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Capítulo 3

Author: Emanuelly Ramos
Lorenzo sugeriu comer ovos escoceses, mas a verdadeira intenção era fazer com que Clara entrasse em contato com Viviane.

Ele já estava tentando dar uma saída para Viviane.

— A Sra. Viviane disse que não voltará.

— Cof! Cof! Cof! — Lorenzo se engasgou com o café e começou a tossir incontrolavelmente.

Clara percebeu algo e perguntou:

— Você e a Sra. Viviane brigaram?

— Intrometida! — O homem resmungou com um tom baixo, e a temperatura no restaurante caiu de repente.

Clara encolheu os ombros e ficou quieta, com medo de falar mais.

Lorenzo apertou com força a caneca de cerâmica em suas mãos.

Como Viviane poderia não voltar?

Ela provavelmente já estava preparando o almoço, que ele deveria receber mais tarde, com uma refeição especial para levar ao escritório.

Antes, sempre que Viviane o irritava, ela mesma preparava o almoço e o levava até a empresa, pedindo desculpas e tentando se reconciliar.

...

Nina estava sentada à mesa, e ao ver o café da manhã, seus olhos brilharam.

— Uau! Canja de frango com ovo de codorna!

Nina adorava canja de carne de frango com ovo de codorna, mas Léo, ao ver o ovo de codorna, sentia vontade de vomitar.

Na família Freitas, Viviane raramente fazia canja, pois Lorenzo e Léo não gostavam.

A Sra. Freitas também dizia que canja era comida de pobre. Pessoas pobres, que não tinham arroz suficiente, faziam canja. Na família Freitas, as refeições eram sempre balanceadas e seguiam uma dieta nutricionalmente correta.

Mesmo que Viviane achasse que sua canja era nutritiva e que seus filhos iriam digerir melhor, ela sabia que, ao colocar frango, ovo de codorna e legumes na canja, as pessoas da família Freitas riam e achavam que parecia comida de lixo, o que dava uma aparência repulsiva.

Quando ela fez a canja de frango com legumes, sem o ovo de codorna, especialmente para o Léo, e ele a jogou no lixo, ela nunca mais fez canja novamente.

Ela já tinha ensinado ao Léo que não se podia desperdiçar comida. Mas, sempre que ela o fazia, ele ficava irritado e a acusava: "Isso é comida para porcos! Como você pode me dar isso? Mamãe, não é à toa que você veio do interior!"

Pensando nisso, Viviane sentiu um aperto no peito. Quando ela voltou a si, Nina já tinha terminado de comer a canja de frango.

Nina deu um arroto de satisfação, olhando para a tigela brilhante de tanto que ela havia lambido, ainda com vontade de mais.

— Será que é só na casa da vovó que eu posso comer canja de frango com ovo de codorna?

— A partir de agora, podemos comer o que quisermos, sem nos preocuparmos com mais ninguém. — Viviane respondeu.

— Então, amanhã, mamãe, não precisa cozinhar. Você pode descansar! Podemos ir comer fora! — Nina disse.

Viviane ficou surpresa. Ela estava tão acostumada a cumprir seu papel de mãe, fazendo o café da manhã para a filha, que esqueceu que, na vida, ela deveria ser primeiro ela mesma, antes de ser mãe.

— Está bom. — Disse Viviane, com um sorriso no rosto, como o sol nascente.

...

Ela dirigiu até o jardim de infância para deixar a Nina e, no caminho, viu o carro de luxo da família Freitas, a versão top de linha.

Léo, com a mochila nas costas, desceu do carro, e Viviane desviou o olhar.

Léo pulou até a Nina e balançou o saquinho de papel que estava na mão.

— Olha! Esse aqui foi a Noemi que me comprou, é um doce de cera em forma de ursinho!

Léo tirou um doce de cera com a cabeça de ursinho do saquinho e se orgulhou:

— Esse é de sabor pistache e framboesa!

A Nina nem se mexeu e respondeu com calma:

— A mamãe disse que comer muito doce faz mal para os dentes e que doce de ceras não são saudáveis!

Léo fez careta e mostrou a língua.

— Eu agora tenho uma mamãe nova! A mamãe velha não pode mais mandar em mim! — Com um sorriso presunçoso, ele fez beicinho e disse. — A Noemi me pediu para dividir o doce com outras crianças, menos com você, porca gorda!

Nina, com o corpo mais forte, parecia ainda maior ao lado do Léo, que sempre teve um físico mais frágil. Antigamente, Léo já tinha sido repreendido por Viviane por chamar Nina por apelidos, mas agora ele estava mais ousado.

Nina segurou com força as alças da mochila e seus olhos se encheram de lágrimas.

— Léo, se você continuar assim, a mamãe vai te abandonar!

— Foi eu quem a abandonei! Quem vai querer uma mamãe que só sabe fazer comida de porco? — Léo falou, com o saquinho de doces, e correu para dentro da escola.

Furiosa, Nina pegou uma pedrinha do portão da escola e, com os dentes cerrados, olhou para as costas do Léo.

Por fim, ela deixou a pedrinha cair.

Nina bateu no próprio peito e se lembrou, com um suspiro: "Meninas não podem fazer isso, tem que ter paciência!"

...

Lorenzo voltou para o escritório e viu na mesa uma elegante marmita térmica de três andares.

Ele levantou um canto dos lábios.

Viu? Não importava o quão tensas estivessem as coisas entre eles, Viviane sempre fazia o almoço e o trazia até o seu escritório.

O celular de Lorenzo tocou, e ele atendeu.

— Lorenzo, você já almoçou? A marmita que eu fiz está boa? — Do outro lado da linha, a voz de Noemi soou.

— A marmita, foi você que fez? — Nos olhos do homem, surgiu uma insatisfação que ele mesmo não havia notado.

— Foi! Surpreso? Foi a minha primeira vez cozinhando para você, até me cortei várias vezes! Fazer comida, essas coisas femininas, definitivamente não são para mim! — Ela reclamou pelo celular e logo o avisou. — Então você precisa valorizar esse almoço, porque eu nunca mais vou fazer isso de novo!

— Entendi, vou trabalhar. — A voz de Lorenzo ficou sombria.

— Hahaha! Só um toque, não se esqueça de ir ao banheiro enquanto trabalha! Cuidado com os rins!

Lorenzo desligou a ligação com Noemi e olhou para a marmita diante de si, sem vontade alguma de abri-la.

Ele chamou a secretária e perguntou:

— Minha esposa trouxe almoço hoje?

— A Sra. Viviane ainda não passou aqui hoje, senhor.

O rosto bonito de Lorenzo se fechou, ficando ainda mais frio e distante.

Ele ordenou à secretária:

— Coma essa marmita toda. Quando minha esposa chegar com o almoço, diga a ela que eu já comi e peça para ela levar a marmita de volta.

A secretária deu um pequeno aceno, sem ousar questionar, pegou a marmita e saiu da sala do presidente.

Lorenzo esperou até a tarde, mas não viu Viviane aparecer para trazer o almoço.

Na sala de reuniões, o celular de Lorenzo vibrou novamente, e ele desligou a chamada de Viviane pela terceira vez.

Viviane havia quebrado mais uma de suas regras: ligar durante o horário de trabalho.

Pouco depois, a chamada de Viviane chegou mais uma vez.

Lorenzo atendeu, e sua voz era fria como gelo:

— Já almocei, não precisa trazer a marmita.

— Lorenzo, já estou no cartório. E você, onde está?

Lorenzo ficou paralisado. Só então se lembrou de que Viviane havia dito ontem que se encontrariam no cartório às três da tarde.

Ela estava falando sério?

Uma irritação sem razão alguma surgiu em seu peito.

— Viviane! Já chega! Não fique falando de divórcio o tempo todo!

A mulher no celular já havia tomado sua decisão.

— Eu te espero até o fechamento do cartório. — Disse ela.

O homem ficou furioso com as palavras dela, então ele gritou:

— Depois de se separar de mim, o que você acha que será? Você acha que a família Coelho vai deixar você, uma filha perdida por dezoito anos, voltar para casa e viver às custas deles?

A sala de reuniões ficou em completo silêncio, os executivos nem ousaram respirar.

A voz de Viviane soou calma e fria, como a água de um lago.

— Lorenzo, depois que eu te deixar, não serei mais a Sra. Freitas. Eu só quero voltar a ser a Viviane. Se a família Coelho não me aceitar, eu vou voltar ao meu sobrenome original. Estar com você tem sido exaustivo, eu sou a única que está fazendo um esforço para te amar, amar os nossos filhos... — Ao chegar a esse ponto, Viviane não pôde deixar de rir. — Eu acredito que, nesse mundo, não existe caminho mais tortuoso e difícil do que o nosso casamento!

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