Luiza ficou em silêncio, a respiração se tornou pesada enquanto ele segurou seu queixo, forçando ela a levantar a cabeça.- Fale.- Sim. - Admitiu Luiza, olhando nos olhos dele.O rosto dele se fechou.- O que você está pensando?Ela ficou em silêncio por um momento, a voz fria.- Eu quero me separar de você.O olhar de Miguel se tornou penetrante.- Sério?- Sério. - Ela confirmou com um aceno.- Não sente nada, nem um pouco de pesar? - Ele perguntou.Luiza comprimiu os lábios; havia saudade, mas de que valia? Clara estava grávida, e seu pai esperava por ela na prisão.Eera ela quem não tinha escolha, só podia desistir.Então, ela disse:- Já te disse, decidi que não te amo mais.Miguel ficou atordoado, seu rosto momentaneamente pálido.Luiza aproveitou a oportunidade para se soltar e fugir com sua bolsa.Miguel, se recuperando, avançou com passos largos para alcançá-la, acidentalmente puxou sua bolsa, fazendo com que uma elegante caixa de presente caísse dela.Era o amuleto da sorte
Para fazê-lo se enojar, Luiza suportou a dor ao dizer:- Sim, me apaixonei por ele, vou seguir com ele.- Você realmente não muda. - Miguel olhou para ela friamente.- E você? - Luiza perguntou, suportando a dor, com o rosto pálido. - Claramente, você fez a Clara engravidar, por que continua me perturbando? É porque ela não pode fazer certas coisas no início da gravidez e por isso que você não me deixa em paz? É porque você quer dormir comigo, não é?- Não. - Miguel negou.Luiza ficou atônita.- Então, qual é a sua intenção? Você se apaixonou por mim?A emoção nos olhos dele estava turbulenta, e justo quando Luiza pensou que ele diria sim, ele se calou.Após alguns segundos de silêncio, o coração de Luiza esfriou, e ela sorriu amargamente,- Se não me ama, então me deixe ir.Desta vez, ele não se opôs, soltou ela e se sentou na cama.Luiza arrumou suas roupas, enquanto ele permanecia sentado, mantendo a mesma pose, como um túmulo solitário.Luiza olhou para sua silhueta e disse suaveme
Havia andado apenas alguns passos quando o telefone tocou.Era Clara quem ligava.- Miguel, a tia não está se sentindo muito bem., ela quer ver você agora.Miguel olhou para a mulher na janela, que estava quieta, provavelmente perdida em pensamentos.Ele, por fim, não foi até lá, se virou e se dirigiu para o hospital.No hospital.Quando Miguel entrou, Clara estava massageando a barriga de Helena, que estava pálida e parecia estar muito mal.- Mãe, você está bem? - Miguel se sentou ao lado dela e pegou a mão de Helena.Helena deu um tapinha fraco no dorso da mão dele.- Tenho tido dores de estômago frequentes, acho que não vou durar muito.Miguel, com um semblante sombrio, confortou ela:- Não vai ser assim, a medicina está muito avançada. Depois da cirurgia, você vai ficar bem.- Não me esconda a verdade. Eu vou fazer uma gastrectomia total. Mesmo que a cirurgia seja um sucesso, no máximo, viverei mais um ano e meio. Se não der certo, talvez eu nem sobreviva à cirurgia depois de amanh
- Quem te deu permissão para sugerir essas coisas à minha mãe? - Miguel parou, olhando ela de cima para baixo.Clara ficou surpresa e seus olhos rapidamente se encheram de lágrimas.- Miguel, não fui eu quem sugeriu, foi a sua mãe.- Ela pensa que o filho que você espera é meu, claro que sugeriria isso.Clara ficou atônita, baixando a voz:- Fale mais baixo.Ela temia que as pessoas de Helena ouvissem essa frase.Miguel manteve uma expressão indiferente.- Você sabe muito bem qual é o nosso acordo.Clara, com lágrimas nos olhos, disse de forma pungente:- Mas você não disse que realizaria qualquer desejo meu? Meu desejo agora é casar com você.- E daí se eu casar com você? Você sabe que eu não te amo. - Miguel permaneceu impassível.- Eu sei, mas ainda te amo. - Sua voz era suave. - Não quero que você sofra, por isso me dediquei a cuidar da tia, quero apenas fazê-la um pouco mais feliz e realizar o desejo dela.Miguel achou isso engraçado.- Agradeço por cuidar da minha mãe, mas você f
No dia seguinte, Luiza estava trabalhando no estúdio. Como Marina tinha viajado a trabalho recentemente, Luiza precisava ir ao trabalho todos os dias. Olívia subiu e disse:- Srta. Luiza, tem um visitante à sua procura lá embaixo.- Já vou. - Luiza colocou de lado o esboço que ela estava desenhando e desceu as escadas.Clara esperava na sala de exposições. Ao vê-la, perguntou com um sorriso:- Lulu, já devolveu a bolsa ao Miguel?- Já devolvi. - Luiza respondeu, mantendo um semblante calmo. - Srta. Clara, o que a traz ao nosso estúdio?Clara sorriu.- Na verdade, ontem à noite, no hospital, Miguel me pediu em casamento.Luiza ficou chocada, sentindo como se milhares de agulhas lhe perfurassem o coração.Miguel pediu Clara em casamento ontem à noite?Depois de discutirem, ele foi pedir Clara em casamento?- Assim que minha mãe terminar a cirurgia, Miguel e eu vamos nos casar. Gostaria de encomendar um vestido de noiva aqui. - Clara continuou, falando mais para si mesma.Luiza quase não
Ela correu de volta para a Luminar Joias para buscar algumas coisas. Não esperava que, ao abrir a porta, encontrasse o estúdio todo bagunçado, revirado de cima a baixo.Luiza ficou parada, chocada, e perguntou a Olívia:- Olívia, o que aconteceu? O estúdio foi assaltado ontem à noite?- Eu não sei, acabei de chegar. - Olívia estava confusa.Luiza disse:- Ana veio trabalhar hoje?- Ainda não.- Já são mais de nove da manhã. - Luiza, de repente, teve um mau pressentimento e instruiu Olívia. - Vá rápido ao armazém, veja se aquele lote de novos designs de roupas ainda está lá.Olívia correu para o armazém imediatamente.Luiza subiu para o segundo andar; seu escritório também estava uma bagunça, e seu notebook, completamente destruído.Ela mudou de expressão e se agachou para procurar os desenhos de design.A fechadura da gaveta estava quebrada, e todos os papéis haviam desaparecido.Luiza ficou estremecida.Nesse momento, Olívia correu até ela, com uma expressão de urgência:- Chefe, aqu
Luiza saiu da delegacia, com a cabeça cheia de confusão, sem saber como explicar a situação. Depois de pensar um pouco, decidiu ligar para Theo.Theo ficou em silêncio por um momento e então a consolou, dizendo:- Não entre em pânico por agora, vou enviar alguém para procurar por Ana.- Ela pode ser encontrada?- Vou tentar. - Theo a consolou por mais alguns instantes e desligou o telefone.Do outro lado, Camile lhe serviu um café e perguntou:- Presidente Pires, vamos realmente ajudar a Srta. Luiza a encontrar Ana?Theo, elegante em sua postura, sentado no sofá, folheou os documentos em suas mãos e respondeu:- Se Luiza quebrar o contrato conosco, do Grupo NAS, quanto ela teria que nos pagar em indenização?Camile respondeu:- A despesa de promoção para o lançamento do novo produto na Europa e na Ásia alcançou um total de cinquenta milhões. Se não conseguirmos lançá-lo, ela provavelmente terá que nos pagar uma indenização de cinquenta milhões.Theo refletiu por um momento.- Prepare o
Miguel lançou um olhar na direção dela.Clara sorriu e disse: - Miguel, está com fome? Vou chamar alguém para trazer comida para você?- Não precisa.Assim que terminou de falar, as luzes da sala de cirurgia se apagaram. Alguns médicos saíram, incluindo Yago. Ele não era especialista em estômago, mas participou da observação da cirurgia e, ao sair, disse a Miguel: - A cirurgia de remoção total do estômago correu bem, mas sua mãe passou por uma grande cirurgia e precisará ficar na UTI por uma ou duas semanas para observação.Miguel assentiu, com expressão séria.Yago continuou: - Miguel, não se preocupe, cuidarei bem da sua tia.- Obrigado.Na UTI, só era permitido visitar por uma hora através da janela de vidro, então depois de ver Helena, Miguel estava prestes a sair. Clara o seguiu e disse: - Miguel, vamos embora juntos.Antes de Helena ir para a sala de cirurgia pela manhã, Clara estava ocupada cuidando dela e sempre a confortando. Miguel se sentiu um pouco grato por isso e d
Ela mordeu a língua dele?Luiza ficou surpresa e quis se levantar para olhar, mas ele mais uma vez capturou seus lábios.Na penumbra, o beijo dele era ardente e envolvente, com um sabor metálico de sangue.Luiza tentou se afastar, mas não conseguia.O ar em seu peito parecia estar sendo sugado aos poucos, e ela sentiu que não conseguia respirar, soltando um gemido suave.Miguel hesitou por um momento, sua respiração ficando mais pesada, como se quisesse engoli-la por inteiro.— Miguel... — Ela sentiu algo estranho e ficou com um pouco de medo, tentando empurrá-lo.Miguel respirava profundamente, o ar quente caindo em seu pescoço, e ele murmurou com a voz rouca:— Lulu, me chame de marido...— Nem sonhando. — Ela recusou, começando a se contorcer para se afastar dele.Mas quanto mais se mexia, mais perigosa a situação ficava; ela se debatia sobre ele, e como ele poderia suportar aquilo? Levantou a mão e, por cima da roupa, a tocou firmemente.Luiza levou um susto.Nesse momento, um som
A camisa preta foi tirada e, de fato, havia algumas marcas vermelhas nas costas dele. Luiza ficou um pouco aborrecida: — Você não devia ter me puxado antes. — Quem mandou você não me ouvir? — Acho que já conversamos o suficiente sobre isso. — Luiza suspirou. Miguel a olhou profundamente: — Como assim, já conversamos o suficiente? Sobre o assunto do nosso filho, ainda não terminamos. Luiza ficou surpresa e olhou para Miguel: — O assunto do nosso filho? O que mais tem para falar? Vai querer disputar a guarda do Felipinho comigo? A atitude dela se agitou imediatamente. Miguel, receoso de que ela perdesse o controle novamente, segurou sua mão e disse: — Não é isso o que eu quero dizer. Só quero conversar sobre o Felipinho. — O que você quer conversar? — Ela desviou o olhar, mantendo a cabeça baixa. Miguel continuou: — Você ouviu o que o Felipinho disse antes? Ele quer que a gente fique junto. Na verdade, ele tem medo de não ter pai e mãe. Luiza sabia disso e a
Felipinho ficou surpreso e virou a cabeça para olhar para ela enquanto estava na água.— Mamãe, o papai não disse agora há pouco que vocês não vão se divorciar mais?— Eu não concordei com nada disso. — Luiza respondeu seriamente.Felipinho fez uma cara triste.— Então quer dizer que você ainda vai se casar com outro tio e não vai mais querer o Felipinho?Luiza ficou surpresa, acariciou a cabeça dele e respondeu:— Que besteira é essa que você está pensando? Você é meu filho, eu sempre vou amar você e querer você. Como eu não iria querer você?— As pessoas dizem que, quando a gente ganha uma madrasta, também ganha um padrasto. Então, ao contrário, é a mesma coisa: quando a gente ganha um padrasto, também ganha uma madrasta. Casal bom é o casal original.Luiza sentiu que Felipinho tinha um monte de ideias erradas.Felipinho se aproximou dela e acrescentou mais uma coisa, como se quisesse que ela concordasse com ele.— Então, mamãe, casal bom é o casal original.Luiza ficou sem palavras.
Luiza franziu a testa, achando que Miguel estava confundindo o filho, e lançou a ele um olhar repreensivo antes de dizer para Felipinho: — Não é nada disso. O papai e a mamãe só estavam conversando sobre algumas coisas.— Conversando sobre o quê? É sobre voltar a casar? — Voltar a casar? — Miguel captou a palavra e perguntou. — Como você sabe essa palavra? Quem te ensinou? — Foi a Maria que me falou. Ela disse que, quando marido e mulher brigam, eles se divorciam, e quando fazem as pazes, eles voltam a casar.Luiza estava prestes a explicar o que significava divórcio, mas Miguel foi mais rápido e perguntou ao Felipinho: — Você quer muito que o papai e a mamãe voltem a casar? — Claro que sim. — Felipinho assentiu com a cabecinha e respondeu seriamente. — Senão, se o papai casar com outra pessoa e a mamãe se casar com outro, vocês vão me abandonar. Ao ouvir isso, os dois ficaram surpresos. Luiza finalmente entendeu por que Felipinho sempre queria que eles fizessem as pazes;
— O Elias veio ao aniversário da Maria, é uma coisa boa, todo mundo está feliz. Por que você está tão explosivo, parecendo um barril de pólvora? — Miguel retrucou sem rodeios.O rosto de Francisco se fechou:— Isso é problema seu?— E eu sentir ciúmes é problema seu? — Miguel rebateu, com seu rosto bonito e calmo.Bem nesse momento, o bolo chegou até eles. Maria estendeu um pedaço para Francisco:— Papai, coma o bolo.O bolo tinha sido trazido pelo próprio Elias, que o colocou diretamente nas mãos de Francisco.Miguel riu de novo:— Viu? Até o papel de pai está sendo assumido por outro homem.Francisco respondeu:— É porque eu desprezo fazer esse tipo de coisa.— Despreza fazer? Ou é porque nem tem chance de fazer? — Miguel o provocou, com um sorriso cheio de intenções.O rosto de Francisco ficou sombrio.Miguel disse:— Não diga que eu não avisei: como homem, esperar que a mulher venha rastejando para te agradar é impossível.Francisco ironizou:— Você se orgulha de se rebaixar assim?
Miguel entrou a passos largos e, com os braços fortes, levantou o filho, dizendo com um tom gentil:— Desculpe, Felipinho, eu me atrasei.— Hmph! Aachei que você nem viria. — Felipinho resmungou, mas seu humor claramente melhorou, e um pequeno sorriso apareceu em seu rosto.Luiza olhou para ele, percebendo que Felipinho estava feliz.Ela não pôde evitar olhar para Miguel. "Com ele por perto, será que tudo realmente ficaria tão melhor?"Miguel explicou:— O que eu prometo, eu cumpro. Foi só o trânsito que me atrasou um pouco.Ele explicou pacientemente ao menino.Felipinho ficou ainda mais contente e olhou para Maria, dizendo:— Maria, meu pai também veio.Maria fez um gesto de "V" com os dedos e respondeu:— Então vamos soprar as velas juntos!— Claro.Então, os dois homens, cada um segurando seu filho, se juntaram ao redor de um lindo bolo e sopraram as velas com força.Todos os adultos na sala aplaudiram.Especialmente Elias, que deu um assobio exagerado e soltou um grito de animaçã
Luiza olhou para ele: — Já está pensando no aniversário tão cedo? — Claro, esse ano é diferente. — Por que é diferente? — Nos anos anteriores, o papai nunca estava presente no meu aniversário. Este ano ele está, então é claro que será diferente! — Os olhos de Felipinho brilhavam de expectativa. Luiza o observou com uma expressão um pouco complexa. Desde que Miguel veio ao País R para ver Felipinho, o menino vinha falando muito sobre ele. Dava para ver o quanto a presença do pai era importante para ele... Mas aceitar Miguel assim... Ela simplesmente não conseguia superar essa barreira em seu coração... Nesse momento, o bolo foi trazido. Lucas entrou e perguntou a Francisco: — Presidente Francisco, o bolo já chegou, é para cortar agora? Francisco olhou para Maria, quase como se estivesse competindo por sua atenção, e pegou a filha que estava entre Priscila e Elias. — Maria, o papai preparou um bolo para você, quer cortar agora? — Francisco perguntou, olhando para
Conversando, o carro entrou na mansão da família Amorim.No vasto gramado verde, havia um carro desconhecido estacionado. Priscila estava parada sob a luz do sol, sorrindo para a pessoa dentro do carro.— Elias, você veio.O homem dentro do carro acenou com a cabeça.Em seguida, a porta do carro se abriu, e desceu um homem de feições refinadas, vestindo um terno casual, com um ar gentil e educado.— Por que você não me avisou? Se tivesse me avisado, com certeza eu teria ido ao aeroporto te buscar. — Priscila olhou para ele, com um brilho alegre nos olhos.Luiza raramente via Priscila tão bem-humorada.Já Francisco exibia um sorriso sarcástico evidente.Então era um rival amoroso.Luiza finalmente entendeu.— Hoje é o aniversário da Maria, vim especialmente para isso, queria fazer uma surpresa para ela. — Elias tirou um presente de dentro do carro. — Isso é para a Maria.— Não me entregue, daqui a pouco você mesmo pode dar a ela. Tenho certeza de que vai ficar muito feliz. — Priscila re
A situação de Bryan era algo que Miguel precisava resolver; Luiza não sentia qualquer constrangimento, pois considerava que isso era uma compensação que ele devia à família dela.Com isso resolvido, não havia mais nada para dizer entre eles.Miguel quis perguntar sobre Francisco, mas Luiza pegou uma bebida, fingindo tomar um gole enquanto olhava para o celular, mantendo a cabeça baixa para evitar conversar com ele.Tudo o que ele dizia era a mesma coisa de sempre, sem graça. Ela não queria se envolver mais com ele e, por isso, também não estava interessada em ouvir.O tempo passava, segundo a segundo.O telefone de Luiza tocou novamente.Ela estava distraída antes, aparentando ler notícias, mas, na verdade, sem absorver uma única palavra.Quando o telefone tocou, ela se recompôs, atendeu e respondeu com um tom de voz calmo:— Alô.— Estou na entrada, venha para fora. — Francisco já havia chegado.— Certo.Luiza respondeu, encerrou a ligação e colocou o celular de volta na bolsa, já se