Ela concordou sorrindo. Tentava abraçá-lo. Deitou a cabeça no peito dele , ganhando cafuné. Adorava ser mimada.
No dia seguinte ele implorou para que ela não fosse ao Haras country alegando que seria melhor ela esperar chegada do bebê. Mas ela não concordava com isso. Brisa ia parir e ela queria acompanhar de perto todo o processo.
Aqueles animais o irritavam. Mas era melhor parar de jogar na cara de Bela a sua aversão por eles, pois isso sempre terminava em discussão.
Na manhã seguinte , Bela liga para o seu advogado . Precisava vê-lo com urgência. Depois daquele encontro, teve uma conversa com a mãe. Se sentia muito triste quando era obrigada a agir contra o seu modo de pensar e contra as suas vontades.
- Mamãe, É uma pena mas vou ter que me ausentar do Haras Country. Lógico e evidente não era isso que eu queria mas, Patrick está insuportável por causa dessa gravidez. Nao quer que eu me aproxime dos cavalos e eu não quero perder meu casamento. Alguns meses atrás ele falou em separação , melhor eu me ausentar do cantinho que eu amo por um tempo e não ficar sem meu marido.
- E pretende voltar quanto tempo depois do nascimento da Pillar?
- Creio que algumas semanas , se Patrick deixar.
- Vai fazer muita falta.
- Pode ter certeza que a senhora também. Eu te amo muito mamãe.
A abraçou chorando.
- Oh minha filha! Não fica assim! Jajá vai ver que tudo se ajeita. E tenta controlar suas emoções. Isso pode fazer mal para a minha netinha.
Assim que chegou em casa o marido a recebeu de forma calorosa beijando-a muito e fazendo carinho, querendo que se tornassem um só através daquele abraço , ciente de que não conseguia mais respirar sem a esposa.
Alguns dias depois , Patrick se espreguiçou . Relutava em abrir os olhos. Todos os momentos mágicos vividos na noite anterior, voltavam em sua mente.
Quando por fim despertou , entrou em pânico. A cama estava vazia e pela casa não havia um vestígio sequer de Bela. Deu um gemido desesperado e começou a procurar por ela por todos os lados , em vão. Era inevitável que mil ideias horríveis passassem por sua cabeça. Sem pensar duas vezes, voou para a fazenda. Ela só poderia estar lá. Não havia outro lugar. De repente ela poderia ter sido levada para o hospital porque entrara em trabalho de parto e ele não tivesse se dado conta devido ao sono profundo. Tinha que se acalmar. Não aceitaria perdê-la. Tinha que achar um meio de Bela o obedecer.
No caminho para o haras , a sogra ligou.
- Alô dona Iolanda. Sua filha está aí?
Ele perguntou antes mesmo que ela pudesse se pronunciar.
- Sim. Mas... Patrick , tenho algo para te falar , você precisa me ouvir com calma.
- Calma? Como calma? Eu quero saber da minha esposa. O que aconteceu com a Bela? Ela saiu sem se despedir.
- Aconteceu um acidente.
- Acidente? Quando ? Como?
Ele gritava.
- É que os cavalos foram soltos , meus empregados se assustaram e chamaram para que ela ajudasse a contê-los, mas....
- Mas ? Como assim! A Bela nesse estado? Ela não poderia ajudar.
- O fato é que minha filha você sabe que ninguém pode parar. Eles estavam ariscos demais. Ela não conseguiu contê-los e foi atropelada.
- Atropelada?
Ele repetia sem acreditar.
- Sim . A ambulância acabou de sair daqui. Ela foi levada para o hospital.
- O quê?
- Eu te encontro lá.
- Já estava indo para aí. Fica na entrada que eu te pego e vamos juntos.
- Tudo bem querido , mas não demora.
Desnorteado ele parou o carro próximo ao haras. Se continuasse a dirigir poderia provocar um acidente. Portanto , estacionou por um momento e chorou até se acalmar. Pedia a Deus para guardar sua esposa e que nada de ruim acontecesse com ela.
Ao chegarem no hospital foram informados de que o estado de Bela era muito grave , devido ao fato dela ter Perdido muito sangue. Tiveram que fazer uma cirurgia de emergência para retirar o bebê e quanto a mãe , era muito pouco provável que conseguisse sobreviver.
- Não.
O grito doloroso de Patrick ecoou pelo hospital, pois ele não conseguia tirar aquelas palavras cruéis da sua cabeça.
Depois de 3 horas infindáveis de muita dor e desilusão , eles tiveram a pior noticia. Perderam Bela. Ela não conseguiu resistir . Estava morta.
Muito tempo se passou até que Patrick estivesse mais calmo. Apesar de desolado , apesar da dor que ele carregaria no coração pelo resto da vida , teve que se acalmar para cuidar da parte burocrática e dar um enterro digno a sua esposa.3 dias depois da morte de Bela ele voltou ao hospital e foi levado ao berçário. Conheceria Pillar , aquele bebê que fora tão desejado , que a mamãe contava os dias para beijar e carregar , aquela chance lhe foi negada e agora a bebê estava condenada a viver sem o calor materno e tudo por culpa de animais selvagens. Sua dor ainda era muito intensa e ele achou que não poderia suportar.- Por que sua mãe foi nos deixar desse jeito Pillar? Lamentou com a pequenininha, beijando
Uma espécie de torpor tomou conta de Patrick desde aquele trágico acidente. Ele tinha a sensação de não estar naquele mundo. Ao reagir, decidiu que aqueles animais infelizes jamais o fariam sofrer novamente. Não deixaria Pillar se aproximar de nenhum deles. Um mês depois ele descobriu a causa morte da esposa. Conversando com um dos empregados , ficou sabendo que Bonito , o cavalo pelo qual ela era aficionada , pisoteou em seu peito. Massacrando-a. Ela realmente não teria chance. Irado , Patrick agindo na força do ódio, invadiu o haras durante a madrugada e atirou em bonito. Não deixaria o animal vivo. Pois o mesmo acabou com a sua vida , para sempre.Mas, Patrick não precisaria se preocupar. Pillar cresceu totalmente diferente.Aos sete anos exigiu que se mudassem para Cidade, pois detestava o rancho. Aos 10 anos se interessava com revistas de moda. Avançada demais para idade dela e aos catorze fez com que Patrick pagasse seus estudos em escola internacionalm
10 horas da noite ele observava pela janela de seu apartamento , ela chegando de mãos dadas com o namorado e segurando uma garrafa de bebida. Ele desceu já tirando o cinto . Iria recepcioná-la lá em baixo. Subiu puxando-a pelos braços e desferindo cintadas, fazendo com que ela proferisse palavras de baixo calão, irritando-o ainda mais. Antes de entrarem em casa ele a esbofeteou na cara. Não poderia aceitar o insulto que sofreu. Ela correu para o seu quarto chorando e trancou a porta.Patrick se desesperou ao perceber que Pillar era um caso gravíssimo e ele não sabia o que fazer. Se Bela estivesse viva, com certeza tudo seria diferente. A menina estava se tornando uma bandida. A turma dela era da pesada. Revoltado ele jogou no chão com força excessiva , a garrafa que ela chegou carregando , derramando álcool por todos os lados.Sem saber o que fazer , foi recorrer a dona Iolanda.-
Nesse tempo que ficou sozinho, ele vasculhou o Haras inteiro, notando assim algumas modificações. As pistas de corrida estavam mais largas e haviam mais cavalos , um em especial lhe chamou atenção, ele estava sendo cuidado por uma mulher, com mais ou menos 1, e 62 de altura, loira, uns 35 anos de idade.- É o filho do bonito? Ele perguntou ao se aproximar. Procurou se mostrar distraído.- Não! Esse é um cavalo que acabou de chegar aqui , mas o filho do Bonito também está no haras. Ela informou gentil.- Se puxou o gênio do pai...- Você o conheceu?- Sim. Minha sogra é dona daqui.- Me desculpe , mas parece que está de
Ao voltar para Cidade encontrou a casa um caos. Pillar estava aos gritos.- Cala a boca pirralho! Vasco de pé , em cima do sofá.- Eu vou contar para o meu pai! Soluçava , pronunciando dentro do seu vocabulário limitado.- O que está acontecendo aqui? Pillar se exaltou e voando até o sofá , tapou a boca do irmão.- Tira esse moleque da minha frente papai. Manda ele ir dormir.- Pillar , deixa o menino. Pare de atormentar seu irmão.Patrick pegou o pequeno no colo que chorava pendurado no seu pescoço. Chorou até dormir. No dia seguinte , ao se inteirar sobre o ocorrido , o pai ficou sabendo que tudo começou qu
Eram 3:30 da manhã Quando o Telefone Toca acordando Patrick. Ele andou devagar para não despertar Vasco, e foi atender.- Alô? Ele já estava assustado.- É o senhor Patrick?- Sim. Sou eu.- Poderia comparecer até o 12º DP aqui no centro? sua filha está detida.- O quê? O choque dele foi enorme. Mas como?- Se envolveu em um acidente de trânsito . Foi presa por excesso de velocidade . Sem contar que ela não poderia estar ao volante. Estava alcoolizada e não possui habilitação. Patrick cerrou os punhos . A ira tomando conta do seu ser.- Você é o policial ?o delegado?- Delegado Quaresm
- Por que não tenta se acalmar um pouco? Sugeriu doce.- Impossível. Ainda não engoli a injustiça que fizeram comigo. Você tem cigarro?- Não fumo.- Eu odeio pessoas caretas. Não quero ter que conviver com nenhuma delas. A menina disparou amarga.- Olha querida...- Por que me chama de querida? Ela interrompeu Taele com impaciencia.- Porque gostei de você. Pillar olhou a mulher com choque , como se estivesse ouvindo aquilo pela primeira vez na vida.- Espero que não mude de ideia quando me conhecer.- Tenho certeza de que não.&n
Quando jantavam mais tarde , ela questionou para Taele , com lagrimas nos olhos.- Você também me acha estranha , não é?- Para falar a verdade, não.- Eu queria ser diferente , mas não consigo. Olha que eu já tentei , mas não gosto de nada nem me apego a ninguém. Não consigo amar as pessoas, sempre me tratam como se eu fosse um peso e isso me magoa demais. Por isso que me assusto quando chegam perto de mim para me dar carinho. Não estou acostumada . Mas acho que se minha mãe estivesse viva , tudo mudaria. Porque meu pai não conversa comigo. Toda vez que tinha uma duvida , ele me dizia que isso era papo de mulher e que não era assunto para eu tratar com ele.- Deve ter sido muito difícil para você.- Eu queria ser aceita pelas pessoas. Queria mudar. Você me ajuda.- Claro que sim meu amor! Obrigada por confiar em mim.Ela sorriu quando Pillar colocou o prato vazio em cima da mesa.- Estava uma delicia, você cozinha muito bem.
A expectativa dominava a todos. Bela , Vasco e Pillar fizeram o exame e tudo se confirmou . O menino era sim filho dela . Era irmão legitimo de Pillar. O fato foi muito Comemorado. O rapazinho passou pelo processo sem traumas , não tinha idade para entender nada. E como prometido , o nome de Bela nunca foi mencionado a ele.Os dias seguintes começaram a fluir luz. Enfim Castanha apresentou significativa melhora. Dentro de mais 3 dias, receberia alta. Doutor Oliver era excelente veterinário, mas era também, médico do coração, pois cuidava de Pillar como ninguém.O tempo passou. Patrick e Tatá trocaram alianças e já esperavam um bebê. Era uma menina, e se agitava bastante na barriga da mãe. A mesma se encontrava agora na arquibancada de um haras internacional , onde Pillar competia saltos , montada em Castanha. A torcida era imensa.O pai não c
Ela aceitou de bom grado. Estava tão exausta que não pôde evitar cochilar até chegar no rancho. E como naqueles livros ela despertou com um beijo , mas não na boca. Na testa. Abriu os olhos devagar , ainda sem acreditar , tentando entender o que tinha acontecido. Mas nada que a surpreendesse tanto, quanto o quê ouviria a seguir. - Chegamos? - Sim Bela adormecida! - Não acredito que dormi . - Dormiu. Você está exausta. - Exausta mas muito satisfeita em ter conseguido ajudar meu cavalo. Estou tão feliz! - Vocês são dois guerreiros. - Ele está se curando. Nada disso seria possível sem sua ajuda. Obrigada. Todas as palavras que eu possa buscar não são suficientes para expressar a minha gratidão. - Gratidão tenho eu por ter conhecido alguém tão especial quanto você. - Especial? Eu ? - Sim. Você! - E será que posso saber por que? - Mas é claro! &nbs
Alegria para o coração da mocinha rebelde que chegou na clinica e encontrou castanha de Pé! Seu coração dava pulos de alegria.- Ele está curado? Já pode ir pra a casa? Ela perguntou ansiosa ao doutor Oliver.- Não. Ainda não. Hoje começamos com a fisioterapia. Preparada para ajudar?- E o que eu posso estar fazendo?- Vou te explicar. E com muita paciência doutor Oliver explicou que Castanha poderia ter lesões secundarias , mais graves que as primeiras se ele ficasse parado na cocheira. Por isso eles o colocariam em movimento. Um movimento de constância e direcionado.- O castanha pode se lembrar que sentiu essa dor? Que sofreu esse acidente?- Sim. O cavalo &e
Patrick resolveu se afastar do haras. Não cogitava a possiblidade de conviver perto de Bela e ela estava presente demais. Portanto, ele optou por voltar ao rancho só aos sábados como no começo . O dia em que ela se ausentava. Pela primeira vez na vida ele e Pillar sentaram-se na varanda da casa de Tatá , descontraídos batiam um papo cabeça e tomavam cerveja. Algo que ele nunca imaginou vivenciar. Constrangido , ele balançou a cabeça , lamentando o tempo perdido. Por outro lado , estava completamente encantado com a filha. Ela era uma garota espetacular. Bela versão dois. Elas tinham tudo e ao mesmo tempo nada a ver e isso o deixava impressionado. Ele roubou dela o ultimo pedacinho de tira-gosto: queijo assado com jiló e pedaços de fígado. A rebelde bateu o pé , pirraçando. Ele gargalhava alto. - Assim não vale não ! - Perdeu perdeu ! Sua comilona! Achou o quê? Que eu ia deixar tudo isso para você? Comeu muito mais do que eu! Direitos tem que ser iguais.
Dois dias depois estavam eles de volta ao rancho que virou um caos sem os serviços da moça. Pillar, focada na recuperação do seu animal praticamente passara a morar na clinica e as tarefas foram deixadas de lado , mesmo porque já havia sido absorvida. No haras , corria boatos de que dona Iolanda pretendia demiti-la e assim , matar dois coelhos com uma cajadada só , como diria o ditado.Afastando Taele de seus serviços , a afastaria do rancho e também de Patrick. Assim , o caminho estaria novamente aberto para Bela tentar reconquistar os sentimentos adormecidos, restaurar o casamento falido e unir a família e viverem felizes para sempre. Algo que ocorreria em um conto de fadas , mas não na vida real. Tatá se sentia de pés e mãos atadas. Não sabia o que fazer , não sabia se o que ouvira se tratava apenas de conversas, ou se havia um fundo de verdade. Fato é
Patrick tirou umas cartas da manga e fez do filminho com Tatá uma autêntica sessão de cinema com direito a pipoca , brigadeiro. Até dividiam o mesmo cobertor. Que romântico. Eles faziam maratona de filmes de amor , daqueles bem açucarados, tanto que a caixa de lenços da moça já estava pela metade. A intenção do pai de Pillar era deixar a crush no clima e dessa vez ele apostava tudo para conseguir. Até massagem no pé o cara fazia. Apesar de que precisaria muito mais para conquistar o coração dela. Encantado e curioso ao mesmo tempo ele observava cada detalhe ďela. Como gostaria que aquela fosse a verdadeira mãe de seus filhos. Se tivesse tido na vida uma esposa como Taele , com certeza Pillar não teria crescido rebelde e vasco nunca teria sido jogado no orfanato. A loira nao teria essa coragem. Os dois filhos cativaram o amor dela , ele rogava conseguir também.
No jogo de sedução, Taele ia totalmente na contra mão das pretensões de Patrick . Naquela noite , enchendo-o de frustrações , ela resolvera dormir no quarto de Pillar. Ele estava na sala, deitado no sofá , com o travesseiro cobrindo a cabeça. Um urro abafado. Pensava em como proceder. A ansiedade , a frustração , o desejo tomavam conta. Como conquistar aquela mulher? Ele precisava pensar com calma e sempre costumava ser péssimo naquelas situações. Não adiantava contar com a filha , ela não colaborava. Constrangido , Patrick então resolveu recorrer ao tempo. Voltar atrás para relembrar quais artimanhas usou para conquistar Bela. Por mais que ele odiasse ter que pensar na ex.Ex.A palavra soou forte em sua mente. Agora se dava conta. Bela era sua ex. Mesmo que estivessem ligados pelo matrimônio, eram apenas papéis e nada poderia mudar isso.
Ela imaginou que viria algo mais , como de fato . O beijo. Um beijo doce , suave, que ela recebeu , mas com restrições. - Relaxa meu anjo! Eu gosto tanto de você. Uma mulher que conheci de um jeito inesperado, que transformou minha vida com amor, piedade, curando minha filha, fazendo com que eu melhorasse um pouquinho. Me tornei um homem melhor. Enxergo algumas coisas de outra maneira , concorda comigo? Perguntou de forma a derretê-la. - Sim. Mudou sim. E fico feliz de ter contribuído para isso direta ou indiretamente. - Então! E depois você é uma loira tão linda! Ela riu envergonhada. - Obrigada. - Se quer saber esses olhos azuis foram um dos motivos que fizeram com que eu me encantasse de logo de cara. - Olha! Sério! ? Por que não me disse antes? -
Tatá bem que tentou evitar expectativas mas elas aumentavam á medida em que se aproximavam , pois ela sabia o que Patrick pretendia ao leva-la para a cidade. Estariam lá sozinhos. O irmãozinho de Pillar passava um fim de semana na casa dos diretores do orfanato do qual Bela era dona e que Patrick o resgatou. Taele estava nervosa, suspirou fundo para evitar que o pretendente percebesse . Afinal qual saída ela tinha a não ser a de se acalmar? Não era mais uma mocinha , mas também não fazia parte dos seus planos se entregar profundamente para um homem que tinha a vida amorosa tão bagunçada quanto o pai de Pillar, a possibilidade de que ela dançasse nessa historia era enorme. Pois , se apegava muito fácil. Eles Tinham química, ela sentia uma vontade muito grande de cuidar dele , vez ou outra enxergara paixão em seu olhar, mas o futuro era incerto. Decididamente não havia