Quando Luiza acordou, Miguel tinha acabado de sair do quintal.Ela ouviu um barulho e se dirigiu à pequena sacada.Miguel, sentindo seu olhar, levantou os olhos para ela e, sem dizer nada, entrou no carro e partiu.O coração de Luiza se apertou, sem entender o motivo, e ela se sentiu angustiada.Ele partiu assim, sem nem sequer proferir uma palavra.Nos três dias seguintes, Miguel não ligou nem uma vez para ela, parecia que haviam iniciado uma guerra fria, sem qualquer contato entre eles.Luiza visitava o pai no hospital todos os dias.O estado de saúde do pai não era bom nem ruim, mas sim uma miocardite que causava palpitações e fraqueza, necessitando de cuidados adicionais.Naquele dia, depois de visitar o pai, ela estava prestes a voltar para casa quando encontrou Clara no primeiro andar do hospital.Parecia que ela estava prestes a receber alta.Contando o tempo, havia uma semana desde seu aborto.Luiza viu ela e seu rosto permaneceu inexpressivo.Clara ainda tinha o ar frágil e do
As pupilas de Luiza tremiam ligeiramente.Clara sorria como uma flor.- No começo, eu estava com ciúmes de você, agora não sinto mais nada. Afinal, no fim, você não passa de um saco de sangue e, quando Nanda acordar, você não terá mais valor algum.- Não tente provocar problemas entre mim e o Miguel; eu não acredito em uma palavra do que você diz. - Disse Luiza friamente, descrente das palavras de Clara.Clara retrucou:- É mesmo? Então você se lembra de quando o Miguel começou a ser bom com você? Foi depois do casamento, no dia em que você se machucou e foi hospitalizada. Ele descobriu seu tipo sanguíneo e, então, começou a ser bom com você?As palavras de Clara fizeram Luiza se recordar involuntariamente do passado.Nos primeiros seis meses após o casamento, Miguel realmente se mostrava indiferente a ela e quase não ficava em casa.Certa vez, enquanto ajudava a acender as luzes na casa ancestral, ela caiu de um lugar alto, ficando inconsciente.Miguel a levou para o hospital e, quand
Ela... Era a pessoa que o Miguel estava tentando salvar? Então, Clara não era seu primeiro amor? Ela era? Luiza ficou parada no quarto de Nanda... Mais tarde, ela teve um sonho estranho. No sonho, ela e Nanda estavam em perigo, e o Miguel só podia salvar uma pessoa. Luiza viu Miguel salvar Nanda... Ela foi deixada no sonho, afundando na água, desaparecendo... Luiza acordou assustada, com suor frio nas costas, respirando pesadamente.No dia seguinte, durante o café da manhã, ela involuntariamente lembrou da aparência daquela mulher.Lívia serviu leite para ela.Luiza a olhou por um momento e perguntou: - Lívia, eu vi uma mansão rosa ao lado, para que serve aquela mansão?Lívia era encarregada da limpeza, ela certamente saberia quem morava naquela mansão antes.Ao ouvir isso, Lívia parou de servir o leite, olhou nervosamente para Luiza e disse: - Sra. Luiza, a senhora já foi até aquela mansão?Luiza balançou a cabeça. - Não, eu só vi do terraço lá em cima, estou curiosa sobre o
Luiza se aproximou dela. Ela... Era realmente a mulher da foto. Luiza olhou para o nome do paciente na cabeceira da cama, estava escrito "Nanda Menezes". Naquele momento, o coração de Luiza afundou como se estivesse caindo em um abismo, ecoando surdamente. Tudo era verdade. Havia realmente uma garota chamada Nanda.A mansão rosa ao lado da Quinta do Lago era onde ela costumava morar. E Miguel estava dando tantos favores a Clara apenas para salvar essa garota... Não era de se admirar que ele nunca mencionasse o que faria com o filho da Clara.Ele estava salvando essa garota, como poderia contar a ela? Se ela soubesse que ele tinha uma garota assim em seu coração, como ela poderia continuar a ser teimosa e apaixonada?Enquanto estava absorta, a porta do quarto foi empurrada.Yago entrou, viu Luiza parada ao lado da cama, e ficou surpreso por um momento.- Cunhada...Luiza virou a cabeça e, ao ver a expressão dela depois de descobrir a verdade, não havia choque, mas decepção e con
Ele mudou de repente com ela porque o sangue dela podia ser doado para Nanda? Após sair do hospital, ela foi até a beira do lago e se sentou em um banco de pedra. Com o olhar baixo, em suas mãos estava a pulseira de diamantes rosa que Miguel lhe deu, ao pensar que o rosa era a cor favorita de Nanda, ela tentou a tirar.Mas não conseguia de jeito nenhum! Ela tentou puxar por um bom tempo, machucando o pulso até sangrar, antes de desistir de tentar tirar a pulseira, abraçando os joelhos e chorando com o rosto enterrado no vestido... Não sabia quanto tempo havia se passado, o céu gradualmente escureceu e o celular tocou. Era Miguel ligando. Ele tinha ido para a América por cinco dias e finalmente se lembrou de ligar para ela. Luiza olhou para o celular por um longo tempo, finalmente, pressionou o botão para atender.- Onde está você? - Miguel acabou de voltar para Quinta do Lago e não viu Luiza, então ligou para ela.Luiza ficou em silêncio por um momento e sussurrou: - Eu a vi.-
Luiza estava confusa e atordoada, sentada à beira do lago até a noite, só então começou a caminhar de volta. Em sua mente, se repetia incessantemente a cena de um ano atrás, quando Miguel trouxe leite para ela. Assim que se virou, o rosto de Miguel escureceu, e Luiza desmaiou. Miguel, com um rosto frio, instruiu os profissionais de saúde: “- Tirem o sangue dela.” Quanto mais ela pensava, mais angustiada se sentia, uma dor incontrolável tomava conta dela, ela odiava Miguel...- Luiza? - Uma voz familiar veio da rua. Luiza virou a cabeça e viu o rosto de Theo saindo pela janela do carro, bonito e preocupado. Luiza olhou para ele, seus olhos estavam úmidos. Ela parecia prestes a chorar. Theo desceu do carro, viu as marcas vermelhas na pele de Luiza, como picadas de mosquito, e os pulsos com algumas marcas de sangue por causa da pulseira de diamantes rosa que ela usava.- O que aconteceu com você? - Theo perguntou. Luiza abriu a boca para falar, mas uma sensação azeda a impediu de
Luiza se sentiu emocionada, mesmo que negasse. Seus amigos se lembravam das suas preferências, saíam para jantar e ainda se preocupavam com ela. Naturalmente, ela ficou tocada.- Porém, depois de passar alguns meses em Valenciana do Rio, só encontrei este restaurante delicioso. Você morou em Valenciana do Rio por tantos anos, tem algum restaurante bom para recomendar? - Theo tentou mudar o humor dela.Mas Luiza não estava com vontade de falar, apenas respondeu vagamente: - Sr. Theo, hoje eu não estou com vontade de conversar. Pode esperar até depois? Eu vou organizar a lista de restaurantes e te enviar?- Claro. - Theo concordou prontamente. - Depois de voltar para casa naquele dia, Miguel não teve problemas com você, né?Luiza balançou a cabeça. - Não.Era apenas um silencioso impasse, ele não a tratou mal.Do outro lado.Miguel foi para o Jardins da Serra. Não havia ninguém no Jardins da Serra.Miguel franziu o cenho e saiu da mansão, instruindo Eduardo: - Descubra onde está a S
Luiza deu uma pausa, seus olhos estavam vermelhos. Ele sabia exatamente pelo que ela estava zangada, mas ele não mencionou nada, só a acusou injustamente. Cinco dias. Cinco dias sem falar. Quando ele voltou, sem pedir desculpas nem explicar, só a culpou.O coração de Luiza estava gelado até o extremo, ela ficou teimosa e gritou para ele: - Eu não te chamei para me buscar, você não precisava vir, eu nem mesmo queria te ver!O rosto de Miguel ficou sombrio. - Eu que estou sendo idiota?- Exatamente! Você está sendo idiota. Quem mandou você vir? Saia logo daqui!Depois de o xingar, ela se virou e foi embora.O rosto de Miguel ficou frio até o limite. Eduardo estava parado ao lado, sem dizer uma palavra, quem já viu o Sr. Miguel sendo mandado embora assim? Mesmo o todo-poderoso Sr. Souza da família Souza nunca disse coisas tão pesadas para o Sr. Miguel. O temperamento da Sra. Luiza... Quando ela ficava assim, era como se dez bois não conseguissem a controlar.Luiza estava com os ol
Nos últimos anos, com a presença de Felipinho, ela se tornou muito mais alegre e deixou de se prender àquelas emoções negativas......No dia seguinte.Luiza acordou cedo, olhou para o lado e viu que seu filho ainda estava dormindo. Ela sorriu, ajeitou o cobertor sobre ele e desceu as escadas.Assim que chegou ao andar de baixo, ouviu alguém conversando com Melissa.— Por que veio tão cedo? — Perguntou Melissa.— Prometi ao Felipinho que viria vê-lo hoje. — Respondeu Miguel, educadamente.Luiza olhou para o relógio; ainda eram pouco mais de sete, quase oito horas. Ele realmente tinha vindo bem cedo.— Você chegou muito cedo. — Comentou Melissa com um sorriso elegante. — E ainda trouxe tantas coisas.— Trouxe um café da manhã com sabores da culinária baiana. Quis trazer para vocês experimentarem. — Disse Miguel em um tom suave.— Culinária baiana? — Melissa pensou e logo entendeu, sorrindo. — É o que a Luiza gosta, não é?— Sim. — Miguel confirmou, sem hesitar. — O chef só conseguiu che
Felipinho disse:— Eu quero fazer xixi.— Então vai logo. — Luiza o incentivou, aproveitando a chance para mandar Miguel embora.Felipinho não pensou muito e foi ao banheiro.Luiza se virou para Miguel e disse:— É melhor você ir embora.— Luiza.Miguel se levantou e tentou segurar a mão dela, mas Luiza se esquivou, dizendo em tom abafado:— Não quero falar com você, vá embora.Miguel apertou os lábios finos.— Certo, eu volto amanhã para ver vocês.Luiza ficou surpresa. Ele voltaria amanhã?Quando ela ia pedir para ele não vir, ele já tinha se virado e saído. Luiza ficou frustrada, suspirou e entrou no banheiro.Felipinho já havia terminado de fazer xixi e, enquanto subia as calças, disse:— Mamãe, já está tão tarde, deixa o papai dormir aqui hoje?Luiza percebeu imediatamente o que ele estava tentando, então respondeu:— Ele já foi embora.— O quê? O papai já foi?Felipinho não acreditou. Correu com suas perninhas curtas até a sala para conferir, e viu que o pai realmente havia saído
Ela mordeu a língua dele?Luiza ficou surpresa e quis se levantar para olhar, mas ele mais uma vez capturou seus lábios.Na penumbra, o beijo dele era ardente e envolvente, com um sabor metálico de sangue.Luiza tentou se afastar, mas não conseguia.O ar em seu peito parecia estar sendo sugado aos poucos, e ela sentiu que não conseguia respirar, soltando um gemido suave.Miguel hesitou por um momento, sua respiração ficando mais pesada, como se quisesse engoli-la por inteiro.— Miguel... — Ela sentiu algo estranho e ficou com um pouco de medo, tentando empurrá-lo.Miguel respirava profundamente, o ar quente caindo em seu pescoço, e ele murmurou com a voz rouca:— Lulu, me chame de marido...— Nem sonhando. — Ela recusou, começando a se contorcer para se afastar dele.Mas quanto mais se mexia, mais perigosa a situação ficava; ela se debatia sobre ele, e como ele poderia suportar aquilo? Levantou a mão e, por cima da roupa, a tocou firmemente.Luiza levou um susto.Nesse momento, um som
A camisa preta foi tirada e, de fato, havia algumas marcas vermelhas nas costas dele. Luiza ficou um pouco aborrecida: — Você não devia ter me puxado antes. — Quem mandou você não me ouvir? — Acho que já conversamos o suficiente sobre isso. — Luiza suspirou. Miguel a olhou profundamente: — Como assim, já conversamos o suficiente? Sobre o assunto do nosso filho, ainda não terminamos. Luiza ficou surpresa e olhou para Miguel: — O assunto do nosso filho? O que mais tem para falar? Vai querer disputar a guarda do Felipinho comigo? A atitude dela se agitou imediatamente. Miguel, receoso de que ela perdesse o controle novamente, segurou sua mão e disse: — Não é isso o que eu quero dizer. Só quero conversar sobre o Felipinho. — O que você quer conversar? — Ela desviou o olhar, mantendo a cabeça baixa. Miguel continuou: — Você ouviu o que o Felipinho disse antes? Ele quer que a gente fique junto. Na verdade, ele tem medo de não ter pai e mãe. Luiza sabia disso e a
Felipinho ficou surpreso e virou a cabeça para olhar para ela enquanto estava na água.— Mamãe, o papai não disse agora há pouco que vocês não vão se divorciar mais?— Eu não concordei com nada disso. — Luiza respondeu seriamente.Felipinho fez uma cara triste.— Então quer dizer que você ainda vai se casar com outro tio e não vai mais querer o Felipinho?Luiza ficou surpresa, acariciou a cabeça dele e respondeu:— Que besteira é essa que você está pensando? Você é meu filho, eu sempre vou amar você e querer você. Como eu não iria querer você?— As pessoas dizem que, quando a gente ganha uma madrasta, também ganha um padrasto. Então, ao contrário, é a mesma coisa: quando a gente ganha um padrasto, também ganha uma madrasta. Casal bom é o casal original.Luiza sentiu que Felipinho tinha um monte de ideias erradas.Felipinho se aproximou dela e acrescentou mais uma coisa, como se quisesse que ela concordasse com ele.— Então, mamãe, casal bom é o casal original.Luiza ficou sem palavras.
Luiza franziu a testa, achando que Miguel estava confundindo o filho, e lançou a ele um olhar repreensivo antes de dizer para Felipinho: — Não é nada disso. O papai e a mamãe só estavam conversando sobre algumas coisas.— Conversando sobre o quê? É sobre voltar a casar? — Voltar a casar? — Miguel captou a palavra e perguntou. — Como você sabe essa palavra? Quem te ensinou? — Foi a Maria que me falou. Ela disse que, quando marido e mulher brigam, eles se divorciam, e quando fazem as pazes, eles voltam a casar.Luiza estava prestes a explicar o que significava divórcio, mas Miguel foi mais rápido e perguntou ao Felipinho: — Você quer muito que o papai e a mamãe voltem a casar? — Claro que sim. — Felipinho assentiu com a cabecinha e respondeu seriamente. — Senão, se o papai casar com outra pessoa e a mamãe se casar com outro, vocês vão me abandonar. Ao ouvir isso, os dois ficaram surpresos. Luiza finalmente entendeu por que Felipinho sempre queria que eles fizessem as pazes;
— O Elias veio ao aniversário da Maria, é uma coisa boa, todo mundo está feliz. Por que você está tão explosivo, parecendo um barril de pólvora? — Miguel retrucou sem rodeios.O rosto de Francisco se fechou:— Isso é problema seu?— E eu sentir ciúmes é problema seu? — Miguel rebateu, com seu rosto bonito e calmo.Bem nesse momento, o bolo chegou até eles. Maria estendeu um pedaço para Francisco:— Papai, coma o bolo.O bolo tinha sido trazido pelo próprio Elias, que o colocou diretamente nas mãos de Francisco.Miguel riu de novo:— Viu? Até o papel de pai está sendo assumido por outro homem.Francisco respondeu:— É porque eu desprezo fazer esse tipo de coisa.— Despreza fazer? Ou é porque nem tem chance de fazer? — Miguel o provocou, com um sorriso cheio de intenções.O rosto de Francisco ficou sombrio.Miguel disse:— Não diga que eu não avisei: como homem, esperar que a mulher venha rastejando para te agradar é impossível.Francisco ironizou:— Você se orgulha de se rebaixar assim?
Miguel entrou a passos largos e, com os braços fortes, levantou o filho, dizendo com um tom gentil:— Desculpe, Felipinho, eu me atrasei.— Hmph! Aachei que você nem viria. — Felipinho resmungou, mas seu humor claramente melhorou, e um pequeno sorriso apareceu em seu rosto.Luiza olhou para ele, percebendo que Felipinho estava feliz.Ela não pôde evitar olhar para Miguel. "Com ele por perto, será que tudo realmente ficaria tão melhor?"Miguel explicou:— O que eu prometo, eu cumpro. Foi só o trânsito que me atrasou um pouco.Ele explicou pacientemente ao menino.Felipinho ficou ainda mais contente e olhou para Maria, dizendo:— Maria, meu pai também veio.Maria fez um gesto de "V" com os dedos e respondeu:— Então vamos soprar as velas juntos!— Claro.Então, os dois homens, cada um segurando seu filho, se juntaram ao redor de um lindo bolo e sopraram as velas com força.Todos os adultos na sala aplaudiram.Especialmente Elias, que deu um assobio exagerado e soltou um grito de animaçã
Luiza olhou para ele: — Já está pensando no aniversário tão cedo? — Claro, esse ano é diferente. — Por que é diferente? — Nos anos anteriores, o papai nunca estava presente no meu aniversário. Este ano ele está, então é claro que será diferente! — Os olhos de Felipinho brilhavam de expectativa. Luiza o observou com uma expressão um pouco complexa. Desde que Miguel veio ao País R para ver Felipinho, o menino vinha falando muito sobre ele. Dava para ver o quanto a presença do pai era importante para ele... Mas aceitar Miguel assim... Ela simplesmente não conseguia superar essa barreira em seu coração... Nesse momento, o bolo foi trazido. Lucas entrou e perguntou a Francisco: — Presidente Francisco, o bolo já chegou, é para cortar agora? Francisco olhou para Maria, quase como se estivesse competindo por sua atenção, e pegou a filha que estava entre Priscila e Elias. — Maria, o papai preparou um bolo para você, quer cortar agora? — Francisco perguntou, olhando para