Nos últimos dias, Clarice vinha coletando evidências e investigando discretamente as pessoas próximas ao marido de Heloísa. Seu objetivo era lutar ao máximo para garantir os melhores interesses da cliente no caso de divórcio. Ela havia se dedicado completamente a Heloísa, e, em troca, recebeu uma traição pelas costas. Clarice pensava que pessoas assim mereciam viver na miséria. Não valia a pena ajudá-las a sair do fundo do poço. Lilian concordou com um aceno e, em seguida, sussurrou: — Dra. Clarice, precisamos ir agora. Clarice ajeitou as roupas, mantendo a postura impecável, e começou a caminhar para fora do escritório. Enquanto esperava o carro, ela ligou para Jaqueline. Jaqueline atendeu no primeiro toque. Sua voz transmitia um misto de culpa e preocupação: — Clarinha, me desculpa! — Meu estômago está doendo. Vá até o hospital, pegue um remédio e me leve ao tribunal. Preciso tomar antes de entrar na audiência. Agora, vá rápido! — Clarice ordenou, com firmeza. Duran
Clarice apertou o celular na mão, quase sem perceber. A mãe de Sterling queria que ela saísse da Torres Advocacia? Tudo isso era para abrir caminho para Teresa? Assim como fizeram quando injetaram remédio abortivo no soro dela? Porque Teresa estava grávida, o filho dela tinha que morrer? — Se você acha que eu não tenho autoridade para te avisar, então daqui a pouco eu faço a minha sogra te ligar. — Teresa falou com um tom carregado de satisfação, percebendo a respiração pesada de Clarice do outro lado da linha. — Eu estou grávida, Clarice. Isso significa que você tem que sair do meu caminho, entendeu? Clarice respirou fundo, tentando controlar a raiva. — Sterling é o dono da Torres Advocacia. Se ele quiser que eu saia, ele que me diga pessoalmente. Se Sterling pedisse, ela sairia sem hesitar. Teresa soltou uma risada irônica. — Clarice, então você está enfrentando a sua sogra diretamente? Você acha mesmo que aquele velho da família Davis vai conseguir te proteger? Teres
Desde o primeiro dia em que Lilian entrou na Torres Advocacia, ela era apenas uma assistente invisível, alguém que só conseguiu progredir porque Clarice sempre lhe deu suporte. Como ela ousaria aceitar um pedido de desculpas de Clarice? — Antes eu era apenas “Dra. Clarice” aqui, e continuarei sendo. Só você sabe da verdade, e deve continuar assim. Não conte isso a ninguém! — Clarice sorriu levemente. — E nada de me chamar de Sra. Davis. Continue me chamando de Dra. Clarice! Para ela, o título de “Sra. Davis” era apenas um rótulo. Não tinha nenhuma importância especial. Lilian, ainda atordoada, assentiu mecanicamente. — Certo! Ela não conseguia evitar o pensamento de que todos no escritório sempre bajulavam Teresa, acreditando que ela seria a futura esposa do chefe. Mas, na verdade, a verdadeira esposa de Sterling estava ali o tempo todo, bem ao lado deles. Lilian achava incrível como Clarice conseguia manter esse segredo por tanto tempo. Se fosse qualquer outra pessoa, já t
Demorou um longo tempo até que Clarice soltasse o ar lentamente. Sua voz, fria como gelo, cortou o silêncio: — Qual é o motivo? Por causa de uma única palavra de Teresa, ela deveria entrar de férias? — Você não está se sentindo bem. Aproveite para ficar mais alguns dias no hospital. — A justificativa de Sterling parecia até gentil. Se fosse em outra época, Clarice certamente teria ficado emocionada. Mas, naquele momento, tudo que ela sentiu foi um frio invadindo seu corpo, subindo dos pés e paralisando cada parte de si. — Sterling, você pode ter seus favoritos, mas não pode me condenar sem saber de nada, apenas baseado no que alguém diz! Desta vez, foi o pessoal do escritório que tentou me prejudicar. Eu só me defendi, e Teresa imediatamente ligou dizendo que eu não precisava mais ir trabalhar amanhã! A frustração acumulada no peito de Clarice explodiu, elevando o tom de sua voz. Ela não havia feito nada de errado, então por que tinha que sair de cena? — Sterling, indepen
Clarice assentiu com a cabeça. — Certo! Eu entendi. Pode ir, eu vou entrar. Jaqueline deu dois passos para se afastar, mas de repente voltou correndo e a abraçou com força. Sua voz saiu rápida e urgente: — Clarinha, eu consegui que ele te transferisse para outro hospital. Assim, você não precisa mais se preocupar com ninguém tentando te prejudicar no quarto! Antes que Clarice pudesse reagir, Jaqueline se afastou e correu para longe, sem olhar para trás. Clarice ficou parada, observando a amiga se afastar. Seus olhos começaram a arder, e logo ficaram vermelhos. Jaqueline havia lutado tanto para se afastar dele, mas agora, por causa dela, tinha se submetido a procurá-lo novamente. Ela sabia muito bem que tipo de acordo Jaqueline provavelmente tinha feito com ele. Sua amiga era uma tola! …No Hospital Esperança, na ala VIP, Teresa estava deitada, com o rosto ainda inchado e uma aparência visivelmente abatida. O veneno da cobra já havia sido completamente removido do corp
Teresa ficou tensa no mesmo instante, agarrando inconscientemente o lençol da cama com força. Sterling e Clarice não estavam em pé de guerra? Por que ele estava defendendo-a? “Aquela vagabunda deve estar se insinuando para o Sterling pelas minhas costas. Que mulher sem vergonha!” Teresa pensou, furiosa. — Cuide da sua recuperação. Quando estiver melhor, pode ter alta e sair do hospital. Já falei com minha mãe para você ir morar com ela. Pedi ao Isaac que contratasse uma nutricionista e uma babá. Assim, você será bem cuidada e não precisará se preocupar com nada. — Sterling disse, com um tom prático, virando-se para sair. A empresa estava mesmo muito ocupada ultimamente. Havia uma licitação importante com o governo e uma das filiais no exterior estava em fase de preparação para o IPO. — Sterling, eu não quero morar com a sua mãe. Posso morar sozinha? — Teresa disse rapidamente, tentando esconder o nervosismo. Ela realmente não queria viver com Virgínia. Afinal, Virgínia não
Era claro que Isaac jamais teria coragem de dizer aquelas palavras para Sterling. Quando voltou ao seu escritório, ele fechou a porta e ligou para Asher.Depois de encerrar a ligação, Isaac soltou um suspiro de alívio e, em seguida, foi até a sala do presidente para fazer seu relatório. Assim que terminou, saiu rapidamente para continuar com suas tarefas.Ele recebia um salário alto, sem dúvida, mas a carga de trabalho era extenuante. Estava de prontidão vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Isaac estava sempre ocupado, sempre cansado. Nos últimos tempos, com o humor de Sterling piorando, ele frequentemente ficava até altas horas no escritório. O estresse era tanto que ele notava tufos de cabelo caindo. Ele já começava a temer que ficaria careca antes mesmo de completar trinta anos.No horário de almoço, assim que o relógio marcou meio-dia, Isaac desligou o computador e foi direto para a sala de Sterling:— Sr. Sterling, podemos ir agora?O Sr. Asher já havia reservado o
O ar de Asher ficou preso por um instante, e sua mão apertou inconscientemente a taça que segurava. Sterling havia transformado o Grupo Davis em uma potência mundial, parte da lista das quinhentas maiores empresas do mundo, em questão de poucos anos. Alguém assim não chegaria tão longe sem métodos implacáveis. Sterling era frio, calculista e completamente desprovido de compaixão.Clarice já sofria o suficiente convivendo com ele. Se Sterling decidisse descontar sua raiva nela, seria ela quem pagaria o preço. Apenas imaginar isso fazia o peito de Asher doer, a ponto de quase não conseguir respirar. Ele não conseguia conceber a ideia de permitir que Clarice enfrentasse tanto sofrimento.Asher respirou fundo antes de falar, num tom controlado:— O que o Sr. Sterling quer?Sterling observou o desconforto de Asher e, por algum motivo, sentiu-se ainda mais irritado. Aquele homem estava assim por causa da esposa dele! Um estranho, e ainda assim, tão devotado à sua mulher.— Ouvi dizer que o G
— Srta. Clarice, pode ir, a senhora está esperando você. — Disse Renata em voz baixa, olhando para Clarice.Ela havia servido Paula por mais de vinte anos, mas ainda não conseguia entender por que a senhora estava de tão mau humor naquele dia.— Tudo bem, vamos.Renata então a guiou para dentro da casa.Paula era uma pessoa gentil e tranquila, e o temperamento de Asher certamente vinha dela. Clarice havia passado boa parte da infância e adolescência ao lado de Paula, e sabia que Paula gostava muito dela.Mas, depois que Clarice se apaixonou por Sterling, suas visitas à Paula se tornaram raras. Ela sempre sentiu um peso na consciência por não retribuir o carinho de Paula como deveria.Nos três anos de casamento com Sterling, mesmo sabendo que Asher havia desaparecido, Clarice nunca procurou a família Bennett para saber como ele estava.Ela havia decidido cortar os laços com os Bennett em silêncio. Isso não era apenas por causa da vigilância constante da família Preston, mas também porqu
Ao ouvir a voz de Clarice, Esther imediatamente se virou. Ao vê-la entrando pela porta, ela perguntou, quase sem pensar:— Você não tinha ido embora? Por que voltou?Clarice caminhou até sua mesa e, calmamente, pegou um pequeno dispositivo de um vaso de flores. Era uma câmera escondida.— Eu vi você entrando aqui, é claro que eu tinha que voltar! — Disse Clarice, com um leve sorriso no rosto.— Você instalou uma câmera na sua própria mesa? — Esther retrucou, virando o rosto para Lilian. — Está vendo? Ela está te espionando! Ela não confia nem um pouco em você!Lilian soltou uma risada curta:— A Dra. Clarice pode colocar o que quiser na mesa dela. E você pode parar com essas tentativas ridículas de nos colocar uma contra a outra.Nos últimos tempos, muitos no escritório estavam agindo de forma traiçoeira, cada um tentando puxar o tapete do outro. Mas Lilian confiava apenas em Clarice, e todas as decisões de Clarice ela apoiava sem hesitar.Clarice olhou para Esther e, com um sorriso af
Clarice apertou levemente os lábios antes de responder:— Agora posso almoçar com você, tudo bem?Do outro lado da linha estava Paula, a mãe de Asher. Uma mulher que, no passado, havia lhe dado muito carinho.Clarice sempre gostou muito de Paula e era imensamente grata a ela. No entanto, por diversos motivos, as duas perderam contato há bastante tempo. Agora, com aquela ligação repentina, Clarice tinha quase certeza de que Paula queria conversar sobre algo importante.— O que você quer comer? Posso pedir para alguém reservar uma mesa. — Paula perguntou em um tom suave, como se temesse que uma voz mais alta pudesse assustar Clarice.— Lembro que a senhora gosta de comida mexicana. Que tal aquele restaurante chamado El Pirata, na Avenida da República? — Clarice sugeriu. Ela se lembrava perfeitamente dos gostos de cada membro da família Bennett, já que passava muito tempo com eles e frequentemente jantava em sua casa.— Depois de tantos anos, você ainda se lembra... Está bem, vamos ao res
O ar de Asher ficou preso por um instante, e sua mão apertou inconscientemente a taça que segurava. Sterling havia transformado o Grupo Davis em uma potência mundial, parte da lista das quinhentas maiores empresas do mundo, em questão de poucos anos. Alguém assim não chegaria tão longe sem métodos implacáveis. Sterling era frio, calculista e completamente desprovido de compaixão.Clarice já sofria o suficiente convivendo com ele. Se Sterling decidisse descontar sua raiva nela, seria ela quem pagaria o preço. Apenas imaginar isso fazia o peito de Asher doer, a ponto de quase não conseguir respirar. Ele não conseguia conceber a ideia de permitir que Clarice enfrentasse tanto sofrimento.Asher respirou fundo antes de falar, num tom controlado:— O que o Sr. Sterling quer?Sterling observou o desconforto de Asher e, por algum motivo, sentiu-se ainda mais irritado. Aquele homem estava assim por causa da esposa dele! Um estranho, e ainda assim, tão devotado à sua mulher.— Ouvi dizer que o G
Era claro que Isaac jamais teria coragem de dizer aquelas palavras para Sterling. Quando voltou ao seu escritório, ele fechou a porta e ligou para Asher.Depois de encerrar a ligação, Isaac soltou um suspiro de alívio e, em seguida, foi até a sala do presidente para fazer seu relatório. Assim que terminou, saiu rapidamente para continuar com suas tarefas.Ele recebia um salário alto, sem dúvida, mas a carga de trabalho era extenuante. Estava de prontidão vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Isaac estava sempre ocupado, sempre cansado. Nos últimos tempos, com o humor de Sterling piorando, ele frequentemente ficava até altas horas no escritório. O estresse era tanto que ele notava tufos de cabelo caindo. Ele já começava a temer que ficaria careca antes mesmo de completar trinta anos.No horário de almoço, assim que o relógio marcou meio-dia, Isaac desligou o computador e foi direto para a sala de Sterling:— Sr. Sterling, podemos ir agora?O Sr. Asher já havia reservado o
Teresa ficou tensa no mesmo instante, agarrando inconscientemente o lençol da cama com força. Sterling e Clarice não estavam em pé de guerra? Por que ele estava defendendo-a? “Aquela vagabunda deve estar se insinuando para o Sterling pelas minhas costas. Que mulher sem vergonha!” Teresa pensou, furiosa. — Cuide da sua recuperação. Quando estiver melhor, pode ter alta e sair do hospital. Já falei com minha mãe para você ir morar com ela. Pedi ao Isaac que contratasse uma nutricionista e uma babá. Assim, você será bem cuidada e não precisará se preocupar com nada. — Sterling disse, com um tom prático, virando-se para sair. A empresa estava mesmo muito ocupada ultimamente. Havia uma licitação importante com o governo e uma das filiais no exterior estava em fase de preparação para o IPO. — Sterling, eu não quero morar com a sua mãe. Posso morar sozinha? — Teresa disse rapidamente, tentando esconder o nervosismo. Ela realmente não queria viver com Virgínia. Afinal, Virgínia não
Clarice assentiu com a cabeça. — Certo! Eu entendi. Pode ir, eu vou entrar. Jaqueline deu dois passos para se afastar, mas de repente voltou correndo e a abraçou com força. Sua voz saiu rápida e urgente: — Clarinha, eu consegui que ele te transferisse para outro hospital. Assim, você não precisa mais se preocupar com ninguém tentando te prejudicar no quarto! Antes que Clarice pudesse reagir, Jaqueline se afastou e correu para longe, sem olhar para trás. Clarice ficou parada, observando a amiga se afastar. Seus olhos começaram a arder, e logo ficaram vermelhos. Jaqueline havia lutado tanto para se afastar dele, mas agora, por causa dela, tinha se submetido a procurá-lo novamente. Ela sabia muito bem que tipo de acordo Jaqueline provavelmente tinha feito com ele. Sua amiga era uma tola! …No Hospital Esperança, na ala VIP, Teresa estava deitada, com o rosto ainda inchado e uma aparência visivelmente abatida. O veneno da cobra já havia sido completamente removido do corp
Demorou um longo tempo até que Clarice soltasse o ar lentamente. Sua voz, fria como gelo, cortou o silêncio: — Qual é o motivo? Por causa de uma única palavra de Teresa, ela deveria entrar de férias? — Você não está se sentindo bem. Aproveite para ficar mais alguns dias no hospital. — A justificativa de Sterling parecia até gentil. Se fosse em outra época, Clarice certamente teria ficado emocionada. Mas, naquele momento, tudo que ela sentiu foi um frio invadindo seu corpo, subindo dos pés e paralisando cada parte de si. — Sterling, você pode ter seus favoritos, mas não pode me condenar sem saber de nada, apenas baseado no que alguém diz! Desta vez, foi o pessoal do escritório que tentou me prejudicar. Eu só me defendi, e Teresa imediatamente ligou dizendo que eu não precisava mais ir trabalhar amanhã! A frustração acumulada no peito de Clarice explodiu, elevando o tom de sua voz. Ela não havia feito nada de errado, então por que tinha que sair de cena? — Sterling, indepen
Desde o primeiro dia em que Lilian entrou na Torres Advocacia, ela era apenas uma assistente invisível, alguém que só conseguiu progredir porque Clarice sempre lhe deu suporte. Como ela ousaria aceitar um pedido de desculpas de Clarice? — Antes eu era apenas “Dra. Clarice” aqui, e continuarei sendo. Só você sabe da verdade, e deve continuar assim. Não conte isso a ninguém! — Clarice sorriu levemente. — E nada de me chamar de Sra. Davis. Continue me chamando de Dra. Clarice! Para ela, o título de “Sra. Davis” era apenas um rótulo. Não tinha nenhuma importância especial. Lilian, ainda atordoada, assentiu mecanicamente. — Certo! Ela não conseguia evitar o pensamento de que todos no escritório sempre bajulavam Teresa, acreditando que ela seria a futura esposa do chefe. Mas, na verdade, a verdadeira esposa de Sterling estava ali o tempo todo, bem ao lado deles. Lilian achava incrível como Clarice conseguia manter esse segredo por tanto tempo. Se fosse qualquer outra pessoa, já t