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CAPÍTULO 5

Author: Jade de Acácia
No instante em que seus olhares se cruzaram, as pupilas de Henrique se contraíram de repente. Em pânico, soltou a mão que segurava, deixando Cecília ali, estagnada, sem entender nada.

Ela olhou para trás, confusa. Os três tinham expressões completamente diferentes no olhar.

Moana fixava os olhos em sua barriga, e, aos poucos, seu olhar foi escurecendo.

Três anos de casamento. Tantas vezes sonhando com a chegada de uma criança no pequeno mundo dos dois, tantas tentativas, tantos remédios... e nada.

E agora, Cecília... estava grávida mesmo?

Moana deu alguns passos para ela. Mas parecia caminhar mil quilômetros até chegar.

Antes que pudesse dizer algo, Cecília se ajoelhou de repente. Chorava como uma flor à beira da chuva, linda e miserável.

— Moana... me perdoa. Eu o amo de verdade.

— Esse bebê é tudo o que tenho. É a minha vida. Por favor, deixa eu tê-lo. Eu imploro!

Ela terminou de falar e já começou a bater a cabeça no chão. A cena atraiu olhares de todos ao redor.

Moana fingiu ignorar, embora soubesse de tudo.

— Você tá grávida? De quem?

Ao ouvir a pergunta, Cecília congelou, levantando os olhos em direção a Henrique com o rosto cheio de mágoa.

Mas naquele momento, ele já estava completamente perdido.

Moana olhou para ele com frieza.

— É seu?

Os lábios úmidos e suaves diziam palavras geladas, como se cada sílaba drenasse sua energia.

— Claro que não! Como poderia ser meu? Você tá entendendo errado, Moana!

Henrique tentou se explicar, aflito.

— Eu só tava passando e vi Cecília aqui sozinha. Resolvi ajudar. Só descobri agora que ela veio fazer exame pré-natal!

— Ah, foi coincidência, então? — Moana não o desmentiu. Apenas ficou olhando enquanto o rosto de Cecília passava do rubor ao cinza de pura fúria.

— Isso, isso mesmo. Coincidência! — Henrique então abraçou Moana pela cintura, olhando-a com ternura.

— Não pedi pra você esperar na sala de repouso? Por que veio aqui? Você sabe como hospital é sujo, cheio de gente doente...

A mesma mão que abraçava Cecília, agora envolvia sua cintura.

Moana sentiu nojo, mas não afastou.

Ela queria ver o rosto de Cecília se contorcer de humilhação.

Aquela mistura de raiva, inveja e frustração...

Durante tantas noites, Moana se perdeu em angústia, sufocada dentro daquela relação.

Agora, ver Cecília grávida de um filho dos Teves e não ser aceita, sentiu-lhe um gosto estranho na garganta, era vingança.

— Eu te ajudei por oito anos pra você estudar. E você usa meu dinheiro pra se humilhar desse jeito?

Foi a primeira vez que Moana mostrou com tanta frieza.

Até as palavras que direcionou a Henrique estavam carregadas de desprezo.

— Uma pessoa assim... ainda merece apoio?

— Se ela mesma escolheu se rebaixar, então que pare de receber qualquer ajuda. Seja o dinheiro vindo de mim ou de você, ainda assim é dinheiro da nossa família.

— Uma mulher como essa não é digna.

As palavras cruéis rasgaram Cecília por dentro. Mas diante de Henrique, ela teve que engolir em seco.

Com os olhos vermelhos e as mãos tremendo, ela olhou com esperança para o homem ao lado. O pai do seu filho.

Mas Henrique... ficou calado.

Apenas começou falar para Moana com doçura:

— Eu te prometo. Fica calma, tá? Não fica brava.

E, dizendo isso, acariciou os seus cabelos e selou um beijo cheio de afeto.

No instante em que os lábios tocaram, Moana quase vomitou.

O nojo revirava seu estômago. Mas ali, diante de Cecília, ela suportou.

Que tipo de homem é capaz de abraçar a amante num segundo e beijar a esposa no outro?

Moana, de repente, sentiu um pavor profundo.

Talvez... ela nunca tenha conhecido Henrique de verdade, nunca.

— Cecília, se a Moana falou, então é isso. Não vou mais me meter. Cuide-se. — Henrique encerrou o assunto e levou Moana para a ala de andrologia.

Mas quem apareceu no caminho... foi Hugo Moreira.

Vestindo um terno preto, o rosto impassível como sempre.

Hugo também não esperava encontrar Henrique ali. Seus olhos pararam, por fim, em Moana.

— Você... veio consultar com o urologista?

— Sim, que coincidência, tio Hugo... o senhor também veio ver o urologista? — Henrique não percebeu nada de estranho e sorriu, tentando agradar.

Mas, no instante seguinte, o homem de feições austeras finalmente esboçou uma reação, havia um leve rubor nas bochechas.

— Inflamação.

Moana franziu levemente o cenho, quase sem perceber.

Ela olhou para os ombros largos do homem, aquele porte forte em forma de V... e, sem querer, corou.

Henrique, experiente no assunto, não perdeu a chance.

Abaixou a voz, se inclinando para perto:

— Tio Hugo... ficar muito tempo se segurando faz mal pra saúde. Se quiser, eu posso te...

— Cai fora.

Todos na família sabiam que Hugo desprezava mulheres.

Henrique, tentando ser atencioso, acabou só irritando.

Logo chamaram Henrique para o exame. Quando ele entrou, Moana finalmente soltou um suspiro.

O enjoo preso no peito quase a fez desmaiar.

Um vento frio soprava pelo corredor do hospital.

Os olhos de Moana estavam avermelhados, brilhando com umidade contida.

Ela acabara de se virar, querendo ir ao banheiro, quando viu Hugo se aproximando, passo a passo.

Ele ainda estava ali?

Antes que dissesse algo, ele a puxou bruscamente para a saída de emergência.

No vão escuro da escada, sua respiração estava curta. O peito apertado, um pressentimento incômodo começava a crescer.

— Tio... o que foi agora? — Ela perguntou, mordendo os lábios.

Hugo não respondeu. Com uma das mãos, segurou seu queixo, forçando-a a olhar nos olhos dele.

Seus olhares se cruzaram, tão próximos que podiam sentir a respiração um do outro.

— Você quer tanto assim ter um filho dos Teves?

Já tinha ouvido falar que, em três anos de casamento, Moana não havia tido filhos.

Antes, ao ver Henrique com outra, Hugo achou que era só falta de amor.

Mas mesmo assim, essa mulher ainda insistia em acompanhá-lo, até mesmo para fazer exame?

As intenções estavam mais do que claras.

— Senhorita Moana, acho que preciso te lembrar de uma coisa.

— Na família Teves, existem dois tipos de pessoa. Quem é da família. E quem não é.

Seu nariz reto, a pele fria, a mão grande e branca deslizando até o pescoço delicado dela...

Se quisesse, bastava um aperto. Ela quebraria como uma boneca.

— Não importa qual seja sua intenção. Esta é minha última advertência.

— Tentar manipular a família Teves... vai te destruir.

Com essa frase. Toda a paciência de Hugo, esgotada.

Moana não queria o filho dos Teves por status. Ela apenas lembrava que, no exame pré-nupcial, o médico havia sido direto, Henrique sofria de oligospermia.

Para não ferir Henrique, para proteger o orgulho dele, Moana ficou em silêncio todos esses anos.

Mesmo quando a velha senhora a humilhava, nunca explicou.

Por isso, desde a primeira vez que Cecília lhe contou sobre a gravidez, Moana passou a duvidar da origem daquela criança.

Depois de Henrique ter acabado o exame, já era quase meio-dia.

Talvez tentando aliviar a culpa, Henrique fez algo impensável, disse que queria voltar pra casa e cozinhar algo especial pra Moana.

Ele ainda falava com aquela voz carinhosa, tocava com gentileza.

Antes, se o todo-poderoso presidente Henrique resolvesse ir pra cozinha, Moana ficaria com os olhos marejados de emoção.

Mas hoje, ela não sentia mais nada.
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