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Capítulo 4

Author: Emanuelly Ramos
No outro lado da linha, o homem já havia desligado a chamada.

Viviane voltou para dentro do carro, pressionou o acelerador e o carro deixou a vaga, disparando para a frente.

Ela não percebeu que um carro esportivo preto a seguia, quase como uma sombra.

...

A paisagem ao longo da estrada retrocedia rapidamente, o Volvo prateado deslizava pela pista asfaltada como um raio.

Os olhos negros de Viviane estavam fixos à frente, ela já não dirigia tão rápido há muito tempo, e a adrenalina subia, acompanhando os ponteiros do painel, alcançando o topo.

Ela ultrapassou três carros esportivos de cores chamativas, e os ocupantes dos veículos exclamaram:

— Eu não acredito! Quem é essa?

Em outro carro esportivo, uma pessoa falou no fone de ouvido para seus subordinados:

— Vão lá e verifiquem essa placa.

Os carros esportivos modificados foram ficando para trás, enquanto Viviane mantinha sua velocidade nas curvas, sem diminuir.

Nos fones de ouvido de alguns jovens ricos, a voz de um deles ecoou:

— Já descobri, aquele é o carro da família Coelho!

Alguém, confuso, perguntou:

— Família Coelho? Será que quem está dirigindo é a Noemi?

— Será que a Noemi é tão incrível assim? Será que ela sempre escondeu algo nas competições anteriores com a gente?

O Volvo prateado seguia pela estrada montanhosa, serpenteando pelas curvas, com uma única Ferrari preta atrás, mantendo a perseguição.

Benjamin sorriu, um fio de cabelo caindo sobre sua sobrancelha.

Ele já tinha visto Viviane cheia de energia.

Ela foi uma prodígio, entrou para o curso de jovens talentos na Universidade H aos 14 anos, conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas Internacionais de Matemática por três anos consecutivos, aos 19 se inscreveu na FASC, obteve a licença de piloto de corrida e chegou entre os dez primeiros no Campeonato Mundial de Rally.

Sua trajetória sempre foi iluminada, sempre acompanhada de flores e aplausos.

Mas no terceiro ano do doutorado direto, ela decidiu desistir, se dedicando inteiramente à vida de esposa e mãe, se tornando uma dona de casa de uma família rica.

A partir daí, o carro dela passou a ter cadeirinha infantil, e sua velocidade nunca mais ultrapassou os 70 quilômetros por hora.

O som dos pneus raspando no chão foi agudo, e uma fumaça branca se levantou quando o carro de Viviane parou abruptamente.

A Ferrari de Benjamin passou direto, e agora ele só pôde ver, pelo retrovisor, o Volvo de Viviane parado na beira da estrada.

Viviane deslizou a tela do celular e ouviu a voz da professora principal do Léo saindo do som do carro.

— Mãe do Leonardo, por favor, venha à escola o mais rápido possível! Hoje, o Leonardo trouxe doces de cera e deu para as outras crianças comerem. Vários alunos ficaram com dor de barriga depois de comer!

Viviane ainda não havia se recuperado da aceleração intensa que acabou de fazer.

— Professora Laura, eu não sou mais a mãe do Leonardo. Se acontecer algo com ele na escola, por favor, entre em contato com o pai dele. Não precisa mais me procurar.

Viviane levantou a mão e arrumou os fios de cabelo que caíam sobre o rosto, colocando-os atrás da orelha.

— Eu não vou mais me envolver com ele. — Sua voz estava firme e resoluta.

— Ah?! — A professora principal ficou chocada, mas, dada a situação na escola, ela sabia que precisava resolver isso com Viviane.

— Leonardo disse que os doces de cera foi você que deu para ele. Várias crianças ficaram com a cera presa na garganta. Se não tivéssemos percebido a tempo, o que poderia ter acontecido seria um desastre! Agora, as mães de várias crianças já chegaram. Sra. Freitas, venha à escola rapidamente e dê uma explicação!

Léo e Nina estudavam em uma escola bilíngue de luxo, onde as crianças eram ou muito ricas ou de famílias influentes.

Enquanto a professora falava ao celular, Viviane podia ouvir, do outro lado, uma mulher questionando furiosamente:

— Você conseguiu falar com a Sra. Freitas? Como ela deixou o filho dela trazer uma coisa dessas para a escola?! Meu filho é tão pequeno, ele nem sabia que a cera tinha que ser cuspida! A garganta dele até sangrou!

— Posso falar com minha filha, Nina? — Viviane perguntou.

— Claro, um momento, por favor.

— Mamãe! — A vozinha de Nina soou no ouvido de Viviane.

— Nina, você comeu os doces de cera? — Viviane perguntou.

— O Léo disse que eu sou uma porquinha gordinha, ele deu os doces de cera para todas as crianças, mas não me deu.

Viviane relaxou um pouco.

— Você sabe, Nina, de quem foram os doces de cera que o Léo ganhou?

— Foi da tia Noemi. — Respondeu Nina.

Viviane já havia suspeitado que seria essa a resposta.

Lorenzo sempre defendeu Noemi, e Léo seguia o exemplo.

Mal Nina terminou de falar, um grito de raiva de Léo veio do outro lado do celular:

— Os doces de cera foi a mamãe que me deu! Não foi a Noemi!

— Léo! Você está mentindo!

— Cale a boca!! Ahhhhh!!

Viviane não sabia o que estava acontecendo do outro lado, mas logo o grito desesperado de Léo chegou aos seus ouvidos.

A professora do turno chamou:

— Nina! Não bata no Leonardo!

Ouvindo que sua filha não tinha sido maltratada, Viviane desligou a ligação e imediatamente ligou para Clara.

— Clara, acabei de receber uma ligação da professora do Léo. Ela disse que os doces de cera que ele levou para a escola fizeram o maior sucesso, e ela pediu para você mandar mais doces para lá agora.

— Ah, que doces de cera?

Clara ficou completamente confusa. Porém, depois que Viviane deu aquela explicação, não respondeu à pergunta de Clara e simplesmente desligou a chamada.

Clara se lembrou então de que o motorista que havia levado Léo à escola naquela manhã falou que, no caminho, eles tinham encontrado Noemi.

Ela foi até o motorista para confirmar e ele confirmou que os doces de cera eram de Noemi.

Clara imediatamente ligou para Noemi.

— Noemi, aquelas doces de cera, onde você comprou? Os colegas do Léo adoraram, e a professora dele pediu para você mandar mais para a escola.

Noemi se alegrou, sentindo que tinha uma oportunidade de aparecer mais como a nova mãe de Léo diante de todos.

— Eu mesma vou comprar os doces de cera e levar para a escola, não se preocupe com isso, Clara.

Clara, claro, concordou:

— Está bom, então fica com isso, obrigada!

...

Viviane segurava o volante com uma mão, enquanto o dedo indicador batia suavemente no painel.

Naquele momento, alguém bateu na janela do carro.

A janela desceu e um dedo esculpido como jade, com as articulações bem definidas, apareceu, segurando um cartão de visita e o entregando à sua frente.

No cartão preto com dourado, estava escrito: "Sócio do Escritório de Advocacia Estrela, Benjamin Santana.

— Se precisar de uma consulta sobre divórcio, pode me ligar. — Disse o homem.

Viviane pegou o cartão de visita e disse:

— O Sr. Benjamin é um advogado renomado na Cidade J, seus honorários são muito altos.

Benjamin colocou uma mão no bolso da calça. Estava vestido com um terno, mas sem gravata, e a gola da camisa estava aberta, revelando seu pomo-de-adão de forma atraente.

— Eu posso não cobrar nada.

Viviane sorriu e respondeu:

— Além do dinheiro, eu não tenho nada para te oferecer.

— Há cinco anos, você abandonou o doutorado pela metade e disse para meu pai que ia se casar. O velho tem estado cada vez mais doente, se tiver tempo, vá passar um tempo com ele. Se você o visitar, eu ajudo você de graça com o processo.

O pai de Benjamin, Cauã Santana, havia sido o diretor da Faculdade de Ciências Matemáticas da Universidade J, e também o orientador no doutorado da Viviane.

Quando Viviane entrou na Universidade H, o diretor Cauã, costumava ficar por perto, pedindo para ela crescer rápido e se tornar sua aluna de doutorado.

Depois, ela foi para a Universidade J para o doutorado, onde Cauã a tratava como um cavalo de batalha, sempre pressionando ela a acelerar seu progresso, dizendo que o país poderia impor sanções a qualquer momento, o que tornaria a pesquisa mais difícil.

Ela se dividia entre a Universidade J e a casa da família Freitas, onde Sra. Freitas a inscreveu em cursos de culinária, arranjos florais e apreciação de arte. Se ela quisesse se tornar uma esposa exemplar de uma família rica, seria difícil conciliar sua carreira e seus estudos.

Naquele ano de gravidez, após uma ameaça de aborto espontâneo, ela propôs ao Cauã que abandonasse a escola.

— Eu não tenho coragem de ver ele. — Disse Viviane.

Ela não conseguia esquecer o olhar de Cauã, que não demonstrou raiva ou acusação. Cauã apenas virou de costas em silêncio, não querendo falar mais com ela.

Benjamin se encostou na porta do carro, olhando para Viviane, que estava presa no pequeno espaço do veículo.

— Quando somos jovens, amar qualquer pessoa não é um erro. Quando amadurecemos, abrir mão de algo não é um erro. E ainda há quem espere por você no mesmo lugar, se você tiver coragem de começar de novo.

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