era uma câmera escondida.— Eu vi você entrando aqui, é claro que eu tinha que voltar! — Disse Clarice, com um leve sorriso no rosto.— Você instalou uma câmera na sua própria mesa? — Esther retrucou, virando o rosto para Lilian. — Está vendo? Ela está te espionando! Ela não confia nem um pouco em você!Lilian soltou uma risada curta:— A Dra. Clarice pode colocar o que quiser na mesa dela. E você pode parar com essas tentativas ridículas de nos colocar uma contra a outra.Nos últimos tempos, muitos no escritório estavam agindo de forma traiçoeira, cada um tentando puxar o tapete do outro. Mas Lilian confiava apenas em Clarice, e todas as decisões de Clarice ela apoiava sem hesitar.Clarice olhou para Esther e, com um sorriso af
Clarice apertou levemente os lábios antes de responder:— Agora posso almoçar com você, tudo bem?Do outro lado da linha estava Paula, a mãe de Asher. Uma mulher que, no passado, havia lhe dado muito carinho.Clarice sempre gostou muito de Paula e era imensamente grata a ela. No entanto, por diversos motivos, as duas perderam contato há bastante tempo. Agora, com aquela ligação repentina, Clarice tinha quase certeza de que Paula queria conversar sobre algo importante.— O que você quer comer? Posso pedir para alguém reservar uma mesa. — Paula perguntou em um tom suave, como se temesse que uma voz mais alta pudesse assustar Clarice.— Lembro que a senhora gosta de comida mexicana. Que tal aquele restaurante chamado El Pirata, na Avenida da República? — Clarice sugeriu. Ela se lembrava perfeitamente dos gostos de cada membro da família Bennett, já que passava muito tempo com eles e frequentemente jantava em sua casa.— Depois de tantos anos, você ainda se lembra... Está bem, vamos ao res
O ar de Asher ficou preso por um instante, e sua mão apertou inconscientemente a taça que segurava. Sterling havia transformado o Grupo Davis em uma potência mundial, parte da lista das quinhentas maiores empresas do mundo, em questão de poucos anos. Alguém assim não chegaria tão longe sem métodos implacáveis. Sterling era frio, calculista e completamente desprovido de compaixão.Clarice já sofria o suficiente convivendo com ele. Se Sterling decidisse descontar sua raiva nela, seria ela quem pagaria o preço. Apenas imaginar isso fazia o peito de Asher doer, a ponto de quase não conseguir respirar. Ele não conseguia conceber a ideia de permitir que Clarice enfrentasse tanto sofrimento.Asher respirou fundo antes de falar, num tom controlado:— O que o Sr. Sterling quer?Sterling observou o desconforto de Asher e, por algum motivo, sentiu-se ainda mais irritado. Aquele homem estava assim por causa da esposa dele! Um estranho, e ainda assim, tão devotado à sua mulher.— Ouvi dizer que o G
Era claro que Isaac jamais teria coragem de dizer aquelas palavras para Sterling. Quando voltou ao seu escritório, ele fechou a porta e ligou para Asher.Depois de encerrar a ligação, Isaac soltou um suspiro de alívio e, em seguida, foi até a sala do presidente para fazer seu relatório. Assim que terminou, saiu rapidamente para continuar com suas tarefas.Ele recebia um salário alto, sem dúvida, mas a carga de trabalho era extenuante. Estava de prontidão vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Isaac estava sempre ocupado, sempre cansado. Nos últimos tempos, com o humor de Sterling piorando, ele frequentemente ficava até altas horas no escritório. O estresse era tanto que ele notava tufos de cabelo caindo. Ele já começava a temer que ficaria careca antes mesmo de completar trinta anos.No horário de almoço, assim que o relógio marcou meio-dia, Isaac desligou o computador e foi direto para a sala de Sterling:— Sr. Sterling, podemos ir agora?O Sr. Asher já havia reservado o
Teresa ficou tensa no mesmo instante, agarrando inconscientemente o lençol da cama com força. Sterling e Clarice não estavam em pé de guerra? Por que ele estava defendendo-a? “Aquela vagabunda deve estar se insinuando para o Sterling pelas minhas costas. Que mulher sem vergonha!” Teresa pensou, furiosa. — Cuide da sua recuperação. Quando estiver melhor, pode ter alta e sair do hospital. Já falei com minha mãe para você ir morar com ela. Pedi ao Isaac que contratasse uma nutricionista e uma babá. Assim, você será bem cuidada e não precisará se preocupar com nada. — Sterling disse, com um tom prático, virando-se para sair. A empresa estava mesmo muito ocupada ultimamente. Havia uma licitação importante com o governo e uma das filiais no exterior estava em fase de preparação para o IPO. — Sterling, eu não quero morar com a sua mãe. Posso morar sozinha? — Teresa disse rapidamente, tentando esconder o nervosismo. Ela realmente não queria viver com Virgínia. Afinal, Virgínia não