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Capítulo 6

Ela estava tonta, com estrelas nos olhos, ouvindo alguém ansioso dizer:

- O que está acontecendo com vocês? Como foi possível esse erro! Esther, Esther...

À medida que a voz se afastava, Esther desmaiou.

Ao acordar novamente, Esther estava no hospital, olhando para o teto branco, ainda tonta, com uma dor de cabeça intensa.

- Esther, você acordou! - Fernanda se levantou com os olhos vermelhos da cadeira, preocupada, perguntando sobre sua condição. - Você está se sentindo mal em algum lugar? Preciso chamar o médico.

Esther olhou para ela, mesmo estando fraca, ainda se sentou instintivamente:

- Estou bem, e como está a situação no canteiro de obras? Alguém mais se machucou?

Fernanda disse:

- Não se preocupe com o que está acontecendo no canteiro agora. Você teve uma concussão, me assustou muito, pensei que você não fosse acordar.

Ela começou a chorar novamente.

Fernanda era sua assistente que sempre a acompanhava e Esther cuidava muito dela.

Ela era jovem e nunca tinha enfrentado uma situação de emergência como essa, estava assustada.

- Mas eu já acordei, não é? Não se preocupe tanto. - Esther tentou confortar ela. Ela tocou sua testa, que estava enrolada em gaze branca, ainda sentindo muita dor. Esther franziu a testa e perguntou. - Não há problemas no canteiro de obras, certo?

Ela estava com medo de que esse acidente repentino atrasasse a construção.

- Não há problema, Esther. Você está tão gravemente ferida e ainda se preocupa com o canteiro, você sempre trabalha tanto e ainda se preocupa conosco. Se deite e descanse logo! - Fernanda estava se sentindo culpada, se não fosse por ela pressionar Esther, isso não teria acontecido, e ela não queria relatar o trabalho para Esther.

Esther estava acostumada com isso.

Parecia que ao longo desses anos, ela tinha sido uma máquina de trabalho, pensando nos outros, cuidando dos assuntos gerais para o conforto de Marcelo. Subconscientemente, ela se preocupava mais com o trabalho.

Além disso, ela ainda devia milhões para a família Mendes, não conseguia ficar em paz consigo mesma.

Do lado de fora, se ouviu vozes excitadas, como fãs encontrando uma grande estrela.

- Meu Deus, aquela cantora também está neste hospital?

- Sim, eu a vi agora mesmo, Sofia, a grande estrela, é a minha primeira vez tão perto dela!

- Ela está ferida? É grave? - Elas perguntaram preocupadas.

- Deixem ela passar, todos saiam do caminho! - Um grupo de seguranças abriu caminho, bloqueando todos os curiosos do lado de fora, evitando que fossem fotografados ou vistos.

Gradualmente, essas vozes desapareceram dos ouvidos de Esther. Mas ainda assim chamou sua atenção.

Porque ela viu a alta figura de Marcelo, protegendo Sofia ao seu lado. Sofia estava ao lado dele como uma joia preciosa, com a cabeça baixa, olhos vermelhos e o rosto pálido, parecia muito fraca.

Sua aparição causou um alvoroço, com os seguranças abrindo caminho, mas logo tudo voltou ao normal.

Eles estavam ali ao lado do quarto dela.

Ao lado estava a sala de emergência.

- Não é o Sr. Marcelo? - Fernanda ficou surpresa, mais do que qualquer outra pessoa.

Ela passou a manhã inteira procurando por Marcelo, mas não o viu em lugar algum. E agora, de repente, o encontrou no hospital, acompanhando a estrela cantora Sofia.

Isso a deixou um pouco intrigada.

Fernanda continuou:

- O Sr. Marcelo nunca falta em coisas importantes, mas parece que para acompanhar a Sofia ele nem atende telefone. Será que estão juntos? Não é de se admirar que no dia em que Sofia veio à empresa, ela nem precisou cumprimentar ninguém. É um privilégio dado pelo Sr. Marcelo. Esther, será que o Sr. Marcelo não é como foi reportado nas notícias, aquele noivo que a apoia silenciosamente nos bastidores?

Esther apertou as mãos com força, os nós dos dedos ficaram brancos, seu coração doía intensamente.

Ela olhou para Fernanda, sem querer que percebessem a intensidade de suas emoções à beira do colapso, e falou friamente:

- Você pode sair agora, estou precisando de um descanso.

- Tudo bem, Esther, descanse bem. - Fernanda não se atreveu a especular mais e saiu do quarto.

Esther se deitou na cama do hospital, pensando se Marcelo havia vindo ver ela quando ela estava doente e internada.

Parecia que não.

Enquanto Sofia o fazia se preocupar por qualquer motivo bobo.

Ignorando as especulações dos outros, ele a levou para o hospital e até organizou uma escolta para ela. Ele realmente a estava tratando com muita atenção.

Ao comparar, ela realmente estava em uma situação mais difícil.

Ela olhou para o celular, hesitou por um longo tempo e finalmente discou o número familiar.

Em pouco tempo, a ligação foi atendida do outro lado.

- Alô.

O som ecoou como se estivesse bem ao lado de Esther. Ela ficou sem saber o que dizer por um momento.

Marcelo, com uma voz um tanto impaciente, respondeu do outro lado da linha:

- Se for algo importante, fale logo. Estou ocupado.

Esther, olhando pela janela, viu ele franzindo a testa, como se essa ligação estivesse atrapalhando algo muito importante para ele. Afinal, a pessoa ferida era a amada dele, Sofia.

De repente, ela se arrependeu um pouco de ter feito essa ligação, mas mesmo assim não conseguiu se conter:

- Eu... Não estou me sentindo bem.

Ela viu ele cobrir o receptor, dando um olhar frio para o médico, como se estivesse culpando ele por ter machucado Sofia ao aplicar a medicação com muita força. Depois ele virou de lado e perguntou:

- O que você disse?

Esther tinha muitas coisas na ponta da língua, querendo fazer muitas perguntas. Por que ele tinha outra pessoa no coração e ainda assim se casou com ela? Por que se casou com ela e ainda ficava envolvido com outra mulher?

Mas depois de pensar um pouco, percebeu que perguntar demais não traria as respostas que ela queria.

- Não é nada.

- Esther, estou ocupado, se não for algo importante, não fique inventando desculpa.

Bip...

Ele desligou antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, voltando sua atenção para Sofia.

Os olhos de Esther ficaram úmidos, sentindo uma dor aguda no peito.

Raiva, tristeza, incredulidade...

Um turbilhão de emoções se espalhou dentro dela enquanto segurava firmemente o celular.

Era hora de acabar com isso.

Era hora de deixar ele livre.

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