Miguel permaneceu imóvel por um momento, franzindo a testa.- Nanda? O que você faz aqui?- A cunhada não voltou nos últimos dias, e os criados mencionaram que meu irmão tem estado de mau humor. Fiquei preocupada que algo pudesse acontecer com você, então decidi esperar aqui. - Nanda se levantou e, ao ver Miguel visivelmente embriagado, tentou estender a mão para ajudá-lo.Miguel gentilmente afastou a mão dela e se sentou no sofá, dizendo calmamente:- Não precisa vir aqui me esperar, sua saúde não está boa; você deveria descansar mais cedo.- Não me importo de fazer esse esforço. - Nanda, com um ar de uma pequena flor resiliente, se agachou e perguntou baixinho. - Irmão, por que a cunhada não volta para casa? Ela não quer mais você?Miguel franziu a testa, sem dizer uma palavra.- É por minha causa? - Nanda parecia culpada. - Se for por minha causa, estou disposta a ir buscar a cunhada de volta, contanto que isso possa te fazer feliz, farei qualquer coisa.Miguel permaneceu em silênci
Luiza subitamente sorriu.Miguel não conseguia entender sua expressão e perguntou:- Com esse acordo, você está satisfeita?Luiza balançou a cabeça, seu rosto limpo, calmo e resoluto:- Eu estive te dando chances o tempo todo, mas você não as aproveitou. Agora que desisti, você finalmente decide enfrentar esses problemas, mas preciso te dizer, Miguel, já é tarde demais.Desta vez, ela estava realmente decidida a se divorciar.Ela já tinha se magoado muitas vezes, não se atrevia a ter mais esperanças.Ninguém sabia o quanto ela tinha sofrido nas últimas duas semanas, as inúmeras noites de dor, rolando na cama, incapaz de dormir...Mas ela não disse essas palavras, porque os sentimentos eram pessoais, deixar alguém era aprender a se acostumar com a solidão, sozinha...Agora ela já estava começando a se acostumar, ficar ao lado do pai, ela se sentia feliz, não queria voltar para Quinta do Lago.Além disso, ela sentia que Nanda não seria tão obediente.Embora ela tivesse concordado em ir p
- Lulu, você está se divorciando do Miguel? - A voz do Sr. Souza soava surpresa.Ouvindo suas palavras, Luiza percebeu que Miguel havia conversado com a família Souza; provavelmente sua sogra também já estava informada.Luiza falou em tom baixo:- Vovô, eu e o Miguel não temos personalidades compatíveis, pensei que seria melhor nos separarmos para cada um encontrar sua própria felicidade.O Sr. Souza franziu a testa.- É por causa daquela confusão com a Bruna outro dia? Se for, eu a faço vir aqui e se desculpar ajoelhada...- Não é isso, vovô. - Interrompeu Luiza. - Nosso divórcio não é por causa daquela situação.- Então é por causa da Nanda? - O Sr. Souza também tinha visto aquela notícia recentemente, mas ele não podia fazer nada em relação à Nanda.O pai dela tinha sido um braço direito do seu filho antes de falecer. Após a morte de Zeca, foi Igor que trouxe suas cinzas de volta para o país.Eles, a família Souza, deviam muito a eles.Assim, o Sr. Souza só podia fechar um olho.-
Miguel seguiu ela.Luiza se surpreendeu.- Por que você veio atrás de mim?- Para te ajudar a encontrar.Luiza não disse nada e entrou no seu quarto junto dele.Miguel não visitava esse quarto havia muito tempo.Ele olhou para o teto, onde ficava o pequeno sótão secreto de Luiza. O quarto estava lindo, sem nenhuma mudança.Luiza revirava o quarto de cima a baixo, não encontrando a certidão de nascimento, coçou a cabeça.- Que estranho, eu me lembro de ter colocado os documentos aqui.- Não consegue encontrar os documentos? - Miguel se virou e perguntou.Luiza respondeu:- Não sei onde coloquei.Miguel de repente sorriu, raramente fazendo uma piada:- Será que não é porque você não quer se separar e escondeu de propósito?O rosto de Luiza endureceu.- Impossível, deve estar com meu pai. Vou procurar no quarto dele.Ela disse e saiu correndo; após alguns passos, de repente se lembrou do bebê em sua barriga e diminuiu o passo, entrando no quarto de Bryan.Finalmente, encontrou os documen
Ele achava que ela ainda estava zangada.Luiza sorriu e disse:- Miguel, eu já não estou mais zangada; chegou o momento de deixar para trás. Sinto apenas alívio, não raiva.Miguel estremeceu.Luiza continuou:- Que seja uma boa despedida, sem olhar para trás.Nos seus olhos profundos, parecia surgir uma fissura, e demorou muito até que ele finalmente falasse:- Você realmente não se arrepende?- Não me arrependo.Miguel finalmente a soltou suavemente.Luiza recuperou a liberdade dos braços e das pernas, respirando levemente.Eles partiram para o cartório.Hoje, Eduardo não veio junto; foi Miguel quem dirigiu.Luiza sentou no banco do passageiro, olhando pela janela, em silêncio.Uma hora depois, o carro parou na entrada do cartório.Luiza voltou a si e olhou para Miguel:- Miguel, chegamos ao cartório.Miguel ficou sentado no carro por um momento antes de responder:- Estou ciente.Ele desceu do carro.Falando nisso, essa era a segunda vez que Luiza vinha ao cartório.Da última vez, fo
Talvez por ter se acostumado a se impor sobre ela desde o início, ela sempre obedecia; assim, ele se habituou a resolver problemas dessa maneira.Mas agora, ele finalmente percebeu que ela detestava ser tratada como uma criança ou como sua propriedade.- Deixe para lá, já passou, vamos voltar, talvez seja a nossa vez. - Luiza o chamou de volta.Ela estava em pé diante de um prédio branco, o sol batendo em seu rosto; e nesse instante, seu rosto parecia brilhar, bela de uma maneira quase surreal.Miguel ficou um pouco atordoado.Então, ele apagou o cigarro e voltou com ela para o cartório.O processo de divórcio foi tranquilo, não tinham filhos nem disputas, e em poucos minutos as formalidades estavam concluídas.Ao sair do cartório, Miguel olhou para ela e perguntou:- Que tal um almoço de despedida?Luiza pensou por um momento, achou que era uma boa ideia e acenou com a cabeça:- Sim.Ele havia deixado para ela o Grupo Medeiros e os Jardins da Serra, avaliados em alguns bilhões, uma ge
Nanda disse suavemente:- Irmão, preciso ir ao hospital fazer um exame hoje e estou um pouco assustada. Você pode me acompanhar?Luiza, que estava bem perto, ouviu claramente as palavras de Nanda e sorriu de canto.Sabia que Nanda não ficaria quieta.Hoje era o dia em que eles registrariam o divórcio, e Nanda certamente estava ansiosa, querendo saber se já estavam divorciados.Miguel falou calmamente:- Pedi para o Eduardo te acompanhar.- Irmão, você não vai vir?- Tenho compromissos.- Irmão, hoje é o dia em que você vai ao cartório se divorciar da cunhada? - Como esperado, Nanda ainda fez a pergunta.Miguel apertou os lábios finos e disse em tom baixo:- Sim, já registrei.Ao ouvir essa frase, Nanda claramente engoliu em seco do outro lado.Luiza achava que Nanda deveria estar feliz agora, mas o que ela disse foi de autoreprovação:- Irmão, foi por minha causa? Desculpe, eu causei seu divórcio com a cunhada...- Chega, não vamos falar mais sobre isso. - Miguel parecia não querer ouv
Ela começou a sentir os enjoos da gravidez.Após enxaguar a boca, se olhou no espelho e notou que havia engordado bastante, com o rosto mais redondo.Descendo as escadas em seu suéter folgado, ouviu vozes vindas da sala de jantar.Uma era a voz de Bryan, a outra, muito parecida com a de Theo?Theozinho?Luiza entrou na sala de jantar, onde Bryan e Theo conversavam à mesa.- Então você é o filho da Jaqueline. - Disse Bryan, olhando para o Theo, emocionado.Jaqueline Neves também havia sido uma de suas sócias no início, dentre sete pessoas, apenas Jaqueline era mulher, e ela era amiga íntima da mãe de Luiza, Fabiana.Bryan refletiu sobre quão pequeno o mundo parecia, depois de tantos anos, encontrar o filho de Jaqueline, Theo.Bryan perguntou:- Então você está morando com seu pai, Dario?- Sim, após a morte da minha mãe, fiquei sozinho e acabei indo morar com meu pai. - Respondeu Theo calmamente, com um olhar melancólico.Bryan sentiu uma pontada de pena por ele.Ele tinha ouvido falar
— Vovó? — Luiza estava confusa. Como assim, agora estava incluída também? Melissa disse: — O Felipinho vai sair. Você não vai com ele? Ela ainda não tinha concordado, mas a vovó já havia planejado tudo. Quando ia responder, Melissa continuou: — Vai lá, desde que você chegou ao País R, fica em casa o tempo todo. O Felipinho também não sai. Estou com medo de que ele fique entediado. De repente, Felipinho fez um sinal de "V" com os dedos e disse docemente: — Obrigado, bisavó. Melissa sorriu e disse: — Felipinho, se divirta hoje. — Claro! — Felipinho assentiu repetidamente. Vendo essa cena, Luiza não conseguiu mais recusar. O garoto estava tão feliz que, se ela dissesse que não iria, ele provavelmente começaria a chorar ali mesmo. Bem, ela decidiu realizar o desejo de Felipinho de saírem juntos. Depois do almoço, Melissa insistiu em preparar pessoalmente alguns lanches e frutas para Felipinho levar. Os demais aguardavam na sala de estar tomando café. Foi então
Melissa assentiu.— Mas um chef assim não deveria ter grandes ambições? Ele realmente não quer fama e fortuna e está disposto a ser o chef particular de vocês?— No começo, ele também não queria, mas eu apoio o desenvolvimento de novos pratos dele e prometi que o ajudaria a abrir um restaurante, a expandir sua reputação. Só assim ele aceitou trabalhar como nosso chef particular, para ter mais tempo para criar novos pratos.Ao ouvir isso, Luiza finalmente entendeu que o chef da Mansão Jardim tinha uma história importante por trás. Ela nunca havia perguntado antes; só achava que a comida dele era deliciosa. Mas, pelo visto, Miguel tinha feito várias promessas a ele.— Você foi muito atencioso. — Melissa sorriu.Miguel disse:— Se a senhora gostar da comida, posso pedir para o chef vir todos os dias e preparar as três refeições para vocês. Qualquer outra necessidade que tiver, é só me dizer; se estiver ao meu alcance, farei de tudo para atender.Ele estava tentando agradar Melissa.Meliss
Nos últimos anos, com a presença de Felipinho, ela se tornou muito mais alegre e deixou de se prender àquelas emoções negativas......No dia seguinte.Luiza acordou cedo, olhou para o lado e viu que seu filho ainda estava dormindo. Ela sorriu, ajeitou o cobertor sobre ele e desceu as escadas.Assim que chegou ao andar de baixo, ouviu alguém conversando com Melissa.— Por que veio tão cedo? — Perguntou Melissa.— Prometi ao Felipinho que viria vê-lo hoje. — Respondeu Miguel, educadamente.Luiza olhou para o relógio; ainda eram pouco mais de sete, quase oito horas. Ele realmente tinha vindo bem cedo.— Você chegou muito cedo. — Comentou Melissa com um sorriso elegante. — E ainda trouxe tantas coisas.— Trouxe um café da manhã com sabores da culinária baiana. Quis trazer para vocês experimentarem. — Disse Miguel em um tom suave.— Culinária baiana? — Melissa pensou e logo entendeu, sorrindo. — É o que a Luiza gosta, não é?— Sim. — Miguel confirmou, sem hesitar. — O chef só conseguiu che
Felipinho disse:— Eu quero fazer xixi.— Então vai logo. — Luiza o incentivou, aproveitando a chance para mandar Miguel embora.Felipinho não pensou muito e foi ao banheiro.Luiza se virou para Miguel e disse:— É melhor você ir embora.— Luiza.Miguel se levantou e tentou segurar a mão dela, mas Luiza se esquivou, dizendo em tom abafado:— Não quero falar com você, vá embora.Miguel apertou os lábios finos.— Certo, eu volto amanhã para ver vocês.Luiza ficou surpresa. Ele voltaria amanhã?Quando ela ia pedir para ele não vir, ele já tinha se virado e saído. Luiza ficou frustrada, suspirou e entrou no banheiro.Felipinho já havia terminado de fazer xixi e, enquanto subia as calças, disse:— Mamãe, já está tão tarde, deixa o papai dormir aqui hoje?Luiza percebeu imediatamente o que ele estava tentando, então respondeu:— Ele já foi embora.— O quê? O papai já foi?Felipinho não acreditou. Correu com suas perninhas curtas até a sala para conferir, e viu que o pai realmente havia saído
Ela mordeu a língua dele?Luiza ficou surpresa e quis se levantar para olhar, mas ele mais uma vez capturou seus lábios.Na penumbra, o beijo dele era ardente e envolvente, com um sabor metálico de sangue.Luiza tentou se afastar, mas não conseguia.O ar em seu peito parecia estar sendo sugado aos poucos, e ela sentiu que não conseguia respirar, soltando um gemido suave.Miguel hesitou por um momento, sua respiração ficando mais pesada, como se quisesse engoli-la por inteiro.— Miguel... — Ela sentiu algo estranho e ficou com um pouco de medo, tentando empurrá-lo.Miguel respirava profundamente, o ar quente caindo em seu pescoço, e ele murmurou com a voz rouca:— Lulu, me chame de marido...— Nem sonhando. — Ela recusou, começando a se contorcer para se afastar dele.Mas quanto mais se mexia, mais perigosa a situação ficava; ela se debatia sobre ele, e como ele poderia suportar aquilo? Levantou a mão e, por cima da roupa, a tocou firmemente.Luiza levou um susto.Nesse momento, um som
A camisa preta foi tirada e, de fato, havia algumas marcas vermelhas nas costas dele. Luiza ficou um pouco aborrecida: — Você não devia ter me puxado antes. — Quem mandou você não me ouvir? — Acho que já conversamos o suficiente sobre isso. — Luiza suspirou. Miguel a olhou profundamente: — Como assim, já conversamos o suficiente? Sobre o assunto do nosso filho, ainda não terminamos. Luiza ficou surpresa e olhou para Miguel: — O assunto do nosso filho? O que mais tem para falar? Vai querer disputar a guarda do Felipinho comigo? A atitude dela se agitou imediatamente. Miguel, receoso de que ela perdesse o controle novamente, segurou sua mão e disse: — Não é isso o que eu quero dizer. Só quero conversar sobre o Felipinho. — O que você quer conversar? — Ela desviou o olhar, mantendo a cabeça baixa. Miguel continuou: — Você ouviu o que o Felipinho disse antes? Ele quer que a gente fique junto. Na verdade, ele tem medo de não ter pai e mãe. Luiza sabia disso e a
Felipinho ficou surpreso e virou a cabeça para olhar para ela enquanto estava na água.— Mamãe, o papai não disse agora há pouco que vocês não vão se divorciar mais?— Eu não concordei com nada disso. — Luiza respondeu seriamente.Felipinho fez uma cara triste.— Então quer dizer que você ainda vai se casar com outro tio e não vai mais querer o Felipinho?Luiza ficou surpresa, acariciou a cabeça dele e respondeu:— Que besteira é essa que você está pensando? Você é meu filho, eu sempre vou amar você e querer você. Como eu não iria querer você?— As pessoas dizem que, quando a gente ganha uma madrasta, também ganha um padrasto. Então, ao contrário, é a mesma coisa: quando a gente ganha um padrasto, também ganha uma madrasta. Casal bom é o casal original.Luiza sentiu que Felipinho tinha um monte de ideias erradas.Felipinho se aproximou dela e acrescentou mais uma coisa, como se quisesse que ela concordasse com ele.— Então, mamãe, casal bom é o casal original.Luiza ficou sem palavras.
Luiza franziu a testa, achando que Miguel estava confundindo o filho, e lançou a ele um olhar repreensivo antes de dizer para Felipinho: — Não é nada disso. O papai e a mamãe só estavam conversando sobre algumas coisas.— Conversando sobre o quê? É sobre voltar a casar? — Voltar a casar? — Miguel captou a palavra e perguntou. — Como você sabe essa palavra? Quem te ensinou? — Foi a Maria que me falou. Ela disse que, quando marido e mulher brigam, eles se divorciam, e quando fazem as pazes, eles voltam a casar.Luiza estava prestes a explicar o que significava divórcio, mas Miguel foi mais rápido e perguntou ao Felipinho: — Você quer muito que o papai e a mamãe voltem a casar? — Claro que sim. — Felipinho assentiu com a cabecinha e respondeu seriamente. — Senão, se o papai casar com outra pessoa e a mamãe se casar com outro, vocês vão me abandonar. Ao ouvir isso, os dois ficaram surpresos. Luiza finalmente entendeu por que Felipinho sempre queria que eles fizessem as pazes;
— O Elias veio ao aniversário da Maria, é uma coisa boa, todo mundo está feliz. Por que você está tão explosivo, parecendo um barril de pólvora? — Miguel retrucou sem rodeios.O rosto de Francisco se fechou:— Isso é problema seu?— E eu sentir ciúmes é problema seu? — Miguel rebateu, com seu rosto bonito e calmo.Bem nesse momento, o bolo chegou até eles. Maria estendeu um pedaço para Francisco:— Papai, coma o bolo.O bolo tinha sido trazido pelo próprio Elias, que o colocou diretamente nas mãos de Francisco.Miguel riu de novo:— Viu? Até o papel de pai está sendo assumido por outro homem.Francisco respondeu:— É porque eu desprezo fazer esse tipo de coisa.— Despreza fazer? Ou é porque nem tem chance de fazer? — Miguel o provocou, com um sorriso cheio de intenções.O rosto de Francisco ficou sombrio.Miguel disse:— Não diga que eu não avisei: como homem, esperar que a mulher venha rastejando para te agradar é impossível.Francisco ironizou:— Você se orgulha de se rebaixar assim?