Gabriel ainda hesitava ao telefone quando Lorena entrou na sala de repente:— Com quem você está falando?— Ah, é só o Bruno e o pessoal. Eles querem que eu vá tomar umas cervejas.— É mesmo? Faz tempo que não os vejo. Acho que vou com você. Também estou precisando de uma bebida.Lorena queria ver até onde eles conseguiriam manter a mentira caso ela estivesse presente.Gabriel tentou de tudo para convencê-la a não ir, mas ela foi irredutível. Ele, frustrado, abaixou a cabeça e começou a mexer no celular, avisando Bruno e os outros sobre a inesperada visita de Lorena.Quando chegaram à sala reservada no bar, Lorena notou de imediato os amigos de Gabriel. Eles estavam sentados, comportados como nunca, bebendo suas cervejas em silêncio. Não havia nenhuma mulher por perto, nem mesmo as acompanhantes habituais. Assim que a viram, todos se levantaram em uníssono:— Boa noite, Lorena. Pode ficar tranquila, hoje não tem nenhuma mulher aqui, só nós, os rapazes.Lorena ergueu uma sobrancelha, de
— Socorro! Alguém caiu da escada! — Alguém gritou. Logo em seguida, uma multidão começou a se formar ao redor.Antes de fechar os olhos, Lorena viu Gabriel e os amigos dele, todos se afastando como se nada tivesse acontecido. Ao notarem a confusão, lançaram apenas um olhar rápido em direção à cena, mas continuaram andando. Como poderiam imaginar que a pessoa cercada pela multidão era a própria Lorena, que já estava inconsciente?Quando Lorena acordou, estava no hospital.Uma enfermeira estava trocando os curativos dela:— Você acordou?— Por que estou aqui? — Perguntou Lorena.— Ah, você teve uma queda de glicose e desmaiou. Foi um estranho que te trouxe até aqui, mas ele já foi embora. Qual o telefone de alguém da sua família? Posso ligar para avisar.— Não precisa.Lorena balançou a cabeça, enquanto o nome Gabriel ecoava em sua mente com um misto de nojo e desprezo.Com passos pesados, ela saiu do quarto em direção ao guichê de pagamento. Não tinha andado muito quando ouviu duas enfe
Ao ver o nervosismo de Gabriel, Lorena respirou fundo, tentando controlar as emoções, e disse:— Não é nada. Falei besteira. Eu não vou ter tempo naquele dia.Ela se virou para ir embora. Gabriel hesitou por um instante, levantando o pé para segui-la, mas Lorena o interrompeu:— Já que você está acompanhando sua amiga no hospital, não seria certo deixá-la sozinha. Eu consigo voltar sozinha, você não precisa se preocupar.Gabriel parou, olhando para ela enquanto se afastava. Sentiu uma dor súbita no peito, como se algo estivesse sendo arrancado de dentro de si.Helena, que estava ao lado dele, percebeu sua preocupação com Lorena. Ela se abaixou, fazendo uma expressão de dor exagerada:— Gabriel, estou com tanta dor... dói em todo o corpo. Você me leva para casa, por favor?Irritado, e ainda mais confuso por causa da atitude de Lorena, Gabriel perdeu a paciência. Ele afastou Helena bruscamente:— Se coloque no seu lugar, Helena. E pare de provocá-la.Lorena chegou em casa e, sem perder t
Lorena não conseguiu se conter e deu um tapa no rosto de Gabriel.Gabriel foi pego de surpresa, mas, ao invés de se irritar, seu coração, que estava inquieto, pareceu encontrar alívio:— Se isso te faz sentir melhor, pode me bater mais, Lorena. Eu não me importo, desde que você não fique com raiva de mim.Que declaração tão apaixonada... Mas também tão repugnante.Sem hesitar, Lorena lhe deu outro tapa, afinal, ele mesmo havia pedido.— Gabriel, você se lembra do que eu disse? Tudo eu poderia perdoar, mas, se você me traísse, eu me casaria com outro.O rosto de Gabriel mudou drasticamente:— Lorena, que besteira é essa que você está dizendo? Eu, Gabriel, só tenho olhos para você. Você é a única mulher que eu amo, e isso nunca vai mudar! Nunca!Amava a tanto que ele foi parar no hospital com outra mulher por fazer amor com ela e adiei nosso casamento para satisfazer o desejo da outra mulher.Lorena ergueu os olhos para ele, como se tentasse enxergar até o fundo de seu coração, como se b
Deitada na cama, Lorena encarava o teto. As lágrimas vieram sem que ela pudesse controlar. Cinco anos... Nunca tinha pensado que um dia terminaria com Gabriel. Nunca tinha imaginado que se casaria com outro homem. Em apenas alguns dias, tudo havia mudado.Ao lado dela, o celular vibrou algumas vezes. Ela o pegou e viu novas mensagens.[Lorena, adivinha onde eu estou?]Era Helena. Junto com a mensagem, vinham algumas fotos. Eram da casa dela e de Gabriel. E, pior, fotos de Helena e Gabriel se beijando... na cama de Lorena e Gabriel.[Assim que você saiu, Gabriel me trouxe para cá correndo. Ele até mandou os empregados não falarem nada para você! A cama de vocês é tão confortável... Ouvi dizer que foi você mesma quem escolheu o enxoval, não é? Os cisnes bordados... realmente combinam comigo e com Gabriel!]As palavras provocativas e as fotos de Helena já não a afetavam mais. Lorena as olhou calmamente, uma por uma, e, em seguida, desligou o telefone."Não importa mais. Afinal, eu nunca v
Gabriel ficou paralisado:— O que você disse? Lorena postou no Instagram que vai se casar hoje?Gabriel rapidamente pegou o celular e, ao abrir o perfil de Lorena, sentiu seu cérebro entrar em colapso:— Não pode ser... Ela vai se casar? Com quem?No momento seguinte, um carro parou ao lado do local, e, ao descer, quem saiu foi ninguém menos que Lorena, usando um vestido de noiva.Assim que a viu, o rosto de Gabriel mudou completamente. Ficou imóvel, visivelmente perturbado, e balbuciou:— Lorena? O que você está fazendo aqui?Lorena desceu do carro com calma, seus olhos fixos no homem à sua frente. Um sorriso sarcástico surgiu em seus lábios:— Eu que deveria perguntar... O que você está fazendo aqui?Ela lançou um olhar rápido para Helena, que estava ao lado de Gabriel. A mulher usava o vestido de noiva que Lorena tinha escolhido, segurava o buquê que deveria ser dela e ocupava o lugar que originalmente era seu.Helena ficou pálida ao vê-la. Jamais imaginou que Lorena apareceria, e p
Todos ficaram assustados ao ver o sangue escorrendo da testa dela, manchando de vermelho o vestido branco de noiva.— Helena! — Esse gesto fez toda a hesitação e culpa de Gabriel desaparecerem de uma vez. Ele a segurou nos braços, com o coração apertado, e perguntou. — Por que isso, Helena? Por que você faz isso?— Gabriel, você sabe. O maior sonho da minha vida sempre foi me casar com você. Agora que a Srta. Lorena não quer permitir, é melhor que eu morra de uma vez. Mas não se preocupe, eu não culpo você, nem culpo a Srta. Lorena. A culpa é do meu destino cruel.Após terminar de falar, Helena ainda cuspiu um pouco de sangue, como se quisesse dramatizar ainda mais a cena.Diante daquela visão, Gabriel ergueu o olhar para Lorena, e a frieza em seus olhos era inconfundível:— Lorena, você precisava mesmo ver Helena se machucando para parar com isso? Quando foi que você se tornou tão cruel e insensível?A acusação cortou Lorena por dentro como uma faca. Então era assim que ele a via? Uma
Gabriel deu um passo à frente, pronto para seguir a multidão que saía apressada.Helena segurou sua mão, com os olhos cheios de lágrimas, e balançou a cabeça:— Gabriel, não vá. Hoje é o dia do nosso casamento. Todos os nossos amigos e familiares estão aqui. Se você me deixar sozinha agora, eu vou morrer de vergonha.Gabriel apertou a mão dela, tentando soar calmo:— Eu vou dar uma olhada e volto. Lorena sempre foi tão controlada, mas hoje ela está agindo de forma estranha. Estou preocupado.— E eu? Você não está preocupado comigo? Eu estou morrendo, Gabriel!Helena começou a tossir violentamente, como se quisesse provar o ponto que acabara de fazer.Mas Gabriel nem a olhou:— Me desculpe, Helena, mas eu preciso ir.Ele sabia que, se Lorena realmente se casasse com outro, ele se arrependeria para o resto da vida.— Então eu vou com você! — Helena declarou, teimosa.Os dois desceram do altar ao mesmo tempo. Os convidados, confusos, começaram a cochichar entre si, e o mestre de cerimônia
Depois que Lorena partiu, Gabriel saiu lentamente de trás da coluna onde estava escondido. Ele havia visto com seus próprios olhos a mulher que amava indo embora, e a dor no peito era insuportável, como se cada passo dela fosse uma facada em seu coração.Ele a amava tanto. Não conseguia esquecê-la, por mais que tentasse. Mas agora ela o odiava, não queria mais vê-lo e fazia questão de deixar isso claro.Mesmo assim, Gabriel não estava disposto a desistir. Ele decidiu que iria esperar por ela, o tempo que fosse necessário.Durante o mês seguinte, Gabriel mudou muito. Começou a tentar ser alguém melhor, na esperança de que, quando Lorena voltasse, ele tivesse uma nova chance. Quando soube que ela finalmente estava de volta, correu para o aeroporto. Mas, para sua decepção, não conseguiu encontrá-la. Um mês sem vê-la, e a saudade o consumia.Enquanto isso, Lorena, ao descer do avião, foi direto para o hospital. Gabriel, ao descobrir seu paradeiro, correu até lá. Quando chegou, viu Lorena e
— Eu quero que ela venha me ver. Quero que ela volte para casa comigo. — Gabriel disse, a voz rouca de desespero.— Isso não vai acontecer. — Michel respondeu friamente, tirando o celular do bolso. — Se você não for embora agora, eu vou chamar a polícia.— Chama! Chama a polícia! — Gabriel gritou, fora de si. — Lorena nunca vai me deixar ser preso! Ela não vai me abandonar, eu sei que não vai!— Vamos ver então.Michel não hesitou. Chamou os policiais, e, minutos depois, Gabriel foi arrastado para longe, mesmo enquanto continuava gritando o nome de Lorena.Dentro da casa, Lorena estava sentada confortavelmente no sofá ao lado da mãe de Michel. As duas conversavam animadamente sobre uma novela cheia de intrigas amorosas. Elas riam e comentavam como se nada estivesse acontecendo do lado de fora.De repente, o celular de Lorena tocou. Ela olhou para o número e viu que era da delegacia:— Srta. Lorena, por acaso a senhora conhece o Sr. Gabriel? Ele está aqui, visivelmente embriagado, causa
Michel, no entanto, controlou-se e estacionou o carro em frente a uma farmácia. Pouco tempo depois, voltou carregando uma sacola, abriu a porta do lado do passageiro e, sem dizer nada, tirou as meias de Lorena.Lorena o olhou, confusa:— O que você está fazendo?— Vou dar uma olhada no seu pé. Você não disse que torceu? Se estiver inchado, pode piorar.— Obrigada.Os gestos cuidadosos de Michel tocaram Lorena. Impulsivamente, ela se inclinou e deu um beijo leve em sua bochecha. Foi um gesto rápido, quase como o toque de uma borboleta, mas o suficiente para fazer Michel corar até a raiz dos cabelos.Ele estava acostumado a provocá-la, mas, quando foi ela quem tomou a iniciativa, Michel ficou completamente sem jeito. Suas mãos hesitaram, e o rosto vermelho o denunciava. Lorena, percebendo a reação dele, riu baixinho:— Então o General Michel também sabe corar?— Quem está corando? — Michel retrucou, tentando disfarçar.Ele começou a massagear o tornozelo dela com cuidado, mas, ao pressio
Ao ver aquela cena, Gabriel quase explodiu de raiva:— Michel, solte ela! Eu não vou permitir que você toque nela!Ele avançou, tentando separá-los à força.Michel, no entanto, apenas deu um pequeno passo para o lado, e Gabriel, sem equilíbrio, caiu desajeitado no chão. Rolou até parar, parecendo completamente patético.Ao redor, as pessoas observavam a cena como se fosse um espetáculo, murmurando entre si:— Bem feito! Fez tanta coisa errada, agora está pagando o preço.— Amor tardio não vale nada! Se arrependimento matasse, não teria feito o que fez.Michel olhou para Gabriel com um sorriso frio e zombeteiro:— Sr. Gabriel, vou te avisar pela última vez: pare de nos importunar. Lorena agora é minha esposa, e será minha esposa para o resto da vida. Você perdeu. Acabou.Gabriel, com dificuldade, levantou-se do chão:— Casamento pode acabar! Um divórcio resolve tudo. Michel, não se ache tanto. Lorena me ama, não você!— Você não sabe que casamento militar é protegido por lei? — Michel r
O ar no haras era fresco, e o horizonte amplo fazia Lorena se sentir mais leve.— Venha cá.A voz de Michel chamou sua atenção. Ele estava a alguns metros, acenando para ela. Lorena ficou momentaneamente perdida em seus pensamentos.Aquele homem, com seu charme imponente e cada gesto carregado de elegância, parecia um príncipe saído de um conto de fadas. Vestia roupas de montaria impecáveis e segurava as rédeas de um pequeno cavalo com um sorriso despreocupado nos lábios. Sua presença chamava a atenção de um grupo de jovens que estavam por perto. Algumas delas, encantadas, sacavam os celulares e tiravam inúmeras fotos. Outras, mais ousadas, se aproximavam, pedindo o número de telefone dele.Lorena franziu as sobrancelhas, e seu rosto imediatamente escureceu. Sem hesitar, ela caminhou rapidamente até uma das garotas que segurava o celular. Pegou o aparelho e digitou uma sequência de números:— Aqui está o número.— Obrigada! — A jovem foi embora radiante, segurando o celular como se fos
Quando Helena acordou, já estava em um quarto comum do hospital. Sentiu o ventre vazio, como se ali nunca tivesse existido nada.Pouco depois, um dos homens enviados por Gabriel entrou no quarto e jogou sobre a mesa ao lado da cama um cartão bancário:— Aqui tem cinco milhões. Foi o Sr. Gabriel que pediu para entregar a você.Helena olhou para o cartão e sentiu um frio percorrer seu coração. Cinco milhões? Antes era apenas um milhão. Parece que o preço dela subiu depois de perder o bebê.— Além disso, o Sr. Gabriel também comprou uma passagem de avião para você. É para hoje à tarde.— Hoje à tarde?Helena riu, mas era uma risada amarga. Não imaginava que Gabriel a odiasse tanto. Ela mal havia saído da cirurgia e ele já queria que ela desaparecesse da sua vista para sempre.— Quero vê-lo. — Disse Helena, encarando o homem.— Sinto muito, mas o Sr. Gabriel foi claro: ele não vai vê-la. — Assim que terminou de falar, o homem trancou a porta do quarto. — Quando chegar a hora, eu te levo ao
— Gabriel, você tem ideia do que está dizendo? O que eu carrego no meu ventre é seu filho! Seu próprio sangue! E você tem a coragem de me dizer que quer que eu o tire? — Helena gritou, a voz embargada pela dor e pela incredulidade.Gabriel ergueu o olhar, o rosto inexpressivo, tão frio quanto uma máquina desprovida de qualquer sentimento:— Para ser exato, isso ainda não é uma criança. Ainda nem completou um mês. É apenas um conjunto de células.Os lábios finos dele se moveram com suavidade, mas as palavras que saíram eram impiedosas como uma lâmina.— Células? — Helena repetiu, incrédula com a crueldade do que ouvia. Ela balançou a cabeça e deu alguns passos para trás, como se precisasse escapar daquela realidade. — Gabriel, é o seu filho! Como você pode dizer isso?— Filho? Que filho?Antes que Helena pudesse responder, os amigos de Gabriel entraram pela porta, trazendo a conversa a um abrupto silêncio. Ao ver o rosto devastado de Helena, com os olhos vermelhos e as lágrimas escorren
Depois que Lorena foi embora, Gabriel sentiu-se pior do que morto. Ele tentou sair da cama, mas foi impedido pela enfermeira:— Sr. Gabriel, seus ferimentos ainda não sararam, e seu corpo está muito fraco. É melhor continuar deitado.— Eu preciso encontrar a Lorena! Tenho que encontrá-la! Não tente me impedir!— Está falando da jovem que ficou com você ontem à noite? Pois ela já foi embora com o marido dela.Aquela frase foi como um balde de água fria na cabeça de Gabriel."Marido? O marido dela? Lorena se casou? Ela realmente se casou?"A ideia martelava na cabeça dele. Lorena estava com outro homem, havia se casado com ele. Mas não, enquanto não assinassem os papéis, não seria um casamento de verdade!— Ele não é o marido dela! Eu sou! Eu sou o verdadeiro marido da Lorena!A voz de Gabriel estava cheia de desespero, e a enfermeira parecia não saber mais o que fazer com ele.Nesse momento, Helena entrou no quarto, visivelmente agitada:— Gabriel, estou grávida!Aquelas palavras caíram
Ao ver Michel entrar no quarto, o rosto de Gabriel escureceu imediatamente:— Michel, o que você está fazendo aqui?— Não percebe? — Michel cruzou os braços, encarando-o com frieza. — Você é o Gabriel, certo? Aquele por quem a Lorena rejeitou, uma vez após a outra, as propostas de casamento da família Frota?— Lorena recusou as propostas da família Frota por minha causa?O sentimento de culpa de Gabriel cresceu ainda mais. Durante todos esses anos, ele pensara que Lorena não tinha ninguém porque, além dele, mais ninguém a queria. Nunca passou pela sua cabeça que Lorena já tinha um noivo e que esse noivo era alguém como Michel, um oficial militar, muito mais digno do que ele. Naquele momento, Gabriel percebeu o quão errado estava. Se tivesse outra chance, jamais teria aceitado Helena ou concordado em se casar com ela.— Pronto, você já acordou. Agora eu e minha esposa vamos para casa descansar. — Disse Michel com indiferença.Michel não tinha paciência para perder tempo com ele. Quando